Suínos Produção de pescados
“Estamos vivendo a nova era da aquicultura brasileira”, diz ex-ministro da Pesca
Altemir Gregolin traça um completo overview sobre a produção de pescados no Brasil e no mundo.

Altemir Gregolin, presidente do III International Fish Congress, afirma categoricamente: “Sem sombra de dúvidas a aquicultura brasileira, liderada pela produção de tilápia, inaugura uma nova era, após duas décadas de gestação e crescimento. Seguramente o Brasil passará a ser um ator relevante no cenário internacional em relação à produção e comercialização de pescados. Estamos atingindo a maturidade da cadeia, que é quando as empresas passam a se beneficiar da economia de escala, ou seja, atingem níveis de produção que permitem diluir custos e reduzir margens por unidade produzida e com isso tornam-se mais competitivas. Além disso, garantem a regularidade na oferta, qualidade dos produtos e acesso aos grandes mercados, interno e externo”.
Sobre o novo momento da aquicultura e pesca, ele pondera que “evidentemente que este fenômeno não acontece em todas as cadeias da aquicultura e nem em todas as empresas. Ocorre de forma mais contundente na cadeia da tilápia e, num segundo plano, na cadeia do camarão, que retomou as exportações após 15 anos voltada para o mercado interno. A cadeia do tambaqui cresce, porém carece de investimentos e estruturação”.
Observando o crescimento exponencial e abertura de mercado, Gregolin dispara: “É inquestionável, porém, que a tilapicultura brasileira mudou de patamar. Cresce a níveis superiores ao crescimento mundial, onde o Brasil já figura como o quarto maior produtor, desbrava o mercado externo com crescimento sustentável e projeção de aumento de dois dígitos nas exportações em 2021 e atrai investimentos crescentes em todos os elos da cadeia produtiva”.
Ao afirmar que entramos em uma “nova era” na aquicultura brasileira, Gregolin destaque que, além do grau de maturidade que o setor atingiu, existem fatores que fundamentam o otimismo que ele enumera. “O primeiro deles é que a população mundial continuará aumentando o consumo de pescados e precisará do Brasil como fornecedor, da mesma forma como precisa nas outras commodities. O Brasil, como um grande mercado consumidor, ao retomar o crescimento, demandará mais pescados e retomará a trajetória de crescimento do consumo interrompida pela crise dos últimos anos. Além disso, os preços das outras carnes deverá seguir em patamares elevados nos próximos anos, o que coloca o pescado em uma posição mais favorável na hora do consumidor optar por qual proteína consumir”.
A política de câmbio também é fator determinante na visão do ex-ministro. “O câmbio tende a se manter nos níveis atuais com o dólar valorizado em relação ao Real, algo em torno de 1:5. Isso favorecerá as exportações e restringirá importações, criando um ambiente mais favorável à produção nacional. Aliado a isso, as grandes empresas do setor de carnes como BRF e Aurora deverão entrar na produção de pescado, a exemplo da Copacol, C. Vale, Seara e Pluma. Empresas multinacionais também prospectam o mercado brasileiro e aguardam o ‘momento adequado’ para investir”.
Segundo Gregolin, o ambiente de negócios deve continuar melhorando e acelerando processos, como é o caso da Cessão de Águas da União. “Vários estados também seguem com medidas na mesma direção, a profissionalização da cadeia produtiva continuará em ascensão, com adoção de novas tecnologias e novas formas de organização. Junta-se a esse cenário o papel das entidades do setor produtivo, que se fortaleceram na última década, serão mais representativas e com mais poder junto aos governos, Congresso Nacional e Casas Legislativas, na defesa dos interesses do setor”, sustenta.
Por outro lado, cita a liderança, em um contexto de grande preocupação global com o futuro do planeta, como ficou demonstrado durante a COP 26, o desenvolvimento de atividades mais sustentáveis se tornam estratégicas. “E neste aspecto, a produção aquícola é seguramente a mais sustentável de todas as proteínas de origem animal. Isso se deve a dois aspectos principais no processo produtivo: 1) a necessidade de energia/alimentos para produzir um kg de proteína de pescado é muito menor que em outras proteínas de origem animal. Para produzir 1 kg de tilápia, por exemplo, é necessário 1,2 kg a 1,6 kg de ração, para o frango em torno de 1,8 kg, para o suíno, 2,5 kg e para o bovino, em torno de 7 kg de alimentos. 2) A emissão de gás metano por organismos aquáticos, que impacta no efeito estufa, é infinitamente menor que em bovinos, suínos e aves”.
