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Estratégias modernas de controle das doenças respiratórias
Infecções respiratórias representam 76% das causas de mortalidade nas fases de crescimento e terminação no Brasil.

O complexo de doenças respiratórias dos suínos (CDRS) é uma terminologia que se refere a infecções respiratórias, com múltiplos agentes etiológicos envolvidos no mesmo processo infeccioso, representando 76% das causas de mortalidade nas fases de crescimento e terminação no Brasil, impactando negativamente na economia pela redução no ganho de peso, elevação nos dias de alojamento e mortalidade, aumento dos custos com medicamentos, além das condenações ao abate, relacionadas com pneumonias, pleurites e abcessos.
Um estudo revela que o agente respiratório mais prevalente no campo a nível nacional é a Influenza suína com 59% de prevalência, seguida de Mycoplasma hyopneumoniae em 22%, e o Circovírus suíno tipo II (PCV-2) figurando em terceiro lugar dentre os agentes primários com 8,5%, atingindo suas prevalências máximas aos 150 dias de vida, com 74%, 38% e 21% respectivamente.
Estudo interno da Zoetis revela, que o agente respiratório mais prevalente no campo a nível nacional, é a Influenza suína com 59% de prevalência, seguida de Mycoplasma hyopneumoniae em 22% e Circovírus suíno tipo II (PCV-2) em quinto colocado com 8,5%, atingindo suas prevalências máximas aos 150 dias de vida, com 74%, 38% e 21% respectivamente.
A Influenza suína, PCV-2 e Mycoplasma hyopneumoniae são considerados agentes primários, com efeito imunossupressor, além de predispor infecções por Glaesserella parasuis, Streptococcus suis, Actinobacillus pleuropneumoniae e Pasteurella multocida, compondo desta forma o CDRS.
Após a adesão destes agentes primários ao tecido pulmonar, inicia-se uma resposta natural do organismo, onde as células de defesa, reconhecem o agente estranho, e estimulam a liberação de mediadores pró-inflamatórios, com objetivo de promover inflamação no tecido alvo e recrutar neutrófilos e linfócitos para o controle da infecção.
Em relação a patogenia dos agentes virais, a Influenza suína, é um agente causador de infecção respiratória aguda em suínos, exacerbando uma resposta inflamatória grave, pela produção de citocinas, ocasionando morte dos pneumócitos alveolares e do tecido vascular, a. Além destas lesões teciduais, a influenza suína estimula a secreção de glicocorticóides, causadores de imunossupressão, evidenciando edema pulmonar e sinais clínicos como dificuldade respiratória, febre, secreções nasais e inflamação das vias aéreas.
Já o PCV-2, um dos menores vírus descritos, possui alta variabilidade da região do genoma que codifica as proteínas estruturais e está associada associado às co–infecções, relacionado ao complexo das doenças respiratórias suínas, além de ocasionar falhas reprodutivas, enterite granulomatosa, linfadenite necrosante, epidermite exsudativa e tremor congênito. O PCV-2, possui como alvo primário os tecidos linfóides, o que gera a depleção deste sistema e a imunossupressão dos suínos acometidos, favorecendo infecções concomitantes com outros patógenos.
Tão importante quanto os agentes de ordem viral, a bactéria Mycoplasma hyopneumoniae desencadeia um papel importante no CDRS, pois após sua inalação, este agente se adere ao epitélio ciliado da traqueia, brônquios e bronquíolos, seguindo para indução de ciliostase – sendo este a primeira etapa de infecção do agente, posterior a sua adesão, a infecção induz através das células de defesa, a produção de mediadores pró-inflamatórios, além de citocinas imunorreguladoras.
Esta resposta inflamatória excessiva está associada a hiperplasia linfóide, sendo considerada um dos principais fatores de lesões pulmonares. Outro mecanismo desta bactéria é sua relação em co-infecções, através da produção de um açúcar, chamado de L-fucose, que favorece a adesão de Pasteurella multocida tipo A nas células epiteliais dos brônquios e bronquíolos.
Diante destes cenários de patogenia dos agentes, fica claro que o sucesso no controle dos agentes que constituem o CDRS, está principalmente relacionado aos agentes primários, que desequilibram a sanidade dos planteis pela capacidade de imunossupressão, além da exacerbada reação inflamatória que causam lesões pulmonares, conforme figura 1.

