Avicultura Boas Expectativas
“Esse ano será muito melhor”, aponta presidente do Sindiavipar
Para presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, 2019 será muito melhor para avicultura brasileira

A avicultura brasileira teve muitos altos e baixos no decorrer de 2018. Problemas com exportação, Operação Trapaça e Greve dos Caminhoneiros foram alguns dos fatores que fizeram com que o setor sofresse e tivesse perdas consideráveis ao longo do ano. Porém, com a página virada e um novo ano começando, agentes e lideranças envolvidas na avicultura nacional acreditam que 2019 será muito mais positivo, tanto para a avicultura quanto para toda a cadeia produtiva nacional.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, lembra que a avicultura paranaense, a maior do Brasil, fechou o último ano com 1,6% de retração na produção e 6,9% de queda nas exportações. “Os eventos negativos do primeiro semestre foram decisivos para esses índices, sendo que para nós do Sindiavipar, a decisão do parlamento europeu em suspender as exportações de algumas plantas nacionais se deu por uma opção protecionista e não por questões sanitárias, prejudicando toda uma cadeia produtiva. Por isso, creio que esse ano foi duplamente atípico”, diz.
A liderança comenta que houve alguns fatos que contrariaram totalmente as projeções iniciais, e a única certeza que tiveram foi a força do setor. “Prova é que no segundo semestre houve avanço de 2,8% nos abates e 19,5% nos embarques de carne de frango em comparação aos primeiros seis meses do ano. Nós somos organizados. E cada vez mais mantemos essa unidade. As cooperativas sempre estiveram conosco, todas as firmas independentes também. Desde o produtor até as grandes indústrias”, afirma. Para ele, se o setor mantiver toda essa união que existe hoje, a avicultura será efetivamente imbatível. “Tudo isso não foi suficiente para zerarmos a conta e termos números positivos em 2018, até pelo fato de 2017 ter sido um ano espetacular”, lembra.
Domingos explica ainda que a greve dos caminhoneiros e Operação Trapaça foram duas questões bastante pontuais para o setor. “A Operação Trapaça alcançou uma única empresa. Obviamente para ela houve um grande impacto, principalmente nas exportações, mas para a avicultura como um todo houve uma retomada durante o ano, com as cooperativas conseguindo passar por isso e terem ótimos rendimentos”, comemora.
Quanto a greve, o presidente diz que houve um trabalho conjunto para resolver e amenizar os danos da situação. “Para darmos essas condições as empresas, trabalhamos em conjunto da ABPA, Governo do Paraná, Polícia Rodoviária Federal e outras entidades para uma resolução mais rápida da greve dos caminhoneiros, além da liberação de cargas de rações, visando a alimentação das aves. Prova é que em setembro, outubro, novembro e dezembro já houve uma maior recuperação e demonstrou que essas questões já estavam superadas”, celebra.
A liderança comenta ainda que quando se mexe com segmentos diferenciados existem muitas variáveis. “Nós acreditamos e estamos preparados para qualquer coisa que ocorrer. Depois da greve dos caminhoneiros, houve uma maior preparação das empresas e cooperativas para diminuir os riscos de uma nova paralisação. A vontade que temos de recuperarmos economicamente o país é muito maior do que o sentimento daqueles que querem retrancar nossa economia”, afirma.
Além do mais, quanto às sequelas que estas duas situações deixaram para a avicultura nacional, citando suspensão da habilitação de algumas plantas frigoríficas para o mercado europeu, o presidente acredita que as empresas hoje estão melhor preparadas para tais situações. “Barreiras comerciais sempre vão existir, embora muitas vezes são colocadas outras razões para esses embargos. E isso ocorre pela nossa competência do mercado, o que faz com que outros países façam tentativas de parar esse avanço. Nós produzimos a melhor de todas proteínas animal e com o melhor preço, o que obviamente gera esse tipo de reação”, diz.
