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Estudo nacional mostra panorama da resistência de plantas daninhas a herbicidas
A ideia é mostrar para o produtor que, se o investimento em insumos for feito da forma correta, valerá a pena e não causará prejuízos na rentabilidade da lavoura.
Pesquisadores da Bayer e da Embrapa estão avaliando sistemas produtivos como estratégias de resiliência para o manejo de plantas daninhas resistentes aos herbicidas. As atividades estão sendo desenvolvidas em diferentes regiões brasileiras, em lavouras de milho, trigo, soja, algodão e em pastagens, desde 2017. Os dados coletados foram reunidos em uma plataforma que traz dados espaciais sobre a ocorrência de plantas daninhas (leia abaixo). Um dos objetivos do trabalho é divulgar e fortalecer o conceito da resistência e dos seus diferentes tipos, para que o produtor entenda como é importante fazer um manejo mais adequado desse problema.
Além de gerar informações sobre a presença de plantas daninhas em lavouras de diferentes estados do Brasil, o projeto buscou caracterizar os sistemas de produção que contribuem para o manejo de plantas daninhas. A ideia é mostrar para o produtor que, se o investimento em insumos for feito da forma correta, valerá a pena e não causará prejuízos na rentabilidade da lavoura.
O trabalho foi estruturado em ações específicas. A primeira foi o levantamento das espécies existentes e a caracterização da resposta de herbicidas nas populações das plantas daninhas, para detectar a resistência ou não. Em seguida, foram montados experimentos para o desenvolvimento de estratégias de manejo e de prevenção da resistência.
Levantamento da presença da resistência a herbicidas
O primeiro passo foi coletar e selecionar as sementes de plantas daninhas que sobreviveram à aplicação de herbicidas. “As sementes foram levadas para reprodução nas Unidades da Embrapa e, em seguida, colocadas para germinar e emergir. Com as plantas dessas sementes germinadas, foram realizadas triagens (screening) com diferentes herbicidas para identificação da resistência ou da suscetibilidade”, relata o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Décio Karam, líder do projeto.
Para aferir a resistência, os pesquisadores seguiram uma metodologia internacional. “Porque pode haver um nível alto ou baixo de resistência ao herbicida. Para o nível mais alto, a dose para causar o efeito é maior. Após determinada dose de resposta, definimos o fator de resistência”, explica o pesquisador.
“Com esses dados do screening e da coleta, nós desenvolvemos os mapas de presença da resistência ou da suscetibilidade das espécies por região no Brasil. Então, o sistema de manejo pôde ser diferenciado em cada município, em função da presença ou não da resistência”, conta Karam.
Os pesquisadores estão também monitorando as novas espécies que têm sido questionadas sobre resistência, que são o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica – foto à direita) e o caruru (Amaranthus hybridus), além das que já eram estudadas. Foram testados 15 herbicidas em 2.050 amostras, em 6.232 screening.
Avaliação das áreas
As áreas foram avaliadas de acordo com os investimentos no uso de herbicidas: baixo, médio e alto investimento. “A variação dos custos dos inputs (insumos) é estabelecida pelo número de mecanismos de ação de herbicidas que se coloca no sistema de produção. Ou seja, com poucos mecanismos de ação de herbicidas, um grupo maior de herbicidas e um alto grupo”, informa o pesquisador Décio Karam.
Os mecanismos de ação e aplicação dos herbicidas são ajustados em função da região e do sistema de produção utilizado. “Os inputs para os diferentes sistemas produtivos são: soja-trigo, soja-milho, soja-algodão e soja-azevém”.
“Nosso padrão de baixo investimento é só com a utilização de dois mecanismos de ação de herbicidas, basicamente com glifosato e atrazina. Observamos que nas áreas de baixo investimento sempre ocorreu maior infestação, com exceção do experimento na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG), pois aqui na nossa área não há a presença da resistência. Contudo, após quatro anos, já podem ser verificadas plantas muito esparsas no campo por causa da sobra da aplicação dos herbicidas”, afirma.
O experimento da pesquisa está instalado desde a safra de 2018, com o trigo, e em 2019, com a soja. Foram avaliadas a presença das plantas daninhas resistentes e a eficácia dos tratamentos com os diferentes níveis de ação.
