Avicultura Voz do Cooperativismo
“Estamos aproveitando as oportunidades, como a aquisição ou incorporação de novas cooperativas e também a expansão de área”, revela presidente da Cooperalfa
Voz do Cooperativismo conta em seu novo episódio as estratégias que a Alfa usou e usa para continuar se agigantando entre as cooperativas agropecuárias do Brasil.
Quando uma ou mais pessoas sonham em abrir uma empresa, não basta ficar apenas sonhando, é necessário muito trabalho e dedicação. Esses atributos podem ser observados na trajetória da Cooperalfa, uma cooperativa gigante, com mais de 22 mil cooperados, fundada em 1967 por pessoas que tinham o mesmo propósito e que, a partir de suas demandas iniciais, lá nos primeiros anos, fez surgir outra gigante do setor, a Aurora Coop. A matriz da Cooperalfa está localizada em Chapecó, na região Oeste de Santa Catarina, para onde a Reportagem do Jornal O Presente Rural viajou para entrevistar o presidente da Cooperalfa, Romeo Bet. No programa Voz do Cooperativismo, que você pode acompanhar em vídeo ou podcast, Bet falou sobre os principais desafios que já foram superados nessa trajetória, destacou as inúmeras conquistas que tornaram a Cooperalfa uma das cooperativas mais importantes e pujantes do Brasil, contribuindo para o crescimento sólido e eficiente do setor. Confira.
Voz do Cooperativismo: Conte um pouco sobre sua trajetória e envolvimento com o cooperativismo. Como chegou à posição que ocupa na Cooperalfa?
Romeo Bet: Contar uma história de 56 anos em alguns minutos é um grande desafio. Pois bem, a trajetória da Cooperalfa teve início no dia 29 de outubro de 1967, quando 39 produtores rurais sentiram a necessidade de criar uma cooperativa para comercializar a produção que era produzida aqui na nossa região. Naquela época, a principal fonte de receita dos nossos produtores era a cultura do feijão. Além disso, praticamente todas as propriedades contavam também com a criação de suínos. O problema é que em muitos momentos não encontrava-se compradores para essa produção e quando encontravam os compradores, eram esses comerciantes que faziam o preço, o que nem sempre era vantajoso para os pequenos produtores. Desta problemática surgiu a oportunidade de criar uma cooperativa. Desta forma iniciamos um trabalho de fomento, de associação e fomos ganhando forma e crescendo em nossa atuação. De início verificamos a importância de edificar uma estrutura física para receber a produção e começamos construindo armazéns.
Em apenas dois anos da formação já sentimos a necessidade de iniciar com a parte industrial, com o recebimento dos suínos que eram produzidos pelos nossos cooperados. Encontramos um frigorífico que estava desativado e pela iniciativa de oito cooperativas, formamos a Cooperativa Central Oeste Catarinense. Adequamos às instalações daquele frigorífico que estava parado e então começamos o abate de suínos. Foi assim que começou a Cooperalfa e a Aurora. Tudo isso foi bastante difícil, passamos por muitos desafios, porque iniciamos os trabalhos sem dinheiro para investir, sem capital de giro. Desta maneira, trabalhamos na conscientização e na importância de unir forças e fomos aumentando o número de cooperados. Dia após dia ganhamos novos cooperados e assim fomos crescendo e chegamos a este tamanho que estamos hoje. Somos 22.370 famílias associadas e 4.020 colaboradores. Com esta crescente e conseguindo bons negócios fomos incorporando outras cooperativas e assim fomos aumentando em tamanho.
Voz do Cooperativismo: Esse montante de 22.370 famílias são no campo, na indústria e na cidade?
Romeo Bet: Não. Todos esses são produtores rurais, são associados da Cooperalfa. É claro que algumas famílias moram na cidade, mas todas possuem propriedades no campo e desenvolvem lavoura e/ou pecuária.
Voz do Cooperativismo: Para o senhor, qual é a importância do cooperativismo no agropecuário?
