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Estratégias para retenção de talentos nas granjas suínas

Com o aumento das oportunidades no mercado, os trabalhadores escolhem empresas onde percebem um bom ambiente de convivência, crescimento e valorização, além de gestores e colegas que os respeitam e apoiam.

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Fotos: Divulgação

Para obter resultados de excelência e expressivos na produção, uma série de fatores são fundamentais: genética de qualidade, nutrição adequada, bem-estar animal, ambiência, entre outros. Um item muitas vezes esquecido ou mesmo deixado de lado é a gestão da mão de obra – fator essencial para o bom desenvolvimento das atividades na propriedade rural. “Gestores que investem na criação de ambientes de trabalho mais engajadores e que atendam melhor às novas expectativas dos trabalhadores vêm percebendo que, embora os incentivos financeiros ajudem a atrair novos colaboradores, são insuficientes para mantê-los engajados a longo prazo. A mudança de foco para o desenvolvimento humano tem refletido positivamente nos índices zootécnicos e econômicos, destacando que investir nas pessoas não é mais uma escolha, mas uma condição determinante para o sucesso da granja”, explica o médico-veterinário e especialista em Liderança, Engajamento e Produtividade na Suinocultura, Leandro Trindade.

De acordo com ele, o mundo moderno, com suas facilidades e maior volume de oportunidades, além da pandemia da Covid-19, acentuou o desafio da gestão de mão de obra. “Com mais opções, os trabalhadores se tornaram mais exigentes e criteriosos na escolha da empresa onde desejam trabalhar. Isso aumentou o desafio de reter trabalhadores, principalmente nas granjas que não conseguem oferecer essas condições. Consequentemente, olhar atentamente para essa questão tornou-se uma necessidade prioritária para os gestores, que buscam soluções para essa nova realidade”, defende o especialista.

Trindade explica que em um mercado cada vez mais incerto e complexo, os gerentes e encarregados de granjas necessitam mais do comprometimento de suas equipes. “A pressão por resultados mais desafiadores cria um clima de trabalho tenso quando os gestores não têm suas habilidades interpessoais bem desenvolvidas, contribuindo para a maior evasão de profissionais nos últimos tempos”, diz.

Como evitar a rotatividade?

O especialista desenvolveu uma pesquisa sobre engajamento na suinocultura em diversas granjas no Brasil, entrevistando mais de 1,3 mil pessoas. Entre os pontos mais recorrentes vistos por ele foram a falta de reconhecimento e valorização das equipes; comunicação deficiente entre gestores e funcionários; ambientes de trabalho pouco motivadores; ausência de oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional; e promoção de encarregados sem habilidades comportamentais. “Esses elementos combinados criam um ambiente de trabalho desengajado e incapaz de reter talentos”, afirma.

Para evitar problemas como esse, Trindade desenvolveu um método: o BPL (Boas Práticas de Liderança). “Ele tem sido muito bem recebido, especialmente porque foi criado com base em pesquisas dentro da própria suinocultura, levando em conta os desafios específicos do setor. Desenvolvi o BPL para resolver essa lacuna da má comunicação e alta rotatividade, focando na profissionalização dos gerentes e encarregados de granjas, que são os profissionais que convivem com a equipe operacional e por isso influenciam fortemente o engajamento. O método combina experiência técnica e habilidades comportamentais, ajudando a melhorar o engajamento e a performance das equipes, além dos indicadores zootécnicos e econômicos”, informa.

De acordo com ele, um exemplo prático foi realizado em uma UPL (Unidade Produtora de Leitões), que após a utilização do método reduziu a rotatividade em mais de 30% e aumentou a produtividade média em 20% em menos de um ano, o que refletiu diretamente no desempenho dos leitões, que passaram a atingir uma média de peso superior a 6 quilos aos 22 dias de idade, algo que antes não conseguiam manter. Outro exemplo é de uma granja em Minas Gerais, que conseguiu redefinir papéis, melhorar a comunicação e o clima da equipe, resultando em melhorias nos indicadores, inicialmente na maternidade, onde tinha maiores desafios e, consequentemente, nos demais setores do seu ciclo completo. “Esses resultados mostram que a capacitação adequada de gerentes e encarregados para lidar com equipes e criar um ambiente engajador é essencial para o sucesso zootécnico e econômico. Ou seja, um trabalho feito da porteira para dentro da granja”.

