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Estiagem causa prejuízos para lavouras catarinenses

Para o agronegócio os principais impactos são nas lavouras de trigo, que podem ter uma colheita 30% menor do que na safra passada

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Sem chuvas regulares desde o dia 23 de agosto, Santa Catarina começa a sentir os efeitos da estiagem. Um dos setores mais afetados é o agronegócio, que já contabiliza os prejuízos devido à falta de chuvas. O Meio Oeste catarinense, por exemplo, um dos celeiros do estado, registrou apenas 10% da chuva esperada para o mês de setembro.

Na última sexta-feira (22), o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) e o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epágri/Ciram) divulgaram uma análise detalhada dos impactos da estiagem no estado. O documento traz informações sobre o monitoramento dos rios, previsão do tempo e condições da safra.

Para o agronegócio os principais impactos são nas lavouras de trigo, que podem ter uma colheita 30% menor do que na safra passada. A produção catarinense do cereal está estimada em 163,4 mil toneladas na safra 2017/18, contra 229 mil toneladas colhidas na safra 2016/17.

Os produtores de milho, hortaliças e leite também sentem os efeitos da falta de chuvas.

Acompanhamento de safras

Oeste Catarinense

São esperadas perdas nas lavouras de trigo, principalmente pela redução na produção e produtividade. Em todo o estado mais de 40% da área plantada de trigo está em fase de florescimento, e as regiões mais adiantas são Chapecó, Concórdia e Xanxerê.

Os produtores de milho acabaram atrasando o plantio, que normalmente é feito na segunda quinzena de setembro, e uma parte significativa as lavouras da região ainda não foram cultivadas – em torno de 20%.  Esse atraso no plantio pode ter reflexos também na próxima safrinha.

A produção de hortaliças necessita de irrigação para o cultivo comercial e a falta de chuvas causa preocupação pela redução no volume em pequenos açudes, riachos e ribeirões.

A bovinocultura leiteira sente menos os impactos da estiagem, com uma produção maior do que a do ano passado, porém sofre com o aumento nos custos de produção. Já que os produtores acabam usando silagem e ração, em substituição ao pasto, na alimentação dos animais.

São Miguel do Oeste

A região de São Miguel do Oeste, de modo geral, não apresenta problemas de falta d’água, pois nesse mês choveu cerca de 40 mm na estação de São Miguel do Oeste e as estações próximas ao rio Uruguai também registram precipitações semelhantes.

A exceção se dá na região próxima ao Paraná, onde as chuvas já foram menores e começam a comprometer o plantio da safra de verão, a produção de pastagens e conseqüentemente a produção de leite e de carne bovina. A produção de leite nos municípios da região, que estão mais próximos ao Paraná, deve ter queda de aproximadamente 15% em algumas propriedades e/ou aumento dos custos de produção em função do aumento da suplementação com alimentos preparados como feno, silagem e ração. Nesses municípios também pode haver um comprometimento da produtividade do trigo e da aveia.

Norte Catarinense

Os produtores da região tiveram que interromper ou até adiar a semeadura de trigo até a volta das chuvas, o que provocou certo atraso no plantio. Na região de Canoinhas, 70% do trigo plantado está em fase de floração e, se as chuvas não retornarem até o enchimento do grão, haverá perda significativa da produção.

A falta de chuvas atrasa o plantio de milho na região. O que pode comprometer a safrinha de soja no próximo ano.

Assim como em outras regiões, a produção de leite segue normalmente apenas com aumento nos custos devido ao uso de silagem e ração na alimentação animal.

Vale do Itajaí

A Região representa aproximadamente 50% da área plantada de cebola do estado, com mais de 10 mil hectares plantados. Os produtores estão irrigando as lavouras em função da falta de chuva e isso aumenta os custos de produção. A grande preocupação é com a disponibilidade de água na região, pois os reservatórios estão perdendo capacidade de garantir a demanda necessária.

