Suínos
Estudiosa põe condições de alojamento em xeque
Infelizmente, nem sempre os protocolos ideais são os mais simples, porém frequentemente priorizamos a facilidade de execução e não a necessidade do suíno, alerta doutora em Medicina Veterinária, Djane Dallanora
São muitos os desafios que o suinocultor enfrenta atualmente. Em todas as fases, são diversos os obstáculos para atender ao grande mercado nacional e internacional conquistado pela suinocultura brasileira. Para o produtor enfrentar isso, ele precisa de muito profissionalismo, criatividade e determinação. Para falar sobre estas adversidades e o que fazer quando elas aparecem, a médica veterinária doutora Djane Dallanora aborda durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), que aconteceu de 21 a 23 de agosto em Chapecó, SC, as “estratégias para enfrentar os desafios da adaptação dos leitões nas fases de creche e recria”.
De acordo com a especialista, os principais desafios encontrados pelos leitões são basicamente os mesmos, tanto na creche como na recria, e estão relacionados às condições de conforto térmico e qualidade de ar, espaço por animal, acesso ao comedouro/bebedouro, intervalo para o início do consumo de ração e água e eficiência na identificação de leitões que precisam de medicação. “Quando não são oferecidas as condições ideais de alojamento, os desafios transformam-se em consequências negativas expressas na forma de piora de ganho de peso e da eficiência alimentar, mortalidade de leitões e falta de uniformidade”, comenta.
Djane explica que, embora o não cumprimento de regras básicas do manejo de suínos seja um achado frequente, a gravidade e a solução dos desafios depende muito do sistema de produção e da métrica utilizada para eleger prioridades em cada um deles. “Podemos considerar que houve um aumento de mais de 15% no número de desmamados e não houve alocação de recursos para ampliação das instalações na mesma proporção do aumento da produtividade, resultando em maior densidade animal e competição por comedouro/bebedouro nas fases subsequentes, especialmente nos ciclos completos ou UPLs que vendem descrechados”, afirma.
A médica veterinária diz que se, hipoteticamente, for aplicado um checklist que avalie o atendimento das creches/terminações brasileiras às normas mínimas de espaço/animal e conforto térmico, certamente haverá um percentual importante de granjas reprovadas. “Temos facilidade em aceitar que as fases antes do desmame precisam de maior tempo de dedicação e cuidado, enquanto que superestimamos a capacidade do suíno em “se virar sozinho” nas fases posteriores. Infelizmente, nem sempre os protocolos ideais são os mais simples, porém frequentemente priorizamos a facilidade de execução e não a necessidade do suíno”, defende Djane.
Estratégias para enfrentar desafios
Para a doutora, a expressão máxima do potencial genético somente é alcançada em condições de instalações e manejos gerais, sanitários e nutricionais adequados, sendo que as definições podem estar tanto sob a responsabilidade das equipes técnicas, quanto dos gestores/produtores diretamente. “As estratégias para atender as condições ideais de alojamento que estão sob a responsabilidade do produtor podem ser divididas em questões estruturais e de manejo”, afirma.
No que tange à estrutura, a médica veterinária diz que garantir piso de boa qualidade, que ofereça boa drenagem e reduza o contato fecal/oral, além de cortinas e forro que permitam troca adequada de ar e isolamento térmico são requisitos primordiais, junto com o uso de climatização que permita a manutenção da temperatura e baixa variação ao longo do ano. Além do mais, a lavagem/desinfecção e vazio sanitário também são responsáveis por garantir um ambiente com baixa pressão de infecção para o recém-alojado, além de interromper o ciclo de transmissão de agentes de um lote para o outro. “Uma lavagem cuidadosa, com uso de detergente e água sob pressão, é bastante eficiente no atingimento desses objetivos”, recomenda.
A médica veterinária afirma ainda que o fornecimento de água de qualidade (temperatura, potabilidade) e quantidade utilizando bebedouros adequados para cada fase em quantidade suficiente também são fundamentais. “Da mesma forma que deve ser utilizada quantidade suficiente de comedouros de fácil regulagem, com baixo risco de entupimento ou desperdício, evitando restrição ou perda de alimento”, comenta.
