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Estoque reduzido, dólar e demanda externa elevam preços em setembro
Paraná avançou 4,3% no acumulado do mês

Os preços domésticos da soja subiram em setembro. Segundo pesquisadores do Cepea, os valores foram impulsionados pelos menores estoques neste período de entressafra, pela apreciação do dólar frente ao Real e pelo maior interesse internacional pelo produto brasileiro.
Isso porque os Estados Unidos vêm enfrentando dificuldades logísticas de exportação, ocasionadas por temporais recentes, o que tem levado compradores ao Brasil.
Em setembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá subiu 5,2%, fechando a R$ 175,59/sc de 60 kg no dia 30. O Indicador da soja CEPEA/ESALQ – Paraná avançou 4,3% no acumulado do mês, fechando a R$ 171,52/sc de 60 kg no encerramento de setembro.

Notícias
São Paulo inaugura centro de pesquisa para pecuária tropical sustentável
Instituto de Zootecnia lança unidade com laboratório de genômica animal e projetos inovadores para aumentar produtividade, reduzir carbono e fortalecer competitividade do agro.

O Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, inaugurou oficialmente na última sexta-feira (19) a Divisão Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Sustentável e o Laboratório de Genômica Animal, consolidando a cidade como referência nacional e internacional em ciência aplicada à pecuária tropical de baixo carbono.
A cerimônia reuniu autoridades estaduais e municipais, pesquisadores, representantes da iniciativa privada e parceiros institucionais. Como ato simbólico da inauguração, foi realizado o plantio de árvores na área da unidade, representando o início de um novo ciclo para a pesquisa pecuária na região, pautado pela sustentabilidade, inovação e integração entre ciência e produção.
Implantado em uma área de aproximadamente 220 hectares, o Centro de Pecuária Sustentável tem como missão o desenvolvimento, validação e transferência de tecnologias voltadas a sistemas produtivos mais eficientes, sustentáveis e alinhados aos compromissos ambientais do Brasil. A unidade abriga projetos estratégicos como o NeuTroPec, Centro de Ciência para o Desenvolvimento da Neutralidade Climática da Pecuária de Corte em Regiões Tropicais, além do RumenLab.
Durante o evento, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, destacou a relevância da nova unidade para o futuro do agro brasileiro. “Hoje a pecuária brasileira bate recordes diariamente. Somos o maior produtor e exportador do mundo, com um potencial de crescimento gigantesco. Este centro é o primeiro laboratório do mundo dedicado à pecuária tropical sustentável e vai gerar benefícios diretos para o produtor, para o meio ambiente e para a competitividade do Brasil”, afirmou.
Em tom de despedida, por estar nos últimos dias à frente da pasta, o secretário ressaltou o legado da gestão. “Entrego uma secretaria mais forte, que quebrou recordes em todas as áreas. Por trás dos números existem pessoas, histórias e dignidade. Essa semente plantada aqui hoje vai ajudar ainda mais o nosso agro e os verdadeiros heróis do país: as mulheres e os homens do campo.”
O coordenador do Instituto de Zootecnia, Enilson Ribeiro, falou sobre a importância desta unidade: “É uma Divisão que vem consolidar a responsabilidade do IZ com a produção animal sustentável”. A diretora da unidade, Renata Helena Branco, enfatizou que a inauguração representa uma prestação de contas à sociedade e aos parceiros que acreditaram no projeto. “Esse centro nasce com o propósito de ser uma vitrine tecnológica, conectando pesquisa pública, iniciativa privada e produtor rural, sempre com base em evidências científicas”, destacou.
Com a inauguração da Divisão Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Sustentável, o Instituto de Zootecnia e a APTA reafirmam seus papéis históricos na ciência agropecuária brasileira, fortalecendo parcerias público-privadas e posicionando São José do Rio Preto como um polo estratégico de inovação, sustentabilidade e competitividade da pecuária tropical.
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Portos do Sul registram crescimento e movimentam 108 milhões de toneladas
Expansão é puxada por granéis sólidos e cargas conteinerizadas, com destaque para milho e adubos, refletindo aumento da demanda e modernização da infraestrutura.

