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Avicultura A estação quente voltou

Estresse por calor gera perdas para avicultura: saiba como agir em cada fase produtiva para se livrar dos prejuízos

Ampla parte da produção de aves no Brasil se encontra em regiões onde o estresse calórico pode causar problemas aos animais, influenciando o seu desempenho

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Arquivo/OP Rural

A ampla parte da produção de aves no Brasil se encontra em regiões onde o estresse calórico pode causar problemas aos animais, influenciando o seu desempenho. Para falar sobre os cuidados e parâmetros a serem seguidos durante os períodos mais quentes do ano, o Presente Rural entrevistou o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Paulo Giovanni de Abreu, que justifica: “Experiências têm mostrado que a produtividade das aves é afetada e a taxa de mortalidade é consideravelmente alta. No entanto, algumas medidas básicas podem remediar e até eliminar esses problemas”.

Uma das premissas é saber o que é a zona de conforto térmico. “Para determinada faixa de temperatura efetiva ambiental, a ave mantém constante a temperatura corporal, com mínimo esforço dos mecanismos termorregulatórios. É a chamada Zona de Conforto Térmico (ZCT) ou de termoneutralidade, em que não há sensação de frio ou de calor e o desempenho animal em qualquer atividade é otimizado”, explica.

O pesquisador explica: “Na figura 1 observa-se que a Zona de Conforto Térmico é limitada pelas temperaturas efetivas ambientais dos pontos B e B’; a Zona de Homeotermia, pelas temperaturas efetivas ambientais dos pontos C e C’; e a Zona de Sobrevivência, pelas temperaturas efetivas ambientais dos pontos D e D’. Nas temperaturas efetivas ambientais situadas na faixa limitada pelos pontos A e D, o animal está estressado por frio e nas de A’ a D’, por calor. A temperatura efetiva ambiental do ponto B é a Temperatura Crítica Inferior (TCI) e abaixo desta o animal aciona seus mecanismos termorregulatórios para incrementar a produção e a retenção de calor corporal, compensando a perda de calor para o ambiente, que se encontra frio. Nessa faixa, a capacidade do animal de aumentar a taxa metabólica torna-se relevante para a manutenção do equilíbrio homeotérmico”.

“Para temperaturas efetivas ambientais abaixo daquela definida no ponto C, o animal não consegue mais balancear a sua perda de calor para o ambiente e a temperatura corporal começa a declinar rapidamente, acelerando o processo de resfriamento. Se o processo continua por muito tempo ou se nenhuma providência é tomada, o nível letal D é atingido e o animal morre por hipotermia. A temperatura efetiva ambiental do ponto B’ é denominada Temperatura Crítica Superior (TCS). Acima dessa temperatura o animal aciona seus mecanismos termorregulatórios para auxiliar a dissipação do calor corporal para o ambiente, uma vez que, nessa faixa, a taxa de produção de calor metabólico normalmente aumenta, podendo ocorrer, também, aumento da temperatura corporal. Nessa faixa, entram em ação mecanismos de defesa física contra o calor, como a vasodilatação e a ofegação. Quando a temperatura ambiental atinge o ponto C’, por mais que esses mecanismos funcionem, não conseguem obter o resfriamento necessário para a manutenção do equilíbrio homeotérmico e a temperatura corporal aumenta cada vez mais. Na temperatura ambiental do ponto D’, o animal morre por hipertermia. Na Zona de Hipertermia, os mecanismos de controle da temperatura não são capazes de providenciar suficiente resfriamento para manter a temperatura corporal em seu nível normal”.

Figura 1 – Esquema das temperaturas efetivas ambientais críticas

Exigências das aves

De acordo com Paulo Giovanni de Abreu, a ave tem habilidade para manter constante a temperatura dos órgãos internos, o que é conhecido como homeotermia. O mecanismo de homeostase, entretanto, é eficiente somente quando a temperatura ambiente está dentro de certos limites. “A temperatura do núcleo corporal de aves é igual a 41,7oC. Na Tabela 1 são apresentados os valores da Temperatura Crítica Inferior (TCI), Zona de Conforto Térmico (ZCT) e Temperatura Crítica Superior (TCS) de acordo com a fase da ave. Portanto é importante que os aviários tenham temperaturas ambientais próximas às das condições de conforto das aves (Tabela 2). Nesse sentido, o aperfeiçoamento dos aviários com adoção de técnicas e equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem superado os efeitos prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibilitando alcançar bom desempenho produtivo das aves”, menciona.

Estresse térmico (calor)

 O estresse devido ao calor se produz quando existem temperaturas ambientais acima da zona de termoneutralidade das aves e se intensifica na presença de alta umidade relativa e ausência de movimento do ar, destaca Paulo Giovanni de Abreu. “Fisiologicamente as aves respondem ao estresse calórico aumentando os mecanismos de dissipação de calor e diminuindo a produção de calor metabólico. Durante os períodos quentes o estresse térmico depende grandemente da ave. Isto é, idade e tamanho, estágio produtivo e das instalações. Entretanto, as respostas ao estresse térmico variam de formas específicas entre esses diferentes grupos”.

O pesquisador da Embrapa frisa que para o conforto fisiológico das aves é considerado que a temperatura no interior da instalação seja correspondente à zona de termoneutralidade da ave. “Esta é a temperatura média a qual a taxa metabólica é mantida constante pelo controle vaso motor (vasodilatação e vasoconstrição periféricas, movimentação das penas e mudança postural) e evaporação da água dos pulmões. O ponto o qual a temperatura ambiental esta abaixo desta zona é chamado temperatura crítica e aumenta a taxa metabólica para manutenção da temperatura corporal. O ponto o qual a temperatura está acima desta temperatura é chamado ponto de hipertermia e aumento na taxa metabólica na tentativa de eliminar o excesso de produção de calor”.

Efeito da idade

“A combinação de temperatura ambiente e umidade relativa capaz de produzir estresse por calor depende da idade das aves. A temperatura ambiente ideal varia desde 32 – 35oC ao nascer até que se estabiliza aos 20 – 24oC na quarta semana. A magnitude do estresse calórico depende não somente da estação do ano, mas também do status fisiológico (isto é, estágio de crescimento, desenvolvimento e produção) das aves. Em muitas aves jovens o estresse calórico é menos provável de ocorrer durante períodos quentes e úmidos. Isto porque as aves recém-nascidas são mais sensíveis ao frio. Como as aves jovens possuem uma temperatura crítica superior maior que aves adultas a diminuição de mortalidade por estresse calórico é menor”.

Segundo Paulo Giovanni, a medida que as aves crescem, tornam-se menos sensível ao frio. “Isso ocorre por causa da ineficiência dessas aves em dissipar rapidamente o calor produzido por seu organismo. Essa ineficiência na dissipação do calor pode ser devido ao acúmulo de gordura subcutânea, da falta de glândulas sudoríparas e da cobertura de penas do corpo. As consequências é que com a idade ou aves grandes tonam-se mais suscetíveis ao estresse por calor”.