Romeo Bet: Isso depende muito de cada região, pois o nosso país é muito grande. Na nossa região Sul e principalmente o estado de Santa Catarina temos pequenos produtores. Então eu vejo que o cooperativismo agrícola aqui tem uma importância muito grande, porque ele oferece uma excelente assistência técnica, bem como a segurança com relação à comercialização, pela agregação de valor que você tem. Então, eu diria assim, que o cooperativismo em Santa Catarina teve um papel muito importante, principalmente no Oeste catarinense. Depois que surgiu a Cooperalfa, novas cooperativas foram sendo criadas, a Aurora também foi criada contribuindo para que a parte industrial de frangos, suínos e leite fossem sendo produzidas. Desta forma, as cooperativas trazem uma confiabilidade e segurança aos produtores, pois auxiliam na comercialização, na produção, na agregação de valor e ofertam um preço justo para quem produz.
Voz do Cooperativismo: O senhor pode explicar como a Cooperalfa trabalha para agregar valor e também nos falar sobre os diversos setores nos quais a cooperativa atua?
Romeo Bet: A Cooperalfa atua em vários ramos. Com relação a carne e leite somos sócios da Aurora. Contamos com um número grande de cooperados que produzem suíno, frango e leite e então, a Aurora é a responsável por fazer a industrialização e a comercialização desses produtos, nossa participação na Aurora é bastante expressiva. Além disso, a Cooperalfa também atua na industrialização de soja, trigo, fábricas de ração, linha de supermercados e lojas agropecuárias, e também atuamos no mercado de insumos. Ou seja, realizamos uma diversidade muito grande de atividades, o que propicia a sustentação da nossa cooperativa. Ter esta diversificação é muito importante porque uma ajuda a sustentar a outra, como por exemplo, quando não temos uma safra muito boa, temos outras linhas que ajudam na sustentação de toda a cooperativa, contribuindo para atuar com o princípio de cooperar. Desta forma, os supermercados e as lojas agropecuárias, bem como a parte industrial, tanto de soja, quanto de trigo, como as fábricas de ração são muito importantes para agregar valor e dar segurança para o produtor.
Voz do Cooperativismo: Para onde é direcionada toda a produção da Cooperalfa e quais são os produtos que vão para a Aurora?
Romeo Bet: Praticamente toda a soja é direcionada às nossas indústrias. Alguma coisa excedente a gente faz a exportação. O milho é utilizado praticamente todo na fabricação de ração, e um pouco de excedente normalmente é comercializado. Para a Aurora, a gente mando o frango, o suíno e o leite e também fornecemos farelo de soja e de milho.
Voz do Cooperativismo: Como é a relação da Cooperalfa com seus associados e a cooperativa tem auxiliado no trabalho de planejar a sucessão familiar nas propriedades rurais?
Romeo Bet: A relação dos cooperados com a cooperativa é muito próspera. Nossos associados possuem muita confiança na Cooperalfa. Realizamos trabalhos com jovens, com casais líderes, bem como com grupos de mulheres. Os resultados não são visíveis de forma imediata, pois é um trabalho de formiguinha que realizamos. É importante destacar que nossos cooperados enxergam isso com bons olhos e observamos uma mudança na postura de muitos jovens. Há quatro ou cinco ano, por exemplo, o índice de saída dos jovens do campo era bem alto. Hoje, este cenário está diferente, pois eles estão enxergando mais oportunidades no campo. Então muitos agricultores mandam seus filhos estudar algo relacionado ao campo e muitos voltam e aplicam o aprendizado em sua propriedade. Isso está contribuindo para melhorarmos os índices de jovens que estão atuando nas propriedades rurais. É claro que existem vazios, ainda vivemos a tendência de termos cada vez menos agricultores no campo, um dos fatores que contribuem para isso é o número de filhos que nossos produtores estão tendo, que são números bem parecidos com os da cidade. A maioria tem dois ou três filhos, bem diferente da realidade de antigamente, quando era comum que os agricultores tivessem mais de 8 filhos. Desta forma, a permanência no campo também depende de oportunidade de trabalho.