Comunicação clara e objetiva

Médico veterinário e especialista em liderança, engajamento e produtividade na suinocultura, Leandro Trindade: “Precisamos rever o hábito comum de se promover esses profissionais apenas baseados em critérios de capacidade técnica.”

Trindade explica que é essencial profissionalizar a liderança dos gerentes e encarregados de produção para manter as equipes motivadas e produtivas. “Precisamos rever o hábito comum de se promover esses profissionais apenas baseados em critérios de capacidade técnica. Se não possui habilidade para se relacionar e se comunicar eficazmente com a equipe, não pode ser promovido ou, se assim for, que seja conscientizado e incentivado a desenvolver essas habilidades essenciais para tal papel. Isso envolve oferecer treinamento e desenvolvimento de habilidades comportamentais, essenciais para enfrentar os desafios da rotina de granja e lidar com uma força de trabalho cada vez mais exigente”, defende.

Outro ponto fundamental nas granjas é a comunicação eficaz, clara e não ofensiva, o que assegura a qualidade das operações, ajuda a alinhar expectativas, resolver conflitos e manter a equipe motivada e informada. Trindade traz três pontos que podem ser trabalhados para aprimorar essas habilidades: o desenvolvimento de comunicação e escuta ativa; práticas de feedback contínuo; e criação a manutenção de um ambiente de comunicação aberta. “Workshops e palestras sobre comunicação eficaz, com uma abordagem prática e contextualizada para o setor, são excelentes recursos para desenvolver essa habilidade. Além disso, é importante seguir com um acompanhamento para superar as dificuldades que normalmente surgem durante a aplicação prática dos aprendizados adquiridos”.

Trindade defende que é fundamental criar uma cultura que valorize e incentive a transparência e a comunicação aberta entre todos os níveis da equipe, especialmente os colaboradores da equipe operacional, que conhecem bem os problemas da granja. “Para isso, deve-se estabelecer um canal de diálogo com esses colaboradores, de forma que se sintam seguros e confiantes para se expressar sem medo de represálias. Isso cria um ambiente onde todos se sentem parte do processo e permite a segurança para falar e contribuir, o que fortalece a comunicação interna, antecipa a solução dos problemas, acelera as melhorias e, assim, apoia a contínua evolução de performance da equipe”, comenta.

 Cultura organizacional afeta

A cultura é o jeito de funcionar da granja, manifestando-se por meios de padrões de comportamentos observáveis e repetitivos. Ela inclui a forma de comunicar, tomar decisões, resolver problemas e enxergar oportunidades. Esses padrões representam a cultura da granja e estão diretamente relacionados ao desempenho da equipe.

De acordo com o especialista, mesmo com excelentes treinamentos técnicos, se a cultura não permite que o conhecimento seja aplicado, a performance não avança. “A cultura tem um impacto significativo na formação de equipes de alta performance. Uma cultura que valoriza a aprendizagem, a colaboração, a inovação e a sustentabilidade cria um ambiente onde os colaboradores se sentem motivados e engajados. Isso resulta em equipes mais produtivas, comprometidas e capazes de alcançar resultados além do esperado”.

Retendo talentos

De acordo com Trindade, a retenção de talentos é essencial, mas hoje em dia é mais sobre conquistar pessoas, já que são os colaboradores que decidem se engajar e permanecer na granja. “Com o aumento das oportunidades no mercado, os trabalhadores escolhem empresas onde percebem um bom ambiente de convivência, crescimento e valorização, além de gestores e colegas que os respeitam e apoiam. Essas características são comuns nas granjas com baixos índices de rotatividade e resultados duradouros”, explica.

