Conectado com

Empresas

Está na hora de entrarmos em uma nova fase no controle da doença de Gumboro?

Estudos apontam que efeitos imunossupressores do vírus de Gumboro, sejam eles de campo ou vacinais, podem comprometer a proteção contra outras enfermidades, como Salmonelose e Bronquite Aviária

Publicado em

em

Alberto Inoue,MV, MSc,  Gerente de Marketing e Serviços da BI Fast – unidade de negócios de aves e suínos da Boehringer Ingelheim.

 

A doença de Gumboro já foi um dos principais vilões da avicultura brasileira, com direito a eventos exclusivos com palestrantes renomados para discussão da sua patogenia e controle. Atualmente, mais de 20 anos após os primeiros casos da forma clínica causada pelos vírus muito virulentos de Gumboro (vvIBDV), a situação é bem mais tranquila e levanta-se a possibilidade de uma nova fase no controle da enfermidade, a proteção ligada ao bem-estar animal.

Em 1997, quando a forma virulenta da doença de Gumboro surgiu no Brasil, só eram disponíveis vacinas intermediárias contra o agente. Mesmo com ações de biosseguridade e programas de vacinação intensos, as cepas disponíveis não eram capazes de controlar de forma eficiente o vvIBDV. Surgiram então, as vacinas intermediárias plus e, posteriormente, as cepas vacinais fortes de Gumboro, entre 1999 e 2001. A partir daí, a enfermidade foi gradativamente sendo controlada e esses vírus vacinais mais virulentos passaram a predominar no campo.

Depois de alguns anos, em 2006, o controle da doença de Gumboro passou por um novo momento. A forma clínica começou a ser muito menos frequente, e o mercado migrou para opções que levassem conveniência por meio da vacinação em dose única, ainda no incubatório. Duas tecnologias passaram a dominar esse novo momento, vacinas vetorizadas, em que o gene que expressa a proteína viral (VP2) do vírus de Gumboro é inserido no vírus de Marek HVT, e vacinas imunocomplexos, em que um vírus vivo com cepa intermediária plus de Gumboro apresenta-se na forma de complexo ligado a anticorpos. Atualmente, mais de 90% das aves no Brasil são imunizadas com vacinas levando essas tecnologias.

Várias publicações já demonstravam que vírus vacinais mais virulentos de Gumboro, como intermediário plus, afetam a resposta humoral a outras vacinas como Bronquite, Newcastle e EDS, e isso está relacionado à destruição de linfócitos B presentes na bolsa de Fabrícius. Contudo, novos estudos* apontam que, da mesma forma que ocorre com vírus de campo, os vírus vacinais do tipo intermediário plus comprometem também a resposta celular e a aumentam a ocorrência de outras enfermidades. Uma dessas avaliações mostra que aves vacinadas com vacinas intermediárias plus de Gumboro apresentaram quase três vezes mais isolamentos de Salmonela em fígado, 21 dias após a vacinação. O vírus de Gumboro causa uma imunossupressão direta pela necrose e apoptose de linfócitos B e, posteriormente uma imunossupressão indireta pela inibição da mitogênese de células T, além de macrófagos, que são importantes para proteção contra agentes como a Salmonela.

Diante das novas informações, levanta-se a reflexão sobre o uso inteligente das vacinas disponíveis no mercado. Situações como o uso do primeiro ciclo de criação em uma cama nova de frangos ou desafios muito agressivos, podem requerer o uso de vacinas vivas, contudo, na maioria das situações, vacinas vetorizadas apresentam excelente proteção, sem qualquer injúria ao sistema imune. A eficácia das vacinas vivas, sejam convencionais ou imunocomplexos no controle da doença de Gumboro, é inquestionável, contudo, chegamos a um momento de avaliar se o desafio de campo requer o uso de cepas virulentas como rotina.