Outra situação que a avicultura brasileira teve e ainda tem de lidar é quanto ao caso de acusação da China de dumping contra o mercado brasileiro de frango. Para o presidente, assim que as tratativas com o mercado chinês foram resolvidas, as exportações brasileiras devem melhorar. “Inclusive, uma das empresas que foram acusadas de dumping com a China já está negociando com o país para conseguir voltar a exportar. Novamente eu acredito que essa decisão seja motivada por estratégias comerciais, com objetivo de paralisar nosso avanço. Nós não temos a necessidade de realizar essa prática para conseguirmos bons resultados comerciais”, afirma. Ele reitera que faz parte do trabalho de todo o setor enfrentar essas adversidades e cabe a todos continuar produzindo com a reconhecida qualidade e eficiência brasileiras.
Um 2019 muito melhor
Domingos acredita que 2019 será um ótimo ano para a avicultura nacional, com uma boa retomada. “Esse ano será muito melhor que 2018 para a avicultura. Teremos uma modificação fortíssima no mercado internacional, com novas conquistas e perpetuação dos nossos produtos. Temos a expectativa de crescimento entre 4 e 6%, com um cenário mais favorável na economia, tendo um crescimento a níveis constantes no PIB, retomada na criação de empregos, aquecimento do mercado interno e uma boa safra. Todos esses fatores já estão se encaminhando como possíveis para esse ano”, acredita.
Além do mais, quanto a possibilidade de um possível aumento do preço dos insumos por conta da quebra da safra em algumas das principais regiões produtoras do país – como é o caso do Paraná, em que safra de soja deve ter queda de 12% –, o presidente afirma que não acontecerá. “Mesmo com essa possível quebra, nós temos outros fatores positivos que compensam essa perda, como o avanço genético dentro das granjas, cada vez mais sendo utilizado pelos produtores. E como o Brasil é um país muito grande, mesmo com uma diminuição na safra total, ainda notamos que os números são positivos, inclusive gerando um recorde positivo”, conta. Ele acrescenta que obviamente variáveis podem aparecer no caminho, como a alta do dólar que encarece o preço desses insumos, mas pode-se dizer que o conjunto da obra é muito maior que esses pontos.
Política no auxílio da avicultura
O presidente do Sindiavipar diz que a nível estadual, o Paraná tem a possibilidade de um governo alinhado com os interesses do campo, pois mesmo tendo feito carreira em Curitiba, Ratinho Junior cresceu na realidade da produção agropecuária, conhecendo mais do que os antigos representantes do executivo a grandeza e o significado do setor.
Já quanto ao governo federal, a visão é de otimismo. “A corrente que vai governar o país nos próximos anos carrega ideais mais modernos, concisos e mais alinhados com as políticas exteriores, dando maior liberdade aos Estados para conseguirem crescer e ter maior receita. Posso garantir que a classe empresarial e as instituições que formam esse setor estão esperançosas, principalmente na melhora da condição financeira dos brasileiros. Dinheiro no bolso significa mais comida na mesa para as pessoas”, assegura.
Domingos complementa que acredita muito no governo federal e estadual do Paraná, torcendo muito para as administrações sejam conduzidas da melhor forma possível. “O Brasil é grande, o Paraná também e a avicultura é base para isso. Temos apenas que acreditar que conseguimos passar pelos percalços que aparecerem, pois eles são necessários para o nosso crescimento”, menciona o presidente do Sindiavipar.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de janeiro/fevereiro de 2019 ou online.

Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.
Avicultura
Avicultura do Paraná sofre com desequilíbrio entre custos e remuneração
Levantamento do Sistema Faep mostra que, mesmo com a liderança nacional em abates, a maioria dos produtores opera abaixo dos custos, acumulando prejuízos e enfrentando dificuldades para manter e modernizar os aviários.

