Suínos
Estresse ajuda Lawsonia intracellularis causar problemas entéricos
Medidas de tratamento e controle devem ser tomadas, minimizando as perdas econômicas decorrentes dos problemas entéricos
Artigo escrito por Renata Rios, analista de Desenvolvimento de Produtos
As diarreias ou doenças entéricas que podem ocorrer em todas as fases de vida do animal é um problema mundial. A ocorrência dessas doenças afeta diretamente a rentabilidade dos plantéis suínos devido aos prejuízos econômicos que causam comprometendo o ganho de peso diário, a conversão alimentar, aumento da desuniformidade dos lotes e do percentual de refugos e a mortalidade. Estes prejuízos podem ainda ser agravados pela dificuldade de diagnóstico clínico, demora na obtenção dos resultados e programas terapêuticos inadequados. O conhecimento da patogenia das diarreias em suínos e dos seus patógenos é uma importante ferramenta para o diagnóstico das doenças. Alguns estudos consideram a Brachyspira pilosicoli (causadora da colite espiroquetal) e a Lawsonia intracellularis (causadora da enteropatia proliferativa suína) como os dois principais agentes causadores de diarreia em animais de crescimento e terminação. Desta forma, medidas de tratamento e controle devem ser tomadas, minimizando as perdas econômicas decorrentes dos problemas entéricos.
A enteropatia proliferativa suína (EPS) é uma patologia intestinal diagnosticada em praticamente todos os países de expressiva produção suinícola. Trata-se de uma doença infecciosa que acarreta importantes perdas e impactos econômicos em diferentes fases da produção, principalmente na recria, terminação e reposição até oito meses de idade. Nos Estados Unidos, esse prejuízo equivale a aproximadamente US$ 98 milhões ao ano. A doença apresenta de duas formas clínicas distintas: uma delas é a forma crônica, que geralmente se manifesta como uma enterite necrótica e é caracterizada por anorexia, diarreia pastosa acinzentada e diminuição de ganho de peso em animais de seis a 20 semanas de idade. A maioria dos animais recupera-se seis a oito semanas após o aparecimento dos sinais clínicos, principalmente se for utilizada uma terapia adequada, no entanto cerca de 15% dos animais não atinge o peso de abate, levando a perdas econômicas. E a forma aguda, que acomete suínos de terminação e reposição. Os animais apresentam palidez, letargia, anorexia, fezes diarreicas escuras, sanguinolentas e morte ou simplesmente morte súbita. A morte geralmente ocorre em 48 horas, no entanto alguns animais se recuperam quando tratados a tempo. A morbidade geralmente é baixa e a mortalidade pode ser superior a 6%.
As lesões macroscópicas limitam-se apenas ao trato intestinal, são segmentares, envolvendo o íleo e ocasionalmente o jejuno, o ceco e o cólon proximal. Podem apresentar três formas principais. A forma adenomatosa é frequentemente caracterizada pelo espessamento da parede intestinal, a forma necrótica apresenta-se por necrose da superfície intestinal adenomatosa e a forma hemorrágica caracteriza-se pela presença de grandes coágulos na luz do intestino delgado.
Sabidamente, fatores estressantes, como movimentação de animais, mudança de ração, temperaturas extremas, falta de higiene, manejo para coleta de sangue, vacinações na fase de quarentena aumentam as chances de aparecimento da doença clínica. Medidas de manejo são importantes no controle e prevenção, entretanto a utilização de antimicrobianos tem se mostrado bastante eficiente.
Tratamentos
Diversos estudos têm sido desenvolvidos para se conhecer drogas eficientes no controle e tratamento da EPS e diferentes antimicrobianos mostraram eficácia no controle dessa doença. Entretanto, seu uso deve ser criterioso, pois a utilização de posologia inadequada pode aumentar a probabilidade de ocorrência de surtos de doenças entéricas. A escolha do antimicrobiano a ser utilizado deve ser baseada em conhecimento farmacológico da droga, no custo, na idade dos animais e na presença de outras enfermidades concomitantes.
A administração de antimicrobianos para tratamento de EPS deve ser considerada em duas situações principais. A primeira se dá em rebanhos com a forma crônica da EPS, nos quais a mortalidade é mínima, mas existe impacto significativo no desempenho. Nesses casos, a antibioticoterapia tem como principal objetivo melhorar os índices produtivos da granja. A segunda situação é quando existe a forma aguda ou hemorrágica da EPS, e o objetivo do tratamento é minimizar a mortalidade e reduzir as chances de ocorrência da doença em lotes subsequentes. Em ambos os casos, o protocolo mais eficaz e rotineiramente utilizado para controle são pulsos de medicação efetiva (doses terapêuticas) por uma a duas semanas, com intervalos de três semanas entre eles.
O uso prolongado de doses terapêuticas de fármacos contra L. intracellularis e em momento errado pode provocar problemas maiores em animais próximos à idade de abate. Isso porque os animais não seriam expostos à bactéria, não desenvolvendo resposta imune, e, quando expostos tardiamente, desenvolveriam a forma hemorrágica.
Estudos têm descrito os efeitos benéficos do uso de promotores de crescimento em animais afetados por EPS. Apesar disso, o efeito dessas substâncias sobre a doença é pouco conhecido e, consequentemente, arriscado. Por exemplo, o uso prolongado de promotores de crescimento poderia interferir na dinâmica de infecção de L. intracellularis no rebanho, induzindo com isso a formação de lotes de animais totalmente suscetíveis, que desenvolveriam a forma aguda da doença tardiamente, quando da retirada dessas drogas da ração. Dessa forma, não é recomendado utilizar promotores de crescimento com o intuito de se permitir baixos níveis de exposição a L. intracellularis e desenvolvimento de imunidade. Diferentes fármacos agem de forma diferente, sendo alguns bacteriostáticos e outros bactericidas. Dentre os bacteriostáticos, estão os macrolídeos (tilosina, josamicina, aivlosina leucomicina e associações), tetraciclinas (clortetraciclina, oxitetraciclina, e doxiciclina), lincosamidas (Lincomicina) e Pleuromutilinas (com destaque à tiamulina e á valnemulina).
Medicações
Várias abordagens de medicação são possíveis, dependendo da idade e tipo de animal envolvido. Nos casos de surtos, o tratamento dos suínos infectados e em contato seria a medicação na água ou ração, por 14 dias, utilizando clortetraciclina 300ppm, lincomicina 100ppm, tiamulina 120ppm ou tilosina 100ppm. Para suínos doentes o ideal é a utilização de medicação injetável com tilosina, tiamulina, espectinomicina ou penicilina. Em caso da forma endêmica crônica, tratar preferencialmente os animais entre quatro a oito semanas com clortetraciclina 200ppm, lincomicina 110ppm, tiamulina 50ppm ou tilosina 100ppm.
O desmame precoce segregado com 14 dias não é um método eficaz para eliminar a doença.
Para se controlar a ileite é fundamental o controle dos fatores estressantes. Variações bruscas de temperatura, número elevado de suínos por baia, comedouro e bebedouro em número insuficiente, movimentação excessiva dos animais, entre outros, são itens que devem ser levados em consideração para um melhor controle da doença.
O manejo “Todos dentro/Todos fora”, controle ambiental, lavagem das instalações e desinfecção (bactéria sensível a desinfetantes a base de amônia e iodo) são métodos utilizados para minimizar o problema.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
