Bovinos / Grãos / Máquinas Bem-estar animal
Estresse por calor ainda é desafio nas fazendas brasileiras
Produtor deve ficar atento quanto ao conforto do animal, uma vez que quantidade e qualidade do leite, além da saúde do rebanho dependem disso
Um animal confortável e em um ambiente que permite que ele se sinta bem é garantia de dinheiro no bolso do pecuarista. Isso porque vacas nestas condições, além de produzir mais leite também são menos suscetíveis a doenças. E que de forma o produtor pode avaliar na sua propriedade se está oferecendo aos animais todo este conforto? O pós-doutor em Nutrição de Ruminantes e consultor técnico em Bovinos de Leite da Nutron, Alexandre Pedroso, respondeu a esta e outras perguntas durante o Seminário Anual de Produtores de Leite da Cooperativa Copagril, que aconteceu no final de maio de forma online.
Pedroso explica que um animal que não fica doente tem chance de permanecer na fazenda por uma lactação a mais do que animais que adoecem. “A vaca que fica doente faz três lactações em sua vida. Já a que não fica faz quatro. Então, aquela que não fica doente é mais lucrativa para o produtor”, diz. Ele afirma que o que permite a vaca ter mais saúde é o conforto que é oferecido para ela na propriedade. “Vacas eficientes são aquelas que tem saúde. Uma vaca doente produz pouco e não tem bons índices de reprodução”, afirma.
De acordo com ele são quatro principais elementos que promovem uma boa saúde do animal: higiene, manejo sanitário, alimentação e conforto. E foi sobre este último que o profissional deu destaque na sua apresentação. Ele destaca que quando se pensa em conforto para as vacas, alguns dos principais problemas vistos em propriedades de Norte a Sul do país é quanto ao estresse por calor, ventilação e tempo de descanso inadequados. “Quando falamos em tempo para a vaca descansar, dois dos elementos principais e que independem do sistema de produção é a qualidade da cama e a taxa de lotação”, diz.
Pedroso afirma que o impacto do estresse por calor nos animais é amplo. “Em linhas gerais, podemos dizer que o calor em excesso derruba o consumo dos animais, aumenta a demanda por alguns nutrientes, diminui a produção de leite, uma vez que animais comem menos e daí também tem o desafio com a umidade, além de aumentar a incidência de doenças”, conta. Além disso, o profissional destaca que os problemas são ainda piores para vacas que estão no final da gestação. “O calor tem um impacto muito grande, pois prejudica a regeneração da glândula mamária no período seco, além de prejudicar a qualidade do colostro que as vacas vão produzir e ainda elas terão bezerros em piores condições. Os impactos são amplos e temos que olhar com mais atenção essa questão”, comenta.
Segundo o profissional, não há nenhum investimento feito na pecuária de leite que se pague mais rápido do que o resfriamento das vacas. “Notadamente no verão, mas em boa parte do país o ano inteiro é preciso resfriar as vacas, porque isso tem impacto na questão da saúde e desempenho dos animais da fazenda”, diz.
Uma dica dada por Pedroso é que para o pecuarista ter uma ideia se as vacas estão sofrendo com o calor é medir a eficiência respiratória dos animais. “Toda vez que a frequência passa de 60 batimentos respiratórios por minuto, os animais estão em uma situação de estresse”, afirma. De acordo com ele, o pecuarista não pode subestimar o impacto que o estresse térmico pode gerar nos animais. “Um problema que vejo muito, principalmente em sistemas de barracão, é o produtor desligar o ventilador a noite achando que está fresco e que as vacas estão resfriadas. Isso é um erro e os animais passam por estresse se não tiverem uma ventilação adequada”, alerta.
Impactos do calor na produção
O profissional afirma que o impacto do calor na qualidade do colostro é muito grande. “Estudos mostram claramente que vacas que passam pelo período seco sofrendo por calor produzem um volume menor de colostro. São três litros a menos na primeira ordenha e um colostro com menor quantidade de imunoglobulinas. É uma diferença grande que tem um impacto significativo”, comenta.
Outro ponto é que o estresse por calor também pode prejudicar na reprodução dos animais. “Pesquisas nos mostram que animais que são menos resfriados no verão tem uma reprodução menor do que aqueles que são resfriados adequadamente”, diz. E Pedroso alerta que que situações como estes significam um grande prejuízo para a fazenda.
