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Estudo atesta eficácia de ferramentas de monitoramento de práticas conservacionistas na agropecuária

Levantamento foi feito pelo engenheiro agrônomo Francisco Chagas da Silva em sua dissertação de mestrado

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Montagem: Marcos Vicente

Três tecnologias que acompanham práticas conservacionistas são eficazes para monitorar a implantação dessas ações na agropecuária. Foi o que atestou o engenheiro agrônomo Francisco Chagas da Silva em sua dissertação de mestrado na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV). O trabalho mostrou que o aplicativo AgroTag, o protocolo GHG e o Sistema de Análise Temporal da Vegetação (SATVeg) são ferramentas úteis para monitoramento e qualificação de práticas do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Silva avaliou o uso das três tecnologias de monitoramento, relato e verificação (MRV) no acompanhamento físico-financeiro de contratos do Plano ABC para a recuperação de pastagens. O AgroTag e o SATVeg são produtos da Embrapa e o protocolo GHG é um método norte-americano.

A averiguação da conformidade desses contratos é importante porque o Plano ABC oferece linhas de crédito subsidiadas a produtores que se comprometerem a adotar ações de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) em suas propriedades. Saber se o produtor adotou as práticas adequadamente e se elas resultaram em redução de emissões envolve o acompanhamento de milhares de propriedades e cálculos complexos com diversas variáveis. Por isso, o uso de ferramentas MRV, que forneçam dados confiáveis e acompanhem o cronograma de adoção, é fundamental para o sucesso do Plano.

Por essa razão, o estudo também verificou o índice de redução da emissão de GEEs e analisou se os créditos concedidos foram aplicados adequadamente nas finalidades previstas no projeto, verificando o custo, o benefício e o possível uso dessas ferramentas no acompanhamento em escala dos financiamentos.

Para o estudo, foram considerados os dados primários e secundários da fazenda Trevo II, a partir da análise de contratos do Banco do Brasil firmados com a propriedade agrícola do município de Açailândia, no Maranhão, beneficiária do Plano ABC para recuperação de pastagem.

ABC já concedeu mais de R$ 17 bi em 34 mil contratos

Para o orientador da dissertação, Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (SP), os resultados demonstram a viabilidade dessas ferramentas para medir variáveis complexas do processo produtivo e as emissões de gases de efeito estufa ligadas à pecuária. Ele lembra que desde o início do ano de 2013 até o fim de 2018, a linha de crédito alcançou mais de 34 mil contratos, com mais de R$ 17 bilhões de financiamento, incorporando mais de 9,1 milhões de hectares com práticas de produção sustentáveis.

“Se analisarmos o alcance dessas ações, juntamente com a necessidade de aferição das variáveis desses sistemas produtivos conservacionistas, verificaremos que as instituições financeiras deveriam apoiar essas iniciativas com viés de sustentabilidade de forma mais estruturada, incorporando essas ferramentas de monitoramento ao seu processo de acompanhamento e fiscalização dos financiamentos agrícolas. Aliás, como é previsto no próprio Plano ABC”, declara.

Unidades produtivas que implementaram tecnologias de agricultura de baixo carbono do Plano ABC geralmente verificam benefícios econômicos por meio do ganho de produtividade. O pesquisador da Embrapa sugere que os operadores financeiros de crédito se apropriem dessa informação e digam aos produtores que o sistema é um grande gerador de ativos, pois não se restringe somente à pauta ambiental, mas também à pauta econômica. “São agendas sinérgicas que podem ser resumidas na mensagem ‘seja sustentável e ganhe dinheiro’”, afirma Assad.

Conforme ressalta o autor do estudo, a utilização dessas ferramentas pelas instituições financeiras para o crédito rural não resultaria em custo adicional, pois já existem ferramentas e aplicativos de MRV consolidados para essa finalidade, disponibilizados de forma gratuita. Silva acredita que nos cenários de médio e longo prazos, ferramentas de MRV serão adotadas em larga escala, pois em um mercado competitivo, baratear os custos de transação, atribuir agilidade e transparência ao processo de crédito rural será vital para a sobrevivência no setor.

