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Estresse térmico: quais os impactos causados na produção leiteira e a importância do monitoramento
O estresse térmico, seja pelo frio ou pelo calor, acarreta um impacto muito grande sobre o desempenho das vacas
Artigo escrito por Anna Luiza Belli, médica veterinária, mestre e doutora em Produção Animal e coordenadora de Território da MSD Saúde Animal Intelligence
Dentro dos sistemas de produção da pecuária leiteira, garantir conforto para os animais é fundamental. O estresse térmico, seja pelo frio ou pelo calor, acarreta um impacto muito grande sobre o desempenho das vacas. Com o avanço das tecnologias e acesso às informações, os produtores de leite brasileiros têm dado maior atenção ao rebanho neste quesito.
A condição de estresse térmico pelo calor nas vacas ocorre devido às temperaturas altas encontradas em países tropicais, como o Brasil. Durante todo o ano, o rebanho pode ser impactado pelo clima, inclusive no inverno. Por isso, os produtores começaram a perceber que resfriar os animais é imprescindível e tem um impacto positivo na produtividade, principalmente na produção de leite.
O que é?
O estresse térmico pelo calor é uma condição de desconforto que pode ser caracterizada pelo aumento da temperatura retal e da frequência respiratória; redução do consumo de alimentos; projeção da cabeça para frente e mais tempo em pé. A temperatura retal pode passar dos 39˚C, sem que o animal apresente nenhum quadro de doença infecciosa e a frequência respiratória passa dos 60 movimentos por minuto, mesmo quando ele se encontre deitado ou parado. Essa condição pode ser gerada pela combinação de quatro principais fatores: pela elevada temperatura do ambiente, baixa velocidade do ar, alta umidade do ar e pela radiação solar direta.
Quais os efeitos negativos do estresse térmico?
Uma consequência imediata destas alterações é a queda da produção de leite. Se observarmos a curva de produção anual da maioria das fazendas, a produção de leite durante o inverno costuma ser maior do que durante o verão, com o mesmo número de animais em lactação e o mesmo manejo nutricional. Em muitos casos, essa variação pode ser atribuída totalmente ao desconforto térmico dos animais, causado pelas altas temperaturas e umidade encontradas no verão, quando a fazenda não possui um sistema de resfriamento eficiente. Porém, diferente do que se imaginava há algum tempo, essa queda da produção não se deve apenas à diminuição do consumo.
Os animais que se encontram sob estresse térmico precisam lançar mão de recursos metabólicos para debelar calor e regular a temperatura corporal. Esses mecanismos, como o aumento da frequência respiratória, por exemplo, consomem grande parte da energia que em uma situação normal seria destinada pelo organismo para a produção de leite. O sistema imune dos animais também é afetado, em especial do trato digestivo, determinando um aumento do estado inflamatório do animal. O que, por sua vez, também consome grande quantidade de energia, a qual poderia ser utilizada pela glândula mamária. Além de prejudicar a produção de leite, o sistema imune comprometido também pode determinar uma maior ocorrência de doenças, especialmente durante o período de transição. Os efeitos negativos do estresse térmico não se limitam ao animal.
Se a condição de estresse térmico ocorre em uma vaca prenha durante o período seco, por exemplo, efeitos negativos irão ocorrer sobre o feto. Como o principal momento de ganho de peso do feto é durante o terço final da gestação, o consumo e o metabolismo alterados da mãe durante esse período vão comprometer o desenvolvimento final das bezerras. A cria então apresenta menor peso ao nascimento; comprometimento da capacidade de absorver a imunidade passiva advinda do colostro; menor ganho de peso nos primeiros 30 dias de vida e mais chance de desenvolver doenças. Todos estes problemas podem determinar um menor desempenho desse animal ao longo de toda a sua vida produtiva adulta.
Mecanismos para resfriar os animais
Para ajudar os animais a estarem em conforto térmico, as fazendas têm adotado alguns mecanismos, como os sistemas de resfriamento, que podem ser direto ou indireto.
No sistema de resfriamento indireto, os animais são molhados por um aspersor de água de baixa pressão, que deve possibilitar gotas grossas que efetivamente molhem o animal. Em seguida os animais precisam receber ventilação forçada, e é por meio dessa ventilação que o animal efetivamente é resfriado a partir da evaporação da água. Esse ciclo de molhar e ventilar dura cerca de 3 a 5 minutos, totalizando de 30 a 40 minutos por momento de resfriamento. Segundo a literatura, ao longo do dia, um animal de alta produção precisa ser resfriado por pelo menos 4 horas. Esse sistema de resfriamento pode ser feito nas salas de espera da ordenha, nas linhas de cocho ou até mesmo em estruturas específicas para banho dos animais.
Já o mecanismo de resfriamento direto pode ser conseguido pelo controle da temperatura e da umidade do ar em que os animais se encontram. Esse mecanismo só pode ser obtido em galpões de resfriamento e nos chamados túneis de ventilação. Nessas estruturas, que podem ser fechadas e totalmente climatizadas, objetiva-se que o ambiente fique com a temperatura controlada em torno de 15oC, ou pelo menos mais fresca do que no ambiente externo.
Em sistemas a pasto, a sombra é um mecanismo importante para ajudar o animal a controlar o calor corporal. Isso pode ser obtido seja por meio de sombra natural proporcionada por árvores ou artificial por meio de sombrites estáticos ou móveis. Mas mesmo que o animal tenha acesso à sombra, o resfriamento pelo método indireto ainda é extremamente importante.
Por conta dos efeitos negativos do estresse térmico e do custo da adoção dos sistemas de resfriamento, é essencial estar atento e adotar medidas para garantir conforto ao rebanho. No entanto, não basta apenas adotar mecanismos de resfriamentos sem ter certeza de que a ferramenta está sendo eficiente. Um sistema de monitoramento é um importante aliado do produtor nesse sentido.
A tecnologia pode captar a frequência respiratória de cada animal e é capaz de identificar a condição térmica de um determinado grupo, mensurando para o produtor, por meio de gráficos, qual é a porcentagem de vacas sob estresse térmico daquele lote ou do rebanho. O produtor pode passar a tomar decisões assertivas e consegue saber, por exemplo, qual momento do dia os animais têm mais desconforto térmico, o melhor horário para fazer o resfriamento e se o método utilizado está sendo eficiente, sem precisar colocar um termômetro no animal. Além de monitorar o estresse térmico, a tecnologia permite ainda correlacionar a ruminação, a atividade e a ofegação com aspectos nutricionais e consequentemente de produção.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2021 ou online.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran