Avicultura Nutrição
Estratégia eficiente para mitigar prejuízos com micotoxinas
Combinação de tecnologias empregadas com objetivo de sequestrar micotoxinas se mostra mais eficiente do que adoção de uma tecnologia única

Artigo escrito por Valéria dos Santos Moreira, consultora Técnica Comercial – Nutrição Animal da MCassab
As micotoxinas são toxinas produzidas pelo metabolismo secundário dos fungos que se desenvolvem quando há condições ideais de temperatura, umidade e oxigênio. Os grãos apresentam alta suscetibilidade à contaminação pelos fungos, o que pode ocorrer em diferentes etapas do desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento ou armazenamento.
Micotoxinas podem trazer grandes prejuízos econômicos a depender do tipo, nível de contaminação, tempo de exposição, espécie animal, idade e estado fisiológico. De forma geral, os principais efeitos observados são: quadro de intoxicação alimentar com redução de consumo de ração e de desempenho, imunossupressão e desordens reprodutivas.
Neste cenário, os fungos de maior importância econômica são do gênero Aspergillus, produtores das aflatoxinas, e Fusarium, fungos responsáveis pela produção das fumonisina, zearalenona, deoxinivalenol, T2, entre outros.
Diversas micotoxinas podem ser produzidas concomitantemente no mesmo substrato, além da contaminação cruzada entre matérias primas em fábricas de ração que também contribui para o aumento da incidência das doenças causadas por esses metabólitos.
A contaminação por micotoxinas é um problema frequente e uma eficiente gestão envolve um adequado monitoramento e boas práticas de fabricação. Sabemos que mesmo com essas medidas sendo aplicadas, ainda pode haver a contaminação fúngica na dieta. Como parte de uma eficiente estratégia está a utilização de adsorventes, com o objetivo de mitigar esses prejuízos.
Os adsorventes inorgânicos, entre eles as argilas e os aluminossilicatos, têm grande afinidade por moléculas polares como as aflatoxinas. Esses compostos inertes se ligam a esta micotoxina impedindo a sua absorção intestinal. Um bom adsorvente deve conter uma elevada taxa de adsorção e uma baixa taxa de dessorção, ou seja, a ligação entre o adsorvente e a micotoxina deve ser mantida ao longo do trato do animal.
Tratando-se de adsorventes orgânicos, a parede celular de levedura, composta por beta-glucano e mananoligossacarídeos, têm-se mostrado uma boa estratégia para a adsorção das demais micotoxinas, pois são capazes de ligar-se eficientemente a metabólitos como a fumonisina e a zearalenona, impedindo a absorção intestinal.
Por fim, a combinação de tecnologias empregadas com o objetivo de sequestrar as micotoxinas se mostra mais eficiente do que a adoção de uma tecnologia única. Dessa forma a escolha de um bom adsorvente e seu uso racional, aliado a um eficiente programa de monitoramento, torna-se um importante aliado para minimizar os problemas causados pela contaminação por micotoxinas no animal.
Há linha de adsorventes capaz de adsorver micotoxinas de grande importância econômica como Aflatoxina, Fumonisina e Zearalenona, mantendo assim seu plantel sadio.
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Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