Umidade

A umidade é fator determinante na termorregulação. “No Brasil quando a temperatura ambiente está por volta de 32oC e a umidade relativa do ar mais que 80%, essa condição causa um aumento da severidade do estresse por calor. Como consequência a ingestão alimentar é reduzida e a taxa respiratória desses animais aumenta na tentativa de resfriar-se pela evaporação do vapor d’água dos pulmões. As aves tenderão a se mover para locais mais frescos nos aviários e mudarão a sua postura. Em casos extremos, com temperaturas ambientes próximas de 40oC, as aves podem morrer de exaustão física causada pelo calor. Além disso, a mortalidade durante períodos quentes pode também estar relacionada indiretamente com outros fatores de estresse que são relacionados com condições de calor e umidade. Esses outros efeitos indiretos incluem a redução na ingestão alimentar e aumento da incidência de doenças no plantel. Uma redução na ingestão alimentar torna as aves mais suscetíveis a doenças nesse ambiente”, orienta.

Temperatura ambiente VS proteína e gordura da dieta

“Em relação aos componentes da dieta, de forma similar ao que ocorre para a mantença, há uma diferenciação nas eficiências com que a EM dos carboidratos, gorduras e proteínas é utilizada para a deposição. Quanto maior a proporção de proteína na deposição e quanto maior a quantidade de proteína na dieta maior o incremento calórico esperado. Mantido os níveis dos demais nutrientes limitantes, com maior gordura dietética o incremento calórico diminui, e consequentemente aumenta a eficiência de retenção”.

Em condições de estresse calórico, cita, há um aumento mais discreto na produção de calor total (PC) pelo aumento na energia necessária para termorregulação (PCt), mas o incremento calórico associado à retenção ou deposição nos tecidos passa a ser uma parcela importante da PC. “Esta contribuição, de acordo com a temperatura ambiente, conduz à hipertermia, e a principal forma da ave reduzir este incremento é pela redução do consumo de energia metabolizável (EMc). A redução na EMc e aumento na PC levam, por consequência, a uma menor (ou nula) exigência de energia para retenção ou produção (EMr)”.

O pesquisador explica que outra forma de reduzir a PC é pela utilização de componentes dietéticos de baixo incremento calórico de mantença e retenção, como a gordura. “Isto pode ter efeito positivo sobre a sobrevivência e/ou desempenho em condições de estresse calórico. Por outro lado, o grau de redução da EMc que vai ser apresentado pelos animais não é normalmente previsível, e pode comprometer a EMr pela deficiência dos demais nutrientes. Consequentemente, em condições de estresse pelo calor, a concentração das dietas, especialmente em proteína, pode trazer benefícios à produção, mas é necessário que se tenha controle sobre os níveis de EMc. No caso do uso de componentes de baixo ICr, como a gordura, o maior efeito benéfico é justamente relacionado com a manutenção pelos animais de um nível de consumo mais compatível com a produção”.

Paulo Giovanni orienta: “A perda de apetite devido ao bloqueio do centro do apetite localizado no hipotálamo e a redução brusca do nível sanguíneo de vitamina C seriam em termos nutricionais os fatores mais importantes. A ave sob condições de estresse calórico seria uma ave deficiente em energia, portanto, a manipulação das rações, proporcionando a ingestão de níveis nutricionais de acordo com a exigência das aves, seria a solução para combater o baixo consumo de ração, tendo como base o conceito de ‘incremento calórico ou ação dinâmica específica dos alimentos’ as gorduras passaram a ser o ingrediente de eleição na formulação de rações de alta energia e concentração de nutrientes. Tal prática vem sendo adotada nas condições adversas de criação quando ocorre o fator queda de consumo”.

Considerando que as aves não possuem glândulas sudoríparas, explica, a dissipação de calor ocorre por meio dos processos sensíveis e dos mecanismos evaporativos respiratórios. “Com o aumento da temperatura ambiente, a dissipação de calor pelos processos sensíveis é diminuída, enquanto que pelos mecanismos evaporativos é aumentada”.

Vitamina C

A vitamina C, conhecida como a vitamina do estresse devido às suas peculiaridades principalmente na fase de alerta do estresse, cita o especialista, é uma vitamina sintetizada nos rins das aves e no fígado da maioria dos mamíferos, por isso, a adição de vitamina C nas rações em condições normais não ocorre. “Entretanto, em condições adversas de meio, a sua adição é aconselhada, porém as respostas nem sempre são esperadas. De um modo geral, a vitamina C encontra-se em níveis normais no sangue circulante, mas na fase de alerta do estresse, os níveis reduzem drasticamente ou mesmo desaparecem; existe uma relação entre estresse, adrenais e vitamina C. É sabido que as adrenais são glândulas do estresse, pois elas aumentam de tamanho na fase de acomodação do estresse e esgotam o teor de vitamina C. Assim, é uma tendência lógica adicionar a vitamina C às rações. Porém, a resposta plasmática à adição de vitamina C é quase que imediata, favorecendo, às vezes, o desempenho”, destaca.

“Em condições de estresse, a suplementação de vitamina C pela água de beber ou pela ração tem demonstrado aliviar os efeitos de fatores de estresse, apresentando benefícios no desempenho de frangos de corte”, aponta.

“As aves possuem habilidade própria para sintetizar a vitamina C e, consequentemente, esta tem sido tradicionalmente excluída das dietas de aves. Entretanto, numerosas referências sugerem que uma fonte alimentar pode ser necessária em certas condições de estresses em que aumenta a necessidade metabólica para a vitamina C ou diminui a própria capacidade de sintetizá-la”, amplia.

Arraçoamento

 A temperatura ambiente estando mais baixa estimula o centro de apetite, ocorrendo a ingestão normal de ração. “Embora o uso do jejum forçado durante períodos pré-definidos durante as ondas de calor possa ser útil para frangos de corte e possivelmente para frangas em reposição, tal técnica não funciona para poedeiras em produção”.

Paulo Giovanni explica que a prática de retirada da ração tem sido amplamente empregada com bons resultados na avicultura de corte. “Além de já haver uma redução natural no consumo com o aumento da temperatura, a restrição controlada visa compensar a alcalose respiratória pela acidose metabólica. Durante o jejum, o organismo utiliza-se das reservas lipídicas para seu metabolismo, liberando corpos cetônicos (ácido acetacético hidroxibutírico) na corrente sanguínea, reequilibrando a relação ácido-base. É importante ter conhecimento da extensão do jejum, sendo ineficiente quando realizado no momento do estresse calórico, e antieconômico quando prolongado demais. Vários trabalhos têm demonstrado a necessidade de se iniciar o jejum pelo menos três horas antes do início do estresse de calor. Os animais devem ficar sem acesso a dieta até que a temperatura ambiente volte a um nível adequado”, sustenta o pesquisador.

