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Estratégias nutricionais para fêmeas suínas em gestação

Fatores como nutrição, manejo, mão de obra, ambiência e doenças afetam os parâmetros produtivos das granjas de suínos

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 Artigo escrito por Adsos Adami dos Passos, médico Veterinário, Msc & Phd e gerente de Suínos América Latina na DSM

Os parâmetros produtivos das granjas de suínos foram significativamente alterados nos últimos anos. O número de leitões nascidos vivos por parto passou de 11,4 em 2007 para 12,9 em 2017 e o número de nascidos vivos por fêmea por ano cresceu de 27,0 em 2008 para 30,5 em 2017. Entretanto, a taxa de mortalidade de leitões durante a lactação também aumentou, passando de 7,8% para 8,4% durante o período compreendido entre 2007 e 2017. As fêmeas que produzem maior número de leitões por leitegada tendem a produzir leitões de menor peso, com menor taxa de sobrevida, o que afeta negativamente os índices produtivos das granjas.  Fatores como nutrição, manejo, mão de obra, ambiência e doenças afetam os parâmetros produtivos das granjas de suínos. O texto a seguir discutirá a produtividade das fêmeas suínas considerando a perspectiva nutricional. O objetivo do texto é indicar ferramentas nutricionais que podem melhorar a produtividade das fêmeas, ajudando a mitigar o impacto do baixo peso ao nascer dos leitões.

Requerimentos nutricionais

O NRC é uma referência para os requerimentos nutricionais de suínos e seu modelo matemático permite ajustar os níveis nutricionais fornecidos aos animais de acordo com diferentes parâmetros produtivos. Para fêmeas suínas em gestação (165 kg de peso vivo, 60 kg de ganho de peso durante a gestação e 13,5 leitões produzidos) a recomendação é a ingestão de 6.298 quilocalorias e 8,5 gramas de lisina por dia. A edição anterior de 1998 recomendava a ingestão diária de 6.015 quilocalorias e 8,2 gramas de lisina para fêmeas em gestação (175 kg de peso vivo, 45 kg de ganho de peso e 12 leitões produzidos). Houve, portanto, um ajuste dos requerimentos de energia e lisina para fêmeas teoricamente mais produtivas.

O modelo do NRC também permite analisar os requerimentos nutricionais durante as fases da gestação. Os requerimentos de energia e proteína aumentam à medida que a gestação avança devido ao crescimento dos fetos e do tecido mamário. No início da gestação as fêmeas devem ingerir cerca de 6.000 quilocalorias por dia e ao final da gestação, cerca de 7.000 quilocalorias. Na gestação, os teores necessários de proteína passam de 60 gramas por dia no primeiro dia de gestação para 150 gramas por dia ao final da gestação. O aumento dos requerimentos de energia e proteína para fêmeas gestantes ocorrem principalmente após 90 dias de gestação, período em que há um aumento acentuado da demanda para os fetos e tecido mamário.

Entretanto, o aumento nos requerimentos de energia e proteína não são proporcionais. O requerimento de energia aumenta 1,2 vezes entre o início e o final da gestação, enquanto o requerimento de proteína aumenta 2,5 vezes. Assim, uma única dieta de gestação não é capaz de atender adequadamente à demanda nutricional de todo o período, sendo necessária a formulação de uma dieta adicional para o período final da gestação. A seguir são apresentadas considerações sobre a adequação nutricional para fêmeas em gestação.

Dieta de gestação

A adequação nutricional se baseia nos requerimentos nutricionais de fêmeas em gestação com 165 kg de peso corporal, 60 kg de ganho de peso durante o período gestacional e 13,5 leitões produzidos. Para esta adequação, a dieta foi simulada para conter 3.170 quilocalorias e 4,6% de digestibilidade ileal aparente de lisina (Lys SID) por kg de ração (dieta com 76% de milho, 13% de farelo de soja, 8% de farelo de trigo e 4% de premix vitamínico e mineral), sendo a lisina o primeiro aminoácido limitante. Os requerimentos nutricionais de fêmeas em gestação são de 6.928 quilocalorias e 9,20 gramas de Lys SID por dia até os 90 dias da gestação. Depois dos 90 dias de gestação, os requerimentos se elevam para 8.181 quilocalorias e 15,10 gramas de Lys SID por dia.

Considerando a dieta mencionada anteriormente e um fornecimento de 2,2 kg de ração ao dia, esta dieta forneceria 6.977 quilocalorias e 10,17 gramas de Lys SID por dia, atendendo portanto a demanda nutricional de fêmeas suínas até os 90 dias de gestação. Caso essa ração fosse fornecida em mesma quantidade para as fêmeas depois dos 90 dias de gestação, haveria uma deficiência de 14% de energia e de 33% de Lys SID. Uma alternativa de adequação energética seria utilizar a mesma dieta, mas fornecer 2,6 kg por dia, elevando assim a energia para 8.246 quilocalorias, atendendo os requerimentos energéticos. O aporte de Lys SID seria de 12,02 gramas ao dia, o que não seria suficiente para atender à maior demanda proteica dos fetos em crescimento, resultando em uma deficiência de 20% em relação aos requerimentos proteicos. Por outro lado, a adequação nutricional poderia considerar a Lys SID e utilizar a mesma dieta; neste caso, o fornecimento de 3,3 kg de ração ao dia resultaria em um consumo diário de 15,26 gramas de Lys SID, atendendo as necessidades proteicas, mas o inconveniente seria a oferta de um excesso de 28% de energia, que seria de 10.466 quilocalorias por dia.