Diante da disponibilidade de diferentes tecnologias no mercado, ressalta-se a importância do médico veterinário em conhecer a situação epidemiológica da doença de Gumboro de cada região. A atual reflexão não é mais qual a melhor vacina contra a doença, e sim, qual o melhor programa integrado, visando não somente a proteção contra uma enfermidade, mas da preservação do sistema imune das aves para a expressão máxima do seu potencial genético.

 

*Rautenschlein S, Lemiere S, Pradini, F. Evaluation of effects of an HVT-IBD Vector Vaccine on the immune system of layer pullets in comparison with two commercial Live IBD vaccines. XVII VPA Congress Nantes, France, 2013. Rautenschein, S.; Simon, B; Jung, A; Poppel, M; Pradini, F; Lemiere, S. Protective efficacy of Vaxxitek HVT IBD in commercial layers and broilers against challenge with very virulent infectious bursal disease virus. 16th WVPAC Marrakesh, November 8th-12th, 2009.  Mazariegos LA, Lukert, PD. 1990. Pathogenicity and Immunosuppressive propertieis of infectious bursal disease “intermediate” strains. Avian Diseases, 34 (1), p. 203-208

Fonte: Ass. de Imprensa

Continue Lendo

Empresas Discussões sanitárias

American Nutrients reforça a cadeia exportadora da carne suína ao aderir ao programa livre de ractopamina

A empresa oficializou sua adesão total ao programa como parte de uma estratégia de competitividade

Publicado em

em

Arquivo OP Rural

A ractopamina, um agonista β-adrenérgico amplamente utilizado para melhorar ganho de peso e eficiência alimentar em suínos, permanece no centro das discussões sanitárias internacionais. Embora seu uso seja regulamentado no Brasil, diversos mercados estratégicos — como União Europeia, China e Rússia — possuem tolerância zero para resíduos desta substância em produtos de origem suína.

O ponto crítico está na cadeia de alimentação: a inclusão de ractopamina na ração de suínos pode resultar na sua detecção na carne, mesmo quando utilizada dentro das doses permitidas. Essa presença residual é suficiente para inviabilizar exportações e comprometer toda a cadeia produtiva voltada a mercados que adotam exigências mais restritivas.

Com o objetivo de assegurar conformidade sanitária, rastreabilidade e segurança na exportação, o Ministério da Agricultura e Pecuária instituiu o Programa de Produção Livre de Ractopamina. A certificação reconhece empresas que mantêm protocolos rigorosos de controle para garantir ausência parcial ou total da molécula em qualquer etapa da produção de rações para suínos.

A American Nutrients oficializou sua adesão total ao programa como parte de uma estratégia de competitividade e alinhamento às demandas globais. Ao assegurar que suas soluções nutricionais estão completamente isentas de ractopamina, a empresa fortalece a confiança de frigoríficos, integradoras e produtores que dependem de dietas certificadas para acessar mercados premium.

Esta iniciativa reforça o compromisso da American Nutrients com a qualidade, a transparência e a sustentabilidade da cadeia suinícola. Em um cenário de crescente rigor sanitário internacional, a nutrição animal livre de ractopamina é um elemento-chave para manter e expandir a participação brasileira nos mercados mais exigentes do mundo.

Fonte: Daiane Carvalho - Dra. Médica Veterinária - Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento e Responsável Técnica da American Nutrients do Brasil Indústria e Comércio Ltda
Continue Lendo

Empresas

Inteligência Artificial conta 140 mil ovos por dia com 99,9% de precisão e transforma avicultura

Entre outros indicadores, tecnologia da ALLTIS monitora temperatura, água e volume de grãos nos silos, reduz perdas e aumenta produtividade da Granja São Marcos, de Mogi-Guaçu (SP)

