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Suínos / Peixes

Estudiosa põe condições de alojamento em xeque

“Infelizmente, nem sempre os protocolos ideais são os mais simples, porém frequentemente priorizamos a facilidade de execução e não a necessidade do suíno”, alerta doutora em Medicina Veterinária, Djane Dallanora

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São muitos os desafios que o suinocultor enfrenta atualmente. Em todas as fases, são diversos os obstáculos para atender ao grande mercado nacional e internacional conquistado pela suinocultura brasileira. Para o produtor enfrentar isso, ele precisa de muito profissionalismo, criatividade e determinação. Para falar sobre estas adversidades e o que fazer quando elas aparecem, a médica veterinária doutora Djane Dallanora aborda durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), que aconteceu de 21 a 23 de agosto em Chapecó, SC, as “estratégias para enfrentar os desafios da adaptação dos leitões nas fases de creche e recria”.

De acordo com a especialista, os principais desafios encontrados pelos leitões são basicamente os mesmos, tanto na creche como na recria, e estão relacionados às condições de conforto térmico e qualidade de ar, espaço por animal, acesso ao comedouro/bebedouro, intervalo para o início do consumo de ração e água e eficiência na identificação de leitões que precisam de medicação. “Quando não são oferecidas as condições ideais de alojamento, os desafios transformam-se em consequências negativas expressas na forma de piora de ganho de peso e da eficiência alimentar, mortalidade de leitões e falta de uniformidade”, comenta.

Djane explica que, embora o não cumprimento de regras básicas do manejo de suínos seja um achado frequente, a gravidade e a solução dos desafios depende muito do sistema de produção e da métrica utilizada para eleger prioridades em cada um deles. “Podemos considerar que houve um aumento de mais de 15% no número de desmamados e não houve alocação de recursos para ampliação das instalações na mesma proporção do aumento da produtividade, resultando em maior densidade animal e competição por comedouro/bebedouro nas fases subsequentes, especialmente nos ciclos completos ou UPLs que vendem descrechados”, afirma.

A médica veterinária diz que se, hipoteticamente, for aplicado um checklist que avalie o atendimento das creches/terminações brasileiras às normas mínimas de espaço/animal e conforto térmico, certamente haverá um percentual importante de granjas reprovadas. “Temos facilidade em aceitar que as fases antes do desmame precisam de maior tempo de dedicação e cuidado, enquanto que superestimamos a capacidade do suíno em “se virar sozinho” nas fases posteriores. Infelizmente, nem sempre os protocolos ideais são os mais simples, porém frequentemente priorizamos a facilidade de execução e não a necessidade do suíno”, defende Djane.

Estratégias para enfrentar desafios

Para a doutora, a expressão máxima do potencial genético somente é alcançada em condições de instalações e manejos gerais, sanitários e nutricionais adequados, sendo que as definições podem estar tanto sob a responsabilidade das equipes técnicas, quanto dos gestores/produtores diretamente. “As estratégias para atender as condições ideais de alojamento que estão sob a responsabilidade do produtor podem ser divididas em questões estruturais e de manejo”, afirma.

No que tange à estrutura, a médica veterinária diz que garantir piso de boa qualidade, que ofereça boa drenagem e reduza o contato fecal/oral, além de cortinas e forro que permitam troca adequada de ar e isolamento térmico são requisitos primordiais, junto com o uso de climatização que permita a manutenção da temperatura e baixa variação ao longo do ano. Além do mais, a lavagem/desinfecção e vazio sanitário também são responsáveis por garantir um ambiente com baixa pressão de infecção para o recém-alojado, além de interromper o ciclo de transmissão de agentes de um lote para o outro. “Uma lavagem cuidadosa, com uso de detergente e água sob pressão, é bastante eficiente no atingimento desses objetivos”, recomenda.

A médica veterinária afirma ainda que o fornecimento de água de qualidade (temperatura, potabilidade) e quantidade utilizando bebedouros adequados para cada fase em quantidade suficiente também são fundamentais. “Da mesma forma que deve ser utilizada quantidade suficiente de comedouros de fácil regulagem, com baixo risco de entupimento ou desperdício, evitando restrição ou perda de alimento”, comenta.