Ele diz que para enfrentar dificuldades na retenção de talentos, a recomendação é focar na criação de um ambiente de trabalho engajador e positivo. “A construção dessa mudança é complexa e não há atalhos; é necessário investir na formação de líderes. Gerentes e encarregados devem ser treinados para desenvolver habilidades relacionais e de comunicação, capacitando-os a treinar, envolver e delegar responsabilidades adequadamente”, informa. O especialista alerta, porém, que antes de tudo, fará toda diferença realizar um diagnóstico para identificar áreas de melhoria e implementar soluções específicas para a realidade e o momento da granja. “Esse diagnóstico ajudará a direcionar os esforços de forma eficiente na criação de um ambiente de trabalho onde os colaboradores decidem permanecer por julgarem que vale a pena”.

Trindade comenta ainda que o avanço tecnológico na suinocultura continuará a otimizar resultados e melhorar a qualidade do trabalho das equipes, mas não resolverá os problemas de alta rotatividade causados por desafios de relacionamento e comunicação. Apenas a formação de líderes pode fazer isso. Dessa forma, ele traz algumas tendências futuras para gestão de equipes na suinocultura: ocupação de cargos de gestão apenas por pessoas com habilidades humanas bem desenvolvidas; maior adoção de tecnologias para facilitar a comunicação e a gestão; foco crescente no bem-estar e no desenvolvimento dos colaboradores; práticas de liderança mais humanizadas e centradas nas pessoas; valorização da cultura organizacional como fator chave para o sucesso das granjas; e maior ênfase na sustentabilidade e na inclusão, refletindo as mudanças de comportamento das novas gerações. “Essas tendências indicam que, além da tecnologia, é fundamental investir na formação de líderes que possam criar ambientes de trabalho engajadores e sustentáveis”, afirma.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Forte alta do suíno vivo eleva poder de compra frente ao milho pelo 8º mês

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade – milho e farelo de soja, comparando-se as médias de agosto e setembro.

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Foto: Ari Dias

O poder de compra de suinocultores paulistas frente ao milho cresceu pelo oitavo mês seguido, conforme apontam levantamentos do Cepea.

Em relação ao farelo de soja, setembro foi o terceiro mês consecutivo de aumento no poder de compra.

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade (milho e farelo de soja), comparando-se as médias de agosto e setembro.

Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o suíno vivo foi negociado ao valor médio de R$ 8,95/kg em setembro, forte aumento de 5,8% em relação ao de agosto.

Inclusive, este foi o quinto mês seguido de valorização, de acordo com levantamento do Cepea.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos Em Pato Bragado

Biogás diminui custos de produção e gera renda para suinocultores no interior do Paraná

Sistema instalado na granja da família Fincke solucionou o problema de dejeto dos animais e hoje mantêm a propriedade com a energia de biogás.

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Os Fincke lidam com o suíno na sua fase final e estão transformando a geração de energia na propriedade - Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

Quem vê a propriedade da família Fincke, em Pato Bragado, na região Oeste do Paraná, não imagina a dor de cabeça que eles tinham até pouco tempo atrás. Comandada por Carlito Fincke e os filhos Adilson e Jonas, os 30 alqueires de terra são divididos entre a produção de suínos, principal atividade, e as lavouras de soja e milho.

A suinocultura havia se tornado quase inviável na propriedade, devido aos custos elevados e questões ambientais. Até que eles encontraram uma solução: gerar a própria energia. A história da família Fincke, seus desafios e soluções, é tema da reportagem desta semana da série especial “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo”, produzida pela Agência Estadual de Notícias (AEN) e publicada às terças-feiras.

