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Suínos / Peixes

Estresse e inflamações afetam desempenho reprodutivo de porcas

A produção animal atual, intensiva e de alta produtividade, é oportunidade para manifestações de estresse frequentes e aumento na suscetibilidade de doenças

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Artigo escrito por Ton Kramer, Zinpro Performance Minerals Brasil

Pesquisas publicadas nos últimos anos têm buscado entender, com maior profundidade, a relação entre estresse e processos inflamatórios e estes com o desempenho reprodutivo. Há cerca de 15 anos, observou-se que pilotos de aviões de caça sujeitos a pressão hiperbárica, maior impacto da força gravitacional e maior exposição à radiação tiveram alterações na qualidade do seu sêmen.

Da mesma forma, a dinâmica intensa da sociedade moderna, que pode resultar em baixa qualidade de vida, estresse, problemas de relacionamento, depressão, transtornos de ansiedade e transtornos pós-traumáticos é frequentemente associada a infertilidade e perdas gestacionais.

A produção animal atual, intensiva e de alta produtividade, é oportunidade para manifestações de estresse frequentes e aumento na suscetibilidade de doenças: na reprodução, por exemplo, alta prolificidade resulta em maior demanda de nutrientes e espaço para garantir o desenvolvimento fetal. Isto nem sempre é alcançado e pode ser evidenciado pelo aumento do número de leitões nascidos com baixo peso e que, muitas vezes, têm dificuldade de sobrevivência. Durante a lactação, porcas com boa produção de leite têm altas necessidades nutricionais, que podem levar a intenso catabolismo que, por sua vez, podem comprometer sua saúde, bem-estar e desempenho reprodutivo futuro.

Neste artigo será discutida a relação entre estresse e inflamação, seus impactos na reprodução dos suínos, e meios para minimizar os efeitos negativos, de maneira a oportunizar o máximo desempenho dos animais, em condições de conforto e bem-estar animal.

Relação entre reprodução, inflamação e estresse

A fisiologia reprodutiva normal, incluindo todo ciclo estral, fecundação, implantação dos embriões, gestação, periparto, parto e pós-parto, envolve uma série de processos regulados por mediadores inflamatórios, como citoquinas, fatores de crescimento e medidores lipídicos que regulam, por sua vez, respostas imunes e vasculares.

Inflamação, conforme descrito pela patologia, é a resposta básica, primária e não específica do sistema imune à infecção, irritação ou injúria, seja aguda ou crônica. Caracteriza-se pelos sinais cardinais, definidos pelo enciclopedista romano Aulus Cornelius Celsus (25AC – 50DC): dor, calor, tumor, rubor e, ainda, perda da função do tecido inflamado.

Estresse, especialmente crônico, tem sido associado ao desenvolvimento de processos inflamatórios, principalmente devido ao aumento na resistência de receptores de glicocorticoides.  Isto resulta em falhas na regulação negativa da resposta inflamatória. Estas interferências no sistema imune levam a alterações hormonais em diferentes níveis, que, por sua vez, prejudicam o processo reprodutivo, resultando em falhas reprodutivas, queda no desempenho e descarte precoce de reprodutoras.

Os desafios na suinocultura

Em levantamento feito em 2014, foram avaliadas 502 porcas descartadas, de sete granjas comerciais nos Estados Unidos. Destas, mais da metade foi descartada por falha reprodutiva. No entanto, quando os órgãos foram analisados, observou-se que 75% dos úteros e 54% dos ovários estavam normais, evidenciando que a causa primária para a falha reprodutiva não estava nestes órgãos.

Anteriormente, a avaliação de 3.158 porcas descartadas em dois frigoríficos, também nos Estados Unidos, demonstrou que 85% das porcas tinha ovários normais, 10% com sinais de pneumonia, 13% com lesões nas escápulas e 80% das porcas apresentava lesões nos cascos dos membros traseiros.

No Brasil, 2.660 porcas, de 30 granjas, foram avaliadas quanto à integridade e saúde dos cascos. Observou-se que 99% das porcas apresentavam lesões nos cascos e 30% tinham lesões severas, com inflamação evidente.

Estes três trabalhos demonstraram claramente que falhas reprodutivas estão associadas com outras causas primárias e a inflamação é fator determinante para ocorrência das mesmas.