O Paraná é uma superpotência nacional na produção de frangos de corte. Os números falam por si: o Estado responde por um terço dos abates do país, produzindo quase 2,3 bilhões de cabeças em 2024, movimentando cifras da ordem de R$ 31 bilhões. Toda essa pujança do setor, no entanto, não tem chegado aos produtores rurais. As receitas dos avicultores mal cobrem os custos diretos, o que representa um risco para a atividade em médio e longo prazos.
Confira todas as planilhas do levantamento de custos de produção da avicultura
É o que aponta o levantamento de custos de produção elaborado pelo Sistema Faep. O estudo é elaborado seguindo a metodologia própria e embasado por dados fornecidos por avicultores de todas as regiões do Estado. Os produtores foram ouvidos em painéis realizados em cada uma das 14 Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) do Paraná, abrangendo os polos produtivos do Estado. Os resultados representam as médias por tamanhos de modais e classificação do frango, pesado ou griller, conforme o cenário das integrações.

Segundo os técnicos Caroline da Costa e Fábio Mezzadri, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep, os dados “revelam um cenário preocupante para a sustentabilidade da atividade”. Segundo o relatório, em praticamente todas as integrações, ALERTA as receitas obtidas pelos avicultores com a entrega das aves e com a venda de cama de aviário cobriram apenas os custos variáveis – ou seja, os desembolsos para produzir o lote de frangos.
O levantamento revelou que os produtores rurais ficaram no vermelho no que diz respeito ao custo fixo (que leva em conta as depreciações de máquinas, equipamentos e instalações) e o custo total (que se consolida como um índice de longo prazo para a atividade). Isso implica em saldos negativos anuais para cada produtor, que variam entre R$ 89 mil e R$ 217 mil, o que compromete a depreciação de instalações e a capacidade de investimento. “Ano após ano, as condições dos produtores estão se complicando, com a atividade ficando mais no vermelho”, diz o presidente da Comissão Técnica de Avicultura do Sistema Faep, Diener Santana. “Os reajustes que os produtores estão recebendo não acompanham os custos de produção, que têm aumentado acima. Isso agrava o vermelho”, acrescenta.
Ainda, o DTE do Sistema Faep estabelece uma comparação com os resultados de 2024. Segundo os técnicos, ao longo de um ano, houve um aumento nos custos variáveis, que oscilou entre 5% e 15%, conforme a região. O que mais pesou foram os valores da mão de obra, dos custos de manutenção e da energia elétrica. “Esses fatores [de aumento] são influenciados pela inflação, demandas regulatórias e exigências de bem-estar animal”, destaca Caroline, do DTE. “Esta realidade ameaça a viabilidade da cadeia produtiva paranaense, um dos pilares do agronegócio brasileiro, com potencial impacto em empregos rurais, suprimento de insumos e exportações”, complementa Mezzadri.
O presidente da CT de Avicultura ressalta uma distinção dentro da atividade. Os aviários mais novos, em regra, recebem adicionais. Os galpões mais antigos, no entanto, não ganham qualquer complementação. “Os modais novos têm incentivo para que o produtor se viabilize. Os mais antigos não têm. É só a remuneração seca”, aponta Santana.
Há oito anos na atividade, o avicultor Luís Guilherme Geraldo mantém quatro galpões, alojando 160 mil aves, em Jaguapitã, no Norte do Paraná. Além dele, o pai e dois colaboradores atuam diretamente na produção de frangos de corte, na propriedade. “Realmente, a avicultura está em bom momento, principalmente no mercado de exposições. Mas o lucro fica todo na integração”, ressalta.

Ao longo do ano, por meio de negociações na Cadec, os produtores conseguiram reajustes de 7,5%, que minimizaram os prejuízos acumulados em anos anteriores. Geraldo pretende ampliar a produção para diluir os custos, mas sabe dos riscos implicados na operação. “Apesar dos cenários econômico e político desafiadores, o produtor continua investindo. Esperamos que a avicultura siga em alta. O frango brasileiro é bem-visto no mercado internacional por nossas boas práticas sanitárias. Continuamos realizando diversos estudos para auxiliar nossos produtores rurais”, afirma o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette. “Nosso papel é dar esse suporte aos avicultores nas negociações de preços e custos junto às empresas integradoras em reuniões das Cadecs”, complementa.