“Nos sistemas avaliados, nós vimos o quanto se gastou de herbicida, e quanto o produtor teve de retorno financeiro. Ao longo de quatro anos, mesmo fazendo um alto investimento, houve maior lucratividade e melhor qualidade do produto. Assim, mesmo investindo muito no sistema de produção e com maior número de mecanismos de ação utilizados, há um retorno econômico comparado ao produtor que faz uso de baixo investimento para o manejo de plantas daninhas resistentes aos herbicidas”, explica Karam.
Segundo ele, a eficácia dos diferentes tipos de manejo está sendo avaliada por meio do banco de sementes de plantas daninhas no solo. Com essa informação e a análise das plantas emergidas, está sendo analisada a dinâmica populacional em função dos sistemas produtivos e do investimento no manejo com herbicidas.
Além disso, há efeitos indiretos, como diminuição do banco de sementes de plantas daninhas no solo e redução da porcentagem de participação da planta daninha resistente na população de plantas daninhas da área, de acordo com o pesquisador. “Com isso, aumenta a sustentabilidade do sistema produtivo. Depois de quatro anos, constatamos que precisamos de um trabalho de longa duração na área, pois a resistência não é um efeito imediato no sistema e sim a consequência de vários anos de manejo”, diz Karam.
Esses trabalhos estão sendo realizados em parceria entre oito Centros de Pesquisa da Embrapa e a Bayer, em duas áreas no Mato Grosso, duas áreas em Minas Gerais, três áreas no Rio Grande do Sul e duas áreas no Paraná. Participam a Embrapa Algodão, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Clima Temperado, Embrapa Meio Ambiente, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Soja, Embrapa Territorial e Embrapa Trigo.
“O objetivo agora é estender a pesquisa por um período maior de tempo para demonstrar, realmente, a diferença dos manejos de plantas daninhas empregados. Queremos mostrar, onde não havia a ocorrência visível da resistência, quanto tempo o produtor irá demorar para perceber o problema na área”, comenta Karam.
Plataforma de dados geoespaciais
Todo esse trabalho de campo realizado gerou um banco de dados inéditos sobre a resistência ou suscetibilidade de plantas daninhas a herbicidas. Essas informações estão disponíveis publicamente em uma plataforma on-line desenvolvida pela Embrapa, que permite visualizá-las no mapa do Brasil, bem como na forma de gráficos.
O usuário pode fazer diferentes filtros para consultar as ocorrências: ano, tipo de cultura, tipo e espécie de planta daninha, herbicida, mecanismo de ação e tipo de resistência. Os resultados podem ser exibidos em mapas de pontos ou de calor. No primeiro tipo de mapa, ao clicar sobre um ponto, são exibidas três informações sobre a ocorrência: espécie de planta daninha, herbicidas resistentes e mecanismos de resistência. Outro recurso da plataforma é adicionar camadas que mostram as áreas cultivadas na safra 2018/2019 com alguns dos principais produtos agrícolas do País: algodão, arroz, cana-de-açúcar, milho, soja e trigo. Assim, pode-se ter uma ideia do impacto do problema para cada uma dessas culturas.
À frente desse trabalho, o pesquisador Júlio Bogiani, da Embrapa Territorial, avalia que, ao fornecer subsídios para analisar a ocorrência de plantas daninhas resistentes ou suscetíveis a herbicidas no território nacional, a plataforma favorece o entendimento dos métodos químicos de controle e das alternativas de manejo. A expectativa é que as análises dela derivadas contribuam para direcionar a pesquisa agropecuária e as ações dos órgãos de defesa fitossanitária.
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Capacitação on-line gratuita auxilia produtor a melhorar manejo hídrico na propriedade leiteira
Curso é lançado pela Embrapa pela plataforma E-Campo.
A Embrapa oferece um novo curso on-line pela plataforma de capacitações a distância da Empresa, o E-Campo. Manejo Hídrico na Propriedade Leiteira é gratuito e tem duração de 52 horas.
O objetivo é capacitar agentes de assistência técnica e extensão rural, além de produtores e estudantes, sobre a importância e como fazer a gestão hídrica na fazenda de leite para o uso racional da água e a adequação ambiental da propriedade.