Um último ponto quanto ao assunto instalações, Djane alerta para a necessidade de adequar a capacidade de alojamento de uma granja de acordo com a medida real das instalações e contagem do número de bebedouros/baia. “Certamente, o espaço/animal tem sido bastante subestimado como potente causador de baixo desempenho”, diz. Para ela, de forma geral, as creches construídas nos últimos 15 anos consideraram um espaço de 0,30 m²/leitão, e atualmente já alojam com 0,24 m² e a maioria dos cálculos não desconta a área de comedouro. “Frequentemente, também não são consideradas as diferenças na meta de peso de saída, ou seja, são 0,24 m²/leitão de 22 ou de 24,5 quilos? Parece inofensivo, mas são 10% de peso a mais/m²”, questiona.

Estratégias de manejo

Já quando o assunto são as estratégias de manejo, a doutora afirma que a organização dos leitões nas baias no momento do alojamento, o manejo diferenciado de leitões de baixo desenvolvimento, o tratamento rápido dos animais doentes e o estímulo para consumo rápido de ração e ingestão de água são os principais tópicos que merecem atenção. “A organização dos animais em baias com peso compatível facilita o manejo dos animais, especialmente dos menores que precisam de condições especiais, além de igualar disputas. Na prática, destinar quantidades maiores da primeira ração ou até formulação diferente para as baias de pequenos, fazer medicações preventivas especiais e trabalhar com um maior estímulo para ida ao comedouro resultam em maior uniformidade na saída de creche e reduzem mortalidade”, comenta.

A médica veterinária alerta para manejos críticos de uniformização na fase de alojamento, onde trabalhar com variações de até dois quilos de diferença entre leitões dentro da mesma baia não impacta de forma significativa no desempenho, desde que eles pesem acima de 5,5 quilos.  Além do mais, Djane explica que a formação de novas baias com leitões de baixo desempenho ao longo do lote também resulta em recuperação e melhor desempenho dos animais.

Uma das principais fontes de variação de peso dos suínos são as doenças, alerta, por isso a medicação imediata de leitões doentes reduz o impacto negativo sobre o consumo de ração e ganho de peso, além de diminuir a excreção de agentes no ambiente. “Para que as doenças sejam identificadas no seu início, é preciso instituir um responsável pela tarefa e horários diários para observação dos animais nas baias, além de treinar adequadamente a pessoa que vai manusear os medicamentos para que não haja falhas na escolha do princípio ativo, dosagem e aplicação”, comenta.

A médica veterinária conta ainda que o manejo de alimentação, especialmente na primeira semana após o alojamento, merece atenção. “Em condições sem intervenção, os leitões demoram em média 40-50 horas para ingerir alimento e água, e isso tem consequências significativas sobre a morfologia e saúde intestinais. Por isso, utilizar manejos de estímulo ao acesso do comedouro e bebedouro certamente melhoram a situação e diminuem as consequências negativas”, explica.

Para Djane, os principais manejos recomendados são: passar três a quatro vezes ao dia estimulando os leitões a se levantar, controlar a quantidade de ração servida no comedouro de forma que a ração do comedouro seja completamente renovada no máximo a cada dois dias, uso de comedouros acessórios e ração úmida em casos específicos, acidificação da água e uso de anti-inflamatório no alojamento. “Uma queda crônica de desempenho na fase de creche tem sido percebida em muitos sistemas e suspeita-se de uma alteração da curva de crescimento posteriormente compensada na fase de terminação. Porém, independentemente desse envolvimento genético, uma considerável responsabilidade por essa piora deve ser associada aos manejos aplicados”, diz.

Pesquisa e prática

O Brasil tem gerado uma quantidade considerável de estudos científicos a respeito de creche e recria, avaliando a efetividade de manejos e testando critérios de alojamento. A doutora é categórica em afirmar que as discussões recentes têm feito os tomadores de decisão da suinocultura brasileira refletir muito a respeito e melhorar tecnicamente, porém como em qualquer situação é preciso cautela. “Todos os trabalhos científicos são muito claros em afirmar que os resultados são válidos para a condição testada. Na pesquisa científica, a condução dos experimentos e o adequado delineamento experimental muitas vezes gera um ambiente diferente da condição de campo, como origem única, exclusão dos refugos, comedouros/bebedouros/espaço respeitados, mão-de-obra de uma pessoa para cada 200-250 leitões, presença contínua dentro das instalações, identificação/medicação imediata de leitões doentes. Não há nada de errado nisso, porém exige algum nível de interpretação no momento da extrapolação para a rotina dos sistemas de produção”, informa.