A redução do consumo alimentar, continua, “diminui os substratos metabólicos ou combustível disponível para o metabolismo, desta forma reduzindo a produção de calor. Como resultado, muitos consideram a ave capaz de regular seu próprio consumo alimentar. Entretanto, como as aves não têm capacidade de prever ou controlar as condições climáticas e são necessárias aproximadamente 6 horas para que diminua o aumento de calor provocado pela ração, a refeição do meio da manhã pode ser certamente um impacto sobre a carga de calor do meio da tarde. Por isso, o jejum pode representar uma ferramenta de manejo potencial para os frangos de corte em condições de estresse calórico”.

Forma física da ração

“Sabe-se que a peletização aumenta o consumo energético, a taxa de crescimento e a eficiência alimentar. Frangos alojados em altas temperaturas diminuem o ganho de peso e de gordura abdominal, enquanto as rações peletizadas propiciam maior consumo, ganho de peso e gordura na carcaça. De acordo com vários autores esses resultados indicam que devem ser fornecidas rações peletizadas e com altos níveis de energia aos frangos criados em temperaturas elevadas. Dessa forma, o processo de peletização proporciona um aumento da densidade das rações, melhorando eficiência alimentar”.

Cloreto de cálcio, bicarbonato de sódio, água carbonatada

O pesquisador explica que o tratamento da água não pode ser esquecido, mas que precisa ser melhor estudado. “Uma variedade de tratamentos da água tem sido utilizada para avaliar as condições de desequilíbrio ácido-básico associado com a ofegância termorregulatória. Entretanto, nenhum tratamento foi completamente bem-sucedido em eliminar o desequilíbrio biológico e suas consequências econômicas associadas”.

Água resfriada

“A água exerce papel fundamental na absorção e eliminação de calor corporal durante períodos de altas temperaturas. As evidências sugerem que o aumento no consumo de água beneficia a ave ao atuar como um receptor de calor. A temperatura da água é outro importante fator na regulação da temperatura das aves, devendo estar sempre abaixo da temperatura corporal das mesmas. A presença de água fresca (25oC) é eficaz em atenuar o aumento da temperatura corporal e a perda de peso dos frangos submetidos ao estresse calórico”, destaca.

Ainda: “O consumo de água acima da necessidade de manutenção do equilíbrio osmótico limita a taxa de crescimento, quando existe estresse calórico. Considerando que a ave dissipa calor ao consumir água, esta deverá apresentar-se com temperaturas inferiores à corporal, sendo tanto mais eficiente quanto maior a diferença. Uma medida que surte bons resultados em dias críticos é a adição de gelo à água, reduzindo a mortalidade significativamente, quando incorporado a 10%”.

Importância da água no resfriamento das aves

De acordo com Paulo Giovanni, em condições normais a água é o nutriente mais importante, porém muitas vezes passa despercebida. “Em condições de alta temperatura a ave aumenta seu consumo. A água nesse caso atua como um receptor calórico que ajuda a baixar a temperatura corporal. Resfriar a água abaixo da temperatura ambiente aumenta sua capacidade para dissipar calor e melhorar significativamente o desempenho das aves. É recomendável que em condições de estresse calórico, a temperatura da água se encontre 5oC abaixo da temperatura ambiente”.

O profissional explica que aves em restrição alimentar normalmente ingerem grande quantidade de água, muito mais ainda quando a temperatura ambiente está elevada. “As aves bebem menos água quando a temperatura dela se eleva. O manejo das aves mostra, portanto, que a água resfriada é viável todo o período. Algumas medidas para amenizar os efeitos do aquecimento da água consistem em: 1) a caixa d’água deve estar protegida dos raios solares. Sombrear a caixa d’água quando essa estiver localizada fora do aviário. A caixa d’água pode também estar no interior do aviário. 2) Quando instalada fora do aviário, a caixa d’água deve ser pintada externamente com tinta branca ou reflexiva que absorvem menor radiação solar ou ser utilizado algum isolante térmico. E 3) alguns avicultores depositam blocos de gelo na caixa d’água para resfriar a água e têm obtido bons resultados”.

Controle de peso

 “A resposta ao estresse por calor está relacionada ao peso vivo e ao ritmo de crescimento das aves. Assim, os machos são mais vulneráveis que as fêmeas e os de maior idade (peso maior) mais suscetíveis que os mais jovens. Isso significa que em condições de estresse é preferível que as aves não expressem todo o seu potencial genético, pois podem comprometer a sua sobrevivência. Aves com sobrepeso são menos aptas a suportar períodos quentes em situações de estresse calórico que aves magras”.

Instalações

O pesquisador destaca que o aviário deve ser orientado com seu eixo principal no sentido leste-oeste de forma que os raios solares não incidam no interior da instalação. “A altura do pé direito deve ser adequada ao clima da região e aos sistemas de condicionamento térmico do aviário. Isolamento é outro fator físico que deve ser considerado na escolha dos materiais para a construção do aviário”, orienta.

“A ventilação é imprescindível para a manutenção tanto da temperatura como da umidade do ar no interior do aviário. Todas as obstruções à ventilação natural devem ser removidas. Cobertura de grama ao redor do aviário é desejável para reduzir a carga térmica radiante refletida ao aviário. Ventiladores devem distribuídos no interior do aviário para permitir boa movimentação do ar interno. Se necessário adotar um sistema de resfriamento evaporativo”, enumera.

Transporte das aves

Durante o transporte até o abatedouro, as aves estão sujeitas a uma série de fatores estressantes, frisa Paulo Giovanni, e a condição térmica é a de maior importância, principalmente porque pode ocorrer estresse por calor. “Condições de estresse induzem ao aumento dos níveis plasmáticos de corticosteroides e do índice heterófilo/linfócito. Frangos submetidos a altas temperaturas ambiente e umidade relativa do ar durante o transporte apresentam elevação da temperatura corporal, entram em alcalose respiratória e ocorre aumento do índice heterófilos/linfócitos. Assim, durante o transporte é necessária uma adequada taxa de ventilação para evitar o estresse por calor e consequente estresse fisiológico, com prejuízos para o bem-estar animal”, assinala.

Paulo explica que os prejuízos são inúmeros nessa fase caso não adotadas boas práticas. “O transporte causa desde leve desconforto, com alterações na qualidade final da carne, até a morte das aves”.

Além da distância de transporte, destaca, outros fatores podem contribuir com o aumento da mortalidade, como a condição de saúde do animal, estresse térmico, injúrias e traumas ocorridos nas etapas de apanha e carregamento dos frangos.

