Notícias
Estimativa de maio aponta safra 5,9% menor em 2024, refletindo os problemas climáticos do ano
Safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 296,8 milhões de toneladas de acordo com a estimativa de maio do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, divulgado pelo IBGE.
A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 296,8 milhões de toneladas de acordo com a estimativa de maio do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgada na última quinta-feira (13) pelo IBGE. Este resultado é 5,9% menor, ou 18,6 milhões de toneladas abaixo da safra obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas) e 0,9% inferior (2,8 milhões de toneladas) do que a estimativa de abril.
A área a ser colhida foi de 78,3 milhões de hectares, aumento de 0,6% (454.502 hectares) frente à área colhida em 2023 e crescimento de 0,6% (445.140 hectares) em relação a abril. O algodão foi o único produto a apresentar recorde de produção. “A redução da produção reflete o impacto dos problemas climáticos ocorridos em 2023 e 2024, desde a implantação das lavouras, com a falta de chuvas na região Centro Oeste, a altas temperaturas que encurtaram o ciclo de algumas lavouras e reduziram a produtividade. Alguns produtores tiveram de fazer replantio, caso da soja, e outros optaram por aumentar a área de algodão, cuja produção está batendo recorde com estimativa de 8,5 milhões de toneladas, alta de quase 10% em relação ao ano passado, que também foi recorde”, analisa Carlos Alfredo Guedes, gerente de agricultura do IBGE.
O gerente da pesquisa, Carlos Barradas, ressalta que a queda na produção é reflexo dos problemas ocorridos nas safras de verão e ainda não refletem inteiramente o impacto das cheias no Rio Grande do Sul. “Houve falta de chuvas em estados como o Mato Grosso do Sul, que apresentou uma queda de 3,4 milhões de toneladas nas estimativas de maio. No Rio Grande do Sul caiu 2,1 milhões de toneladas e no Paraná, 457 mil toneladas. O que compensou um pouco foi um aumento de 2,6 milhões de toneladas no Mato Grosso e de 630,0 mil toneladas em Minas Gerais, mas as quedas foram maiores, porque houve uma seca no Mato Grosso do Sul, um estado produtor de grãos importante”, diz Barradas.
A estimativa para a soja é de uma produção de 146,7 milhões de toneladas, quedas de 3,5% em relação a 2023 e de 1,1% em relação a abril. Mesmo com um aumento de área plantada de 3,5% em relação ao ano passado e de 0,8% em relação a abril. “Isso se deve aos problemas climáticos, que deverão acarretar numa produtividade menor em 2024. No ano passado o clima foi bom no Rio Grande do Sul para soja, e esperava-se uma safra recorde em 2024 para o estado. Com as enchentes recentes, a estimativa caiu, mas continua sendo uma boa safra especialmente se comparada à colhida em 2023”, explica o gerente da pesquisa.
Já para o milho a estimativa é de uma produção de 114,5 milhões de toneladas com declínio de 1,1% em relação ao mês anterior e de 12,7% em relação a 2023. A redução mensal de 6,6% na produção do milho 1ª safra no Rio Grande do Sul, assim como de 15,4% no milho 2ª safra do Mato Grosso do Sul impactaram a produção brasileira.
Ocorreu ainda diminuição de 4,7% na área plantada (reduções de 8,6% no milho 1ª safra e de 3,5% no milho 2ª safra) e também na produtividade. “Houve problemas climáticos em novembro e dezembro afetando a colheita do milho de primeira safra; o milho de segunda safra teve queda na produção porque os preços caíram muito e os produtores estão optando por outras lavouras”, esclarece o gerente do LSPA.
A produção do trigo deve alcançar 9,6 milhões de toneladas, declínio de 2,5% em relação à estimativa de abril; e crescimento de 23,8% em relação a 2023, quando o Brasil, apesar de inicialmente aguardar uma safra recorde do cereal, teve sua expectativa frustrada em decorrência de uma série de problemas climáticos, o que prejudicou as lavouras na região Sul. “O trigo ainda não está plantado, começa neste mês de junho. Como houve muita perda de fertilidade do solo afetado pelas enchentes, isso explica a queda em relação ao mês anterior. Mas em relação a 2023 a expectativa é de aumento”, prevê Barradas.
O LSPA estima para o arroz uma produção de 10,5 milhões de toneladas, porém, com uma produtividade menor do que em 2023, contribuindo para isso os problemas climáticos do Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz. “A maior parte das lavouras já estavam colhidas, mas o que ainda estava em campo foi afetado. A redução da produção no Rio Grande do Sul, em maio, em relação ao mês anterior, foi compensada pelos aumentos em Minas Gerais, onde foram identificadas novas áreas de produção, sob pivô nos municípios de Paracatu e Unai, assim como crescimentos de produção no Paraná (2,1%), Mato Grosso do Sul (4,9%), Goiás (9,8%) e Mato Grosso (18,1%). A produção de arroz deve atender o mercado interno. As chuvas e as enchentes no Rio Grande do Sul devem reduzir a produção, mas não o suficiente para faltar arroz no mercado”, conclui o gerente da pesquisa, Carlos Barradas.
Capacidade dos estoques cresce 4,7% no 2° semestre de 2023
O IBGE também divulgou hoje a Pesquisa de Estoques, que mostrou alta de 4,7% na capacidade útil de armazenamento do país em comparação ao primeiro semestre de 2023, correspondente a 9,5 milhões de toneladas a mais. Com esse aumento, a capacidade de armazenagem agrícola chegou a 210,9 milhões de toneladas. Houve, ainda, um acréscimo de 4,8% no número de estabelecimentos, chegando a 9.102 estabelecimentos ativos no segundo semestre de 2023.
Os silos predominavam entre os tipos de armazenamento, com 110,0 milhões de toneladas, o que representa 52,2% da capacidade útil total. Em seguida, aparecem os armazéns graneleiros e granelizados (77,8 milhões de toneladas) e os armazéns convencionais, estruturais e infláveis, com capacidade para 23,1 milhões de toneladas.
Dos 44,6 milhões de toneladas de estoque total dos produtos investigados pela pesquisa, em 31/12/2023, os estoques de milho representavam o maior volume (21,0 milhões de toneladas), seguidos pelos estoques de soja (11,3 milhões), trigo (6,4 milhões), arroz (1,5 milhão) e café (1,1 milhão). Estes produtos constituem 92,7% do total estocado, sendo os 7,3% restantes compostos por algodão, feijão preto, feijão de cor e outros grãos e sementes.
Destaca-se, ainda, o crescimento de 39,6% do estoque de soja e de 15,8% do estoque de milho, se comparado com 31 de dezembro de 2022. Já o estoque de trigo caiu 13,3% nessa comparação. A próxima Pesquisa de Estoques será divulgada em 14 de novembro.
Sobre o LSPA
Implantado em novembro de 1972 com o propósito de atender às demandas de usuários por informações estatísticas conjunturais mensais, o LSPA fornece estimativas de área plantada, área colhida, quantidade produzida e rendimento médio de produtos selecionados com base em critérios de importância econômica e social para o país. Ele permite não só o acompanhamento de cada cultura investigada, desde a fase de intenção de plantio até o final da colheita, no ano civil de referência, como também o prognóstico da safra do ano seguinte, para o qual é realizado o levantamento nos meses de outubro, novembro e dezembro. Acesse os dados no Sidra. A próxima divulgação do LSPA será em 11 de julho.
Notícias
Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
Notícias
Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
Notícias
Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.