Conectado com

Suínos Manejo

Estratégias e oportunidades no manejo alimentar na fase de creche

Avaliar condições gerais das creches é o primeiro passo para assegurar um progresso nos indicadores zootécnicos

Publicado em

em

Divulgação

 Artigo escrito por Fernanda Laskoski, médica veterinária e membro da equipe Técnica Comercial da Auster Nutrição Animal

A principal consequência dos manejos e eventos negativos dos primeiros dias de creche é a redução ou até ausência de consumo voluntário imediatamente após o desmame. Por isso, além dos cuidados com a dieta, estratégias que estimulem o hábito do comportamento alimentar e facilitem a adaptação a comedouros e bebedouros no pós-desmame são necessárias. Além da composição nutricional da dieta, priorizar o manejo alimentar bem como a oferta e a acessibilidade da ração ao longo da fase, contribuem consideravelmente nos indicadores zootécnicos e podem auxiliar diretamente na redução dos custos de alimentação.

Pré-desmame

O fornecimento de suplementações para disponibilizar uma fonte extra de nutrientes, assim como o uso rações altamente digestíveis sejam elas úmidas ou secas, já na fase pré-desmame, podem favorecer a melhoria do sistema digestório baseando-se no desenvolvimento enzimático e funcional do trato gastrointestinal, além do condicionamento do leitão à busca de alimento no comedouro. Pensando dessa maneira, estudos comparando dietas simples e complexas para leitões nesse período, observaram que leitegadas alimentadas com dietas complexas consumiram 2x mais do consumo total da fase e mostraram uma significativa maior ingestão diária de ração do que leitegadas que consumiram dietas simples. Além disso, dietas de alta complexidade apresentaram um aumento de 40% no percentual de consumidores. Outro fato interessante observado no estudo, foi que o tipo de comedouro do creep feeding também pode influenciar significativamente no percentual de consumidores na leitegada. Isso nos leva a afirmar que não somente a dieta, mas também a busca por modelos de comedouro com maior acessibilidade e maior tempo de oferta do alimento podem influenciar no consumo de leitões e devem ser levados em consideração no momento da escolha desse manejo na granja.

Creche

Estudos recentes demostram que 21% dos animais leves ao desmame que não apresentam qualquer ganho de peso na primeira semana de creche, tornam-se animais removidos (refugos) ao longo da fase. Outro estudo avaliou o efeito do consumo nas primeiras horas pós-desmame sobre o desempenho de leitões na fase de creche. Resultados demostraram que animais que não apresentam um consumo prévio nas primeiras 42h pós-desmame, tiveram 3,16 vezes mais chance de serem removidos ao longo do período, independentemente do peso ao desmame. Dados como esses demostram a importância que o consumo pós-desmame possui para a manutenção, sobrevivência e redução na taxa de removidos durante a fase. E ainda, reforçam a necessidade de se buscar estratégias e manejos que reduzam o intervalo de tempo existente entre desmame e o início de consumo pós-desmame.

Estratégias como o uso de tapetes biodegradáveis de alimentação, que se assemelham ao fato de se ofertar pequenas quantidades de ração próximas ao comedouro para estímulo do consumo inicial, também mostram resultados significativos.

Estudos da Universidade de Kansas (EUA) demostram que ofertar ração em tapetes biodegradáveis localizados próximo ao comedouro 3x ao dia: 250g/por vez (750 g/dia) durante 6 dias pós-desmame, apresentaram uma redução de 4% no percentual de removidos na fase de creche. Além disso, uma tendência ao aumento no ganho de peso dos animais também foi observado com o uso dessa prática.

Pesquisas brasileiras avaliaram diferentes espaços de comedouro para leitões na fase de creche. Nesses trabalhos, observou-se uma redução linear do tempo médio de início de consumo alimentar quanto maior foi o espaço de comedouro disponível/leitão. Dados demostraram que para cada aumento de 1 cm de espaço de comedouro/leitão antecipou-se em torno de 2,5 horas o consumo pós-desmame. Neste mesmo estudo, levando em consideração a taxa de sobrevivência (mortalidade + removidos), a cada 100 animais desmamados, aumentando 1 cm de espaço de comedouro/leitão entregou-se cerca de 54,3 kgs a mais em leitões ao final da fase. Destacando-se com isso a importância de se planejar e ofertar um maior espaço de comedouro já na fase de creche.

O comedouro na fase de creche também é um ponto bastante negligenciado. Estudos sugerem que o desperdício de ração pode ser de 2 a 11%, de acordo com o desenho do comedouro automático. Ainda, dados demostram que aproximadamente R$12 mil em ração passam por cada comedouro de creche ao ano. Por isso, investimentos em comedouros de alta qualidade, com uma boa taxa de regulagem e baixa taxa de desperdício, podem se pagar facilmente.

Pesquisas recentes têm demostrado que não somente o espaço de comedouro, mas a densidade e a forma de apresentação da ração (úmida e seca) podem trabalhar de forma conjunta no desempenho. Em situações de alta densidade, ofertar um maior espaço de comedouro pode ser uma estratégia interessante para a melhoria do desempenho. Nestes mesmos estudos, observou-se uma melhoria de 4 a 5% no consumo e ganho de peso de leitões com o uso de ração úmida.  Porém, é válido salientar, que a utilização de ração úmida gera um alto percentual de manejo e uma maior necessidade de disponibilidade de mão-de-obra, quando comparado ao uso de ração seca. No entanto, quando bem manejada, pode trazer benefícios, podendo auxiliar principalmente em cenários onde há pouca oferta de espaço de baia e de comedouro.

São muitas as estratégias de manejo que podem auxiliar na melhoria dos resultados dessa fase. Porém, vale ressaltar que somente melhorias em ações isoladas, sem preocupar-se com nutrição, sanidade e ambiência, não serão suficientes para garantir um bom desempenho. Portanto, avaliar as condições gerais de nossas creches buscando encontrar oportunidades de melhorias de acordo com cada realidade, é o primeiro passo para assegurar um progresso nos indicadores zootécnicos.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

Publicado em

em

Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.