Para garantir o bem-estar das aves o carregamento deve ocorrer nos horários mais frescos do dia. “Tanto no inverno como no verão o transporte das aves no período da tarde é o mais estressante. Distâncias longas a serem percorridas até o abatedouro devem ser realizadas à noite e no início da manhã. A operação de pré-abate e de transporte de aves até o abatedouro pode ser realizada em diferentes condições e combinações de distâncias e períodos do dia. Essas combinações terão um reflexo direto na qualidade do produto final (carne), e na maioria dos casos será responsável pelas perdas (mortes) durante a viagem”.

Paulo Giovanni lembra ainda que a área de espera no abatedouro deve ser equipada com nebulizadores e ventiladores para evitar o estresse por calor das aves.

Temperatura da cama

A temperatura da cama deve ser considerada para o bom desempenho dos lotes. “Em condições normais, deve estar próxima à temperatura ambiente para proporcionar condições de bem-estar animal e não interferir adversamente no desempenho das aves. A ave troca calor por condução com a cama. Para que as trocas térmicas ocorram é necessário um gradiente térmico da ave para a cama. Assim, a cama deve ter temperatura menor que a do corpo da ave para que as trocas térmicas ocorram. Porém, a fermentação da cama é um processo biológico de decomposição da matéria orgânica em ambiente anaeróbico, gerando calor. Esse calor deve ser eliminado pelos sistemas de condicionamento térmico do aviário de forma a proporcionar o conforto térmico das aves, evitando o estresse e eliminando os gases resultantes da fermentação”, sugere.

É de se esperar, garante o pesquisador, que quanto menor a densidade de aves menor será a temperatura da cama devido a menor produção de excretas e consequentemente menor geração de calor. “Dessa forma existe interação entre a temperatura da cama, densidade de aves e temperatura ambiente. A umidade relativa da cama deve estar entre 50 -70%, não sendo muito seca ou emplastrada. Umidades muito baixas podem proporcionar a produção de poeira e aumento do número de microrganismos em suspensão, tornando as aves suscetíveis a doenças respiratórias. No verão, podem ocorrer sérios problemas de aumento de mortalidade caso a temperatura esteja muito alta e o sistema de ventilação não esteja sendo suficiente para manter a temperatura de conforto. Neste caso, após um pequeno tempo a umidade relativa pode chegar a 90% ou mais, o que pode levar os animais a morrerem por hipertermia e/ou hipoxia”.

Sistemas de criação

 Paulo Giovanni explica que o empreendimento tecnológico adotado para criação de frangos de corte objetiva obter os aviários de tal forma que as aves se situem dentro da zona de conforto térmico para que possam expressar todo seu potencial genético de produção. “Dessa forma, para a concepção desses aviários é necessário uma sistematização dos dados climáticos da região onde será implantada a criação e comparar esses dados com as exigências das aves para definir quais as soluções construtivas necessárias para se promover o conforto térmico das aves com menor custo. O Brasil possui grande diversidade climática. Apesar dessa diversidade climática a temperatura e a intensidade de radiação são elevadas em quase todo ano e têm sido associadas ao estresse calórico. Esse problema tende a ser mais intenso no regime de criação em alta densidade, face ao número de aves no aviário e a maior produção de calor”, pontua.

De acordo com ele, novas tecnologias adotadas permitem reduzir o impacto das altas temperaturas proporcionando à ave condições ideais de conforto térmico. “Os produtores brasileiros tem consciência que antes de adotar mecanismos sofisticados de condicionamento térmico para controlar o estresse calórico devem ser considerados para a concepção dos aviários, a localização, a orientação, as dimensões, o pé-direito, beirais, telhado, lanternim, fechamentos, quebra-ventos, sombreiros, características dos materiais a serem utilizados no aviário e outros que permitam o condicionamento térmico natural. Porém, essas alternativas em muitos casos, principalmente em regiões quentes, são insuficientes para manter a temperatura ambiente de acordo com as exigências das aves. Neste sentido, vários equipamentos e métodos de ventilação e de resfriamento do ar têm sido propostos. As indústrias fornecedoras de equipamentos avícolas estão cada vez mais evoluídas e em conjunto com as entidades de pesquisas têm propostos soluções e equipamentos para controle da ventilação e resfriamento do ar cada vez mais eficientes e econômicos, que têm permitido o desenvolvimento da avicultura brasileira mediante a redução do estresse calórico e melhorando os índices de desempenho das aves. Ventiladores e nebulizadores de última geração já são realidade na produção avícola. A adoção de túnel de ventilação conjugado ao sistema de resfriamento evaporativo (pad cooling ou nebulização) e inlets, tem sido bem aceitos e apresentando bons resultados de produtividade das aves. Com adoção desse processo buscam-se aviários cada vez mais isolados sem serem influenciados pelas condições climáticas externas. Neste sentido a procura por materiais com bom isolamento térmico, como o poliuretano, poliestireno, fibra de vidro, isopor, entre outros, tem sido constante”, destaca o pesquisador.

Com a implantação de aviários cada vez mais independentes da temperatura externa, amplia paulo Giovanni, a automação se faz necessária para que o controle interno das características físicas ambientais seja mais preciso, deixando a ave dentro de sua zona de conforto térmico. “As aves criadas em sistemas totalmente automatizados ficam menos suscetíveis a erros ou às más medidas de manejo com resultados mais padronizados e aves de melhor qualidade por todo ciclo de produção”.

“Aviários convencionais, blue house, green house, dark house, brown house, são tecnologias hoje existentes na avicultura. “A adoção dessa ou daquela tecnologia vai depender do nível tecnológico que produtor vai querer adotar e ter condições financeiras de adquirir. É possível criar aves em todos os sistemas desde que respeitadas as necessidades das aves e os manejos exigidos de cada sistema. A concepção desses sistemas é para que a aves possam expressar todo seu potencial genético, com maior eficiência, de modo a manter as condições térmicas ambientais dentro da faixa de conforto exigida pela ave, sem estresse térmico e proporcionando bem-estar animal”.

Novas tecnologias – avicultura 4.0

Para o pesquisador, novas tecnologias permitem reduzir o impacto das altas temperaturas proporcionando à ave condições ideais de conforto térmico. “As novas tecnologias têm permitido o desenvolvimento da avicultura brasileira mediante a redução do estresse calórico, proporcionando, dessa forma, melhoria dos índices de desempenho das aves. Os aplicativos para smartphones ou tablets, que monitoram o ambiente, as aves e emitem sinais de alerta para temperaturas altas com antecedência permitem maior precisão da informação, podendo o produtor atuar rapidamente, evitando o estresse calórico. Com a implantação de aviários cada vez mais independentes da temperatura externa, a automação se faz necessária para que o controle interno das características físicas ambientais seja mais preciso, oferecendo uma zona de conforto térmico ideal para as aves”, comenta.