Com relação ao ambiente, instalações e manejo, altas temperaturas e umidade associados, comuns à suinocultura brasileira, levam os animais a quadros de estresse intenso pelo calor, com consequentes respostas vasculares e desenvolvimento de inflamação sistêmica e estresse oxidativo.

Associado a tudo isso, o processo reprodutivo, especialmente no periparto, resulta em intenso estresse oxidativo sistêmico, que pode levar à infertilidade.

É interessante observar que os efeitos da inflamação ocorrem antes mesmo da manifestação clínica da doença ou do estresse. Alterações séricas de metabólitos, mediadores inflamatórios e proteínas de fase aguda foram identificadas várias semanas antes de vacas demonstrarem sinais de claudicação, com consequente efeito negativo na reprodução.

Inflamação intensa, aguda ou crônica, resulta em reprogramação do metabolismo, resultando em menor consumo de alimentos, interrupção dos processos anabólicos e aumento das atividades catabólicas, o que leva ao consumo das reservas corporais e a perda de produtividade.

Outro estudo realizado com vacas demonstrou que infecção e inflamação promovem considerável redistribuição e alteração das necessidades de nutrientes pelo sistema imune. Quando ativado, observou-se que a demanda por glicose aumentou 1 kg em um período de 12 horas, tendo sido desviado de outros processos fisiológicos, especialmente aqueles relacionados com a reprodução.

Além do aumento da demanda de fontes de energia, o estresse oxidativo e os processos inflamatórios elevam a necessidade de aminoácidos e nutrientes antioxidantes, como vitaminas A e E, e os microminerais zinco, manganês, cobre, selênio e cromo.

Zinco, em particular, tem sido amplamente estudado. Uma revisão recente enfatizou a importância deste micromineral, demonstrando seu efeito direto na modulação da resposta imune e em atividades antioxidantes e anti-inflamatórias, pela redução da ativação de um fator nuclear que regula os mediadores inflamatórios.

Os mediadores inflamatórios circulantes comprometem a produção e secreção dos hormônios gonadotróficos, podem levar à morte células do ovário e comprometer a produção do estrogênio.

Soluções para os desafios

Reduzir a ocorrência do estresse e inflamação é fundamental para garantir a máxima produtividade dos animais, de acordo com seu potencial genético. Para tanto, é necessária a adoção de pelo menos três medidas:

– Identificar os problemas associados ao estresse e inflamação, seu tamanho e suas causas; p.ex.: lesões nos cascos – prevalência, severidade e possíveis causas;
– Controlar e corrigir os problemas e suas causas; p.ex.: melhorar a qualidade do piso, consertar piso ripado danificado e corrigir espaçamento entre vigas; e
– Prevenir a ocorrência dos problemas, com ações que mitiguem os riscos; p.ex.:  manutenção periódica das instalações e aporte nutricional adequado.

Estas três medidas devem considerar os fatores relacionados com bem-estar animal, de maneira a diminuir ao máximo a ocorrência do estresse, infecção, irritação, injúria e consequente inflamação, incluindo:

– Genética – melhoramento genético e seleção de animais;
– Sanidade – biosseguridade e manejo sanitário;
– Manejo e instalações – conforto e segurança; e
– Nutrição – água potável e alimento balanceado, em quantidade adequada.

Conclusões

– Reprodução é um processo fisiológico diretamente ligado ao sistema imune, sendo regulado por mediadores inflamatórios;
– A liberação de mediadores inflamatórios, em resposta ao estresse ou inflamação, resulta em mudanças na priorização e utilização de nutrientes pelo organismo;
– Quando o sistema imune se ativa, utiliza cada vez mais energia para controlar a inflamação, infecção ou injúria, sequestrando energia que seria destinada ao aparelho reprodutivo;
– Em situações de inflamação intensa, há redução no consumo de alimentos e mobilização das reservas corporais;
– A redução de nutrientes disponíveis para a reprodução, em função da ativação do sistema imune, altera a produção de hormônios e o desempenho reprodutivo;
– A concentração de nutrientes antioxidantes (Zn, Mn, Cu, Cr, Se, Vit. A, C e E) na dieta deve ser reavaliada quanto a níveis e fontes, especialmente para evitar estresse oxidativo excessivo; e
– Claudicação e lesões de casco devem ser prevenidas.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2017.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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