Bovinos / Grãos / Máquinas Entrevista exclusiva
“Esperamos um escoamento de carne sutilmente melhor que em 2020”, dizem consultores
Engenheiro agrônomo Alcides Torres e com o médico veterinário Hyberville Neto, que fazem parte do time da Scot Consultoria, falam sobre o assunto

Para entender melhor o cenário do mercado interno e externo, o comportamento e o que esperar para 2021, o jornal O Presente Rural também conversou com produtores o engenheiro agrônomo Alcides Torres e com o médico veterinário Hyberville Neto, que fazem parte do time da Scot Consultoria. A título de localização temporal, saiba que a entrevista foi feita em 19 de fevereiro. Confira.
O Presente Rural – Como foi o cenário da carne bovina em 2020?
Alcides Torres e Hyberville Neto – Como resultado da retenção de fêmeas, estimulada pelos preços da reposição em alta, estima-se uma redução de 5,7% na produção de carne bovina. Para as exportações, houve aumento de 9,7% (Secex). Com menos carne produzida e mais carne exportada, caiu a disponibilidade interna de carne bovina, com as cotações da carne e do boi gordo subindo.
Com isso, a cotação no mercado atacadista subiu 37,4% em doze meses, considerando preços nominais.
O Presente Rural – Quais foram os fatores que fizeram com que a arroba chegasse a mais de R$ 300 agora em 2021?
Alcides Torres e Hyberville Neto – O principal vetor da firmeza do mercado foi a oferta curta de gado. Tivemos atrasos das chuvas no final de 2020, o que afetou o pasto e a engorda, mas a retenção de fêmeas, estimulada pelos preços da reposição, tem uma boa parcela de culpa nas valorizações.
O Presente Rural – O produtor está se capitalizando mais?
Alcides Torres e Hyberville Neto – Os últimos anos foram de bons resultados, em especial para os sistemas que não compram reposição, ou seja, a cria e o ciclo completo.
O Presente Rural – Como está o mercado de boi gordo no Brasil?
Alcides Torres e Hyberville Neto – O mercado está firme, mas um pouco mais calmo que no início do ano. O consumo doméstico está lento e as exportações não ajudaram nas últimas semanas, também por causa da oferta curta de carne. Para o curto prazo, a virada de mês (fevereiro) deve ajudar a demanda doméstica e espera-se que a China aumente as compras após o período recente de ano novo.
Tomando São Paulo como referência, em doze meses a cotação subiu 47,8% para o boi gordo, no Paraná a variação foi de 52,7%.
O Presente Rural – Qual a tendência para 2021 para a carne bovina brasileira?
Alcides Torres e Hyberville Neto – Esperamos um cenário de oferta curta, possivelmente maior que em 2020 no acumulado do ano, mas ainda em um patamar limitado. Do lado do consumo, a evolução da imunização da população contra a Covid-19 e a retomada da economia nos próximos meses vão definir o cenário, mas pelas indicações positivas para o PIB, esperamos um escoamento de carne sutilmente melhor que em 2020.
Para as exportações, a expectativa é de aumento, mais ameno que nos últimos anos. China deve continuar comprando com bons volumes e a questão cambial será a balizadora da atratividade da nossa carne lá fora.
O Presente Rural – Qual o papel da China nesse cenário?
Alcides Torres e Hyberville Neto – O país é o maior comprador de carne bovina. Em 2020 participou com 54% do faturamento dos embarques de carne bovina in natura. Também é o maior cliente de carne suína e de aves, com participações de 58% e 23%, respectivamente.
Para 2021 a expectativa é de continuidade de um bom volume de compras ao longo do ano, a depender do câmbio.
O Presente Rural – O que o produtor precisa fazer para aproveitar o bom momento?
Alcides Torres e Hyberville Neto – Não esquecer da parte zootécnica e manter os cuidados na avaliação de investimentos, que podem ficar menos criteriosos em períodos de caixa mais confortável.
O Presente Rural – Como está a relação de competitividade com as carnes suína e de frango?
Alcides Torres e Hyberville Neto – Considerando os preços no atacado, a relação com o dianteiro está praticamente no mesmo patamar de fevereiro de 2020 (2,7 quilos de frango por quilo de dianteiro, frente a 2,68 kg há um ano). Para a carne suína a relação está em 1,35 quilo de carne suína por quilo de carne bovina, piora de 6,6% em relação ao mesmo período de 2020 (1,45kg).
O Presente Rural – Especificamente em relação a preços, falem mais sobre o cenário para este ano na carne bovina.
Alcides Torres e Hyberville Neto – Com a oferta curta de gado (e carne) e exportações provavelmente positivas no decorrer do ano, a cotação da carne bovina deve se manter em patamares elevados, na comparação com os últimos anos. Provavelmente com menos força para mais valorizações, mas em um patamar elevado.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Bovinos / Grãos / Máquinas
São Paulo encerra campanha de atualização de rebanhos na segunda-feira
Produtores devem atualizar todas as espécies no GEDAVE para evitar bloqueio de movimentação.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) de São Paulo, através da sua Defesa Agropecuária, informa que a Campanha de Atualização dos Rebanhos, em vigor desde 01º de novembro, chega ao fim na próxima segunda-feira (15). A partir da retirada da vacinação contra a Febre Aftosa em 2023, o produtor rural passou, também em caráter obrigatório, a ter que atualizar seus rebanhos junto ao sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (GEDAVE).
Devem ser declarados, além dos bovinos, os rebanhos de búfalos, equinos, asininos, muares, suínos, ovinos, caprinos, aves, peixes e outros animais aquáticos, colmeias de abelhas e bicho da seda. A não declaração pode acarretar o bloqueio da movimentação dos animais e a inviabilidade da emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) com possibilidade de sanções administrativas.
A atualização pode ser feita diretamente no sistema GEDAVE. Outra forma de efetuar a declaração é pessoalmente em uma das Unidades da Defesa Agropecuária distribuídas estrategicamente pelo Estado e também, através do envio por e-mail do formulário que está disponível em Link
Brucelose