“Aliado a isso, as instituições financeiras podem utilizar essas ferramentas para contabilizar o sequestro de CO2 por suas operações de crédito agropecuário e com isso melhorar a sua reputação com clientes e acionistas, além de criar valor para a empresa. Ter a imagem atrelada ao financiamento sustentável, como a ideia da carne carbono zero dos clientes financiados pela instituição, pode trazer uma reputação positiva à imagem da instituição”, relata o autor.

Baratear a fiscalização

O uso de ferramentas MRV vai ajudar a resolver um dos principais gargalos do sistema financiador do Plano ABC, que é a necessidade de facilitar e baratear a fiscalização dos contratos, verificando a correta aplicação dos recursos.

O monitoramento dos financiamentos é oneroso. As longas distâncias das propriedades, necessidade de monitoramento por agentes especializados, visitas de fiscalização e monitoramento são custos que podem ser diluídos na economia de escala por meio do uso de aplicativos e ferramentas de georreferencimento.

A efetividade de todo o processo deverá auxiliar também na valorização da imagem do banco, atrelada ao financiamento sustentável da pecuária de baixo carbono produzida pelos clientes.

A sustentabilidade é lucrativa

Outra conclusão da pesquisa é que os investimentos em sustentabilidade se refletem em lucros maiores. Resultados mostraram que pastagens degradadas suportam apenas um boi por hectare, com custo anual de R$ 323,00 e produtividade de 2,83 arrobas por hectare. Já pastos de boa qualidade permitem produtividade quase cinco vezes maior, com índice de 12,97 arrobas por hectare e redução de quase 60% no custo final, ou seja, R$ 131,00.

“Na prática, investir na produção sustentável pode trazer bons lucros ao pecuarista. Os números dizem que sustentabilidade dá dinheiro”, destaca Assad. “Os números robustos apresentados denotam que investimento em sustentabilidade é uma opção de lucratividade”, frisa.

Fonte: Embrapa Meio Ambiente

Notícias

Ministérios da Agricultura e Meio Ambiente discutem sistema integrado para avaliação de defensivos agrícolas

Proposta é ampliar a aprovação de novas moléculas e aumentar a oferta de defensivos biológicos.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, para discutir as propostas para um sistema integrado de avaliação para aprovação de novos de defensivos agrícolas.

Durante o encontro, realizado na sede do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), na tarde de terça-feira (23), Fávaro destacou a importância da aprovação de novas moléculas, disponibilizando ao mercado de agrotóxicos mais modernos e biológicos.

Na semana passada, o assunto foi tratado em reunião com a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A proposta é que, tanto o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) quanto órgãos ambientais e da saúde, possam sincronizar a priorização das avaliações dos produtos que poderão ser disponibilizados para a comercialização, tornando a liberação de moléculas mais eficazes e melhores para o meio ambiente, a saúde e a produção agropecuária mais ágil.

“Eu, como produtor rural, não quero usar organofosforados nas minhas propriedades. Vamos fazer usos de biológicos, de moléculas modernas. Os produtores rurais sabem da importância destes defensivos, inclusive, para a melhoria da sua produção, para agregar valor aos seus produtos, mas, para isso, precisamos ter os melhores produtos disponíveis no mercado de forma rápida”, detalhou Fávaro.

Por meio de uma parceria entre Mapa, Ibama e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) foi assinado o acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento do Sistema Integrado de Agrotóxicos (SIA).

Com o trabalho sincronizado entre os órgãos, a ideia é que as listas de prioridades sejam convergentes para dar mais agilidade na aprovação dos produtos.

Fonte: Assessoria Mapa
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Colunistas

Paridade de preços internacionais e preços ao produtor brasileiro

Nos últimos anos, os preços dos produtos agropecuários aumentaram devido a eventos inesperados nos mercados na década de 2020, atingindo um pico em 2022. Os preços em dólar desses produtos, como soja e café, são determinados pelo mercado internacional e influenciam os preços domésticos, ajustados pela taxa de câmbio.

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Foto: Marcos Vicentti

Nos últimos anos, os preços dos produtos agropecuários passaram por forte pressão de alta devido a vários eventos inesperados que impactaram os mercados na década de 2020. O ano de 2022 marcou um forte pico de alta nas séries desses preços, tanto em nível nacional quanto internacional.