Voz do Cooperativismo: Quais são os principais projetos que a Cooperalfa tem para os próximos anos?
Romeo Bet: Em todos os anos nós temos projetos para executar. Temos um planejamento macro até 2030 de crescimento. Estamos aproveitando as oportunidades que surgem, como a aquisição ou incorporação de novas cooperativas e também a expansão de área, como é o caso mais recente de Mato Grosso do Sul, que estamos entrando com atividade de suínos para abastecer o frigorífico de Aurora, lá em São Gabriel do Oeste. Nós temos a necessidade de aumentar a nossa capacidade de armazenagem. Também almejamos aprimorar o leque de negócios nos supermercados e lojas agropecuárias, além de estarmos observando algumas áreas na nossa região sul, como o Rio Grande do Sul, iniciamos um crescimento lá e percebemos que temos muitas oportunidade de negócio para avançar. Também planejamos aumentar nosso parque industrial.
Voz do Cooperativismo: O senhor pode nos adiantar se existe a previsão da incorporação de alguma cooperativa ou empresa nos próximos meses?
Romeo Bet: Momentaneamente não, mas sempre existe a possibilidade. A Alfa cresceu aproveitando boas oportunidades, incorporando, comprando ou alugando, como a Cooperchapéco, Cooperxaxiense, Cooper São Miguel, Coopercanoinhas. Em 2014, levamos a nossa cooperativa para o Mato Grosso do Sul e, em 2017, para o Rio Grande do Sul. Em todas estas regiões temos uma atuação muito forte. Então essas foram algumas das aquisições que conseguimos e a expansão na parte industrial sempre está presente. Temos um projeto para aumentar a capacidade de suínos em Mato Grosso do Sul e por consequência disso temos uma necessidade de construir uma fábrica de ração lá, mais especificamente em Sidrolândia. Ou seja, estamos sempre observando as oportunidades que surgem, desta forma não temos nada no radar hoje, mas pode ser que logo consigamos uma nova oportunidade. Estamos sempre olhando para frente.
Voz do Cooperativismo: O senhor falou bastante sobre suínos. É este o ramo que vocês estão colocando mais incentivos?
Romeo Bet: Eu não diria que nós estamos empenhando mais força, mas, sim, é uma oportunidades de mercado que observamos. A Aurora está aumentando a capacidade de abate do frigorífico de São Gabriel do Oeste de 3.500 para 5 mil suínos. Como aqui em Santa Catarina não temos condições de aumentar, estamos construindo essa nova granja para suprir a necessidade que a Aurora tem lá no Mato Grosso do Sul.
Voz do Cooperativismo: Como a Cooperalfa tem lidado com os temas atuais como bem-estar animal, práticas ESG, a integração da tecnologia. Como a Alfa tem desenvolvido estas implementações e melhorias na produção?
Romeo Bet: A Alfa tem uma equipe técnica de muita qualidade, são agrônomos e veterinários que acompanham a evolução tecnológica. Nossa instrução é para que eles assimilem as novidades e sempre estejam preparados para levar os novos conhecimentos para a criação de suíno, frango e mesmo de leite, bem como na agricultura. O mercado sempre oferece novos produtos e por isso, é primordial ter uma equipe bem preparada para acompanhar essa evolução tecnológica, para manter um padrão elevado de qualidade e sempre atualizado.
Voz do Cooperativismo: Isso tem se traduzido em um melhoria de mais produção e mais produtividade?
Romeo Bet: Sem sombra de dúvida. Se nós olharmos dez anos atrás, qual era a média que se produzia por hectare de milho? Era cento e poucas sacas, às vezes chegávamos em 180. Hoje já passamos das 200 sacas de milho por hectare e já temos produtores colhendo 300. Da mesma forma verificamos avanços significativos na produção de frango e suíno. Se antigamente precisávamos de três a quatro quilos de ração para produzir um quilo de carne, hoje conseguimos produzir com cerca de 2,8 quilos. Esses números são o resultado da evolução tecnológica e de uma equipe comprometida em levar o melhor para os produtores. Desta forma, quem trabalha com a produção de alimentos precisa acompanhar as evoluções, para continuar competitivo no mercado.