Até o momento 85% das áreas de fumo já estão plantadas. E as lavouras plantadas mais cedo começam a florescer precocemente em função da estiagem. Os técnicos e produtores se preocupam também com as mudas que estão nos canteiros, que podem passar do tempo para serem transplantadas. Como a cultura do tabaco é resistente, as expectativas são de que a chuva recupere as lavouras.

A produção de arroz segue com normalidade, já que a maioria das áreas está em fase de preparo de solo. No Alto Vale do Itajaí apenas 10% das áreas destinadas ao plantio de arroz já foram cultivadas.

A região tem 30% das lavouras de milho já plantadas e muitos produtores estão inseguros para ampliar a área cultivada – o que pode reduzir ainda mais a próxima safra.

Região Serrana

A cultura mais afetada na região é o alho, que está em fase de diferenciação do bulbo. As lavouras estão sendo irrigadas e a preocupação maior é com o nível de água nos reservatórios.

Sul Catarinense

O arroz irrigado tem seu período de plantio preferencial nos meses de setembro e outubro, até o momento não há problemas com restrição hídrica. No entanto, se a estiagem persistir, algumas regiões podem apresentar problemas no abastecimento de água. Na região, aproximadamente 18% da área já está sendo cultivada; nessa mesma época na safra passada o plantio já passava dos 40% da área cultivada.

A fruticultura também sente os reflexos da falta de chuvas. Nos bananais as altas temperaturas e o déficit hídrico afetam o tamanho dos cachos com redução na produtividade média em algumas localidades da microrregião de Criciúma, com efeitos na oferta e qualidade da fruta comercializada nos próximos meses.

A produção leiteira da região também busca ração e silagem para alimentação dos animais, o que reflete nos custos de produção.

Meio Oeste Catarinense

A safra de trigo está comprometida com redução de até 60% no volume estimado inicialmente. Isso se deve, sobretudo, a estiagem, porém outros problemas climáticos desde o plantio interferem na qualidade da safra. Muitos produtores sequer conseguiram fazer os tratos culturais necessários como adubação nitrogenada.

Culturas como feijão e soja ainda não foram impactadas, pois o plantio inicia em 10 de outubro.

Para produção de milho, a recomendação é que o plantio seja feito a partir de 10 de setembro e muitos produtores temem não conseguir uma segunda safra nessas áreas.

As parreiras, pereiras, pessegueiros e ameixeiras da região, devido à baixa umidade estão apresentando brotação desuniforme com reflexos posteriores na floração. Com a falta de chuvas e altas temperaturas a polinização das macieiras em floração pode ser comprometida, refletindo na redução da produtividade.

Cenário atual

A situação de estiagem em algumas regiões de Santa Catarina é decorrente do baixo índice de pluviométrico em setembro de 2017. A região do Litoral Sul foi a que mais teve chuva no estado, cerca de 31,8mm na média, seguida da região do Extremo Oeste com 29,6 mm. A região que menos choveu em setembro foi o Meio Oeste de Santa Catarina, com uma média de 1mm, seguida da região Florianópolis Litorânea com 1,3mm. A média histórica em Santa Catarina varia entre 159 a 251mm, portanto em algumas regiões não choveu nem 10% dos valores médios históricos.

Situação dos Rios

De acordo com o monitoramento dos níveis dos rios em Santa Catarina, existem 22 estações hidrológicas na qual o regime hídrico se apresenta abaixo da normalidade. Os municípios mais atingidos na condição de alerta e emergência são Forquilhinha, Bocaina do Sul, Otacílio Costa, Canoinhas, Palhoça, Chapadão do Lageado, José Boiteux, Salete, Taió, Timbó, São João Batista, São Martinho, Orleans, Tubarão, Passos Maia, Joaçaba, Rio das Antas, Tangará, Concórdia, Camboriú e Rio Negrinho.

Fonte: Assessoria

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Ministério da Agricultura realiza simulado de febre aftosa no Acre

Treinamento visa reforçar a cooperação e a capacidade de resposta em uma zona com status de livre de febre aftosa sem vacinação.