No caso dos mercados das commodities agrícolas com forte presença no mercado mundial, ou de exportação, como soja, milho, café e açúcar, o preço em dólar é formado no mercado internacional, seguindo os fundamentos da oferta e demanda mundiais. De acordo com a Lei do Preço Único, a teoria econômica ensina que o preço de um produto homogêneo, como no caso de uma das commodities (mercadorias padronizadas), será o mesmo – após ajustes ligados aos custos logísticos –, quando cotados na mesma moeda, em diferentes regiões envolvidas no seu comércio.

Foto: Claudio Neves/Portos Paraná

Ou seja, aplica-se o conceito de Paridade de Preços Internacionais (PPI). Desse modo, no caso do Brasil, o preço externo, que é cotado em dólar norte-americano, internalizado por meio da sua multiplicação pela taxa de câmbio doméstica (em reais por dólar), tem papel determinante na formação do preço doméstico, que tem sua cotação em Real – moeda brasileira.

O coordenador científico do Cepea/Esalq-USP, Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, salienta que a PPI opera de forma que os preços domésticos oscilam ancorados nos seus correspondentes internacionais internalizados. Assim, no curto prazo, poderá haver divergência entre o preço doméstico e o internacional internalizado em razão, por exemplo, de rigidezes operacionais de mercado (como negócio sob contratos a termo), variações de oferta e demanda não antecipadas e que necessitam de um intervalo de tempo para serem assimiladas pelos agentes de mercado e de produção.

Outro aspecto relacionado à PPI é o de que uma quebra de oferta (safra) de um produto nacional levará a altas de preços doméstico na proporção em que essa quebra provoque escassez internacional, ou seja, leve a uma oferta global inferior à demanda, forçando a uma elevação de preços em dólares. Essa alta será, então, internalizada ao mercado doméstico em consonância com a taxa interna de câmbio.

Mas, e no caso de produtos como o arroz, o feijão e as frutas? Barros argumenta que a PPI influencia os preços domésticos mesmo nos casos em que o comércio com o exterior não seja expressivo.  É suficiente que o país seja aberto ao exterior, ou seja, que haja possibilidade de haver transações com outros países, via exportação e/ou importação desses bens.  Caso o preço doméstico esteja abaixo do PPI, há incentivo para o país exportar esse bem; caso esteja acima, haverá incentivo à importação. Assim, as variações dos preços dos produtos agropecuários no mercado doméstico são afetadas tanto pelas variações dos preços no mercado internacional, quanto pela variação da taxa de câmbio. Caso não esteja havendo efetivo comércio é porque o mercado interno encontra-se ajustado tendo em conta a possibilidade de importação ou exportação.

Uma medida dos preços desses produtos no Brasil é o Índice de Preço ao Produtor Agropecuário (IPPA), que é calculado pelo Cepea. Este Indicador se refere aos preços de Grupos de Produtos Agropecuários, considerando-se Grãos; Pecuária; Hortifrutícolas; Cana-de-Açúcar e Café, esses dois últimos juntos formando um único grupo. Assim, o IPPA-Cepea contempla, portanto, quatro grupos de produtos.

No caso do indicador dos preços internacionais, a avaliação do comportamento destes é feita através do indicador alimentos e bebidas do Fundo Monetário Internacional (Food&Bavarege, F&B – FMI), por considerar cesta semelhante de produtos[2].

A Figura 1 mostra a evolução dos dois indicadores mensais de preços em reais nominais, IPPA-Cepea e do F&B-FMI-R$ (este sendo o F&B internalizado, ou seja, convertido em reais pela taxa média de câmbio comercial para venda – Ipeadata) nos últimos 23 anos – de 2001 a 2024. Constata-se expressiva aderência entre as duas séries de dados, um indicativo forte da vigência da PPI entre os preços aos produtores agropecuários do Brasil e a média desses preços praticados no mercado internacional internalizados (expressos em moeda nacional). Desvios moderados entre essas séries ocorrem em subperíodos. Tais desvios se devem a rigidezes no processo de ajustes nos mercados, que tendem a operar sob contratos prevendo entrega futura com fixação antecipada de preços, que dificultam ajustes a mudanças não esperadas. Os mercados, ademais, operam também sob acordos regionais que podem interferir na formação de preços de curto (e médio) prazo.

