Avicultura
Estimbióticos: um elemento essencial das estratégias de resiliência nutricional
Explorar as novas oportunidades que pode oferecer na nutrição monogástrica é essencial para entender melhor as bactérias benéficas que fermentam as fibras.

A saúde intestinal é um componente chave da produção animal e está fortemente correlacionada com a melhoria das taxas de produção. É frequentemente considerada sinônimo de saúde animal, o que é um conceito bastante complexo e amplo. Este conceito não só abrange processos como digestão e absorção eficiente de nutrientes, metabolismo energético ou a barreira gastrointestinal, mas também é fundamental para muitos aspectos da saúde animal, como a manutenção de um bom estado imunossanitário, melhoria dos parâmetros metabólicos ou aspectos da etologia animal.
O trato digestivo é o lar de uma comunidade microbiana complexa e dinâmica. A interrelação e comunicação que existe entre estas comunidades é conhecida como “comunicação intercelular”. As bactérias se comunicam entre si por sinais diretos ou pela emissão de substâncias recebidas por outras bactérias. Essas moléculas transmissoras de sinais são o meio pelo qual as bactérias detectam a utilidade de produzir diferentes tipos de moléculas, tais como enzimas endógenas. Portanto, é crucial entender como as bactérias que compõem a microbiota intestinal se comunicam entre si a fim de poder atuar sobre elas e, assim, ser capaz de produzir modulações e adaptações deste mecanismo de comunicação.
Diferentes abordagens são usadas para caracterizar a microbiota e definir sua função, incluindo métodos baseados em cultura, perfil de Guanina + Citosina (G+C), reação imediata em cadeia da polimerase (qPCR), estudos de sequenciamento de genes codificados por 16S ribossomos RNA, sequenciamento rápido, sequenciamento metagenômico indiscriminado e metaproteômica. Cada técnica tem suas próprias vantagens e desvantagens. Portanto, continuamos a aprender como aplicar e combinar métodos de análise microbiológica.
O advento de métodos rápidos de sequenciamento baseados em DNA, bem como a análise bioinformática, permitiu um rápido aumento no número de estudos para identificar e caracterizar as bactérias e seus genes. Por outro lado, a capacidade fermentativa da microbiota para fermentar substratos não digeríveis, tais como certas partes de fibra alimentar ou detritos celulares mortos, também tem sido estudada em maior profundidade.
Como resultado desta fermentação, bactérias especializadas multiplicam-se e produzem compostos bioativos, incluindo ácidos graxos voláteis (AGV), como ácido acético, propiônico e butírico, assim como vitaminas ou enzimas microbianas endógenas. O ácido butírico, por exemplo, é a principal fonte de energia para enterócitos, está envolvido em processos que melhoram a integridade epitelial da mucosa e tem a capacidade de contribuir para manter a função da barreira intestinal.
A fibra pode ser definida em termos de suas propriedades físicas ou químicas. Do ponto de vista fisiológico, é aquela parte da planta (incluindo polissacarídeos, oligossacarídeos, lignina e substâncias vegetais associadas) que é resistente à digestão e absorção no intestino delgado e que pode ser total ou parcialmente fermentável nas partes distais do trato digestivo. O problema é que esta definição se baseia na fisiologia do animal e não na sua caracterização na matéria-prima e na ração composta. Quimicamente, a fibra engloba todos os polissacarídeos não amido (PNAs) mais a lignina.
Fibras
Os PNAs consistem de polímeros macromoleculares de monossacarídeos, ligados por um tipo específico de ligação, chamado de ligação glicosídica. Podem ser grandes ou pequenos, ramificados ou lineares, assim como compostos de um ou mais tipos de açúcares monoméricos. Devido ao uso de sistemas de medição mais antigos, a fibra dietética total (TDF) da ração e das matérias-primas não é refletida e, portanto, uma grande fração da fibra muito relevante é frequentemente subestimada.
Outros métodos, como a fibra detergente ácida (ADF) e a fibra detergente neutra (NDF), estão difundidos, mas também subestimam os componentes do TDF, particularmente as frações solúveis. Além disso, as variações na estrutura e características da fibra afetam totalmente sua funcionalidade fisiológica. Durante décadas, a fibra tem sido considerada um antinutriente nas dietas monogástricas, devido ao seu caráter diluído de energia, bem como por estar associada a aumentos na viscosidade intestinal e, portanto, a uma acentuada redução na digestibilidade e absorção de nutrientes.
Entretanto, agora é aceito que certas frações de fibras fazem parte de um nutriente digestivo funcional, independentemente de seu valor energético. A determinação dos PNAs pode lançar alguma luz sobre os diferentes componentes da fibra e seu impacto fisiológico. Uma melhor compreensão e caracterização da fibra levou a uma nova perspectiva sobre a valiosa funcionalidade que ela pode ter em termos de melhoria da saúde intestinal e, portanto, melhor desempenho de produção dos animais.
Sabe-se há décadas que, nos ruminantes, a simbiose entre o hospedeiro e o microbioma é essencial para atender às necessidades energéticas e nutricionais dos ruminantes. Mais recentemente, a importância dessas relações simbióticas também foi reconhecida em monogástricos. Embora as estratégias nutricionais dos monogástricos sejam diferentes das dos ruminantes, o trato digestivo ainda desempenha um papel fundamental em termos de saúde digestiva, imunológica e fisiológica.