A família de produtores de Pato Bragado é mais um exemplo cabal do impacto que o apoio do Governo do Estado tem para os produtores e para o meio ambiente. O apoio se dá com programa RenovaPR, que subsidia o custo financeiro dos investimentos em equipamentos como biodigestores e painéis fotovoltaicos, a fim de incentivar e disseminar a energia limpa no campo. “Instalamos biodigestor e, assim, solucionamos o problema de dejeto dos animais, minimizamos o cheiro e as moscas, e estamos ganhando dinheiro, mantendo a propriedade também com a energia de biogás. Foi um salto muito grande nessa parte, além do meio ambiente. Temos que nos preocupar com os gases que a gente está lançando. Temos que ter consciência de ajudar”, afirma Adilson.

A atividade da família na produção de suínos começou com o pai em 2009 e logo cresceu com a entrada dos filhos no negócio, passando de 300 para sete mil suínos, distribuídos em seis granjas. Entretanto, à medida que o número de animais crescia, os problemas também aumentavam.

Os Fincke lidam com o suíno na sua fase final. A Unidade de Terminação (UT), como é denominado esse estágio, é o local em que os porcos chegam com cerca de 60 dias de vida e peso médio de 23 quilos (kg), e permanecem até alcançarem o peso de 120 kg, em um período de 120 dias de alojamento. Dali eles seguem para o frigorífico.

Durante quatro meses, os animais crescem, engordam, e com isso vem o obstáculo que acomete todo suinocultor: os dejetos. Adilson,

filho mais velho de Carlito, conta que os três tanques de esterco que existem na propriedade, hoje desativados, não davam conta de todo o material. “Quando chegamos nesses sete mil suínos percebemos que estávamos com problema. Chegamos a pagar para os vizinhos receberem esse dejeto porque não tínhamos o que fazer”, ressalta Adilson. “Fora o problema de carcaças. Às vezes chegávamos a enterrar os animais porque a composteira sempre estava cheia, não dava conta, além dos problemas de cheiro e de moscas”.

Foi então que um familiar deu a ideia. “Um tio chegou para nós e disse: ‘vocês estão perdendo dinheiro, deviam fabricar energia com toda essa matéria-prima’. Aí acendeu uma luz”, lembra o produtor. A luz a qual ele se refere era a produção de biogás, por meio de um biodigestor, resolvendo o problema de dejetos, uma vez que ele é transformado em gás, gerando energia, e o líquido, que também passa por um tratamento, transforma-se em biofertilizante para irrigação da lavoura.

Ideia aprovada pelos filhos, o próximo passo foi convencer o pai, relutante com o custo do investimento. “Quando fui ver o valor, meu pai já botou pedra. ‘Você não vai pegar R$ 700 mil para fazer um biodigestor e se aventurar’. Conversei com uma empresa que deu a ideia de tentarmos pelo RenovaPR, com juro zero”, lembra Adilson. “Deu certo, conseguimos nos enquadrar, convenci meu pai e começamos o projeto.”

RenovaPR

O Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR) foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de incentivar a produção de energia limpa e sustentável no campo. Desde 2021, ano de criação do programa, já foram mais de 26 mil usinas fotovoltaicas e ou de biogás instaladas.

Por meio de subsídio da taxa de juros, via Banco do Agricultor Paranaense, operacionalizado pela Fomento Paraná, o Estado banca parte ou a integralidade dos juros do financiamento para instalação de fontes de energia renováveis, como solar e biogás, no meio rural. É uma forma de baratear o custo da produção e contribuir para a preservação do meio ambiente. Além disso, o aproveitamento de dejetos de animais para produção de biogás, reduz a emissão de gases altamente poluentes no ar ou a contaminação do solo e de lençois freáticos, por exemplo.

O coordenador de Energias Renováveis no Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Herlon Almeida, ressalta que o objetivo do Estado é incentivar cada vez mais a instalação de biodigestores como forma de reduzir a emissão de poluentes no ar, gerar energia limpa, reduzir custos para quem produz e ainda acabar com os dejetos, obstáculo que mais afeta os produtores de animais, sejam suínos, bovinos ou aves. “O Governo do Paraná incentiva o biogás mais do que qualquer outra energia renovável porque, ao se fazer biodigestão, é realizado um tratamento, uma adequação ambiental, pois trata dejetos que normalmente impactam o meio ambiente e os transforma em riqueza, que é a energia do biogás, do biometano e, ainda, o digestato, que é o resíduo que sobra após a biodigestão e que pode ser convertido em fertilizante para uso agrícola”, explica Almeida.