De acordo com o responsável pela capacitação, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste Julio Palhares, a iniciativa pretende estimular as boas práticas na produção leiteira em relação ao consumo e qualidade da água. “O curso é o primeiro no Brasil que tem como objeto uma atividade pecuária. Muitas das informações e conhecimentos apresentados também podem ser aplicados em outras atividades animais, como bovinos de corte, suínos e aves. Manejar a água de forma correta será, cada vez mais, fundamental para os sistemas de produção animal, principalmente, em cenários em que as mudanças climáticas promoverão a escassez hídrica em várias regiões produtivas”, destaca Palhares.
Ao final, o participante estará apto a encaminhar uma solicitação de outorga de uso da água, a quantificar e qualificar o consumo hídrico, realizar a coleta de análise de água para os diversos tipos de consumo da propriedade, interpretar os resultados da avaliação da água e aprender a utilizar a ferramenta de aplicação do Índice de Desempenho Hídrico da produção leiteira (IDH-leite).
A promoção do curso contribui para o alcance das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agenda 2030, com as metas 2, 6 e 12. A primeira refere-se à promoção da agricultura sustentável de produção de alimentos e prevê práticas agropecuárias resilientes, manutenção dos ecossistemas, fortalecimento da capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, etc. O ODS 6 trata da preservação e conservação dos recursos hídricos e seu uso eficiente. O ODS 12, corresponde ao consumo e produção responsáveis, principalmente no que diz respeito à gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais, no caso dessa capacitação, a água.
O treinamento tem oferta contínua, ou seja, o inscrito terá acesso por tempo indeterminado. Porém, sugere-se que seja concluído em até 30 dias, para uma maior efetividade da aprendizagem.
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail e-campo.pecuaria-sudeste@embrapa.br
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Missão do Mapa na Índia garante abertura de mercado para derivados de ossos e amplia acesso de material genético bovino
Esses acordos, negociados desde 2019, abrem novas possibilidades para o setor pecuário brasileiro e reforçam o Brasil como fornecedor de destaque para o mercado indiano.
Para fortalecer as relações comerciais e ampliar o acesso dos produtos brasileiros ao mercado indiano, uma delegação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) esteve recentemente em Nova Delhi, na capital da Índia. Durante a missão, foram assinados dois Certificados Zoosanitários Internacionais (CZIs) com a autoridade competente indiana, formalizando melhorias nas condições de exportação de sêmen bovino e bubalino, além de embriões bovinos, e acordando a abertura de mercado para derivados de ossos destinados à produção de gelatina (Bone Chips). Esses acordos, negociados desde 2019, abrem novas possibilidades para o setor pecuário brasileiro e reforçam o Brasil como fornecedor de destaque para o mercado indiano.
A conquista foi formalizada na presença do secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Julio Ramos, que representou o secretario Luís Rua e liderou a delegação brasileira na Índia, ao lado do adido agrícola, Ângelo de Queiroz, com total apoio da Embaixada do Brasil no país. A equipe brasileira se reuniu com o Departamento de Pecuária e Lácteos do Ministério da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia, representado pela secretária Alka Upadhyaya, onde, além das assinaturas dos CZIs, foi discutido o acesso para diversos produtos brasileiros tais como material genético avícola, bile não comestível de aves, pet food, ossos desengordurados, chifres, cascos, produtos de reciclagem animal e amireia.
Esses avanços também contaram com o irrestrito apoio da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, que tem sido fundamental no desenvolvimento e na garantia das certificações sanitárias exigidas pelos mercados internacionais.
Durante a reunião, também foram discutidos avanços nas negociações para a exportação de carne de búfalo da Índia para o Brasil, um produto de relevância para o mercado indiano. As autoridades indianas também expressaram seu grande interesse em viabilizar rapidamente o acesso dos produtos caseína, lactose e leite de camelo no mercado brasileiro.
Desde 2023, outros cinco novos mercados foram abertos para produtos brasileiros na Índia: açaí em pó, suco de açaí, pescado de cultivo (aquacultura), pescado de captura (pesca extrativa) e frutos de abacate.
Outras agendas
Além dos acordos formais, a missão incluiu encontros estratégicos com autoridades e partes interessadas importantes para fortalecer o comércio bilateral. Em uma reunião com a secretária Nidhi Khare, do Departamento de Assuntos dos Consumidores, foram discutidas as políticas indianas de importação para pulses, como o Black Matpe e o feijão guandu, visando garantir maior estabilidade comercial e explorar oportunidades de exportação desses produtos para o mercado indiano. Ainda no âmbito institucional, a delegação brasileira realizou uma visita à Embaixada do Brasil na Índia, onde se encontrou com o embaixador Kenneth da Nóbrega e ainda com representantes do Forum of Indian Food Importers (FIFI), com quem discutiram o cenário indiano geral e as perspectivas de colaboração futura e expansão do mercado de alimentos importados.