Voz do Cooperativismo – Explique como os produtores da Alfa conseguem chegar a uma média alta de 32 suínos desmamados ao ano?
Romeo Bet – É uma média alta e nós queremos mais. Veja bem, há cerca de 15 anos achávamos que era impossível produzir esta quantidade. Mas, hoje, já temos a meta de produzir ainda mais, estamos produzindo cerca de 33 e 34 suínos desmamados ano por leitoa, mas queremos chegar aos 40 suínos. Então percebam que melhorar a produtividade é uma evolução constante.
Voz do Cooperativismo: Com relação ao faturamento da Cooperalfa, como deve encerrar 2023?
Romeo Bet: No final do ano passado nós planejamos chegar em R$ 10 bilhões de faturamento em 2023. Essa expectativa era por conta do cenário bastante favorável que tínhamos naquela época. Entretanto, com a mudança de comportamento, por exemplo, na parte de mercado, principalmente das commodities, acreditamos que não conseguiremos alcançar esta meta inicial e estamos observando que devemos chegar aos R$ 9 bilhões de faturamento. Esse número menor está muito relacionado com a queda dos preços das commodities, principalmente milho e soja, e o próprio suíno, bem como o dólar que também caiu, mas estamos trabalhando o máximo para chegar bem próximo dos R$ 10 bilhões.
O Presente Rural: Como o senhor enxerga a importância da intercooperação entre a Cooperalfa e a Aurora?
Romeo Bet: Eu vejo que a intercooperação é muito importante. É claro que cada empresa busca os seus interesses e negócios, mas em todas as oportunidades que podemos trabalhar em conjunto estamos trabalhando e isso contribui para o crescimento dos nossos negócios. A prova de que a intercooperação é benéfica está na composição da Aurora, pois hoje somos 13 cooperativas que trabalhamos juntas e a partir de outubro seremos 14 cooperativas integradas a Aurora. Além disso, temos mais três cooperativas que vão se integrar, pois a Aurora adquiriu um frigorifico no Paraná – que era mantido por três cooperativas: Capal, Frísia e Castrolanda. Esse frigorifico ainda não entrou em operação com a marca Aurora, mas em breve vai entrar. Desta maneira, essas três cooperativas também vão fazer parte da Aurora.
Voz do Cooperativismo: Quais são os principais desafios enfrentados pela Cooperalfa atualmente e quais estratégias estão sendo adotadas para superá-los?
Romeo Bet: O grande desafio é a insegurança econômica e política. Esses são dois grandes desafios que precisam ser enfrentados. Claro que nós vamos ter que “dançar conforme a música toca”. Veja bem, é muito complicado de se fazer um planejamento hoje para ser realizado no próximo ano, pois existem muitas variáveis, a insegurança é bastante e ela inibe a gente de fazer um passo a mais do que deveria, ou seja, é preciso manter os pés no chão para evitar maus negócios. Veja bem, temos a gripe aviária que está rodando o mundo, caso ela chegue a algum plantel comercial aqui no Brasil teremos problemas que ainda não podem ser calculados, uma emergência sanitária dessas pode alterar de forma das nossas exportações. Sabemos que quando os produtos de exportação sobram eles precisam ser consumidos pelo mercado local, e aí impactamos em problemas que temos dentro do nosso país, que é o poder aquisitivo do povo brasileiro ser baixo. Caso este cenário se confirme em nosso país, isso será um grande caos para as nossas agroindústrias, cooperativas e todo o nosso país.
Voz do Cooperativismo: O senhor acredita que o Brasil tem trabalhado bem a questão da biosseguridade, já que ainda estamos livres da gripe aviária nos planteis comerciais? Podemos creditar isso a biosseguridade?