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OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizou, entre os dias 12 e 18 de setembro, no município de Cruzeiro do Sul, no Acre, o exercício simulado de febre aftosa com mais de 180 servidores da área de saúde animal, além de servidores de forças de segurança e integrantes do Servicio Nacional de Sanidad Agropecuaria e Inocuidad Alimentaria (SENASAG), da Bolívia, e do Servicio Nacional de Sanidad Agraria (SENASA), do Peru. O exercício foi realizado em conjunto com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF-AC).

Fotos: Divulgação/Mapa

Exercícios simulados permitem treinar e aferir a capacidade de ação e intervenção do serviço veterinário oficial num momento de crise e a realização desse treinamento é uma das ações previstas no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), visando a manutenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação e um corpo técnico preparado para atuar de forma imediata.

“O exercício simulado teve como objetivo preparar os servidores para a organização da cadeia de comando e o cumprimento dos protocolos que devem ser adotados em uma situação real de surgimento da doença, até a completa eliminação do foco e reestabelecimento da condição sanitária” explica o diretor do Departamento de Saúde Animal, Marcelo Mota.

Conforme previsto no Plano de Contingência para Febre Aftosa, durante o treinamento foi instalado um Centro de Operações de Emergência Zoossanitária para que os participantes praticassem a organização e os procedimentos técnicos de biossegurança, vigilância e investigação clínica e epidemiológica, colheita e envio de amostras para diagnóstico laboratorial, eliminação de focos, limpeza e desinfecção de instalações e controle e inspeção do trânsito de veículos na região, assim como o uso de softwares para coleta e processamento de dados e gestão da informação.

As barreiras sanitárias contaram com a presença de equipes do Grupo Especial de Fronteira, da Polícia Militar, do Exército Brasileiro e da Polícia Rodoviária Federal nas principais vias terrestres e fluviais para fiscalização de trânsito na região.

Também foram exercitadas a logística de envio de amostras para análise laboratorial no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais (LFDA/MG) e a atuação dos serviços de comunicação, assessoria de imprensa e assessoria jurídica frente a uma emergência zoossanitária.

Ainda, segundo o diretor, “o objetivo do treinamento foi a preparação para enfrentar uma eventual ocorrência de febre aftosa, mas as medidas servem para todas as doenças emergenciais, como a peste suína clássica, peste suína africana, influenza aviária, entre outras. Os protocolos sanitários são semelhantes, e o caráter de emergência é o mesmo. Os resultados foram muito bons, permitindo avaliar os procedimentos previstos e subsidiar uma nova versão do plano de contingência, incluindo as sugestões colhidas durante o simulado”.

O simulado também recebeu o apoio do Governo do Estado do Acre e do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Acre (FUNDEPEC).

Fonte: Assessoria Mapa
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Impacto da estiagem na produção e nos preços dos alimentos

Alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Os eventos climáticos extremos, como alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação, tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

Cenários climáticos desfavoráveis podem, no mínimo, elevar os custos de produção, eis que mesmo as culturas que suportam melhor os diferentes tipos de estresse ambiental, podem perder qualidade ou ter a sua produtividade reduzida.

Assim, está claro que as mudanças climáticas podem impactar a disponibilidade da oferta dos alimentos e provocar aumento dos seus preços – os quais, por sua vez, dependem, também e ainda, de múltiplos fatores não apenas relacionados ao clima.

A produção de leite no Brasil tem sido afetada pelas mudanças climáticas de duas maneiras distintas: em algumas regiões, pela estiagem, noutras, pelo excesso de chuvas.

A estiagem prolongada no Brasil tem causado impactos na produção de leite, onde a escassez de água afeta diretamente a disponibilidade e qualidade da pastagem e o bem-estar dos rebanhos, ocasionando a queda na produção do produto.

Durante a estiagem, muitos produtores se veem obrigados a recorrer à suplementação, o que eleva os custos de produção. Em 2024, os preços um pouco mais controlados dos grãos em comparação a anos anteriores mitigam um pouco desse impacto ao produtor.

Entretanto, ainda assim, houve elevação dos custos de produção pela necessidade de suplementação do rebanho com o uso de tecnologias de manejo mais avançadas.