O estresse por calor prejudica ainda o desempenho das bezerras quando elas ainda estão no útero da vaca, especialmente aquelas que sofrem por calor no final da gestação. “As bezerras nascem e quando tem a primeira lactação elas produzem menos leite, assim como nas lactações seguintes. Mesmo o animal tendo uma carga genética boa, o fato dela ter passado dentro do útero por uma situação de estresse calórico faz com que ela se torne um animal pior do ponto de vista do desempenho. É uma diferença de 7 a 8 litros de leite a menos. É possível que até as netas venham a sofrer com problemas”, alerta.
Minimizar e diminuir o estresse por calor é fundamental não somente para a vaca ser reprodutiva, mas para ela produzir um leite de melhor qualidade, ter um colostro melhor e para que as filhas delas sejam bezerras melhores, recomenda Pedroso. “Muita coisa pode ser feita na fazenda para aliviar o estresse calórico sem significar um investimento alto. Alguns exemplos são água de beber de qualidade e em quantidade suficiente, sombra para os animais descansar, reduzir a distância que os animais tem de caminhar durante o dia, minimizar o tempo de espera na sala de ordenha, implementar um sistema de resfriamento na sala de espera, priorizar os lotes de vaca de pré e pós-parto, entre outros”, aconselha. “Mas eu volto a falar, não existe investimento que se pague mais rapidamente do que investir em resfriamento das vacas para promover alívio do estresse calórico”, diz.
Outro ponto destacado por Pedroso foi quando a necessidade do produtor ofertar aos animais água de boa qualidade e em quantidade. “É fundamental para que as vacas possam aliviar o estresse calórico. Os animais precisam se refrescar, é fundamental, porque isso impacta na saúde e produtividade dessas vacas. Realmente não da para ser eficiente sem refrescar os animais. O pecuarista deve olhar isso, seja qual for o sistema de produção”, afirma.
Sistema de descanso também é essencial
Outro ponto essencial que o produtor deve se atentar quando o assunto é conforto dos animais é quanto ao sistema de descanso ofertado, independente do sistema de produção. “Por que é tão importante as vacas descansarem bastante? Porque quando a vaca está deitada, ela manda mais sangue para o úbere e o leite é produzido no úbere a partir de nutrientes que chegam pelo sangue. Então quanto mais sangue chegar mais matéria-prima para produzir leite”, comenta.
Pedroso ainda destaca que quanto mais tempo a vaca passa deitada mais ela produz a somatotropina bovina (bST), um hormônio produzido pelo animal naturalmente. “Quanto mais tempo ela ficar deitada e mais produzir esse hormônio naturalmente vai fazer com que ela coma mais, produza mais leite, além de diminui a chance de ela ter problemas de casco”, diz. Além do mais, um aspecto comprovado pela ciência, explica o especialista, mais tempo estando deitada, mais a vaca come. “Dessa forma, perder tempo de descanso significa sacrificar tempo de alimento. E quanto mais ela descansa, mais a vaca vai comer, quanto mais ela comer mais saúde vai ter, menores são as chances de ficar doente e mais leite e de melhor qualidade ela vai produzir”, afirma. Pedroso destaca que a cada hora a mais que a vaca passa deitada, ela tem um potencial de produzir até 1,5 kg de leite a mais. “É fundamental promover o descanso para que os animais produzam mais leite e de melhor qualidade”, comenta.
O profissional dá uma dica aos pecuaristas de como avaliar se as vacas estão em boas condições de conforto. “Cerca de duas horas após a ordenha, é recomendável ir até o lugar onde as vacas ficam. O ideal é que 80% delas estejam deitadas. Isso vale para qualquer tipo de sistema de produção”, afirma.
Outro ponto crucial para ofertar o melhor descanso é quanto ao espaço ofertado aos animais. “Temos que lembrar que a vaca precisa de espaço, ela é um bicho grande. Quando ela se levanta e se deita, ela se projeta e ocupa espaço”, explica. “As camas também precisam ser de qualidade. Oferecem um ambiente e condições de conforto aos animais, para quando você chegar ao galpão ver grande parte deles deitados”, diz.
Pedroso explica que quem manda na fazenda é a vaca, porque é ela quem paga as contas. Por isso, é importante o pecuarista oferecer para elas as melhores condições. “Elas são a unidade produtora de leite e temos que dar para elas as melhores condições para produzir bem e com boa qualidade. Temos que atender as necessidades das vacas para que as fazendas possam ser eficientes”, conclui.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2021 ou online.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran