Avicultura Artigo
Estudo mostra que Zeolita de Cobre melhora modulação da microbiota intestinal
Após a proibição dos antibióticos promotores de crescimento (APC) na Europa em 2006, o uso de reguladores de microbiota intestinal não medicados como aditivos alimentares aumentou consequentemente. Neste contexto, como alternativa, foi desenvolvida uma Zeolita de Cobre (ZC) específica e patenteada.

A avicultura comercial é uma das mais importantes fontes de proteína animal para consumo humano, não sofrendo restrições culturais ou religiosas e é uma importante atividade econômica em muitos países, com mais de 60 bilhões de aves utilizadas na produção de carne e ovos a cada ano. Apesar de seus fortes impactos no desempenho técnico e econômico das granjas, pouco se sabe sobre os microrganismos alojados no trato gastrointestinal (TGI) de frangos.
No entanto, a complexa microbiota do trato gastrointestinal desempenha um papel crucial na saúde do animal e pode ser considerada um importante “órgão” metabólico. Estima-se que todo o TGI de frango abriga 640 espécies de bactérias de 140 gêneros diferentes, onde cerca de 90% das espécies ainda não foram descritas. Assim, quando se fala da importância e influência da microflora intestinal, o número de células bacterianas no hospedeiro é 10 vezes o número de células eucarióticas no corpo das aves ou que o número de seus genes é 50 a 100 vezes maior que o número total de genes que constituem o hospedeiro.
Benefícios do uso dos Antibióticos Promotores de Crescimento
Concentrações subterapêuticas de antibióticos, conhecidas como antibióticos promotores de crescimento (APCs), têm sido usadas há muito tempo na indústria de produção de alimentos. Sua adição aumenta a eficiência alimentar, reduz a mortalidade e melhora a saúde geral dos animais. Acredita-se que seu modo de ação seja devido a uma redução ou modificação geral direta ou indireta no número de bactérias.
Os mecanismos propostos envolvem uma redução da utilização de nutrientes microbianos, um aumento da absorção de nutrientes devido a uma camada de muco mais fina e enterócitos funcionais saudáveis, uma diminuição na produção de metabólitos bacterianos indesejados, como toxinas e uma redução de infecções intestinais. Ação direta sobre as funções imunes intestinais do hospedeiro também tem sido sugerida. Finalmente, a adição de APC na ração animal resulta em uma diminuição das quantidades de nutrientes necessárias para produzir um frango e melhora o crescimento das aves sem efeitos negativos na qualidade da carne se forem observados os prazos de retirada.
O uso excessivo de APC tem contribuído para o surgimento de bactérias resistentes a medicamentos e para o acúmulo de resíduos de antibióticos em produtos de origem animal e no meio ambiente. Os APCs foram banidos da produção animal em 2006 na União Europeia, causando aumento da mortalidade, piora dos resultados técnico-econômicos e diminuição do bem-estar animal. Isso levantou a necessidade de alternativas seguras e eficientes que pudessem aumentar a disponibilidade de nutrientes para o animal, melhorar a imunidade do hospedeiro e a microbiota intestinal. Assim, muitos aditivos alimentares têm surgido na nutrição de aves como probióticos, prebióticos, microelementos, enzimas digestivas, extratos vegetais ou óleos essenciais e argilas.
Particularmente, entre as argilas, a ação das argilas de troca iônica, especialmente da Zeolita de Cobre (ZC) na microbiota, é bem descrita e é considerada como boa candidata a alternativa aos APCs devido ao seu efeito antimicrobiano. No entanto, em relação à microbiota, a maioria dos estudos com argilas de troca iônica foca na contagem de bactérias patogênicas (principalmente Escherichia coli, Clostridium e Salmonella) e não investiga o impacto do aditivo no equilíbrio geral da microbiota. Consequentemente, neste estudo, investigamos a influência da zeolita de cobre patenteada na composição da microbiota de frangos de corte em comparação com um controle negativo.
Modulação da Microbiota
Para apoiar o crescimento das aves e para garantir uma microflora equilibrada e segura durante toda a vida dos animais, uma zeolita de cobre foi desenvolvida. Esta solução é uma combinação de íons de cobre em nível muito baixo e uma zeolita sintética com propriedades antimicrobianas e capaz de atingir especificamente bactérias patogênicas e ter uma ação limitada contra bactérias benéficas.
Um ensaio in vivo foi realizado em parceria com a Universidade de Rennes, na França. Para esta pesquisa, 70 frangos de corte ROSS PM3 foram criados em condição de desafio provocado com densidade de alojamento de 45,5 aves/m² de 1 a 21 dias de idade. Metade dos animais foi suplementada com ZC e metade deles pertenceu a um grupo controle (sem suplementação de antibióticos nem ZC). Os desempenhos de crescimento foram monitorados e amostras da moela ao ceco foram coletadas no final do período experimental para fazer análises fisiológicas e de microbiota.
Em relação à análise da microbiota do intestino delgado de frango foi observado:
- ZC diminui a riqueza (número de espécies de bactérias presentes no intestino) em relação ao controle. O grupo controle contou 6.978 espécies de bactérias, enquanto o grupo ZC contou 5.692 espécies de bactérias em 21 dias.
- A diversidade da microbiota também foi significativamente afetada pela ZC: o perfil da microflora foi fortemente reorientado em favor de Firmicutes representando 97%, e Proteobactéria (incluindo E. coli) e Actinobactéria quase desapareceram (Figura 1).