Figura 1 – Evolução mensal dos índices de preços nominais de  produtos agropecuários no mercado brasileiro (IPPA- Cepea) e internacional internalizados (F&B/R$) – Janeiro/2001 a Fevereiro/2024. Fontes: Cepea/Esalq-USP, Ipeadata, FMI. Cálculos da autora.

É revelador observar a formação do F&B/R$, resultado da multiplicação dos índices F&B/US$ e do Câmbio doméstico (R$/US$). A evolução dessas séries é apresentada na Figura 2.  Observa-se, em primeiro lugar, que no subperíodo de 2001 a 2008 houve contínua elevação de F&B/US$, que mais do que duplicou de valor, processo que ficou conhecido como “boom das commodities”.

Esse nível substancialmente alto sustentou-se até meados de 2014. Entretanto, a internalização desse preço vincula-se em igual medida ao comportamento do

Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

câmbio doméstico. Esta taxa, após expressiva alta (desvalorização) até início de 2003 (quando duplica seu valor nominal), passa a experimentar forte valorização nominal até meados de 2008, que chegou a 60% ante setembro de 2002 e 21% ante janeiro de 2001 (início da série). Como resultado, F&B/R$ duplica de 2001 a 2003, seguindo certo declínio e relativa estabilidade durante o “boom”.

A retomada de alta de F&B/R$ (e, logo, de IPPA) ocorre a contar de 2010 por força da substancial desvalorização nominal do câmbio doméstico, de mais de 140% entre 2010 e 2015. Pode-se dizer assim que, nesse período, F&B/US$ permaneceu em elevado patamar, mas relativamente estável, devendo-se a elevação em F&B/R$ e em IPPA à forte desvalorização da moeda brasileira. Desde 2015, F&B/US$ desce cerca de 20% e assim fica até meados de 2020. O câmbio no Brasil oscila, caindo 20% ao longo de 2016 e revertendo o processo até 2018 e aí se mantendo até 2020.

No início da pandemia, observa-se, primeiro, forte alta (desvalorização de 50%) da moeda brasileira em 2020. No mercado internacional, F&B/US$ sobe em 2021, com pico em 2022. Assim, na pandemia, ambos os componentes (primeiro o câmbio e depois F&B/US$) contribuem para as altas em F&B/R$ e em IPPA. Nota-se que IPPA apresenta um overshooting em relação a F&B/R$ de meados de 2020 a início de 2023, o que Barros (2023 e 2024) associa ao Auxílio Emergencial (extremante necessário), mas que evidentemente não era antecipado pelo mercado que, portanto, não dispunha de suprimento suficiente para atender à demanda que crescia subitamente.

Figura 2 – Indices F&B/US$ e Câmbio (R$/US$) – Janeiro/2001 a Fevereiro/2024. Fontes: FMI, Ipeadata. Cálculos da autora

Com o passar da pandemia, câmbio e F&B/US$ sofrem decréscimos (de cerca de 15%) e passam a oscilar em patamares mais baixos, de sorte que a PPI praticamente se restaura a contar de setembro de 2023, como se vê na Figura 1.

Em síntese, segundo a interpretação através da PPI, houve no corrente século a seguinte sequência: no período de 2004 a 2012, período conhecido como “boom das commodities”, os preços domésticos (IPPA-Cepea) registraram avanço inferior ao dos internacionais (medidos pelo F&B-R$) em razão do comportamento da taxa de câmbio que sofreu valorização nesse período, enquanto o indicador em dólar F&B-US$ subiu.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A partir de 2011 a taxa de câmbio no Brasil passa a se desvalorizar, elevando o preço internacional internalizado. Com isso, tanto os preços no Mercado brasileiro – IPPA- Cepea, quanto o internalizado F&B-R$ passam por variações maiores do que os preços em dólar – F&B-US$.