Cenário do biogás

De acordo com levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), até 2023 eram 404 plantas de biogás instaladas no Paraná, com ampla folga na liderança a nível nacional. De 2022 para 2023, o número de plantas cresceu 54% — antes eram 262. O Estado responde por 29,59% das plantas de biogás no Brasil. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 348 unidades, e Santa Catarina, com 122.

Em termos de produção de biogás, a região Sul produziu 862 milhões de metros cúbicos normal (Nm³), sendo que o Paraná é responsável

por 53,4% desse volume, com 461 milhões de Nm³, crescimento de 20% em relação a 2022.

Em um biodigestor, os dejetos animais são decompostos por bactérias em um ambiente sem oxigênio. Durante esse processo, é produzido o biogás, uma mistura de metano e dióxido de carbono, que pode ser utilizado para gerar energia elétrica através de motores a gás. “Todos os projetos que temos têm um retorno sobre o capital investido de cerca de quatro a cinco anos. Para linhas de crédito de seis anos isso significa que, antes de vencer o financiamento, uma vez que ele é 100% financiado para o produtor, ele já recuperou o capital investido”, salienta o coordenador.

O financiamento dos Fincke foi de aproximadamente R$ 700 mil, com prazo de pagamento de dez anos e carência de três. Quando a granja opera com capacidade total de suínos, o biodigestor chega a gerar entre 25 e 30 mil quilowatts/mês, sem contar a energia que é utilizada na propriedade, para bombear o digestato na plantação de soja e milho, rico em nutrientes.

“O dejeto é um problema para todos os produtores de suínos. Não épossível jogar ele diretamente na lavoura, pois dessa forma ele danifica as plantas. E com os tanques todos cheios, não se consegue limpar o chiqueiro. Agora isso mudou”, celebra o suinocultor. “O tratamento do dejeto é outro. Os gases já foram embora, então você não prejudica o meio ambiente e até mesmo a própria lavoura. Você não está jogando um esterco cru, mas sim uma adubação de qualidade”, complementa Adilson. Com isso, os gastos com a compra de adubo também caíram.

Mais renda

Os Fincke decidiram vender a energia produzida pelo biodigestor, em vez de usar na propriedade. “O que sobra eu vendo para uma cooperativa específica de energia”, comenta. Com a comercialização, na casa dos R$ 15 mil mensais, eles conseguem quitar a parcela do financiamento e ainda sobra para pagar a conta de luz da granja, por volta de R$ 3 mil/mês.

Com o retorno, já existem projetos para ampliar a capacidade da granja. Um segundo tanque para digestato está em construção, enquanto que o primeiro permanecerá com o líquido em “descanso”, aumentando seu potencial fertilizador. Os planos também envolvem a quantidade de suínos. “Estamos estudando. Talvez fazer mais mais duas granjas, chegando a dez mil animais. As empresas querem concentrar tudo num só lugar, é mais fácil, mais cômodo para eles”, comentou.

Suínos no Paraná

O Paraná é o segundo maior produtor de suínos do Brasil, com pouco mais de 12 milhões de unidades em 2023 – 21,2% da produção nacional. O Estado fica atrás somente de Santa Catarina (29,5%) e à frente do Rio Grande do Sul (17%). O Valor Bruto da Produção (VBP) da suinocultura foi de R$ 12,5 bilhões em 2023.

De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o

Paraná é o terceiro maior exportador do Brasil, com 168 mil toneladas enviadas ao mercado internacional em 2023 e comércio com 75 países. Santa Catarina e Rio Grande do Sul completam o pódio, em primeiro e segundo lugares, respectivamente.

Série

A série de reportagens “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias renováveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas neste link.