Muitos dos problemas que os produtores de suínos enfrentam hoje em dia são a redução da disbiose, diarreia pós-desmame e eficiência alimentar, todos relacionados à saúde intestinal e ao microbioma intestinal e podem ser melhorados através de uma melhor adaptação e desenvolvimento de uma microbiota fibrolítica desde uma idade precoce.
Resiliência intestinal e aditivos
A interação entre ração e microbioma tem sido demonstrada por mudanças nas comunidades microbianas e proliferação seletiva das bactérias desejadas devido a modificações da fonte de energia para as bactérias. O trato digestivo está em contato permanente com o ambiente externo através da alimentação e, devido a esta grande superfície de contato, a barreira funcional e a resposta imunológica devem ser eficazes, o que pode ser alcançado através da melhoria da resiliência intestinal. A resiliência intestinal é descrita como a capacidade do instinto de lidar com adversidades entéricas, bem como sua capacidade de responder. A resiliência intestinal depende de numerosos fatores, de um ponto de vista nutricional podemos principalmente enquadrar o tipo de fibra e suas características, maturidade intestinal e funcionalidade da microbiota intestinal (figura 1).
Tendo em vista as propriedades de nutrientes como as fibras, é necessário rever as estratégias nutricionais e introduzir novas classes de aditivos funcionais que podem redefinir a nutrição do microbioma. Estes aditivos devem ser escolhidos para apoiar as condições intestinais e manter o equilíbrio entre ambiente, hospedeiro e microbiota, melhorando assim a saúde intestinal, melhorando a digestibilidade e absorção de nutrientes, alcançando um melhor estado de saúde imunológica e controlando o crescimento e proliferação de bactérias patogênicas através da exclusão competitiva. Esses aditivos podem se tornar um produto valioso na indústria de ração animal. Não se trata apenas de alimentar os animais, mas também as bactérias que vivem no trato gastrointestinal.
O crescimento e desenvolvimento bacteriano no trato digestivo começa imediatamente após o nascimento ou eclosão. Foram observadas populações bacterianas no intestino e no ceco para diversificar e mudar com a idade. À medida que o animal hospedeiro envelhece, o microbioma se torna mais estável. Desenvolver um microbioma que possua alta atividade de fermentação de fibras desde uma idade precoce e o mais cedo possível é uma estratégia muito útil para maximizar o desempenho. Quanto mais cedo for estabelecido um mecanismo de adaptação e desenvolvimento de uma microbiota fibrolítica, os PNAs anteriores podem ser degradados e, portanto, efeitos colaterais como o aumento da produção de AGV, enzimas endógenas, melhorias na fermentação e digestibilidade de nutrientes e, portanto, melhores índices de desempenho animal podem ser alcançados.
Estimbiótico
Por sua vez, o VFA é conhecido por modular a imunidade da mucosa ao estimular a produção de IgA e IgG. Uma das soluções colocadas no mercado é um produto estimbiótico, que pode ser descrito como aquele que aumenta a capacidade intrínseca do animal de digerir fibras através de seu efeito na modulação e adaptação da microbiota intestinal de fermentação de fibras. Seu efeito promotor se baseia na estimulação de um microbioma de decomposição de fibras que, através deste processo, reduz os patógenos oportunistas (figura 2) em favor das bactérias benéficas por um mecanismo de exclusão competitiva.

Abundância relativa de populações bacterianas em amostras cecais analisadas por 16S de sequenciamento de genes RNA em aves alimentadas com um produto estimulante e um controle com uma carboidrase comercial
Além disso, o estimulante aumenta a fermentação das fibras no intestino grosso e a capacidade de produção de ácidos graxos voláteis do microbioma ceco, enquanto diminui a quantidade de ácidos graxos de cadeia ramificada e produtos de putrefação de proteínas indesejáveis. A estimulação das bactérias fermentadoras de fibras aumenta a produção de enzimas endógenas, como as carboidrases, que aumentam a fermentação das fibras.
Em geral, o estimulante melhora a digestibilidade das proteínas e fibras, o que se traduz em melhores rendimentos de produção. Eles também são conhecidos por efeitos que vão além de seus benefícios nos índices de produção, tais como melhorar a capacidade de resposta a potenciais desafios na fazenda, aumentar a capacidade funcional do sistema imunológico e diminuir o crescimento de patógenos oportunistas através da exclusão competitiva, o que os distingue de outros produtos comercialmente disponíveis.
A fibra dietética é sem dúvida de maior valor do que se pensava inicialmente. Explorar as novas oportunidades que pode oferecer na nutrição monogástrica é essencial para entender melhor as bactérias benéficas que fermentam as fibras. Considerando que a fibra representa uma fração considerável da ração monogástrica, parece razoável saber e entender como obter os benefícios associados, tais como melhorias nas taxas de produção e saúde animal que a fermentação da fibra oferece. Isto pode ser alcançado por meio de um produto estimulante, um aditivo alimentar funcional destinado ao desenvolvimento e adaptação de um microbioma fibrolítico.
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Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
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Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
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Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