Publicado em

em

Fotos: Alisson Siqueira

A Granja São Marcos, de Mogi-Guaçu (SP), alcança um novo patamar de produtividade após a implementação do sistema de inteligência artificial da empresa de tecnologia ALLTIS. Com produção diária de 140 mil ovos, o equivalente a 4,7 milhões por mês, a granja – dona da marca Naturegg – estima ganhos operacionais de até 90% após a integração de um pacote de sensores controlado por IA, que permite controle sanitário, monitoramento ambiental e gestão de recursos com mais segurança, precisão e eficiência. A ALLTIS resolve problemas crônicos da avicultura, transformando as granjas em propriedades 4.0 e contribuindo para o aumento da produtividade e a redução de custos. Recentemente, a ALLTIS firmou sociedade com a MCassab Nutrição e Saúde Animal, empresa do Grupo MCassab, especialista em nutrição e saúde animal há mais de meio século.

Fundada em 1983 pela família Teixeira, a São Marcos deixou de ser fornecedora de frangos vivos para ser uma produtora de ovos orgânicos e caipiras livres de antibióticos, comercializados sob a marca Naturegg. Hoje, tem 170 mil aves em postura e distribuição para seis estados brasileiros – São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.

A necessidade de incluir a tecnologia e digitalizar os processos em uma atividade historicamente tradicional, decorre do volume de informações exigidas tanto para gestão do negócio quanto pelos órgãos certificadores. Diariamente, a equipe da São Marcos passou a registrar pela IA, entre outros, dados de temperatura, umidade, consumo de água e ração, taxas de mortalidade e indicadores de bem-estar animal.

“Nosso maior desafio sempre foi transformar informação em decisão. Com a operação que temos hoje, isso já não era possível de forma tradicional. A tecnologia traz agilidade, segurança e capacidade de gerir de maneira eficiente e de antecipar problemas. Agora, conseguimos agir antes que o impacto aconteça”, afirma Matheus Teixeira, diretor comercial da Naturegg.

A parceria com a ALLTIS foi importante para os planos da São Marcos. A granja utiliza quatro frentes tecnológicas da startup: monitoramento ambiental (Sense), controle do consumo de água (Aqua), gestão automática dos silos (Domo) e contagem de ovos por inteligência artificial (EggTag) com precisão de 99,9%. “Cito um exemplo: antes de ter o monitoramento das informações por IA, nossos funcionários precisavam subir em 21 silos para verificar o estoque de ração, enfrentando risco de acidentes e imprecisão nos cálculos. Agora, todo o controle é feito pelo celular, com previsões de consumo e alertas programados”, explica Tailisom Silva, gerente da granja.

“Ter dados confiáveis em tempo real é essencial para obter resultados melhores e maior precisão na gestão. O mercado exige rastreabilidade e sustentabilidade, e a tomada de decisão precisa ser rápida e embasada. Nosso papel é transformar dados em informações úteis para o dia a dia e entregar tecnologias que se adaptam às necessidades e realidade do produtor”, afirma André Aquino, sócio e COO da ALLTIS.

“O exemplo da São Marcos mostra o quanto a tecnologia é importante para potencializar a produtividade das granjas de postura. Mas não apenas isso. É essencial monitorar todas as áreas do negócio e, assim, reduzir os gargalos, que são vários. A tecnologia da ALLTIS está disponível para contribuir para vencer esse desafio”, ressalta Mauricio Graziani, diretor executivo da MCassab Nutrição e Saúde Animal, acionista da ALLTIS.

Outros avanços devem vir nos próximos meses, como a automatização da contagem de ovos com identificação por tamanho e coloração. A expectativa é reduzir ainda mais o índice de erros humanos e dispor de dados detalhados para ajustar o manejo à tecnologia e otimizar o rendimento da produção de ovos.

Para Matheus, a digitalização dos processos é um caminho indiscutível. “O maior erro é achar que a tecnologia é algo distante ou complicado. É o contrário. Ela simplifica, reduz perdas e dá clareza para agir. Quem não se permitir evoluir vai ficar para trás”, ressalta o diretor comercial da Naturegg.