Empresas cobram investimentos de produtores, mas remuneração é insuficiente
Um agravante à condição dos avicultores integrados envolve as exigências das empresas em relação a investimentos constantes nos aviários. Segundo os produtores rurais ouvidos pela reportagem do Boletim Informativo, as integradoras têm demandado atualizações constantes nos aviários, principalmente no que diz respeito a automação dos galpões e a aspectos sanitários. O valor pago aos produtores, no entanto, inviabiliza tais investimentos, pressionando cada vez mais os avicultores. “Há uma pressão enorme por investimentos e melhorias nos aviários justamente para proporcionar lucros à integradora e manter a excelência do padrão sanitário na criação das aves”, diz o produtor Maurício Gonçalves Pereira. “Temos que investir somas significativas para manter a ótima qualidade dos frangos, o que proporciona um primor sanitário e a conquista do produto em países que bem remuneram a carne de frango, mas não somos remunerados na mesma medida”, acrescenta.
Os aviários na propriedade de Pereira têm 11 anos, em São Tomé, município vizinho a Cianorte, Noroeste do Paraná. Apesar de ter feito inúmeras melhorias, ainda há uma série de investimentos que precisa ser feita. “Em um dos fornos, preciso substituir o sistema de aquecimento e nos outros é necessária a substituição das cortinas para a melhoria na circulação. Fora isso, constantes são os gastos com a manutenção da estrutura dos aviários”, aponta o avicultor. “Dada a necessidade incessante de investimentos, esta manutenção tem sido um problema sério para o produtor, visto que a remuneração não tem sido suficiente para que façamos todos os desembolsos necessários e exigidos pela integradora”, aponta.

Avicultor há 12 anos, Pereira mantém dois aviários com capacidade global de alojar 65 mil aves. Ele detalha que a renda dos produtores está diretamente relacionada à questão estrutural e às exigências das integradoras. Ele está prestes a fazer novos investimentos. “Preciso investir mais no aumento da capacidade de geração de energia fotovoltaica, já que a produção atual está sendo insuficiente. O valor da energia elétrica oscila e isto impacta diretamente no custo de produção”, diz.
Outro produtor, Eliandro Vegian Carneiro, também aponta que as instalações são determinantes para a equalização da atividade. Ele administra uma propriedade localizada em Éneas Marques, no Sudoeste do Paraná, em que mantém um aviário com capacidade para alojar 27 mil aves. Ele avalia os riscos que os elevados custos e necessidades constantes de investimentos implicam ao setor. “Tem que buscar por tecnologia e formas de reduzir os custos entre os lotes para poder se manter na atividade. É ‘bruto’ investir aproximadamente R$ 1,5 milhão em um barracão e saber que terá essa dívida por longos dez anos ou mais”, aponta Carneiro. “Em aviários mais novos, com mais tecnologia ou onde se tem mais de um aviário, consegue equilibrar, mas os custos de manutenção subiram muito”, diz.
De acordo com Luiz Guilherme Geraldo, quem tem estrutura mais defasada passa a ser pressionado a modernizar os galpões, mesmo que a remuneração não permita novos investimentos. “Os donos de aviários mais novos recebem um incentivo para estar sempre melhorando os galpões. Mas quando se trata de um aviário mais antigo, o produtor é cobrado a investir um dinheiro que não tem. Só se fizer essa modernização é que vai receber algum incentivo”, afirma. “Desejamos a melhoria das condições de remuneração para que possamos nos manter vivos e ativos na produção”, diz Pereira. “O próximo ano é uma incógnita. Com os juros altos em ano de eleição, não vejo uma melhora a curto prazo”, conclui Carneiro.