Djane afirma que cada sistema de produção tem uma dinâmica peculiar e os procedimentos devem ser compatíveis com ela. “Em tempos de suinocultura 4.0 e tamanha disponibilidade de informação, certamente quem colherá o melhor resultado serão os detentores do bom senso 4.0”, assinala.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Apesar dos custos de produção em queda, desafios persistem na suinocultura

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária Nicolle Andreassa Wilsek reforça que a gestão financeira e de dados é
essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A suinocultura, um dos pilares da agroindústria nacional, enfrenta desafios constantes, entre os quais o custo de produção se destaca como um dos mais significativos. O setor, altamente dependente de fatores como preços de insumos, produtividade e condições de mercado, é fortemente influenciado pelas variações desses elementos. Nesse contexto, o custo de produção afeta a rentabilidade dos produtores e a competitividade do setor no mercado global.

Médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek: “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O último ano encerrou com os custos de produção na atividade atingindo a marca de R$ 6,20 por quilo vivo, queda de 23,16% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves.

Santa Catarina, líder nacional na produção de suínos e referência para os cálculos do CIAS, registrou em março uma queda de 1,42% em relação a fevereiro, com o custo de produção por quilo de suíno vivo chegando a R$ 5,61 em sistema de ciclo completo. No acumulado do ano, houve uma redução de -9,52%, fazendo com que o ICPSuíno atingisse 321,12 pontos. Essa diminuição foi impulsionada pelo custo da alimentação dos suínos, que caiu para R$ 4,09, representando 73,33% do custo total.

Composição dos custos de produção

A médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek, explica que os custos de produção na suinocultura são compostos por quatro categorias principais: os custos variáveis, que flutuam de acordo com o nível de produção, englobam despesas diretas do produtor e têm o maior impacto nos custos, incluindo genética, produtos veterinários, mão-de-obra, alimentação, transporte, energia e combustíveis, manutenção e conservação, EPIs, seguros, equipamentos, despesas financeiras, administrativas e ambientais; os custos fixos, por outro lado, ocorrem independentemente da produção e incluem depreciação de máquinas, equipamentos e edificações, além de pagamentos de capital investido na atividade; já os custos operacionais são a soma dos custos variáveis e depreciação; enquanto o custo total é a soma dos custos variáveis e fixos, excluindo o custo operacional.

Impacto direto

O preço dos insumos tem um impacto direto no custo de produção, especialmente porque a alimentação representa uma parcela significativa dos custos no setor, variando de 60 a 70%. “O aumento dos preços do milho e da soja tem um impacto imediato no aumento do custo de produção. Esse efeito também se estende a outros tipos de insumos, como energia elétrica, produtos veterinários, EPIs, entre outros”, expõe Nicolle, que tratou sobre o tema no início de abril durante o Inovameat Toledo, que se destaca como um dos principais encontros dedicados à proteína animal no Paraná.

Gestão financeira

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária reforça que a gestão financeira e de dados é essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor. “É muito importante para obter um retorno maior, para atenuar os gastos desnecessários e para conservar o patrimônio, preconizando a eficiência econômica e financeira da granja”, enfatizou.

Quanto às estratégias para diminuir os custos de produção na suinocultura, a profissional destaca a importância de identificar os gargalos dentro da granja, isso inclui evitar desperdícios, como de ração, vazamentos de água e a presença de fêmeas improdutivas, entre vários outros fatores que devem estar no radar do produtor.

E da porteira para fora da granja, Nicolle cita a necessidade de pensar na organização industrial, que envolve adequação do peso de abate, adequação de formulações nutricionais e logística de transportes.  “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas, o que é alcançado por meio de bons índices zootécnicos, práticas eficientes de gestão e considerações ambientais equilibradas”, evidencia.

