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Estudante leva sugestão de manejo à suinocultura para feira nacional
André Lellis Schulz fez um estudo comparativo entre o sistema de grade e de lâmina d’água na suinocultura, foi premiado na 9ª Fecitec e, com isso, credenciado a participar da 18ª Febrace, em São Paulo

O estudante André Lellis Schulz, de 16 anos, está contando os dias para participar da 18ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que vai acontecer entre os dias 17 e 19 de março, na cidade de São Paulo.
O morador de Marechal Cândido Rondon, Oeste do Paraná, estuda no Colégio Agrícola Estadual Adroaldo Augusto Colombo, no município vizinho de Palotina, e alcançou com muito trabalho e dedicação o 1º lugar geral na 9ª Feira de Ciência e Tecnologia (Fecitec) organizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A feira visa a disseminação de projetos que apresentem inovação e soluções nos mais diversos ramos das ciências. André Schulz participou com o projeto intitulado “Instalações para suínos: comparativo lâmina d’água, grade e sugestão do terceiro sistema”.
Motivação
Segundo o estudante, a inspiração para o tema do projeto veio do seu contato com a suinocultura. “Quando morei em Nova Santa Rosa, minha família lidava com isso. Eu limpava e ajudava na granja. Além disso, enquanto estou estudando, no ar-condicionado e com boas condições, sempre penso nos meus pais trabalhando duro para que eu esteja ali. Tento ao máximo dar uma resposta para o esforço do homem do campo, visando a sua qualidade de vida”, declarou Schulz.
O estudante também lembra que um suinocultor amigo da família, Neimar Weiss, comentou em uma conversa informal que havia muita diferença nos resultados dos suínos criados em baias no sistema de grade e de lâmina d’água. “O porco na baia de grade saia com 120 quilos e o da lâmina chegava a 135 ou 140 quilos. Havia diferença no peso, conversão alimentar, índice de mortalidade e até na ocorrência de brigas”, ressalta, emendando: “Com o uso de grade há mais estresse para o animal, devido ao calor e à falta de água para ele se refrescar”.
O projeto
Interessado nessa problemática, Schulz iniciou seu projeto fazendo o levantamento de dados do produtor de suínos em questão. “Eu consultei o histórico de lotes do produtor para verificar o que estava acontecendo. Até pensei em consultar outros produtores, mas o Neimar foi o único suinocultor que encontrei com os dois sistemas em um só chiqueirão”, menciona.
Sob orientação da professora Vanessa Piovesan e coorientação do professor Sérgio Correia dos Passos, o pesquisador deu continuidade aos seus estudos, comparando os dois sistemas e, por fim, sugerindo uma solução. “Eu fiz pesquisas na biblioteca da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e não encontrei nenhum trabalho com essa alternativa. Falei com um pesquisador e ele também disse nunca ter visto um projeto como este. Basicamente, eu sugiro a junção dos dois sistemas”, resume.
“A baia retangular teria uma extremidade com a lâmina d’água e outra com concreto, por causa dos coxos, no meio seria frisado, no sistema grade. Alguns dizem que o sistema com lâmina usa mais água, mas eu discordo. O mesmo tanto é gasto se mensurar a quantia utilizada pelo gotejamento e aspersão no sistema de grade”, afirma Schulz.
Segundo ele, o trabalho de limpeza seria praticamente reduzido pela metade, aconteceria de uma maneira mais fácil. “Ao invés de puxar os dejetos da lâmina para a canaleta de saída, o suinocultor teria de puxar a água para cima, onde estaria a grade”, explica. Além disso, o estudante diz que os dois sistemas integrados trazem vantagem para aqueles com biodigestor na propriedade, visto que a água retém melhor o gás.
Preparativos
O estudante destaca a colaboração dos professores orientadores e da direção do colégio. “Falta pouco tempo para a Febrace e estamos nos organizando. Tudo está andando. O professor Sérgio está me auxiliando com a maquete e a professora Vanessa com o banner; já o diário de bordo é minha responsabilidade. O diretor Glauco e todos do Colégio Agrícola também estão me dando suporte”, enaltece.
Expectativas
Ele comenta que cada noite está ficando mais curta. “Estou muito ansioso. As expectativas são boas”, confidencia o rondonense, que ganhou a viagem para São Paulo e terá de arcar somente com alimentação e deslocamentos dentro da cidade.
Todos os projetos participantes da Febrace recebem certificados. A feira é responsável por selecionar os projetos brasileiros que participarão na Internation Science and Engineering Fair (ISEF), feira internacional que acontece nos Estados Unidos.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