Fonte: Assessoria MCassab Nutrição e Saúde Animal
Continue Lendo

Empresas Ameaça silenciosa

Como a Doença de Gumboro Afeta a Sanidade, Performance e Rentabilidade das Aves

Altamente contagiosa, a enfermidade viral desafia o sistema imunológico das aves e pode gerar prejuízos expressivos à avicultura industrial

Publicado em

em

Divulgação / Fotos: Zoetis

A avicultura industrial brasileira, reconhecida mundialmente por sua eficiência produtiva, enfrenta desafios cada vez mais complexos no manejo sanitário dos plantéis. Entre esses desafios, a Doença de Gumboro, também chamada de Doença Infecciosa da Bursa (DIB) é altamente contagiosa. A enfermidade viral acomete principalmente aves jovens entre 3 e 10 semanas de idade, comprometendo o sistema imunológico e impactando diretamente o desempenho zootécnico das granjas.

A doença é causada por um vírus do gênero Avibirnavirus, notável por sua resistência ambiental — capaz de permanecer ativo por longos períodos mesmo após procedimentos de limpeza e desinfecção. Ao atingir a bolsa de Fabricius, órgão essencial à formação das células de defesa das aves, o vírus provoca imunossupressão severa, tornando os animais mais vulneráveis a outras infecções e interferindo na eficácia de vacinas de rotina.

Além do impacto financeiro direto, os efeitos produtivos da doença são amplos e muitas vezes silenciosos na forma subclínica. Em um cenário de alta densidade de alojamento, o controle da imunossupressão é um fator decisivo para sustentar a competitividade da produção de frangos no país.

“A Doença de Gumboro é uma ameaça muitas vezes silenciosa, mas de alto impacto econômico. Mesmo infecções subclínicas, podem reduzir o ganho de peso, comprometer a conversão alimentar e afetar a qualidade dos ovos. O monitoramento eficaz é o primeiro passo para conter o avanço da enfermidade e proteger o potencial produtivo das granjas”, destaca Eduardo Muniz, Gerente Técnico de Aves da Zoetis Brasil.

Na prática, o produtor pode perceber a presença da doença por sinais clínicos como depressão, diarreia aquosa, desidratação e penas arrepiadas. Contudo, é a observação de indícios produtivos como a queda na taxa de ganho de peso diário ou a redução na qualidade dos ovos que costuma revelar a circulação do vírus em sua forma subclínica. Em lotes de alto desempenho, qualquer variação nesses parâmetros representa perda direta de margem e eficiência.

“Em granjas industriais, onde milhares de aves convivem em densidades elevadas, a probabilidade de disseminação viral é alta. O controle eficaz depende de um conjunto de medidas: vigilância sanitária constante, diagnóstico laboratorial preciso e imunização bem planejada. Mais do que uma rotina de biosseguridade, trata-se de uma estratégia de rentabilidade”, reforça Muniz.

A prevenção da Doença de Gumboro deve ser encarada como um investimento zootécnico estratégico. Além da escolha de vacinas adequadas à realidade imunológica dos lotes, é essencial realizar o acompanhamento técnico dos resultados, observando tanto o desempenho produtivo quanto a resposta imunológica. O uso de vacinas como a Poulvac® Procerta® HVT-IBD vacina de vírus vivo congelado contra as doenças de Marek e Gumboro, torna-se uma ferramenta fundamental dentro de estratégias preventivas consistentes e de longo prazo. A vacinação pode ser feita via subcutânea, ou in ovo em ovos embrionados de galinha saudáveis com 18 a 19 dias de idade.

Para a Zoetis, líder mundial em saúde animal, o enfrentamento da Doença de Gumboro faz parte do ciclo contínuo de cuidado. A empresa reafirma que, em um cenário global cada vez mais desafiador, sanidade é sinônimo de desempenho, e o cuidado com a imunidade é o alicerce da produção avícola moderna.

Fonte: Assessoria
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.