Entre 2020 e 2022, com a pandemia, F&B-US$ cresce (no pico, em 2022, chega 52% de alta) com os desarranjos das cadeias produtivas. Mas o câmbio no Brasil alcança aumento semelhante mais rapidamente (já em meados de 2020). Mais significativo é constatar que, de 2020 a 2023, IPPA vai além de F&B-R$, chegando a ficar 30% mais alto. Ou seja, o IPPA ultrapassa F&B/R$, em razão de um acréscimo não esperado na demanda interna, que pode ser associada aos programas oficiais no âmbito da pandemia. Nesse contexto, evidentemente, o conflito devido à invasão da Ucrânia pela Rússia impulsionou F&B/US$.

De 2020 a 2023, a alta foi mais forte no mercado brasileiro, como já explicado. No entanto, já no segundo semestre de 2022, despontam uma normalização da oferta mundial e o forte crescimento da safra no Brasil (no ciclo 2022/2023), com os preços domésticos tendendo a convergir para as condições do mercado internacional, sugerindo o restabelecimento do princípio de PPI.

Fonte: Por Andréia Adami, pesquisadora da área de Macroeconomia do Cepea.
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Notícias IPPA/Cepea

Em apenas três meses, preço ao produtor agropecuário cai 15,4%

Retração do IPPA/Cepea no início deste ano está atrelada às quedas observadas para IPPA-Grãos/Cepea, de significativos 25,4%, e para o IPPA-Pecuária/Cepea, de 11,7%.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços pagos aos produtores agropecuários encerraram 2023 com expressiva queda de 16% e já iniciaram 2024 em forte ritmo de baixa. Segundo cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/Cepea) acumulou retração nominal de 15,4% de janeiro a março de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Na mesma comparação, os preços internacionais dos alimentos (Índice da FAO) recuaram 4,5%; os industriais (IPA-OG-DI produtos industriais), 13,2%; e a taxa de câmbio (R$/US$), 3,3%.

De acordo com pesquisadores do Cepea, a retração do IPPA/Cepea no início deste ano está atrelada às quedas observadas para IPPA-Grãos/Cepea, de significativos 25,4%, e para o IPPA-Pecuária/Cepea, de 11,7%. A baixa no IPPA/Cepea só não foi mais intensa porque o IPPA-Hortifrutícolas/Cepea apresentou expressiva elevação nominal no primeiro trimestre, de quase 45%. Já o IPPA-Cana-Café/Cepea se manteve estável nos primeiros meses de 2024.

No caso do IPPA-Grãos/Cepea, a retração se deve às fortes quedas observadas para praticamente todos os produtos considerados no Índice – a exceção foi o arroz. Para o algodão, a desvalorização no primeiro trimestre foi de 20,1%; para o milho, de 25,6%; para a soja, de quase 29%; e para o trigo, de 25%. Para o IPPA-Pecuária/Cepea, o cenário é o mesmo, com retrações registradas para quase todos os produtos que compõem o Índice: arroba bovina (-16%), suíno (-10,8%), leite (-19,1%) e ovos (-2,4%) – neste caso, a exceção foi o frango vivo.

Já quanto ao forte avanço do IPPA-Hortifrutícolas/Cepea, o resultado se deve às valorizações observadas para todos os produtos que são considerados no Índice: batata (+67,6%), tomate (+30,5%), banana (+35,0%), laranja (+61,3%) e uva (+44,7%).

Ressalta-se que a batata tem sido negociada a patamares elevados nesta safra das águas 2023/24 – em janeiro, a média de negociação foi a terceira maior de toda a série do Cepea, iniciada em 2001, em termos reais. O impulso aos preços do tubérculo veio sobretudo da menor oferta – as principais regiões produtoras enfrentaram adversidades climáticas em função especialmente da atuação do fenômeno El Niño.

Quanto à laranja, a fruta foi negociada a preços recordes reais ao longo de todo o primeiro trimestre de 2024 – neste caso, a série do Cepea inicia-se em 1994. De acordo com pesquisadores do Cepea, a forte valorização da fruta está atrelada sobretudo à escassez de oferta neste período de entressafra, enquanto outras variedades (tardias e precoces) também estão com volumes controlados. Além disso, a demanda da indústria de suco pela fruta está aquecida, tendo em vista que os estoques da commodity estão baixos.

Fonte: Assessoria Cepea
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