Fonte: AEN-PR
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Suínos

Paraná desenvolve sistema para fortalecer biosseguridade nas granjas suínas

Médico-veterinário aponta pontos críticos que ameaçam a biosseguridade nas granjas suínas, destacando os principais fatores de risco e as medidas preventivas essenciais para mitigar a introdução e disseminação de patógenos.

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A biosseguridade nas granjas de suínos tem sido amplamente discutida por todos os elos da cadeia, principalmente diante dos desafios atuais enfrentados pelo setor suinícola. Durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, o médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, trouxe à tona pontos críticos que ameaçam a biosseguridade nas granjas suínas, destacando os principais fatores de risco e as medidas preventivas essenciais para mitigar a introdução e disseminação de patógenos.

Foto: Ari Dias

O profissional enfatiza que a biosseguridade em unidade de produção é essencial para evitar a entrada e a propagação de doenças no rebanho, garantindo a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção suinícola. No Paraná, a Portaria 265, publicada em setembro de 2018, estabelece os itens estruturais que cada granja deve ter, conforme o modo produtivo, para proteger as unidades da disseminação de doenças e agentes infecciosos. Essa normativa define 14 critérios de avaliação para a prevenção externa e 10 para a prevenção interna, que são fundamentais para a manutenção da biosseguridade.

Dias adianta que a Adapar planeja ainda este ano sistematizar essas informações contidas na Portaria 265, mensurando e quantificando a situação atual das granjas paranaenses. “Para isso, será desenvolvido um sistema de informação que vai permitir a coleta de dados de caracterização das granjas de forma organizada e segura, processando-os por meio de um modelo multicritério para obter indicadores de biosseguridade”, antecipa.

Conforme o  médico-veterinário, esse sistema será acessível via aplicativo web, proporcionando uma avaliação detalhada de biosseguridade de propriedade a propriedade. “Serão levantados dados críticos, como a origem dos animais e a presença de cercas de isolamento. Os resultados serão quantificados em níveis que variam de 1 a 5 para origem dos animais e de 1 a 9 para cercas, em escalas de 0 a 100, permitindo uma análise precisa e detalhada”, explica Dias.

Médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias: “O novo sistema de informação vai gerar um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Os dados coletados serão apresentados por meio de dashboards e mapas, possibilitando avaliar tanto as condições de granjas individuais quanto obter um panorama geral por integração e da região geográfica. “Essa visualização clara e integrada dos dados vai permitir identificar possíveis problemas e criar estratégias eficientes para implantar um plano de biosseguridade. Como resultado, teremos um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas. Com essas informações, será possível desenvolver e executar planos de biosseguridade personalizados, garantindo a proteção do rebanho e a sustentabilidade da produção suinícola no Paraná”, salienta.

A partir da implementação deste sistema de avaliação da biosseguridade nas granjas paranaenses de suínos, o auditor fiscal agropecuário menciona que a cadeia produtiva deve sofrer um impacto significativo, visto que aquelas propriedades que não terão condição de adequação para produção de suínos devem acabar saindo da atividade. “Não podemos colocar toda a cadeia de suínos em risco em função de uma ou outra propriedade que não tem condição estrutural de criar suínos”, ressalta Dias.

Isolamento da granja contra invasores

O gerente de Saúde Animal da Adapar afirma que entre os itens de biosseguridade mais importantes de uma unidade de produção suinícola devem estar as cercas. “As cercas são essenciais porque, entre os diversos problemas que temos no Brasil, estão os javalis. Precisamos ter essa barreira física para proteger nossas propriedades dos animais de vida livre e até mesmo dos animais domésticos, que podem trazer doenças para dentro do plantel suíno. As cercas blindam a entrada e protegem a criação”, argumenta Dias.