Complementando os compromissos, o grupo participou de uma reunião com Faiz Ahmed Kidwai, secretário adjunto do Ministério da Agricultura e Bem-Estar dos Agricultores, focada na agenda de negociações fitossanitárias visando a abertura do mercado indiano a produtos brasileiros de origem vegetal. As discussões abordaram tanto as demandas brasileiras, como a abertura de mercado para citrus, erva-mate e castanhas, quanto as prioridades indianas para a exportação de alguns produtos como a romã. A parte indiana formalizou o compromisso de acelerar os tramites internos a fim de publicar os requisitos para tais produtos na maior brevidade possível. Também foi realizada uma reunião no Ministério de Comércio e Indústria com o secretário-adjunto do Departamento de Comércio da Índia, Vimal Anand, abordando a melhoria das condições de acesso de produtos brasileiros na India e a discussão conjunta de mecanismos que possibilitem uma redução de tarifas para produtos tais como algodão, suco de laranja, carne suína e de aves, além de explorar a possibilidade de aprofundar o acordo Índia-Mercosul especificamente para produtos agrícolas.
A missão ainda contou com reuniões voltadas para a segurança dos alimentos e autorização de importação para produtos processados. Em encontro com o CEO Shri Kamala V Rao, da Food Safety and Standards Authority of India (FSSAI), foi discutida a implementação prática das ações prevista no MoU recém assinado entre o Mapa e o FSSAI incluindo uma visita do FSSAI ao Brasil em 2025 e possíveis avanços em cooperação técnica, principalmente na aprovação de novos produtos brasileiros, como a polpa de açaí e a castanha de baru torrada.
“A agricultura brasileira é uma ferramenta poderosa de transformação social, geradora de emprego e renda, e essa missão na Índia reforça o nosso compromisso em ampliar o acesso dos produtos brasileiros no mercado indiano. Recebemos o compromisso do governo indiano de publicar, nas próximas semanas, a consulta pública para a abertura dos mercados de citrus, incluindo tangerina, laranja, limão tahiti e limão siciliano, além da erva-mate. Esse avanço é motivo de celebração, pois fortalece os laços comerciais entre Brasil e Índia. Estamos promovendo o intercâmbio de produtos agrícolas e estabelecendo uma cooperação duradoura, sempre seguindo as diretrizes do Ministro Carlos Fávaro e do secretário Luis Rua,” afirmou Julio Ramos.
Comércio bilateral
O comércio agrícola entre Brasil e Índia ocupa posição relevante, com o Brasil entre os 20 maiores exportadores para o país, principalmente em óleo de soja e açúcar, que representam cerca de 80% das exportações brasileiras. A Índia é o 14º maior destino dos produtos agropecuários brasileiros, com um volume de comércio que alcançou aproximadamente US$ 2,026 bilhões nos primeiros nove meses deste ano e expectativa de crescimento.
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Emirados importam 126% mais carne bovina do Brasil
País árabe foi o terceiro maior destino das exportações brasileiras de carne bovina de janeiro a outubro, com uma fatia de 4,7% do total.
Os Emirados Árabes Unidos aumentaram em 126% as compras de carne bovina do Brasil em volume de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2023 e ficaram na terceira posição no ranking de importadores do período, de acordo com informações divulgadas pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) na última sexta-feira (8).
O país árabe ficou com fatia de 4,7% das exportações brasileiras de carne bovina, pelo critério quantidade, nos primeiros dez meses do ano, com um total de 125,6 mil toneladas adquiridas. Também houve aumento nos valores. As importações dos Emirados somaram US$ 569,2 milhões no período, com alta de 133%.
No total, o Brasil exportou 2,6 milhões de toneladas de carne bovina de janeiro a outubro, com aumento de 34% no volume. A receita ficou em US$ 10,774 bilhões, 23% maior a igual período de 2023. Em outubro, individualmente, os embarques de carne bovina do Brasil somaram 319,3 mil toneladas, aumento de 34%, e a receita foi de US$ 1,38 bilhão, 4% maior.