Paulo Giovanni avalia que novas tecnologias têm surgido para tornar a tomada de decisão dos avicultores e técnicos mais precisa e facilitada por informações em tempo real por meio de sensores, internet das coisas (IoT), inteligência artificial (AI) e robótica. “Dentre essas tecnologias os sensores representam, provavelmente, a mais fácil de ser utilizada devido aos baixos custos e aos benefícios que são imediatamente reconhecidos”.

Para ele, o monitoramento do ambiente por meio de imagem e do comportamento das aves têm sido aplicações práticas dessas tecnologias. “Na avicultura 4.0, os robôs poderiam realizar tarefas repetitivas e monótonas nos aviários como o pastoreio das aves, retirada de aves mortas, revolvimento de cama, limpeza e desinfecção do ambiente, controle das condições térmicas ambientais evitando estresse calórico e proporcionando maior bem-estar à ave e ao avicultor”, comenta.

Para se obter máxima eficiência produtiva e maiores retornos econômicos na atividade avícola, garante o pesquisador da Embrapa, os efeitos adversos do clima sobre os animais devem ser evitados. “Além dessas medidas, pesquisas devem estar empenhadas no estudo e descoberta de outras alternativas que minimizem as situações de estresse calórico para as aves, contribuindo para o crescente desenvolvimento da avicultura”, menciona Paulo Giovanni.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Nutrição, manejo e genética: o tripé da saúde locomotora em frangos

Seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves.

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As questões relacionadas à saúde locomotora em frangos de corte têm, nos últimos anos, despertado uma preocupação crescente na indústria avícola. O rápido crescimento genético das aves para atender à demanda do mercado tem levado a um aumento na incidência desses problemas, principalmente de artrites.

A seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves. Condições de manejo inadequadas, como densidade populacional elevada, má qualidade da cama, ventilação inadequada e estresse térmico, podem contribuir para o aumento da incidência de problemas locomotores.

A falta de espaço e a qualidade inadequada do substrato podem causar lesões nas articulações e dificultar o movimento das aves. A nutrição também desempenha um papel fundamental na saúde locomotora das aves. Dietas desequilibradas em minerais e vitaminas essenciais, como cálcio, fósforo e vitamina D, podem comprometer a saúde óssea e articular das aves. A formulação cuidadosa das dietas, adaptada às necessidades específicas das aves em diferentes estágios de crescimento, é essencial para prevenir deficiências nutricionais que possam contribuir para o desenvolvimento de artrites.

Médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes: “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo” – Fotos: Divulgação

Além disso, medidas preventivas, como o monitoramento regular da saúde locomotora das aves e a identificação precoce de problemas, são fundamentais para garantir o bem-estar das aves e a sustentabilidade da indústria avícola. Investimentos em pesquisa contínua e educação para produtores são essenciais para promover práticas de manejo sustentáveis e melhorar o desempenho econômico e ambiental da produção avícola.

Diante desse cenário, se faz necessário uma abordagem multifatorial, envolvendo estratégias de manejo integradas para reduzir a incidência de artrites e problemas locomotores em frangos de corte. Isso inclui a seleção criteriosa de linhagens genéticas com melhores características de saúde locomotora, o fornecimento de ambientes de alojamento adequados e a implementação de programas nutricionais. Sobre essa temática, a médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes, tratou no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), realizado entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Multifatoriais

Os aspectos mais relevantes que estão relacionados com os problemas locomotores são fatores traumáticos ou mecânicos, infeciosos, nutricionais, ambientais e relacionados ao manejo. Esses fatores podem ainda estar associados ou ocorrer de forma isolada. Jovanir menciona que a cama de má qualidade, que não foi adequadamente manejada no intervalo entre lotes, pode levar à instabilidade na locomoção do pintainho pela presença de cascões e desnivelamentos e resultar em microfraturas e fendas em áreas de crescimento ósseo nas extremidades dos ossos longos, como tíbia e fêmur.

Por outro lado, camas úmidas podem predispor às lesões de coxim plantar, as pododermatites, que além de provocar dor, são portas de entrada para bactérias e vírus presentes na cama. “O aumento na umidade nas camas pode ser resultado da baixa digestibilidade da dieta (granulometria inadequada, micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos), da ambiência inadequada (manejo de placas evaporativas, ventilação e estresse térmico) e das disbacterioses, que alteram a estabilidade da microbiota intestinal, comprometendo a funcionalidade da mucosa intestinal”, ressalta a médica-veterinária.

A doutora em Zootecnia explica que bactérias oportunistas podem atravessar a barreira epitelial intestinal através das junções firmes entre as células e por meio da via hematogênica chegam até às microfraturas e fissuras osteocondróticas na extremidade proximal do fêmur e da tíbia, contribuindo com o quadro de necrose e degeneração das áreas de metáfise dos ossos longos. “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. Esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, além da ocorrência de artrites assépticas”, pontua Jovanir.

Além desses fatores, a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado”, ressalta Jovanir, acrescentando: “Nessa situação, a troca de genes de resistência entre bactérias do ambiente por meio de elementos genéticos móveis contribui para a manutenção dessas bactérias portadoras de genes de patogenicidade e de resistência aos antibióticos de um lote para outro. Além disso, o curto período de intervalo entre lotes, o aumento da densidade de alojamento e os erros de manejo, mantém essas cepas mais resistentes e mais patogênicas que podem acometer as aves e resultarem em diferentes manifestações de lesões e comprometimento do sistema locomotor”.

As artrites e problemas locomotores acarretam uma série de consequências adversas nas aves, incluindo dor, comprometimento do bem- -estar animal, dificuldade locomotora,

restrição de acesso à água e ração, prostração sobre a cama, ingestão de cama e inalação de amônia, aumento da taxa de mortalidade (com aves eliminadas), queda no desempenho produtivo, aumento das condenações no abatedouro devido à fragilidade óssea, dermatites/celulites e aerossaculite.

Perdas operacionais no abatedouro

No ambiente do abatedouro, esses problemas também se refletem em perdas operacionais, visto que a redução da velocidade no processo de abate é necessária devido ao aumento das condenações, além dos riscos microbiológicos adicionais decorrentes do aumento da presença de patógenos durante o processamento das carcaças.

Nutrição: papel-chave na prevenção

A nutrição tem papel fundamental em prover nutrientes para o crescimento ósseo. É importante que os níveis nutricionais sejam ajustados à necessidade das aves e aos processos de fabricação de ração. Um desafio é fazer com que esses nutrientes cheguem até o osso. “A baixa digestibilidade dos ingredientes, granulometria inadequada, ocorrência de micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos presentes nos ingredientes podem levar às falhas nos processos de digestão e absorção e em agressão à mucosa intestinal, resultando em sobras de substratos que podem desestabilizar e romper a homeostase do microbioma intestinal, contribuindo com a proliferação das bactérias patogênicas”, expõe a mestre em Nutrição Animal.

