Avicultura
Especialistas sugerem revisão das práticas da indústria avícola contra salmonelose e colibacilose
O médico-veterinário Jorge Augusto do Amaral Werlich destacou que a Salmonella é uma bactéria conhecida por ser uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos em humanos e fez uma pergunta bastante pertinente.
Desde 2004, o Brasil ocupa o 1º lugar no ranking de maior exportador de carne de frango mundial. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2022 foram abatidas 2,04 bilhões de cabeças de frango. Essa grande produção mostra a eficiência do País em controlar as enfermidades avícolas, bem como vencer os desafios e medidas de controle, para assegurar que a produção brasileira continue atuando de forma bastante eficiente e pujante. Durante a 40ª edição da Conferência Facta WPSA-Brasil 2023, promovida de forma online, em meados de maio, a temática de enfermidades reemergentes foi explanada pelos profissionais Nelva Grando, Jorge Werlich, Terezinha Knöbl e Daniela Baptista, que discorreram sobre os assuntos de biosseguridade, Salmonella, E. coli patogênica para aves (Apec) e sobre o Plano Nacional de Sanidade Avícola e chamaram a atenção sobre a necessidade de controlar efetivamente as doenças bacterianas salmonellose e colibacilose, que podem ser responsáveis por grandes prejuízos financeiros na produção avícola.
O médico-veterinário Jorge Augusto do Amaral Werlich destacou que a Salmonella é uma bactéria conhecida por ser uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos em humanos e fez uma pergunta bastante pertinente. Qual a base de informações para a tomada de decisões sobre o assunto salmonela? O profissional afirmou que o controle desta doença não tem atingido os resultados desejados.
“Muitos perguntam se a salmonella é um tema emergente, reemergente ou constante. A minha resposta é simples, é um tema constante que há muito tempo vem sendo trabalhado nas empresas, mas que em muitos casos, os resultados estão ficando aquém do desejado. Desta forma, o objetivo da minha fala é trazer pontos de atenção sobre o que fazer e o que nos embasa para a tomada de decisão a campo. Tem empresas que possuem pessoas específicas que estudam e buscam medidas constantes para acabar com este problema”, pontua.
O profissional explicou que a temática da Salmonella precisa ser entendida por meio dos fatores que são condicionantes e determinantes para causar a doença. De acordo com ele, em muitas empresas quando é falado neste assunto as pessoas tratam o mesmo como se fosse um grande monstro. “Isso não ajuda. Na verdade, atrapalha. A salmonella é uma bactéria que está presente em muitas etapas do processo avícola, sendo que é muito importante ter o conhecimento da prevalência dela para que ações e medidas sejam tomadas e que efetivamente tragam um efeito positivo ao plantel”, observa.
Para que a detecção seja eficiente, o médico-veterinário enalteceu a necessidade de um estudo epidemiológico amplo e que permita que a empresa identifique os sorovares de maior prevalência, para descobrir de onde ele veio e para onde foi. “Verificamos que existe a necessidade de aprofundar o estudo dos sorovares para permitir a melhor tomada de decisões, para obter o efetivo retorno das medidas adotadas de solução dos problemas”, orienta.
Jorge chamou a atenção à importância da formação técnica das equipes que trabalham para resolver este problema. “As pessoas que trabalham come esta problemática precisam estar capacitadas, necessitam conhecer os diferentes métodos de diagnósticos e buscar qual é o mais eficiente para a empresa. Não basta basear-se apenas nos dados de controle oficiais ou programas de autocontrole, é necessário tipificar as salmonellas encontradas na empresa, identificando as características delas”, adverte.
Não é custo, é investimento
O médico-veterinário também enalteceu que o controle e erradicação da salmonella precisa ser encarado não como uma grande despesa, mas como um investimento financeiro, que vai possibilitar alcançar os resultados desejados. “As equipes precisam estar alinhadas com o mesmo objetivo. Se tudo não for feito com excelência e com conhecimento não chegaremos ao resultado desejado, que é a redução da incidência de salmonella”, observa.
O profissional também chamou a atenção para a importância de estudos mais aprofundados para entender esta problemática e conseguir encontrar ações que sejam efetivas. Ele apresentou a tese que o incremento de métodos analíticos no processo de controle da salmonela tem demonstrado uma maior preocupação por alguns aspectos, tais como: a prevalência de sorovares altamente resistentes, a presença de genes de resistência contra classes de desinfetantes (inclusive formol), bem como a capacidade de resistência no ambiente (formação de biofilme, atividade de água).
“Isso acende um alerta muito grande para que tipo de análise eu estou fazendo e que tipo de ação eu tenho tomado. A multirresistência aos antimicrobianos está muito consolidada. Um estudo de 2014 apresentou 51% de cepas resistentes a mais de um ATB. Um estudo bastante similar, realizado em 2022 apresentou 97% de cepas resistentes a mais de um ATB. Isso nos traz uma grande preocupação, cabe às agroindústrias, aos produtores de proteína de frango aprofundar mais a análise”, enaltece.