A movimentação portuária na Região Sul alcançou 108,4 milhões de toneladas entre janeiro e outubro de 2025, de acordo com o Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O volume representa crescimento de 7,41% em relação ao mesmo período de 2024, confirmando o bom desempenho dos portos sulistas.
O desempenho regional foi impulsionado principalmente pelos granéis sólidos, que somaram 65,3 milhões de toneladas (alta de 1,65%). A movimentação de cargas conteinerizadas também teve forte evolução, atingindo 25,9 milhões de toneladas, com crescimento de 23,48%. O granel líquido movimentou 6,2 milhões de toneladas, expansão de 10,18%, enquanto a carga geral totalizou 11,0 milhões de toneladas, com aumento de 9,13% na comparação anual.
Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o avanço reflete o esforço conjunto de gestão e modernização da infraestrutura na região. “Os portos do Sul vêm apresentando um desempenho consistente, combinando aumento de demanda, diversificação de cargas e investimentos estruturantes”, afirmou.
Portos mais movimentados

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
O Porto de Paranaguá (PR) liderou a movimentação na região com 55,2 milhões de toneladas, representando 50,9% do total movimentado, com crescimento de 7,61%. Em seguida aparece o Porto do Rio Grande (RS), com 26,3 milhões de toneladas, participação de 24,3% e alta de 9,32%.
O Porto de São Francisco do Sul (SC) movimentou 14,9 milhões de toneladas (13,7% do total), registrando alta de 1,48%. Já o Porto de Imbituba (SC) somou 6,2 milhões de toneladas (5,7%), com retração de 14,7%, enquanto Itajaí (SC) movimentou 3,4 milhões de toneladas, representando 3,1% da carga da região, mas com crescimento expressivo de 461% em relação a 2024.
Perfil das mercadorias
O Sul apresentou perfil diversificado de cargas, com destaque para produtos do agronegócio e insumos industriais. As cargas conteinerizadas lideraram o ranking, com 25,9 milhões de toneladas (23,9%) e alta de 23,48%.
A soja movimentou 23 milhões de toneladas (21,3%), registrando retração de 8,0%. Os adubos (fertilizantes) somaram 16,2 milhões de toneladas (15,0%), com alta de 7,09%. O milho totalizou 6,5 milhões de toneladas, participação de 6,0% e crescimento de 165,56%, enquanto o açúcar movimentou 6,1 milhões de toneladas (5,6%), com queda de 9,7%.
Operações
A navegação de longo curso, que concentra operações de importação e exportação, movimentou 93,4 milhões de toneladas, com alta de 6,43%. A cabotagem, responsável pelo transporte entre portos brasileiros, somou 6,0 milhões de toneladas, crescendo 8,37%. As vias interiores movimentaram 2,9 milhões de toneladas, com retração de 3,35%.
No comércio exterior, as importações cresceram 9,34% e as exportações aumentaram 4,98%. O transporte por contêineres teve alta de 18,51%, enquanto as demais cargas cresceram 4,55%. No mercado interno, o transporte de cargas de origem nacional avançou 6,49%.
O ministro destacou ainda que os resultados demonstram retorno concreto das ações do Governo Federal. “Os investimentos em dragagem, acessos terrestres e modernização operacional estão fortalecendo a competitividade dos portos do Sul e ampliando a capacidade logística do país”, finalizou.
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Agricultura brasileira une ciência e tecnologia para reduzir carbono
Livro lançado na COP30 destaca práticas e inovações que permitem alta produtividade com baixo impacto climático e maior rastreabilidade ambiental.