Romeo Bet: Não tenho dúvida de que isso ajuda e previne muito. A recomendação técnica continua para que todos protejam as granjas. Não é momento de receber gente estranha para dentro das propriedades, precisamos evitar de todas as formas a entrada de outros animais, mantendo o local bem isolado. Executando uma boa biosseguridade estaremos contribuindo para que a doença não chegue em nossas propriedades. Por outro lado, mesmo com uma excelente biosseguridade é possível de sermos atingidos por esta enfermidade, ou seja, não estamos totalmente livres deste mal. Desta forma, todos precisam fazer a sua parte e trabalhar de forma eficiente para que não tenhamos nenhuma propriedade contaminada.
Voz do Cooperativismo: Com relação ao futuro, como a Cooperalfa enxerga as oportunidades para os próximos anos?
Romeo Bet: Bem, a história da Cooperalfa é marcada por grandes conquistas. O início foi muito difícil, pois não tínhamos nada de estrutura física. Porém, todas as dificuldades foram superadas com sabedoria. Neste momento atual de muitas inseguranças e incertezas vamos manter os mesmos moldes que sempre trabalhamos. Continuamos com os pés no chão, dando passos dentro daquilo que a gente tem certeza que vai conseguir cumprir, vamos continuar trabalhando para crescer nas oportunidades que tivermos, buscando ter sabedoria em todos os momentos. Podemos andar devagar, mas continuamos crescendo. Nos últimos anos crescemos cerca de 15% ao ano, e neste ano acreditamos que não conseguiremos este número, mas devemos crescer aproximadamente 10%. Isso já é uma conquista, por conta de todas as dificuldades que passamos. Estamos felizes com este crescimento, pois acreditamos que quando uma empresa não cresce, pelo menos acima da inflação, ela está fadada a quebrar, porque os custos operacionais sobem todos os dias e não conseguimos repassar ao consumidor este aumento e aí perdemos a competitividade. Desta maneira, para continuar bem no mercado é preciso aumentar o leque de negócios para poder se tornar competitivo. E é isso que estamos fazendo e desta maneira continuamos atuando de forma bastante forte no mercado brasileiro.
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Avicultura
Nova edição de Avicultura Corte e Postura evidencia os desafios do reovírus para a indústria avícola brasileira
A publicação também traz uma matéria especial sobre o Rei do Ovo, o mais novo bilionário brasileiro a integrar a lista da Forbes, a cobertura histórica de O Presente Rural no Siavs 2024 e ainda especialistas discutem os principais desafios sanitários enfrentados pelo setor avícola e as medidas de controle que estão sendo implementadas para proteger as granjas.
Já está disponível a nova edição digital de Avicultura Corte e Postura de O Presente Rural. A publicação traz em sua capa uma reportagem exclusiva sobre o reovírus aviário (ARV), um patógeno que vem desafiando a indústria avícola com novas variantes mutantes, particularmente virulentas em frangos de corte. Esse vírus, que já é conhecido há décadas, está ganhando novas proporções e afetando significativamente a produtividade das granjas, causando doenças como artrite viral e tenossinovite, além de impactos econômicos relevantes.
O reovírus é um inimigo invisível, mas poderoso, que prejudica a performance das aves, aumenta a mortalidade, e resulta em condenações em frigoríficos, elevando os custos de produção. Para mitigar esses danos, é essencial uma combinação de esforços entre pesquisa científica, biotecnologia avançada e boas práticas de manejo, além da troca constante de informações entre produtores, veterinários e empresas de saúde animal. A rápida identificação de novas variantes e a adaptação das estratégias de controle são elementos essencias para reduzir o impacto do reovírus.
Além da reportagem sobre o ARV, esta edição também traz uma matéria especial sobre Ricardo Faria, mais conhecido como o “Rei do Ovo”, o mais novo bilionário brasileiro a integrar a lista da Forbes. Faria construiu um império na produção de ovos e é referência no agronegócio, sendo um exemplo de sucesso e inovação no setor.