Dieta de lactação

Algumas granjas utilizam como prática fornecer ração de lactação para fêmeas em período final de gestação. A ideia de oferecer dietas de lactação para fêmeas em gestação foi baseada em uma típica dieta de lactação (65% de milho, 27% de farelo de soja, 2% de farelo de trigo, 2% de óleo de soja e 4% de premix vitamínico e mineral), contendo 3.328 quilocalorias e 7,8 gramas de Lys SID (primeiro aminoácido limitante) por kg de dieta. O fornecimento de 2,0 kg desta dieta resulta em ingestão de 15,6 gramas de Lys SID ao dia, o que satisfaz as necessidades do aminoácido (3,31% acima das necessidades), mas esta dieta fornece apenas 6.656 quilocalorias por dia de energia, o que resulta em uma deficiência de 18,64% em relação aos requerimentos energéticos.

Caso fossem fornecidos 2,5 kg por dia, esta dieta resultaria em ingestão de 8.321 quilocalorias por dia e 19,59 gramas de Lys SID, o que atenderia os requerimentos energéticos (1,71 % acima das necessidades), mas com excesso de Lys SID (30% acima das necessidades nutricionais), resultando em aumento de excreção de nitrogênio e desperdício de proteína.

Dieta pré-parto

A adequação nutricional poderia considerar a formulação de uma dieta específica para o período pré-parto, a ser fornecida a partir dos 90 dias de gestação. Neste caso, a simulação considera uma dieta com 3.182 quilocalorias e 6,2 gramas de Lys SID por kg de ração (70% de milho, 19% de farelo de soja, 7% de farelo de trigo e 4% de premix vitamínico e mineral). O fornecimento de 2,6 kg por dia resultaria em ingestão de 8.272 quilocalorias (1,11% acima da necessidade) e 16,05 gramas de Lys SID (6,35% acima da necessidade), atendendo os requerimentos nutricionais das fêmeas suínas e evitando excessos de energia ou proteína que poderiam resultar em fêmeas mais pesadas ou desperdício de nutrientes. Além disso, possíveis deficiências de aminoácidos seriam evitadas neste período de maior demanda nutricional para crescimento fetal, considerando que a deficiência de lisina depois dos 80 dias de gestação pode resultar em redução do peso da leitegada.

Cálcio e fósforo

Em relação aos requerimentos de minerais, o teor mineral dos fetos aumenta gradativamente ao longo da gestação, aumentando a demanda nutricional de minerais depois dos 90 dias de gestação. Para fêmeas de 165 kg de peso vivo (60 kg de ganho de peso e 13,5 leitões produzidos) os requerimentos de cálcio e fósforo (digestibilidade total e aparente) são de 11,42 e 4,22 gramas por dia, respectivamente. Depois dos 90 dias de gestação os requerimentos de cálcio e fósforo aumentam para 19,31 e 7,25 gramas por dia, respectivamente, e podem ser atendidos fornecendo 2,2 kg por dia de ração de gestação formulada com 0,84% de cálcio e 0,37% de fósforo (digestibilidade total e aparente) até os 90 dias de gestação. No período a partir dos 90 dias de gestação, esses requerimentos podem ser atendidos fornecendo 2,6 kg de dieta formulada com 0,86% de cálcio e 0,38% de fósforo (digestibilidade total aparente).

Ferramentas específicas (vitamina D, arginina e cromo)

Vitamina D

A vitamina D atua na absorção de cálcio e fósforo para a formação do tecido esquelético e muscular, entre outras funções. A suplementação de vitamina D consiste na adição de colecalciferol à ração. O colecalciferol é metabolizado no fígado para formar 25-hidróxi-colecalciferol, que é a forma circulante da vitamina D. A suplementação de vitamina D também pode ser feita através da adição de 25-hidróxi-colecalciferol à dieta. A suplementação de 25-hidróxi-colecalciferol eleva os níveis plasmáticos de vitamina D aumenta a proliferação de mioblastos em fetos suínos e resulta em maior ganho peso dos fetos (26%) aos 90 dias de gestação. A utilização de 25-hidróxi-colecalciferol nas dietas da gestação pode ser uma ferramenta nutricional para melhorar a produtividade das fêmeas.

Cromo

O cromo eleva o número de transportadores de glicose (GluT4) na membrana celular, melhorando o transporte de glicose para as células. Observações demonstram que a suplementação da dieta com 0 a 1.000 ppb de cromo resulta em aumento de 4 a 5% no número de leitões nascidos vivos. O efeito de aumento do tamanho da leitegada do cromo parece estar relacionado a um efeito semelhante ao da insulina no metabolismo da glicose, reduzindo a vida média da glicose na circulação. Também foi demonstrado que a injeção de insulina em leitoas aumenta a taxa de ovulação e o número de leitões.

Arginina

A arginina é um aminoácido sintetizado a partir da glutamina. Em animais jovens (leitoas), essa síntese é insuficiente. Durante a gestação ocorre um acúmulo de arginina no líquido alantoide, a arginina é convertida em óxido nítrico, que possui efeito vasodilatador e pode promover maior irrigação sanguínea uteroplacentária, aumentando assim a transferência de nutrientes para os fetos. A suplementação da dieta de gestação com 1% de arginina HCl resultou em aumento de 24% no número de leitões nascidos vivos.

Conclusão

Considerando os requerimentos nutricionais crescentes de fêmeas suínas ao longo da gestação, as dietas devem ser ajustadas ao longo desse período. A formulação de uma dieta específica para o período após os 90 dias de gestação permite atender à maior demanda de proteína para crescimento fetal e do tecido mamário. Ingredientes como 25-hidróxi-colecalciferol, cromo e arginina podem ter efeito positivo sobre o peso dos leitões ao nascer e sobre o número de leitões nascidos vivos.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de janeiro/fevereiro de 2019.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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