A profissional menciona que a suinocultura se beneficia de diversas tecnologias que podem contribuir para diminuir os custos da atividade. “Nas granjas a automação ajuda a reduzir a necessidade de mão de obra, enquanto o uso de energias renováveis, como solar e biodigestor, auxilia na diminuição dos custos com energia elétrica e combustíveis”, relata, acrescentando: “E a escala de produção influência de forma direta os custos na suinocultura, por isso que quanto mais animais produzindo, mais eficiência terá a propriedade e, consequentemente, maior rentabilidade. Além de otimizar logística de transporte, alimentação e demais suprimentos”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos / Peixes No Paraná

Vizinhos compartilham biodigestor para produzir energia limpa da suinocultura

Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, dois produtores de Itaipulândia, no Oeste, decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, ambos conseguem baratear contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

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A cerca que divide as propriedades de José Valdir Genaro e Ari Facioni, em Itaipulândia, no Oeste do Paraná, é uma mera formalidade quando o assunto é sustentabilidade na suinocultura. Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, os produtores decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, os dois conseguem baratear suas contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

Usina de BioGás – produção de energia gerada a partir, neste caso, dos dejetos de suínos -, em Itaipulândia, região Oeste do Paraná.- Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

O compartilhamento do sistema também permite que o investimento feito pelos produtores se pague mais rápido, com uma produção diária de energia ainda maior. O modelo também serve de exemplo para pequenos produtores, que individualmente não teriam fôlego financeiro ou volume de dejetos para manter um sistema sozinho.

A história dos produtores é tema da série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo”, que mostra exemplos de adesão ao programa RenovaPR e ao Banco do Agricultor Paranaense para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades.

“Para o meu vizinho montar o gerador, a quantidade de suínos que ele tinha não seria suficiente para a finalidade que ele tinha imaginado, então ele me convidou para fazer uma parceria, cedendo o esterco dos meus animais para aumentar a capacidade de geração de energia”, explica Ari Facioni.

Com a soma dos dejetos dos 3 mil suínos da propriedade de Genaro e de 1,8 mil da propriedade de Facioni, o gerador instalado por eles produz cerca de 75 kilowatts por hora, funcionando mais de 12 horas por dia. O volume é suficiente para dar independência energética para as duas propriedades de maneira limpa e renovável. “É algo que dá conforto para nós. É uma despesa a menos que nós temos, com perspectiva, inclusive, de render uma renda extra com a venda da energia excedente para a rede”, conta Genaro.

Sistema

A geração de energia a partir dos dejetos e resíduos orgânicos acontece em duas etapas. Na primeira, os restos de ração, fezes, urina e carcaças são depositados em um poço cavado no chão e coberto por uma lona especial, chamado de biodigestor, onde passar por reações químicas que produzem o biogás. Depois, os gases passam por um gerador que os transforma em energia.

Além da energia, o sistema garante o manejo adequado dos dejetos dos animais, um dos maiores passivos da suinocultura atualmente. Com os biodigestores, todos os resíduos têm uma destinação ambientalmente correta, dentro da propriedade. “Dar destino para os dejetos e as carcaças era um serviço complicado, quase insalubre, com muita mosca e mau cheiro. Hoje o material é depositado no biodigestor e o manejo é muito mais limpo e fácil”, explica Genaro.

Os processos químicos do sistema também produzem um composto que pode ser devolvido à lavoura ou ao pasto da propriedade como um fertilizante rico em nutrientes. “Os resíduos voltam como um adubo tratado, de boa qualidade, que não queima a terra”, afirma o produtor Ari Facioni.

Sem este processo, o depósito destes dejetos é altamente prejudicial ao meio ambiente. Por causa disso, muitos suinocultores só conseguem aumentar suas produções ao construírem biodigestores nas suas propriedades. “Muitos agricultores não produzem mais porque isso significa dar destinação a mais dejetos. Sem este processo, os dejetos produzem muitos agentes contaminantes. Por outro lado, quando ele passa pelo biodigestor, ele se transforma em um fertilizante natural que deixa de ser agressivo ao meio ambiente”, explica o diretor ambiental da Prefeitura de Itaipulândia, Altair Ruschel.

Apoio

O investimento feito para a instalação de todo o sistema, que também conta com um triturador de carcaças, foi de cerca de R$ 800 mil e contou com o incentivo do Programa Paraná Energia Renovável (RenovaPR), do Governo do Estado.

O empréstimo para a construção do sistema foi feito a juro zero, por meio do Banco do Agricultor Paranaense, como forma de estimular a transformação energética no campo. O programa é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, e conta com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), administrado pela Fomento Paraná.

Ao todo, a subvenção de juros por meio do Governo do Estado para projetos deste tipo já passou de R$ 231 milhões desde 2021. Com este estímulo, já foram investidos mais de R$ 4,2 bilhões em 34 mil projetos de energia renovável em todo o Estado.