Figura 1 – Lesões de pneumonia intersticial em pulmão suíno, representando inflamação/edema pulmonar ocasionado por agente primário
Prevenção
Obviamente as medidas de biosseguridade, imunoprofilaxia e antibioticoterapia, são atuações básicas e rotineiras do setor suinícola na prevenção e controle destas pneumonias, porém, precisamos evoluir em ações estratégicas, baseado na dinâmica de infecção que atualmente está presente no campo, por dois simples motivos, acelerar a recuperação dos suínos enfermos e gerar maior rentabilidade ao negócio, com tratamentos farmacológicos efetivos alinhadas ao uso racional e prudente de antimicrobianos.
Neste sentido, duas estratégias de prevenção e controle apresentam-se relevantes para o controle de CDRS
1 – Uso de produto antimicrobiano de alta eficácia e ação prolongada em única dose com propriedades anti-inflamatórias: atualmente a diversidade de produtos antimicrobianos à disposição da suinocultura é grande, porém, é extremamente relevante a escolha de produtos que possuem elevada eficácia terapêutica, com longa ação e de preferência em dose única a fim de reduzir estresse aos animais, e mão de obra ao suinocultor. De todos os princípios ativos, a Tulatromicina atende estes requisitos, além de apresentar ação anti-inflamatória.
Uma das características da molécula, é inibir a liberação dos mediadores pró-inflamatórios e induzir a morte celular programada (apoptose), reduzindo a inflamação no local da infecção, gerando assim menor lesão pulmonar, conforme ilustração da figura 2 com Tulatromicina.

Figura 2 – Imagens comparativas microscópicas (A,B e C) que representam o grau de infiltrados inflamatórios e Imagens comparativas macroscópicas de pulmões (D, E e F) demonstrando cada grupo de tratamento.
Em termos práticos, os suínos que recebem a Tulatromicina, possuem 96% de eficácia terapêutica e uma recuperação e regressão da infecção bacteriana de forma mais rápida em função da atividade anti-inflamatória, favorecendo assim o desempenho dos animais à a campo.
2 – Metafilaxia no pré-desmame: outra estratégia é o uso de Tulatromicina em aplicação metafilática, que é a utilização de um antimicrobiano, destinado a um grupo de animais sabidamente em um momento específico de desafio sanitário, como por exemplo, o alojamento de múltiplas origens na fase de creche.
Baseado nesta premissa, a figura 3 demonstra que a utilização de metafilaxia com Tulatromicina no momento pré-desmame – 1 ou 2 dias antes do desmame, torna-se mais interessante quando comparado ao pós-desmame, com aplicação na fase de creche.

Figura 3 – Comparativo de indicadores zootécnicos entre grupos, mensurados nos primeiros 15 dias de alojamento em fase de creche.
Com acréscimo de 750 gramas de peso por leitão, redução de 62% na mortalidade e 16% na refugagem, uma das hipóteses destes resultados, é a redução na taxa de transmissão dos agentes respiratórios, bem como a ação imunomoduladora ainda antes do momento de estresse do desmame, uma vez que os leitões ao se misturarem com outras origens no alojamento em creche, já estão sob efeito da Tulatromicina.
Em conclusão, os desafios sanitários de ordem respiratória, estão presentes e prevalentes no campo. Além de programas vacinais robustos, a terapia de animais enfermos é inevitável, desta forma a Tulatromicina, além de ser um princípio ativo com ação antimicrobiana, possui propriedades anti-inflamatórias que a torna uma ferramenta estratégica no controle das infecções e principalmente da inflamação causada pelo complexo de doenças respiratórias nos suínos, promovendo a saúde do plantel, maior rentabilidade ao suinocultor com uso racional e prudente de antimicrobianos.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes. Boa leitura!

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