Um último ponto quanto ao assunto instalações, Djane alerta para a necessidade de adequar a capacidade de alojamento de uma granja de acordo com a medida real das instalações e contagem do número de bebedouros/baia. “Certamente, o espaço/animal tem sido bastante subestimado como potente causador de baixo desempenho”, diz. Para ela, de forma geral, as creches construídas nos últimos 15 anos consideraram um espaço de 0,30 m²/leitão, e atualmente já alojam com 0,24 m² e a maioria dos cálculos não desconta a área de comedouro. “Frequentemente, também não são consideradas as diferenças na meta de peso de saída, ou seja, são 0,24 m²/leitão de 22 ou de 24,5 quilos? Parece inofensivo, mas são 10% de peso a mais/m²”, questiona.
Estratégias de manejo
Já quando o assunto são as estratégias de manejo, a doutora afirma que a organização dos leitões nas baias no momento do alojamento, o manejo diferenciado de leitões de baixo desenvolvimento, o tratamento rápido dos animais doentes e o estímulo para consumo rápido de ração e ingestão de água são os principais tópicos que merecem atenção. “A organização dos animais em baias com peso compatível facilita o manejo dos animais, especialmente dos menores que precisam de condições especiais, além de igualar disputas. Na prática, destinar quantidades maiores da primeira ração ou até formulação diferente para as baias de pequenos, fazer medicações preventivas especiais e trabalhar com um maior estímulo para ida ao comedouro resultam em maior uniformidade na saída de creche e reduzem mortalidade”, comenta.
A médica veterinária alerta para manejos críticos de uniformização na fase de alojamento, onde trabalhar com variações de até dois quilos de diferença entre leitões dentro da mesma baia não impacta de forma significativa no desempenho, desde que eles pesem acima de 5,5 quilos. Além do mais, Djane explica que a formação de novas baias com leitões de baixo desempenho ao longo do lote também resulta em recuperação e melhor desempenho dos animais.
Uma das principais fontes de variação de peso dos suínos são as doenças, alerta, por isso a medicação imediata de leitões doentes reduz o impacto negativo sobre o consumo de ração e ganho de peso, além de diminuir a excreção de agentes no ambiente. “Para que as doenças sejam identificadas no seu início, é preciso instituir um responsável pela tarefa e horários diários para observação dos animais nas baias, além de treinar adequadamente a pessoa que vai manusear os medicamentos para que não haja falhas na escolha do princípio ativo, dosagem e aplicação”, comenta.
A médica veterinária conta ainda que o manejo de alimentação, especialmente na primeira semana após o alojamento, merece atenção. “Em condições sem intervenção, os leitões demoram em média 40-50 horas para ingerir alimento e água, e isso tem consequências significativas sobre a morfologia e saúde intestinais. Por isso, utilizar manejos de estímulo ao acesso do comedouro e bebedouro certamente melhoram a situação e diminuem as consequências negativas”, explica.
Para Djane, os principais manejos recomendados são: passar três a quatro vezes ao dia estimulando os leitões a se levantar, controlar a quantidade de ração servida no comedouro de forma que a ração do comedouro seja completamente renovada no máximo a cada dois dias, uso de comedouros acessórios e ração úmida em casos específicos, acidificação da água e uso de anti-inflamatório no alojamento. “Uma queda crônica de desempenho na fase de creche tem sido percebida em muitos sistemas e suspeita-se de uma alteração da curva de crescimento posteriormente compensada na fase de terminação. Porém, independentemente desse envolvimento genético, uma considerável responsabilidade por essa piora deve ser associada aos manejos aplicados”, diz.
Pesquisa e prática
O Brasil tem gerado uma quantidade considerável de estudos científicos a respeito de creche e recria, avaliando a efetividade de manejos e testando critérios de alojamento. A doutora é categórica em afirmar que as discussões recentes têm feito os tomadores de decisão da suinocultura brasileira refletir muito a respeito e melhorar tecnicamente, porém como em qualquer situação é preciso cautela. “Todos os trabalhos científicos são muito claros em afirmar que os resultados são válidos para a condição testada. Na pesquisa científica, a condução dos experimentos e o adequado delineamento experimental muitas vezes gera um ambiente diferente da condição de campo, como origem única, exclusão dos refugos, comedouros/bebedouros/espaço respeitados, mão-de-obra de uma pessoa para cada 200-250 leitões, presença contínua dentro das instalações, identificação/medicação imediata de leitões doentes. Não há nada de errado nisso, porém exige algum nível de interpretação no momento da extrapolação para a rotina dos sistemas de produção”, informa.
Djane afirma que cada sistema de produção tem uma dinâmica peculiar e os procedimentos devem ser compatíveis com ela. “Em tempos de suinocultura 4.0 e tamanha disponibilidade de informação, certamente quem colherá o melhor resultado serão os detentores do bom senso 4.0”, assinala.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