Outro destaque é a cobertura histórica de O Presente Rural no Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs 2024), o maior evento do setor no Brasil. A edição traz uma cobertura completa dos painéis, palestras e entrevistas realizadas durante o evento, além de vídeos exclusivos que capturam os principais momentos do encontro que reuniu líderes da avicultura e suinocultura.
Ainda nesta edição, especialistas discutem os principais desafios sanitários enfrentados pelo setor avícola e as medidas de controle que estão sendo implementadas para proteger as granjas. Em outra reportagem, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) traça um panorama da avicultura para a próxima década, destacando as tendências e os avanços tecnológicos que moldarão o futuro da produção avícola.
A edição também traz uma homenagem a Ricardo Santin, uma figura de destaque no setor, pela sua contribuição à avicultura do Paraná, que segue sendo um exemplo de excelência em nível nacional.
Há ainda artigos técnicos escritos por profissionais de renome do setor falando sobre manejo, inovação, produtos, bem-estar e as novas tecnologias existentes no mercado. A publicação conta ainda com matérias que trazem novidades das principais e mais importantes empresas do agronegócio nacional e internacional.
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Avicultura
Desafios sanitários e seu controle norteiam discussões do 15º Encontro Mercolab de Avicultura
Além do reovírus, o encontro abordou temas como as consequências econômicas da bronquite infecciosa e a importância do controle de salmonella na cadeia produtiva.
O 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em 10 de setembro em Cascavel (PR), reuniu mais de 300 participantes, entre profissionais da agroindústria, técnicos, fornecedores e especialistas, para debater os desafios e avanços da sanidade na cadeia avícola. Coordenado pelo médico-veterinário Alberto Back, doutor em Patobiologia Veterinária, o evento figura entre as principais plataformas de troca de conhecimento para o setor, reforçando o compromisso com a atualização técnica e trazendo à tona temas de extrema importância para a sustentabilidade e competitividade da avicultura brasileira.
Com uma programação elaborada em parceria com profissionais da cadeia produtiva, o encontro trouxe uma visão abrangente da avicultura atual, abordando desde o programa de autocontrole até o monitoramento molecular de reovírus. “Tivemos uma participação expressiva do público, o que demonstra o grande interesse pelos temas tratados. Houve muita troca de experiências e debates, engrandecendo o evento”, destacou Back.
Entre os temas em destaque, o reovírus ocupou o centro das discussões. A reovirose, doença que afeta aves gerando problemas articulares e dificuldade de locomoção, tem causado grande preocupação entre os produtores. Back explicou que a complexidade do vírus, com diversas cepas que variam em seu impacto, torna o controle um desafio constante. “Com o uso de tecnologias moleculares, conseguimos identificar as cepas que causam problemas e, com isso, desenvolver vacinas específicas para cada região ou granja, mas o controle ainda não é fácil”, evidenciou.
Além do reovírus, o encontro abordou temas como as consequências econômicas da bronquite infecciosa e a importância do controle de salmonella na cadeia produtiva. O evento também enalteceu a necessidade de atualização constante no setor avícola nacional, que, apesar de ser um dos mais avançados do mundo, enfrenta desafios crescentes com o avanço genético e as mudanças nas condições de criação. “Estamos criando aves mais eficientes, mas o desenvolvimento genético pode, em parte, colaborar para o surgimento de novas dificuldades, como o aumento da incidência de reovírus”, comentou Back.
O médico-veterinário enfatizou a importância de eventos como o Encontro para o fortalecimento da cadeia produtiva. “Esse tipo de troca de informações entre produtores, técnicos, laboratórios e fornecedores é o que nos permite estar preparados para enfrentar os desafios do setor e continuar evoluindo”, afirmou.
Avicultura nacional
O Brasil produziu em 2023 mais de 14,8 milhões de toneladas de carne de frango, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Com 5,1 milhões de toneladas comercializadas e R$ 52 bilhões faturados, o Brasil se consolida como o maior exportador dessa proteína. O Paraná é líder nacional, respondendo sozinho por 42% de tudo o que o País manda para 172 países. A produção mundial de carne de frango, no ano passado, foi de 102 milhões de toneladas.