“Ou seja, o pescado é uma proteína nobre, extremamente saudável para a qualidade de vida das pessoas e muito mais sustentável para o planeta. Seguramente, será cada vez mais valorizada e atrairá cada vez mais investimentos. E o Brasil é a bola da vez, pois tem as condições naturais para isso, tem a produção da matéria-prima necessária para rações e tem o conhecimento acumulado no agro que colocou o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos. Associado a isso, o Sudeste asiático, que produz 89% da aquicultura mundial, segundo a FAO, reduzirá o ritmo de crescimento pela metade na próxima década, por razões ambientais, de falta de áreas para expansão e matéria-prima para rações. Enfim, muitos fatores conspiram a favor do Brasil. Basta fazermos as nossas lições de casa”.
International Fish Congress
Presidente de um dos maiores e mais relevantes eventos de aquicultura e pesca da América Latina, Gregolin comenta o futuro do International Fish Congress, realizado em novembro, na cidade de Foz do Iguaçu (PR). “O IFC Brasil, que está em sua terceira edição, nasceu em 2019 com uma proposta ousada e inovadora, que se assenta em cinco pilares. Primeiro de ser um evento de cadeia reunindo em um só tempo e lugar todos os elos da cadeia produtiva de pescados, a produção primária da pesca e aquicultura, fornecedores e prestadores de serviços, indústria, logística e mercado consumidor. Esta decisão partiu da convicção de que nenhuma cadeia é mais forte do que o seu elo mais fraco. Assim, reunir todos os agentes da cadeia e tratar das questões pertinentes em toda a sua extensão, para que se nivele informações e conhecimentos, é estratégico na perspectiva de tornar a cadeia mais eficiente e competitiva, no seu conjunto”.
O segundo ponto de destaque, aponta, é ser um evento que ofereça simultaneamente altas doses de conhecimento e informações, exposição de tecnologias e realização de negócios. “Estes três objetivos se materializam em um congresso robusto com dezenas de conferencistas nacionais e internacionais, uma feira com o que há de mais moderno em tecnologias e lançamento de novos produtos, uma rodada de negócios coordenada por instituição especializada, o Sebrae Nacional, e a organização, seleção e apresentação de trabalhos científicos, coordenada por cinco universidades”.
O evento que já está gravado no calendário nacional e internacional do setor é ainda um ponto de encontro, interação, troca de informações e conhecimento entre o setor produtivo, agentes de governo e academia, gerando insights e iniciativas para o desenvolvimento do setor, enumera Gregolin. “Ser um evento de alto padrão, a altura do que o setor produtivo merece, pela nobreza da atividade em produzir um alimento saudável, em uma cadeia de grande potencial de geração de trabalho, emprego e renda para milhões de brasileiros. Além da persistência e heroísmo do nosso “povo das águas”, em trabalhar para fazer do Brasil um grande produtor mundial de pescados”, destaca.
Segundo o presidente do IFC, a ideia central é criar um ambiente propício à sinergias e unidade do setor e suas representações em torno de pautas e estratégias comuns para o desenvolvimento da cadeia de pescados. “As outras cadeias de carnes nos mostram que a unidade do setor em torno de pautas comuns e estratégicas para o seu desenvolvimento resulta em maior força política e conquistas de resultados. Sigamos o exemplo. Enfim, o IFC vai forte para sua terceira edição, para consolidar seus conceitos e propósitos e em curto espaço de tempo, transformar-se no maior evento da América Latina e Caribe no setor de pescados. Este é um horizonte perfeitamente factível, na medida em que o Brasil é um grande mercado e cada vez mais importante na produção de organismos aquáticos produzidos na grande maioria dos países latino-americanos” dispara.
Protagonismo da tilápia
Gregolin destaca a cadeia da tilápia no universo dos pescados. “A cadeia da tilápia como um todo vem se especializando e ganhando competitividade.
Novas tecnologias foram desenvolvidas e disponibilizadas no mercado brasileiro através da indústria de rações, equipamentos, genética, vacinas e medicamentos. Os aquicultores elevaram seus níveis de conhecimento e domínio do processo produtivo, incorporaram novas tecnologias, elevaram os índices de produtividade e reduziram custos, contribuindo com o aumento da competitividade do conjunto da cadeia”, frisa.
Para ele, o ambiente para os negócios tem contribuído para essa expansão. “O ambiente de negócios também melhorou muito nos últimos 20 anos. Políticas públicas resultaram em mais segurança jurídica e mais investimentos, a exemplo da legislação para o licenciamento ambiental que foi sendo simplificada (Resolução Conama 413 e legislações em vários estados), a regulamentação da Cessão de Águas da União, novas linhas de crédito, a criação da Embrapa Pesca e Aquicultura, os benefícios do drawback para a tilápia estimulando exportações, a semana do peixe para estimular o consumo, etc.
Na opinião do consultor e professor da FGV, este conjunto de fatores não deixa dúvidas de que a cadeia do pescado está em uma “nova era” na aquicultura brasileira. “Em breve assistiremos o nosso país ocupando um assento na mesa de negociações dos grandes players mundiais do pescado”, sustenta.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