Em Itaipulândia, um programa da prefeitura da cidade em parceria com a Itaipu Binacional também oferece subsídio para a instalação dos biodigestores e fornece os geradores em consignação aos suinocultores. “Era uma vontade antiga instalar um sistema destes para gerar energia e dar a destinação para os resíduos da produção. Só assim a gente vai conseguir aumentar a nossa produção. Graças ao subsídio do RenovaPR a gente conseguiu concluir um projeto como este”, diz José Valdir Genaro.

Economia

A produção de suínos para corte é a quinta cultura agropecuária com maior Valor Bruto da Produção (VBP) do Paraná, com R$ 8,45 bilhões movimentados em 2023, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Este valor representa 4,27% de toda a economia do campo paranaense.

A região Oeste do Paraná, onde fica Itaipulândia, concentra a maior parte desta produção. A cidade é a sétima maior produtora de suínos do Estado, com R$ 246 milhões em VBP a partir da suinocultura. Toledo (R$ 1,25 bilhão), Santa Helena (R$ 560 milhões), Missal (R$ 482 milhões) e Marechal Cândido Rondon (R$ 450 milhões) são as maiores produtoras do Paraná.

Na comparação com outros estados, o Paraná é o segundo maior produtor do Brasil, com 3,1 milhões de suínos abatidos no primeiro trimestre de 2024, segundo dados da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Santa Catarina lidera a produção nacional, com 4,1 milhões de animais abatidos. Rio Grande do Sul (2,3 milhões) e Minas Gerais (1,4 milhão) e São Paulo (735 mil) completam a lista de cinco maiores produtores do Brasil.

Série de reportagens

A série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas aqui.

Confira o vídeo

Fonte: AEN-PR
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Suínos / Peixes

Codigestão de dejetos e plantas: a nova era na produção de biogás

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos.

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Foto: Geraldo Bubniak

Em busca de explorar o potencial de culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante combinados com resíduos da produção animal para a produção de biogás, pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Embrapa Milho e Sorgo e da Embrapa Gado de Leite apresentaram os primeiros resultados do estudo realizado na Bioköhler Biodigestores durante o Dia de Campo sobre codigestão de culturas energéticas e resíduos da produção animal para produção de biogás, que integrou a programação do Inovameat Toledo, um dos principais eventos dedicados à proteína animal no Paraná, realizado em meados de abril na região Oeste do estado.

Doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz: “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Liderada pelo doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz, a iniciativa visa avaliar a viabilidade de culturas energéticas na produção sustentável de biogás para validar essa nova abordagem. “A codigestão de resíduos da produção animal com as culturas energéticas representa uma alternativa promissora para melhorar a eficiência da produção de biogás. Essa nova abordagem envolve a mistura de vários resíduos para otimizar a produção de biogás. Ao combinar dejetos suínos, aves ou de bovinos, por exemplo, com culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante, podemos alcançar resultados significativos em termos de produção sustentável de energia”, explicou Kunz.

Em comparação com outras formas de produção de biogás, o pesquisador ressalta os benefícios ambientais associados à codigestão de dejetos e culturas energéticas, destacando sua capacidade de conferir maior estabilidade aos processos de geração de biogás. “Isso é fundamental para a implementação bem-sucedida de novos arranjos de produção e utilização do biogás”, afirma.

Desafios técnicos e operacionais

Em relação aos desafios técnicos e operacionais associados ao uso de culturas energéticas na codigestão com dejetos, Kunz destaca a importância de compreender os arranjos produtivos específicos dessas culturas. Ele ressalta a necessidade de considerar as peculiaridades de cada cultura, incluindo seus ciclos de cultivo e colheita, assim como os processos de silagem, para garantir um suprimento consistente desse substrato para a geração de biogás.

Com o uso das culturas energéticas, o pesquisador diz que se busca não apenas melhorar a estabilidade da composição do biogás, mas também dos volumes produzidos em comparação aos processos de monodigestão, que se restringem apenas aos dejetos. “Essa abordagem objetiva aprimorar tanto a qualidade quanto a consistência do biogás gerado. Ao introduzir culturas energéticas na codigestão, espera-se minimizar as variações na composição do biogás e otimizar os volumes produzidos, proporcionando uma fonte de energia mais confiável e previsível”, expõe Kunz.