Durante a COP30, conferência do clima das Nações Unidas sediada em Belém (PA), em 2025, o governo brasileiro lançou o livro Ciência para o clima e soluções da agricultura brasileira, uma síntese das principais contribuições da ciência nacional para enfrentar a crise climática. Organizada pela Embrapa, a publicação reúne décadas de pesquisa sobre tecnologias, métricas e estratégias que mostram como a agricultura tropical pode reduzir emissões e sequestrar carbono, mantendo alta produtividade.
O balanço de carbono, que calcula a diferença entre o carbono emitido e o capturado nos sistemas produtivos, tornou-se um dos principais indicadores da sustentabilidade agropecuária. Segundo a pesquisadora Beata Madari, da Embrapa Arroz e Feijão, mensurar o carbono com precisão é essencial para orientar políticas públicas e certificar cadeias produtivas de baixo impacto. “A avaliação de ciclo de vida e o balanço de carbono permitem comprovar que a agricultura tropical pode ser produtiva e, ao mesmo tempo, contribuir para mitigar as mudanças climáticas”, explica.
A agropecuária brasileira já é uma das que mais aplicam práticas conservacionistas no mundo. O Plano ABC+ (2020–2030), principal política nacional de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) no setor, prevê a ampliação do uso de tecnologias sustentáveis em 72 milhões de hectares, evitando a emissão de mais de 1 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente até 2030. Entre as ações estão a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto, o uso racional de bioinsumos e irrigação e a fixação biológica de nitrogênio, práticas que aumentam o sequestro de carbono no solo e a eficiência produtiva.
Nos sistemas agrícolas, as plantas capturam CO₂ pela fotossíntese, e parte desse carbono é armazenada no solo na forma de matéria orgânica — que pode conter até 58% de carbono. Boas práticas de manejo aumentam esse estoque, melhoram a fertilidade e reduzem o uso de insumos sintéticos. Já o desmatamento e o mau uso do solo liberam carbono e agravam o efeito estufa. Para medir e comparar os fluxos de gases, a Embrapa adota parâmetros do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que expressa os resultados em CO₂ equivalente. O metano (CH₄), por exemplo, tem potencial de aquecimento 27 vezes maior que o dióxido de carbono, e o óxido nitroso (N₂O), 273 vezes mais potente.
A precisão das medições também depende da qualidade dos laboratórios, explica Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.
A Embrapa coordena o Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade do Solo (PAQLF), que avalia 176 unidades em todo o país, e o Ensaio de Proficiência em Análise de Carbono do Solo (EPCS), primeiro programa interlaboratorial do mundo voltado à harmonização de resultados de carbono. O EPCS compara métodos de análise e garante a confiabilidade dos dados usados em inventários e mercados de carbono.
Essas iniciativas já geraram resultados expressivos: o primeiro Plano ABC (2010–2020) evitou a emissão de 194 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, com práticas sustentáveis adotadas em 54 milhões de hectares. A combinação entre ciência, política pública e inovação tecnológica consolidou o Brasil como referência internacional em agricultura de baixa emissão.
A recuperação de pastagens e a integração entre lavoura, pecuária e floresta estão entre os pilares dessa transformação. Hoje, 197 milhões de cabeças de gado ocupam 161 milhões de hectares, 11% a menos do que há 20 anos, enquanto a produtividade quase dobrou. Pastagens bem manejadas sequestram carbono, reduzem o desmatamento e melhoram o bem-estar animal. Sistemas com leguminosas ainda diminuem as emissões de metano entérico e aumentam a fertilidade do solo.
Outros avanços vêm de tecnologias agrícolas de baixo carbono, como fertilizantes de ureia tratada com inibidores, que reduzem em até 50% as emissões de N₂O; bioinsumos microbianos, que substituem fertilizantes sintéticos e evitam cerca de 300 kg de CO₂eq por hectare ao ano; e o biochar, carvão vegetal obtido de resíduos agrícolas que melhora a fertilidade do solo e armazena carbono por séculos.
A redução do metano na pecuária é outro foco das pesquisas. A Embrapa e universidades brasileiras estudam estratégias nutricionais que reduzem as emissões entéricas em até 48%, por meio de dietas com óleos vegetais, leguminosas, algas, compostos vegetais e inibidores químicos da metanogênese, como o 3-nitrooxipropanol (3-NOP). Essas soluções permitem reduzir as emissões sem comprometer a produtividade.
Para garantir transparência, o país desenvolve ferramentas digitais de mensuração, relato e verificação (MRV), alinhadas às diretrizes da ONU. O sistema inclui o Sacir, que caracteriza imóveis rurais e pastagens; o AgroTag MRV, que coleta dados georreferenciados; o SatVeg, que monitora cobertura vegetal por satélite; e a calculadora GHG Protocol para Agricultura e Pecuária, usada para estimar emissões diretas e indiretas das atividades agropecuárias.
Esses instrumentos fortalecem a rastreabilidade ambiental e viabilizam a inserção de produtores em mercados de créditos de carbono, além de subsidiar o Inventário Nacional de Emissões de GEE. “Quando o produtor adota práticas conservacionistas, ele melhora a produtividade e também ajuda o país a atingir metas de neutralidade climática”, resume Madari.
Com sistemas cada vez mais monitorados e eficientes, a agricultura brasileira transforma o balanço de carbono em um instrumento de planejamento estratégico. O país mostra que é possível produzir, conservar e mitigar — ao mesmo tempo. A ciência tropical e as políticas de inovação sustentam um modelo de agropecuária de baixo carbono, que alia segurança alimentar, competitividade e compromisso com o clima global.
O trabalho é de Beata Madari, Embrapa Arroz e Feijão, Anderson Santi, Embrapa Trigo, Celso Manzatto, Embrapa Meio Ambiente, Claudia Jantalia, Embrapa Solos, Etelvino Novotny, Embrapa Solos, Ladislau Skorupa, Embrapa Meio Ambiente, Márcia Carvalho, Embrapa Arroz e Feijão, Patrícia Oliveira, Embrapa Pesca e Aquicultura, Vinicius Benites, Embrapa Solos e Walkyria Scivittaro, Embrapa Clima Temperado.