De acordo com ela, o aumento, principalmente de proteína não digerida e resultante do aumento do turnover celular da mucosa intestinal, leva a putrefação e a produção de substâncias e moléculas (aminas biogênicas, ácidos graxos de cadeia ramificada, amônia, indol e escatol) que afetam a funcionalidade da mucosa intestinal. “Além da redução da absorção de nutrientes, ocorre aumento da permeabilidade intestinal, ativação do sistema imunológico do hospedeiro, translocação bacteriana, lipopolissacarídeos e padrões moleculares associados a microrganismos (MAMPs) através da barreira endotelial e liberação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-11 e IL-17, que podem ativar a osteoclastogênese e aumentar a reabsorção óssea, principalmente das trabéculas, localizadas nas regiões proximais dos ossos longos”, enfatiza.

Genética das linhagens

O constante melhoramento genético tem resultado em mudanças no crescimento e na deposição de tecido muscular, alterando a conformação da carcaça pela maior deposição de carne de peito, movendo o centro de gravidade dos frangos de corte para frente. “Isso tem contribuído para que a ave adapte sua postura com modificação das propriedades morfológicas, biofísicas e mecânicas da estrutura óssea, o que afeta diretamente as regiões proximais da tíbia e fêmur e a quarta vertebra, ponto de sustentação do peso a ave. Além disso, ossos crescem acompanhando a taxa de crescimento muscular em função da gravidade que o peso vivo exerce, entretanto, não mineralizam o suficiente até a idade de abate”, frisa Jovanir.

Dessa forma, a docente diz que é importante compreender que a rápida taxa de crescimento das atuais linhagens de frangos de corte não é causa das artrites e problemas locomotores, mas sim se constitui num fator de predisposição. “Isso é confirmado pela variação na ocorrência e na gravidade dos problemas locomotores e artrites entre as linhagens genéticas, regiões, clima e até entre aviários de uma mesma companhia avícola”, menciona.

Principais desafios de manejo

Um dos principais desafios enfrentados, segundo Jovanir, é manter um ambiente adequado e saudável que permita a expressão natural do comportamento das aves, enquanto atende às necessidades de bem-estar, saúde e produtividade das mesmas. “As aves respiram, comem (ração e cama) e bebem, portanto, diminuir a carga de microorganismos patogênicos e antígenos que possam perturbar a homeostase do sistema imune de mucosas contribui não só para a redução de problemas locomotores e artrite, como também para a redução de outras condições que afetam o bem-estar das aves, a produtividade e a rentabilidade da cadeia avícola”, salienta a doutora em Zootecnia.

O manejo da cama e do ambiente das aves se constituem no maior desafio que precisa ser enfrentado. Com as constantes melhorias genéticas, o aumento da taxa de crescimento e da taxa metabólica das aves vêm acompanhado do aumento do consumo de ração, da produção de gases e da excreção de água. “A cama retém esses substratos, os quais são metabolizados pela microbiota, alterando o perfil e a diversidade, gerando ainda mais umidade e amônia”, enfatiza, ampliando: “A umidade excessiva contribui com a ocorrência direta dos problemas locomotores e artrites, enquanto que a amônia é o principal agressor da mucosa respiratória, predispondo a ocorrência de aerossaculite e outros problemas respiratórios”.

Alojamento e densidade populacional

Na eclosão, os pintainhos apresentam placas de crescimento ósseo espessas e frágeis e ossos fino e porosos. O período logo após a eclosão é um estágio crítico para o desenvolvimento ósseo e, por isso, de acordo com Jovanir, as práticas realizadas no incubatório devem prevenir lesões mecânicas e amenizar estressores e contaminações que possam impactar o crescimento e a mineralização óssea.

Somado a isso, o tempo e a qualidade do transporte dos pintainhos até as granjas podem ser fatores primários da ocorrência de problemas locomotores em frangos de corte. “No alojamento é necessário adotar estratégias que minimizem os impactos sobre essas estruturas ósseas frágeis e oferecer um ambiente adequado que permite o estabelecimento de uma microbiota simbiótica, uma vez que o pintainho não é colonizado pela transferência da microbiota materna, a exemplo de outras espécies”, pontua a médica-veterinária. O maior número de aves por metro quadrado implica em maior volume de excretas, maior umidade na cama e pior qualidade do ar, fatores fortemente associados a ocorrência dos problemas locomotores e artrite. “A densidade populacional de um aviário deve ser muito bem calculada e dimensionada levando em conta a capacidade de manter o ambiente em torno da ave adequado para o seu bem-estar, comportamento natural, produtividade e saúde”, reforça Jovanir.

Sinais clínicos comuns

Entre os sinais clínicos mais comuns de artrites e problemas locomotores em frangos de corte, estão a dificuldade locomotora (andar com dor), claudicação, busca por equilíbrio ao andar com abertura de asas, dedos tortos, assimetria entre pernas, articulações (especialmente articulação tibiotársica) quentes e com aumento de tamanho, além de aves em posição de decúbito ou sentadas.

Controle e prevenção

As medidas de controle e prevenção para reduzir a ocorrência de artrites e problemas locomotores são basicamente as mesmas previstas nos programas sanitários que as empresas e agroindústrias aplicam para reduzir a ocorrência de qualquer enfermidade ou distúrbio. “É importante que os programas sanitários sejam pautados em dados históricos de cada cooperativa ou agroindústria da ocorrência desses problemas para que seja possível a interpretação e entendimento dos fatores envolvidos e traçadas estratégias mais especificas e assertivas no controle”, enfatiza, evidenciando que além da adoção de estratégias sanitárias, nutricionais e ambientais, deve haver um comprometimento coletivo de todos os envolvidos com a cadeia avícola.

Na fábrica de ração, a especialista diz que devem ser implantados e acompanhados programas de qualidade em todas as etapas de fabricação e de processamento. “As estratégias devem ser aplicadas ainda nos matrizeiros, visando a qualidade da casca do ovo, a transferência de nutrientes para o embrião e o controle sanitário”, menciona.

No incubatório, Jovanir destaca a necessidade de realizar estudos que busquem oportunidades de aprimoramento no desenvolvimento do tecido ósseo, bem como melhorias nos processos aos quais o pintainho recém-eclodido é submetido. “É fundamental que o pintainho seja transportado para as granjas sem impacto sobre o aparelho locomotor”, frisa.

Nas granjas, a docente explica que as camas devem estar secas, trituradas e aquecidas, uma vez que a presença de cascões causa instabilidade nas articulações de ossos longos, ainda com grande quantidade de tecido cartilaginoso. “A altura dos bebedouros nipple é um fator que pode comprometer a saúde das placas de crescimento dos ossos, devido ao esforço para beber água. O manejo do ambiente das aves, a qualidade do ar e água são fatores fundamentais para controlar a diversidade e a carga microbiológica e eliminar organismos competitivos, promovendo a manutenção da estabilidade do microbioma simbiótico no ambiente intestinal da ave”, reforça.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Paraná impõe mais rigor para manter gripe aviária longe de seus planteis

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o
consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais.