Entre a família Firmicute, as amostras de ZC foram enriquecidas em Lactobacillus em relação ao grupo controle, possibilitando um aumento de L. johnsonii, conhecido por inibir o crescimento de Clostridium perfringens e a colonização por E. coli. L. reuteri, conhecida pela inibição bacteriana não foi encontrada no grupo controle. As famílias de proteobactérias onde Shigella e Escherichia podem ser encontradas foram mais reduzidas nas amostras de ZC em comparação com o grupo controle (Tabela 1).

A morfologia intestinal das aves foi avaliada através do seu comprimento e peso. ZC aumentou significativamente o comprimento e o peso do intestino delgado em relação ao grupo controle. O jejuno foi a subseção do intestino delgado mais impactada (Tabela 2).

Em termos de desempenho zootécnico, as aves suplementadas com ZC tiveram um peso vivo significativamente maior do que os animais do grupo controle (+1,9%). A conversão alimentar foi numericamente melhorada em -0,5% pela suplementação com ZC demonstrando que a ZC, graças à sua ação na modulação da microflora intestinal, permite uma melhor absorção de nutrientes e assim otimiza o desempenho dos animais (Tabela 3).

Solução eficiente
Depois de muitas provas in vitro demonstrando os benefícios do ZC contra bactérias patogênicas, este ensaio in vivo confirmou que o ZC influencia claramente a morfologia intestinal e a microbiota de frangos de corte, favorecendo o desenvolvimento da microflora comensal como Lactobacillus e controlando o desenvolvimento de bactérias patogênicas como E. coli. Consequentemente, os desempenhos zootécnicos são melhorados.
Esta solução é apoiada por mais de 35 trabalhos realizados em frangos de corte e demonstra seus benefícios no ganho médio diário com um aumento médio de +2,9% e uma redução da CA em -1,8%. De acordo com a literatura, a confiabilidade da ZC é tão boa quanto a demonstrada com antibióticos promotores de crescimento com a forte vantagem de que a ZC não envolve resistência bacteriana. Portanto, ZC é uma solução eficiente na produção avícola, contribuindo para melhorar o desempenho graças a uma melhor modulação da microbiota.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: pauline.pourtautilly@wisium.com.

Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

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Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

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Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

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Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

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Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