O Brasil, que caminha para se consolidar como o maior celeiro exportador de alimentos do planeta, abastece a mesa de um bilhão de pessoas, cerca de 12% dos habitantes do planeta. E para manter essa liderança e o crescimento de cadeias tão indispensáveis para a economia nacional, com previsão de crescimento de 13% na de frango nos próximos sete anos, eventos como o Encontro MercoLab de Avicultura se tornam cada vez mais necessários.
O cenário da avicultura brasileira está em constante evolução, mas enfrenta um inimigo invisível e perigoso: o reovírus aviário (ARV). Embora já seja conhecido por décadas, este patógeno ganhou novas proporções com o surgimento de variantes virulentas, especialmente em frangos de corte, que causam doenças debilitantes como artrite viral e tenossinovite. O impacto econômico é considerável, com prejuízos causados pela queda na produtividade, aumento da mortalidade, condenações em frigoríficos e altos custos de tratamento.
O ARV é especialmente problemático por sua capacidade de se espalhar rapidamente nos ambientes de criação, tanto por transmissão horizontal (de ave para ave) quanto vertical (de reprodutoras para a progênie). Isso exige que os produtores mantenham um controle rigoroso das condições de biosseguridade nas granjas. No entanto, a resistência do vírus a desinfetantes e sua habilidade de permanecer oculto tornam o controle da doença um desafio constante.
Os programas de vacinação desempenham um papel central no controle da reovirose, mas o cenário atual impõe uma corrida contra o tempo. O ARV, como muitos outros vírus de RNA, tem uma alta taxa de mutação, o que frequentemente torna as vacinas tradicionais menos eficazes. Esse fenômeno destaca a importância de atualizar as vacinas regularmente, considerando as cepas predominantes nas regiões afetadas. Empresas de saúde animal têm investido na pesquisa e no desenvolvimento de vacinas autógenas, que são adaptadas a essas variantes locais, proporcionando maior eficácia.
No entanto, mesmo com o avanço das tecnologias de imunização, o reovírus continua sendo um desafio, pois suas manifestações clínicas são variadas e, muitas vezes, difíceis de identificar precocemente.
Para enfrentar esses desafios, a integração entre pesquisa científica, inovação em biotecnologia e a adoção de boas práticas de manejo é crucial. Além disso, a troca constante de informações entre produtores, veterinários e empresas de saúde animal é essencial para identificar rapidamente novas variantes e adaptar as estratégias de controle.
A avicultura, setor vital para a economia brasileira, precisa estar em alerta e continuar investindo em tecnologia e biosseguridade. Com uma produção de carne de frango que coloca o Brasil entre os líderes mundiais, garantir a sanidade e o bem-estar das aves é um passo fundamental para manter a competitividade no mercado global. O reovírus não é apenas um problema de saúde animal; é uma ameaça à sustentabilidade do setor avícola. A preparação, a inovação e a colaboração serão as chaves para superar esse obstáculo.
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Avicultura Vem aí o Alimenta
Congresso Brasileiro de Proteína Animal e Rendering
Em junho de 2025 o Paraná sediará o primeiro evento que vai reunir os players de proteína e reciclagem animal.
Surge um novo e disruptivo capítulo na história dos eventos de proteína animal no Brasil: o Alimenta – Congresso Brasileiro de Proteína Animal & Rendering. Marcado para junho de 2025, em Foz do Iguaçu, este evento é a evolução natural do Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, que cresceu ano após ano com o pilar de gerar informação útil aos produtores rurais. O Alimenta promete ser um marco significativo na integração de toda a cadeia de proteína animal e rendering ou reciclagem animal, atraindo a atenção de todos os segmentos do setor. Só o mercado de reciclagem animal movimenta em torno de R$ 100 bilhões por ano e exporta mais de US$ 115 mil por ano.