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Foto: Shutterstock

Com pouco mais de quatro meses sem uma ocorrência do vírus da Influenza aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) no Paraná, a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) continua alerta e atuando em conjunto com as entidades setoriais e a cadeia produtiva do estado no combate à doença. O vírus é altamente contagioso e afeta várias espécies de aves industriais, domésticas e silvestres, além de animais marinhos e ocasionalmente outras espécies.

Até o fechamento desta reportagem haviam 13 focos de gripe aviária confirmados no Paraná, todos na região litorânea e em animais silvestres. Com três casos cada, Guaraqueçaba, Paranaguá e Pontal do Paraná lideram os registros, seguidos por Guaratuba com dois focos, enquanto Antonina e Matinhos reportaram um foco cada.

Até o momento, não foram registrados casos em aves comerciais ou de subsistência no Paraná, sendo todas as ocorrências diagnosticadas em aves silvestres das espécies trinta-réis-real, trinta-réis-de-bando e gaivota-maria-velha.

Médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim: “O consumo de carne e de ovos é segura” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

O médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim, ressalta que as regras de biosseguridade para registro avícola sempre foram muito rígidas no estado. “O Paraná segue uma legislação nacional, mas com suas particularidades, uma vez que enquanto a legislação do país dispensa o registro para produtores com até mil aves, no Paraná essa regra é mais rigorosa, exigindo registro independente da quantidade de aves mantidas pelo produtor. “Se for produtor comercial, obrigatoriamente precisa de registro e precisa cumprir as medidas de biossegurança exigidas”, enfatiza Spim.

Mesmo com o enfrentamento da Influenza aviária, essas regras não sofreram alterações significativas, já que são bastante rigorosas desde o início. O que foi intensificado é a fiscalização, que ocorre no momento do registro, válido por cinco anos. Durante esse período de vigência do registro, as granjas são submetidas a vistorias periódicas por fiscais. Spim explica: “Durante esses cinco anos a granja recebe periodicamente a vistoria de fiscais até o momento da renovação, quando é feita uma nova vistoria”.

Essas medidas visam garantir a conformidade com os protocolos de biosseguridade e contribuir para a prevenção e controle de doenças avícolas, incluindo a Influenza aviária. “A cooperação dos produtores e o rigor na aplicação das regulamentações são essenciais para proteger tanto a saúde das aves quanto a segurança alimentar da população”, salienta o fiscal.

Intensificação da fiscalização

Em dezembro de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) demandou que os órgãos de defesa agropecuária dos estados intensificassem as ações junto às granjas. “Passamos mais um pente fino nas unidades produtivas, ocasião em que foram identificadas algumas granjas com problemas sanitários pontuais, que incluem principalmente questões de manejo e limpeza do ambiente. Para regularizar esses problemas, iniciamos em fevereiro uma ação nestas unidades”, relata Spim.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná mantém uma vigilância e busca ativa pelo vírus da Influenza aviária a fim de mapear em quais locais o vírus está circulando. “Esse trabalho é constante e é realizado desde que o primeiro caso foi confirmado no Paraná, em junho de 2023, demonstrando o compromisso do estado com a segurança sanitária na produção avícola”, evidencia o fiscal.

Maior produtor de aves do país

Em 2023, o Paraná reafirmou seu protagonismo na produção de alimentos, especialmente na avicultura. O estado produziu 2,1 bilhões de frangos, mantendo sua liderança no

ranking nacional com uma participação de 34,3%, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de acordo com os dados divulgados em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado representou um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior, reafirma a posição do Paraná como principal polo de produção avícola do país. “O Paraná ostenta o título de principal produtor de frango do Brasil, um feito atribuído ao trabalho dedicado das empresas, entidades setoriais, do governo e dos produtores que garantem qualidade do alimento que chega à mesa dos consumidores”, destaca o profissional.

Além disso, o estado também cresceu na produção de ovos de galinha, alcançando a marca de 434 milhões de dúzias em 2023, aumento de 7,1% em relação a 2022 e um novo recorde na série histórica. Esses dados reforçam o papel fundamental do Paraná na garantia do abastecimento nacional e na consolidação da agroindústria brasileira como um dos principais players globais.

Em todo o país foram abatidos 6,28 bilhões de frangos, crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior, o que também foi o melhor resultado da série histórica iniciada em 1997. Além disso, o país registrou um aumento na produção de ovos de galinha, alcançando um total de 4,21 bilhões de dúzias, outro recorde histórico.

Educação sanitária

Além das ações de fiscalização e controle, o fiscal da Adapar enfatiza a importância da educação sanitária. Spim frisa que é fundamental alinhar diretrizes de segurança da produção que devem ser seguidas à risca, mas ressalta que os produtores também estão conscientes de suas responsabilidades para garantir a biossegurança na produção de animais. “Essa abordagem holística, que combina fiscalização rigorosa, vigilância ativa e educação sanitária, é essencial para manter a segurança e a qualidade da produção avícola do Paraná e assegurar a confiança do consumidor no produto final”, reforça.

Avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, em Guaraniaçu, PR: “Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”

Com capacidade para alojar até 70 mil aves por lote, o avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, localizada em Guaraniaçu, interior do Paraná, afirma que sempre manteve medidas de biosseguridade rigorosas em sua propriedade, mas, com a ocorrência dos primeiros casos da doença em aves silvestres no litoral, essas medidas foram intensificadas. “Nossa granja é toda automatizada e restringimos o acesso exclusivamente aos funcionários autorizados. Monitoramos de forma contínua as instalações dos aviários e mantemos cuidado especial com as aves, a fim de sua segurança e saúde sejam garantidas”, assegura. “Reconhecemos a importância desse cuidado rigoroso para evitar a entrada de qualquer patógeno nas instalações. Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”, exalta o produtor, que trabalha junto com os familiares Fernando, Aline e Frederico na propriedade.

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Período de migração

O médico-veterinário conta que até 2023 a agência trabalhava com uma rota migratória que trouxe o vírus para o país. No entanto, ao longo do ano, os fiscais aprenderam mais sobre as aves migratórias e descobriram várias rotas, incluindo aquelas que vêm diretamente da Europa para o Brasil. Isso ocorre durante todo o ano, o que significa que aves migratórias chegam todos os meses ao país de áreas contaminadas de diferentes partes do mundo. “Essa descoberta colocou a defesa agropecuária em alerta constante. Nosso trabalho é voltado não apenas para conter o foco, mas, sim, para garantir que a doença fique fora das granjas comerciais”, reforça Spim, acrescentando: “Através de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná, que possui um centro de estudos de animais da fauna marinha no litoral, somos comunicados sempre que eventos fora do comum, como a morte de aves silvestres, acontece à beira mar, inclusive com os pesquisadores nos auxiliando na identificação de aves suspeitas”.