Os javalis representam uma ameaça significativa à biosseguridade das granjas, uma vez que migram facilmente de região e circulam de Norte a Sul do Brasil. Uma das doenças que essa espécie pode transmitir é a Peste Suína Clássica (PSC), colocando em risco a saúde dos suínos e a sustentabilidade da produção. “O novo sistema da Adapar vai permitir a coleta e análise detalhada de dados, facilitando a identificação de problemas e a implementação de estratégias de biosseguridade mais eficazes. Com isso, esperamos melhorar de forma significativa a proteção das granjas paranaenses, garantindo um ambiente seguro e saudável para a criação de suínos”, aponta Dias.

Ameaças à biosseguridade

Um ponto crítico para a biosseguridade nas granjas suínas é a presença de agentes patogênicos. Além da febre aftosa e do Senecavírus A, outras doenças vesiculares que afetam suínos são estomatite vesicular, exantema vesicular e doença vesicular em suínos (SVDV), as quais são consideradas exóticas e não circulam no Brasil. Dias ressalta que a grande ‘dor de cabeça’ do setor reside no Senecavírus A, que tem crescido a incidência da doença nas granjas nos últimos 10 anos. “Por causar lesões vesiculares, os sintomas são facilmente confundidos com febre aftosa, gerando muito estresse no campo”, frisa.

Fotos: Shutterstock

A questão não é exclusiva do Brasil, com a doença diagnosticada em países como os Estados Unidos, onde circula desde 1988; e há relatos recentes no Canadá, China, Nova Zelândia, Austrália, Tailândia, Colômbia e Chile. No Brasil, o Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul relatam casos, mas nenhum em nível comparável ao estado paranaense. “Em 2022, o Paraná atingiu o pico da doença com mais de 1.700 casos”, destaca o médico-veterinário, contando que cerca de 70% dos municípios paranaenses nunca tiveram casos suspeitos da doença, enquanto 30% tiveram casos investigados entre 2005 e 2021. “Os primeiros meses do ano tendem a registrar um aumento nos casos, enquanto os meses mais frios mostram uma tendência de diminuição, uma variabilidade observada nos últimos 10 anos”, menciona Dias.

Desafios e soluções na identificação do Senecavírus A

O médico-veterinário aponta 12 principais desafios na identificação do Senecavírus A na suinocultura paranaense. O primeiro listado são as condições das propriedades, com animais sujos, que dificultam a verificação das lesões, seguido da falta de vistoria prévia por parte dos médicos-veterinários. O terceiro desafio diz respeito as lesões causadas por outros motivos, como traumas, frequentemente confundidas com febre aftosa. O quarto são as notificações infundadas feitas por muitos produtores por receio do serviço de inspeção.

O ponto seguinte está relacionado ao estresse no transporte dos animais, que pode ocasionar lesões, complicando o diagnóstico. O sexto desafio é que enquanto é aguardado a investigação da Adapar, o abate precisa ser interrompido, gerando problemas na estocagem até a obtenção dos resultados laboratoriais, sendo esta a sétima dificuldade encontrada pelo setor.

O oitavo desafio diz respeito às propriedades interditadas que acabam por comprometer as escalas de abate, situação esta atrelada ao nono desafio, que o tempo a mais que ficam nas propriedades podem deixar os animais estressados, podendo provocar o aparecimento de lesões. O décimo desafio está ligado ao tempo de reação da cadeia que, devido ao alto número de notificações, impede que os órgãos de defesa agropecuária, como a Adapar, atendam a todos os casos no tempo desejado.

A logística das amostras até o LFDA-MG é complexa e a vigilância de outras doenças é prejudicada para atender às notificações de Senecavírus A fecham o ranking dos 12 principais desafios na identificação da doença.

Entre as possíveis soluções para minimizar esses obstáculos apontadas por Dias incluem a implementação de intervalos entre lotes, desinfecção e vacinação, além de investimentos em biosseguridade. “Isso envolve edificações teladas e cercadas, ambientes limpos, água e ração de qualidade, trocas de roupas nas áreas limpas e evitar visitas de pessoas e veículos nas granjas”, evidencia, ressaltando: “A cadeia suína deve se preparar cada vez mais para novos desafios sanitários”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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