“O Alimenta 2025 foi concebido para atender às novas demandas e oportunidades do setor de proteína animal. A evolução do nosso
evento reflete nosso compromisso em proporcionar um ambiente onde produtores, profissionais e empresas possam compartilhar conhecimentos, inovações e gerar negócios. A escolha de Foz do Iguaçu, com sua infraestrutura e localização estratégica, foi essencial para abrigar esse novo formato, que promete ser mais inclusivo e abrangente”, destaca Selmar Marquesin, diretor do jornal O Presente Rural.
O Alimenta 2025 é uma oportunidade para cooperativas, empresas integradoras, produtores rurais, médicos veterinários, zootecnistas e empresas da cadeia de insumos se reunirem em um ambiente propício ao intercâmbio de conhecimento, inovação e oportunidades de negócios. Em um ambiente inspirador, o evento promete atender às demandas crescentes de qualificação e desenvolvimento constante. “Unir em um só lugar todos os atores da produção de proteína animal no Brasil é essencial para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do setor. O Alimenta 2025 foi criado com essa visão integrada, proporcionando um espaço onde ciência, tecnologia e negócios se encontram para contribuição à indústria de proteína animal”, afirma Eliana Panty, CEO do Alimenta.
Panty destaca que o setor de reciclagem animal, responsável pelo processamento de resíduos do abate de animais de produção, como aves, suínos, bovinos e pescado, gira milhões no mercado internacional. “São as partes dos animais abatidos que não vão para o consumo humano, seja por questões ligadas aos hábitos alimentares ou culturais da população ou, então, classificados como impróprios para consumo humano pelo sistema de inspeção oficial, como ossos, penas, sangue, escamas, vísceras, aparas de carne e gordura e partes do animal. Uma matéria prima valiosa para a indústria de rações para animais de produção e pets”.
O Alimenta 2025 se apresenta com uma programação abrangente com foco no produtor e nos gestores de granjas. Grandes empresas do setor apresentam suas últimas inovações, produtos e serviços na Exposição e Feira de Negócios, promovendo um ambiente dinâmico de networking e geração de negócios. Além disso, serão oferecidas palestras direcionadas a produtores de leite, ovos e carnes, além de sessões específicas para profissionais como médicos veterinários e zootecnistas, abordando as mais recentes novidades em pesquisa e desenvolvimento. A Mostra de Trabalhos Científicos oferecerá um espaço dedicado à apresentação de pesquisas e estudos de vanguarda da ciência e tecnologia no setor de proteína animal. As empresas parceiras também terão a oportunidade de organizar eventos adicionais, proporcionando ainda mais conteúdo relevante e oportunidades de aprendizagem.
Foz do Iguaçu
A escolha de Foz do Iguaçu como sede do Alimenta não foi por acaso. Reconhecida pela sua capacidade de receber grandes congressos do setor, a cidade conta com um aeroporto bem localizado e uma infraestrutura turística robusta, incluindo muitos hotéis para acomodar os participantes. Situada no Oeste do Paraná, um dos maiores polos de produção de proteína animal do Brasil, Foz do Iguaçu oferece o ambiente ideal para um evento dessa magnitude.
“O evento visa promover a qualificação constante do setor através de palestras atualizadas, destacando as mais recentes inovações em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, busca fomentar negócios por meio da exposição de fornecedores da cadeia de insumos e das indústrias que trabalham com rendering, um processo de reciclagem animal que transforma partes não aproveitadas para a alimentação humana em componentes para rações. Com esta nova abordagem, o Alimenta pretende integrar toda a cadeia produtiva, reforçando a importância da inovação e do desenvolvimento sustentável para o futuro da proteína animal no Brasil”, menciona Eliana Panty.
“Prepare-se para uma experiência única e transformadora no Alimenta – Congresso Brasileiro de Proteína Animal & Rendering. Este evento promete ser um verdadeiro progresso para o avanço da indústria de proteína animal, reunindo os principais atores do setor para compartilhar conhecimento, explorar novas oportunidades e construir um futuro mais próspero e sustentável. Nos vemos em Foz do Iguaçu, onde juntos vamos moldar o futuro da proteína animal no Brasil”, sintetiza Eliana Panty.
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