Foto: O Presente Rural
A Campanha de Vacinação contra a Brucelose, que agora vigora durante todo o ano, teve início neste segundo semestre, no dia 1º de julho e as bovinas e bubalinas de três a oito meses, devem ser vacinadas até dia 31 de dezembro.
Por se tratar de uma vacina viva, passível de infecção para quem a manipula, a vacinação deve ser feita por um médico-veterinário cadastrado que, além de garantir a correta aplicação do imunizante, fornece o atestado de vacinação ao produtor.
A relação dos médicos-veterinários cadastrados na Defesa Agropecuária para realizar a vacinação em diversos municípios do Estado de São Paulo está disponível em Link.
O médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
Em caso de incongruências, o médico-veterinário e o produtor serão notificados das pendências por meio de mensagem eletrônica, enviada ao e-mail cadastrado junto ao GEDAVE. Neste caso, o proprietário deverá regularizar a pendência para a efetivação da declaração.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Preço do leite cai no Paraná e produto acumula 18% de perda em um ano
Queda reflete maior entrada de leite em pó importado e expectativa de novas retrações após a lei que proíbe a reconstituição do produto no estado.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Imac leva campanha tira-dúvidas sobre regeneração de áreas degradadas à região Leste de Mato Grosso
Ação do Imac levou suporte direto aos produtores, esclareceu pendências no sistema de autovistoria e reforçou a importância do Prem para recuperar áreas e garantir a continuidade das vendas de gado.

Pecuaristas de Confresa e Nova Xavantina receberam nesta semana técnicos do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), como parte de uma campanha de orientação sobre a regeneração de áreas degradadas por meio do Programa de Reinserção e Monitoramento (Prem). Nesta semana, analistas do instituto percorreram propriedades rurais, conversaram com os produtores e auxiliaram no uso correto do sistema de autovistoria exigido durante o processo de recuperação das áreas.
Pecuarista há 33 anos em Confresa, Hélio Fernandes Vasques administra uma fazenda de 117 hectares e aderiu ao Prem há cerca de dois anos, depois de ficar impedido de comercializar gado para o frigorífico da região. Com dificuldades no uso do sistema, ele recebeu a equipe do Imac e teve todas as pendências esclarecidas. “As explicações foram bem produtivas, tiraram muitas dúvidas. Eu acho muito importante essa visita, ajuda muito. A maioria das pessoas que mora na roça tem os filhos que podem fazer a vistoria, mas nem sempre eles moram junto. Quase todo mundo é velho, tem muita dificuldade, às vezes só falando pelo celular a gente não consegue aprender”, afirmou o produtor.

Crédito: Divulgação/Rede ILPF
Criado em 2021 pelo Imac, o Prem funciona como uma ponte entre regularização ambiental e manutenção da atividade econômica. O programa orienta e acompanha a regeneração de áreas desmatadas ilegalmente, possibilitando que o produtor retorne ao mercado formal. Isso porque alertas de desmatamento podem gerar embargos e impedir a venda de animais aos frigoríficos, causando prejuízos significativos às fazendas.
Ao aderir ao Prem e iniciar a recuperação da área, o produtor recebe a Autorização de Comercialização Temporária (ACT), documento que confirma que ele está regularizando a propriedade e, por isso, pode continuar vendendo o gado enquanto o processo de regeneração avança. “O Prem é um programa que alia regularização, transparência e compromisso ambiental. As visitas em Confresa e Nova Xavantina mostraram que os pecuaristas estão abertos ao diálogo e querem fazer a coisa certa. Nosso papel é garantir que eles tenham todas as ferramentas e informações para conduzir a regeneração das áreas da forma correta e sustentável”, explica o gerente de Conformidade do Imac e coordenador do Prem, Tássio Bizelli.
A campanha também reforça o alinhamento de Mato Grosso às exigências dos mercados nacionais e internacionais, cada vez mais atentos à origem sustentável da carne. O Prem integra o conjunto de políticas que posicionam o estado na vanguarda da pecuária responsável, ao lado de iniciativas como o Passaporte Verde.
Para o próximo ano, já estão previstas novas ações de orientação aos produtores, incluindo caravanas, workshops e atendimentos regionais focados em dúvidas técnicas e uso da plataforma do Prem. “Somos aliados dos produtores e estamos sempre auxiliando em todo o processo de regeneração das áreas degradadas”, enfatiza Tássio.