Impactos sociais e econômicos

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos. De acordo com Kunz, esse processo impulsiona o desenvolvimento e a criação de empregos, especialmente nas regiões onde as cadeias de produção de proteína animal, como no Sul do Brasil, estão consolidadas, com modelos de integração bem estabelecidos que geram oportunidades de trabalho. “A integração de culturas energéticas e outros resíduos nesse contexto não só diversifica as atividades econômicas, mas também contribui para a geração e agregação de renda”, salienta, frisando: “Essa abordagem não apenas fortalece os elos existentes na cadeia produtiva, mas também abre novas perspectivas para a comunidade rural, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e equilibrado”.

Abordagem em evidência

Foto: Monalisa Pereira/Embrapa Suínos e Aves

A adoção da codigestão de dejetos e culturas energéticas para a produção de biogás está ganhando destaque em diversas partes do mundo, com a Europa liderando o caminho. Países como a Alemanha se sobressai, contando com aproximadamente 10 mil plantas de geração de biogás, muitas das quais fundamentadas no uso de culturas energéticas como substrato.

No entanto, o Brasil se diferencia ao adotar uma abordagem adaptada às suas condições tropicais. Aqui, explica o pesquisador, cultivares específicas são desenvolvidas com genética local, dedicadas à geração de biogás. “Esse foco em cultivares adaptadas garante uma eficiência ainda maior no processo de codigestão”, evidencia.

Os pesquisadores brasileiros estão empenhados no desenvolvimento de tecnologias que garantam a eficiência operacional da codigestão, dimensionando cuidadosamente os parâmetros técnicos envolvidos. Isso inclui a determinação precisa da produção de biogás por hectare, a relação ideal entre os materiais dentro dos biodigestores e a quantidade de biogás produzida. “Essa abordagem orientada para a eficiência técnica não apenas impulsiona a inovação no campo da produção de biogás, mas também facilita a adoção dessas tecnologias pelo setor produtivo. A equipe da Embrapa trabalha focada no aprimoramento contínuo desse processo, para posicionar o Brasil como um líder na produção sustentável de biogás, contribuindo desta forma para um futuro energético mais limpo e resiliente”, salienta Kunz.

Na vanguarda

O pesquisador ressalta que a equipe da Embrapa está empenhada em estabelecer arranjos completos para a codigestão de dejetos com culturas energéticas, considerando todos os parâmetros técnicos e as nuances de toda a cadeia produtiva. “Entendemos que este é um processo dinâmico, com espaço para inovação contínua. Uma das áreas-chave de foco da pesquisa é o desenvolvimento de processos de tratamento para aumentar a capacidade de geração de biogás a partir dessas culturas energéticas”, expõe.

Além disso, a Embrapa está conduzindo trabalhos de melhoramento genético de cultivares especificamente voltadas para a produção de biogás. “Este investimento em pesquisa visa otimizar ainda mais o desempenho dessas culturas em termos de produção de biogás”, constata Kunz.

O doutor em Química Ambiental reforça que uma das razões fundamentais para adotar a codigestão de culturas energéticas junto aos dejetos é a complementaridade entre esses materiais. “Enquanto os dejetos líquidos, como dos suínos, têm uma alta concentração de água, em torno de 98%, as culturas energéticas possuem uma porcentagem entre 20 a 27% de matéria seca. Ao combinar esses dois materiais, aumentamos a concentração de sólidos no biodigestor, resultando em processos mais otimizados e maior rendimento na produção de biogás”, sustenta, acrescentando: “Essa abordagem é fundamental para garantir um fornecimento estável de substrato, permitindo o estabelecimento de arranjos para diversos fins, desde a geração de energia elétrica até a produção de biometano, que nada mais é que o biogás purificado, e que está ganhando destaque como uma solução de mobilidade sustentável”.

Para o setor agropecuário, a sustentabilidade dessa operação é especialmente relevante, uam vez que contribui para a redução da dependência de combustíveis fósseis, fortalecendo a competitividade das commodities tanto no mercado nacional como internacional, ao mesmo tempo que o país avança na descarbonização das cadeias de produção animal. “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos”, exalta Kunz.

A pesquisa da Embrapa representa um importante avanço no setor de energia renovável, oferecendo uma alternativa econômica e ambientalmente sustentável para a produção de biogás. Com a continuidade dos estudos e o apoio de instituições parceiras, espera-se que essa tecnologia contribua significativamente para a transição para um futuro energético mais limpo e eficiente.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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IFC

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