Para os pequenos e médios produtores, tal situação foi de mais difícil enfrentamento, ocasionando o abandono da atividade por parte de muitos produtores. Neste quadro, os agricultores familiares foram ainda os mais atingidos, por disporem de menos estrutura e recursos, culminando na concentração da produção em produtores de maior volume diário.

Além disso, com menos chuvas, a água disponível para o consumo animal e a irrigação das pastagens diminui, afetando a saúde e a produtividade dos rebanhos. Esse cenário intensifica o estresse térmico nos animais, reduzindo ainda mais a produção de leite. A falta de infraestrutura de irrigação adequada em muitas propriedades agrava a situação.

Foto: Gustavo Porpino

Já nas regiões afetadas pelo excesso de chuvas, os efeitos foram mais agudos, em algumas situações levando à perda total ou parcial do rebanho durante enchentes, a elevadas perdas de solo e de fertilidade ou ainda, no mínimo, à necessidade de recomposição das pastagens.

Preços

De modo geral, não há previsão de aumento nos preços de produtos como milho, arroz e trigo em decorrência da estiagem. Destaca-se, ainda, que os preços do trigo e do milho estão em baixa. Sobre leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos, o impacto nos preços deve ser mais duradouro durante o período de estiagem, especialmente no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas.

Os preços podem começar a apresentar algum alívio somente após a retomada de chuvas regulares e de melhorias na umidade do solo, o que pode demorar alguns meses dependendo da estação e da região.

Em relação a esses produtos, estima-se que os consumidores percebam esse aumento de preços provavelmente nos próximos meses, ante a intensificação da estiagem e o consequente reflexo nos preços ao consumidor final.

Fonte: Assessoria Superintendência de Gestão da Oferta da Conab
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Oferta do leite não cresce conforme o esperado, e preços voltam a subir

O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro.

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Foto: Semagro

O preço do leite ao produtor voltou a subir devido à oferta, que não cresceu como era esperado. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em agosto, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,7607/litro, 1,4% acima da do mês anterior e 17,7% maior que a registrada em agosto/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto). Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 32% desde o início de 2024, a média de janeiro a agosto deste ano (de R$ 2,53/litro) é 8,4% inferior à do mesmo período de 2023.

Até o início de agosto, os fundamentos de mercado apontavam reduções no preço do leite ao produtor neste terceiro trimestre. Por um lado, a produção de leite parecia estimulada pelo aumento da margem do produtor neste ano e, por outro, a demanda seguia condicionada aos preços baixos nas gôndolas. Fora isso, as importações, ainda em volumes elevados, pressionavam as cotações ao longo de toda a cadeia produtiva. Porém, a produção não cresceu como era esperado pelos agentes do setor.

Os dados mais recentes da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, divulgados em meados de agosto, mostram que a captação de leite cru pelas indústrias de laticínios no âmbito nacional caiu 6,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Comparando com o mesmo período do ano passado, o incremento foi de apenas 0,8%.

De julho para agosto, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou 5% na “Média Brasil”, mas o crescimento em Minas Gerais foi de 2,8% e, em Goiás, de apenas 1,5%. Apesar do aumento da margem do produtor nos últimos meses e de certa estabilidade nos custos de produção, o estímulo à atividade foi menor do que o esperado pelos agentes do setor. E o clima extremo não ajudou a atividade.

O excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto. A entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar em termos nacionais. Além de comprometer o bem-estar animal, os incêndios têm prejudicado a produção de forragens para alimentação animal – o que eleva o custo de produção e limita a oferta.

Outro fator que reforçou a menor disponibilidade de lácteos entre agosto e setembro foi a diminuição das importações. Dados da Secex compilados pelo Cepea mostram que, em agosto, houve queda de 25,2% nas importações de lácteos, totalizando 187,8 milhões de litros em equivalente leite.

Como a oferta não se recuperou conforme o previsto, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos como esperado. O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro. Esse contexto deve sustentar e intensificar o movimento de alta nas cotações entre setembro e outubro.

Fonte: Assessoria Cepea
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