Como proceder em casos suspeitos

Em caso de detecção de um foco suspeito de Influenza aviária, Spim explica que o controle é realizado conforme o Plano Nacional de Contingência, disponível no site do Ministério da Agricultura e Pecuária, que estabelece zonas de atuação, perímetros de vigilância e atividades específicas para controlar o foco. “Cada zona possui protocolos diferentes para mitigar a disseminação do vírus”, expõe.

O médico-veterinário ressalta que a notificação imediata é fundamental. “Qualquer suspeita, especialmente em granjas comerciais, deve ser comunicada à Adapar imediatamente. No caso de uma confirmação em uma granja comercial, o Brasil perde seu status de país livre da doença, o que terá uma repercussão global. Isso pode levar ao fechamento e dificuldade de recuperação de mercados”, aponta, ampliando: “A colaboração entre todos os elos da cadeia produtiva e instituições de pesquisa é essencial para garantir a segurança da produção avícola e proteger a reputação do Brasil como um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo”.

 Importância da conscientização sobre a doença

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais. A Influenza aviária é um vírus que circula no mundo há muitos anos, com um novo ciclo iniciado em 2014. No entanto, nunca houve registro de casos em humanos devido ao consumo de carne de frango e de ovos. “O consumo de carne e de ovos é segura”, ressalta.

A intensificação do controle da doença é fundamental devido ao impacto significativo que ela pode ter na cadeia de produção das aves. “Além de proteger a saúde das aves e garantir a qualidade dos produtos avícolas, os esforços de controle da Influenza aviária visam também tranquilizar o consumidor quanto à segurança dos alimentos. A conscientização sobre a doença e suas formas de transmissão ajuda a evitar preocupações desnecessárias e a manter a confiança na qualidade dos produtos avícolas disponíveis no mercado”, argumenta o médico-veterinário.

 O que fazer em caso de suspeita da doença

Ao avistar uma ave morta, Spim reforma que não se deve aproximar e nem mexer no animal, a fim de evitar a propagação do vírus. “Comunique imediatamente a suspeita ao Serviço Veterinário Oficial da sua região, que fará o trabalho de investigação e, se a suspeita for confirmada, desencadeará todas as medidas cabíveis”, salienta.

A Adapar dispõe de 21 Unidades Regionais de Sanidade Agropecuária (URS) com a atribuição de administrar 130 Unidades Locais de Sanidade Agropecuária (ULSA) e 33 Postos de Fiscalização do Trânsito Agropecuário (PFTA). Para saber onde está localizada a unidade da sua região acesse www.adapar.pr.gov.br/Pagina/Unidades-Regionais-de-Sanidade-Agropecuaria-URS.

Para prevenir e reduzir o risco de introdução da Influenza aviária na criação de aves comerciais é necessário tomar as seguintes medidas:

  • Cercar as unidades produtivas avícolas para que outras pessoas não entrem na produção.
  • Evitar o trânsito de pessoas e animais, bem como o contato das aves comerciais como patos, marrecos, gansos, perus e pássaros silvestres.
  • Realizar a lavagem e desinfecção de veículos para entrar e sair do núcleo de produção na propriedade.
  • Limpar e desinfetar regularmente sapatos, roupas, mãos, gaiolas, caixas, equipamentos e utensílios usados no aviário.
  • Evitar compartilhar ferramentas ou equipamentos com outros criadores.
  • Lavar sempre as mãos antes e depois de interagir com as aves.
  • Realizar controle de roedores e outras pragas que possam veicular doenças.
  • Oferecer água tratada às aves. O contato com água sem tratamento, procedente de nascente, pode comprometer todo o plantel.
  • Notificar o Serviço Veterinário Oficial da presença de sinais de doenças nervosas, respiratórias ou casos de morte repentina de grande quantidade de aves em um pequeno período de tempo.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Congresso APA debate avanços e desafios na avicultura de postura

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Considerado um dos maiores eventos avícolas do Brasil, o Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos foi mais uma vez sucesso absoluto de público. Realizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), a 21ª edição reuniu produtores, fornecedores, academia, profissionais da área e grandes nomes do setor no mês de março, em Ribeirão Preto (SP).

Coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura: “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção. Além disso, 75 trabalhos científicos foram expostos em pôsteres, enriquecendo ainda mais o ambiente acadêmico e profissional do evento.

O coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura, destaca a evolução do evento. “A cada ano o congresso tem crescido em tamanho, o que muito nos orgulha. Superamos todas as nossas expectativas”, enfatizou. “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”, frisou.

Debates

Na edição 2024 temas essenciais do cotidiano do setor foram abordados, incluindo sanidade, inovação, evolução genética, exigências nutricionais, qualidade da água na granja, práticas de manejo, uso de minerais e aditivos alternativos, qualidade de casca, análise de dados, vacinação contra coccidiose, nutrição de precisão, vacina autógena, Influenza aviária, entre outros. “O fato de estarmos em um evento que não tem um espaço de feira de negócios em paralelo contribui muito para a interação dos participantes, que aproveitam os momentos de intervalo para tirar dúvidas, compartilhar opiniões, adquirir novas ideias, até por estarmos ainda no início do ano muitos dos assuntos discutidos no congresso podem ser bem utilizados ao longo de 2024”, salientou o zootecnista Diogo Ito, membro da Comissão Organizadora.

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques: “Esse congresso oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano”

Riqueza de informações

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques compartilha suas impressões sobre o congresso e destaca os aspectos que mais a impressionaram: “Esta foi a primeira vez que participei deste congresso e foi uma experiência enriquecedora. Ele oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano, especialmente dada a especificidade da nossa área. Foi uma experiência repleta de aprendizados, oportunidades de networking e compartilhamento de conhecimento”, frisou.

Trabalhos premiados

Durante o evento, os melhores trabalhos científicos em cada categoria foram premiados. O estudante Felipe Dilelis, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria Outras Áreas pelo trabalho intitulado “Biofilmes proteicos para manutenção da qualidade interna de ovos caipiras armazenados em temperatura ambiente”. Na categoria Sanidade, o prêmio foi para Viviane Amorim Ferreira, da Unesp Jaboticabal, pelo trabalho “Deleção do gene mgtC em Salmonella Gallinarum resulta em progressão retardada do Tifo Aviário”. Raully Lucas Silva, da Unesp de Jaboticabal, levou o 1º lugar na categoria Nutrição com o trabalho “Modelos não-lineares de efeito misto para predição das exigências de energia metabolizável e líquida em galinhas poedeiras na fase de postura”. Na categoria Manejo, o principal prêmio foi conquistado por Ednardo Rodrigues Freitas, da Universidade Federal do Ceará, com o trabalho “Programa de luz e forma física da ração pré-inicial sobre o desempenho de pintainhas até 35 dias de idade”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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