Jorge apontou para a necessidade de estudos mais aprofundados para que se chegue ao melhor nível de compreensão da problemática e a consequente solução eficaz para este problema, que traz prejuízos significativos aos planteis. “O aprofundamento dos estudos nos possibilita reconhecer o sorovar mais prevalente, saber se há ocorrência deste sorovar nos diferentes pontos da cadeia ou se a repetição num mesmo local é oriunda de um ou diferentes clones, além de estabelecer um escaneamento completo deste sorovar, a fim de ajustar as ações, conforme seu perfil de resistência. Ou seja, nosso desafio é saber se estamos mesmo investigando a fundo o assunto salmonella ou se estamos criando longos, trabalhosos e frustrantes planos de ação”, recomenda.
Apec
A médica-veterinária, Terezinha Knöbl, foi a responsável por trazer novas informações sobre a E. coli patogênica para aves (Apec). Essa enfermidade pode resultar em sérios problemas de saúde e perdas econômicas na indústria avícola. Durante o painel, a especialista apresentou as características da Apec, seus fatores de virulência e as estratégias de controle para prevenir a disseminação da bactéria.
Terezinha foi bastante didática e precisa ao afirmar que a avicultura sempre precisou lidar com duas grandes doenças do ponto de vista bacteriano: salmonellose e colibacilose. “Essas doenças são muito impactantes do ponto de vista financeiro porque elas induzem a um grande aumento de condenação de carcaças nos abatedouros e elas acometem todo o segmento avícola. Começando com as matrizes que podem ter problemas respiratórios, essas bactérias são transmitidas via vertical e acabam impactando também no incubatório, com a mortalidade de pintinhos”, revela.
Mais especificamente sobre a Apec, a médica-veterinária afirmou que o problema sempre existiu, mas que na década de 1990 houve um grande esforço da indústria para conseguir reduzir os prejuízos decorrentes desta infecção. De acordo com ela, isso envolveu a adoção de uma série de estratégias que resultaram num bom desempenho. “Passamos cerca de 30 anos em que a doença ocorreu em níveis endêmicos, mas, a partir de 2020 estamos tendo um aumento das reclamações a campo, principalmente nos estados mais produtivos, porque eles verificaram níveis de condenação bastante abruptos em razão desta enfermidade”, expõe.
A profissional ressaltou três pontos de destaque para serem observados sobre a temática. O primeiro ponto é a necessidade de diferenciar uma Apec de uma Afec. “A diferença fundamental entre elas está na capacidade patogênica das cepas de E. coli. Enquanto Apec causa doenças graves nas aves, Afec refere-se às cepas comensais encontradas nas fezes de aves saudáveis. É importante realizar análises laboratoriais adequadas para identificar e distinguir entre essas duas categorias de E. coli, a fim de implementar medidas de controle apropriadas e garantir a saúde das aves”, recomenda.
O segundo ponto destacado por ela está na relação entre virulência com patogenicidade. “É importante que a gente tenha consciência de que não é toda amostra virulenta que vai se tornar em algo patogênico. Isso é um erro muito consolidado no campo, mas que precisa ser melhor explorado. É muito oportuno destacar que a doença não está relacionada apenas com o agente, e sim, com uma somatória de fatores, que chamamos de tríade epidemiológicas, ou seja, as características do parasita, a condição do hospedeiro e os fatores ambientais. Estes três fatores é que estabelecem a patogenicidade ou não”, declara.
O terceiro e último ponto, de acordo com a palestrante, é o mais atual e diz respeito ao reconhecimento e controle das linhagens de alto risco. “Existem várias ferramentas que auxiliam na verificação de como está a microbiota dos animais. Para entender o surto eu preciso combinar várias ferramentas. Isso é muito importante e pode auxiliar muito na tomada de decisões. Quando eu conheço a fundo os problemas eu consigo selecionar as melhores estratégias de controle”, reforça.
Terezinha informou que atualmente existem muitos grupos de trabalho, espalhados pelo mundo, que pesquisam a doença. De acordo com ela, esses estudiosos estão verificando que a ferramenta mais moderna para análise é o sequenciamento do DNA. “Esses estudos nos mostram que existem linhagens de alto risco cujas características apontam para surtos de distribuição global, ou seja, essas bactérias causam problemas de saúde em várias partes do mundo. Elas são virulentas e patogênicas, possuem resistência antimicrobiana, persistência e uma capacidade de ser transmitida para outros hospedeiros”, informa.
Normas para o controle da Salmonella
A médica-veterinária do Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa), Daniela Baptista, discorreu sobre o Programa Nacional de Sanidade Avícola que tem o objetivo de trazer normas que sejam capazes de aferir o controle da salmonela, o que é uma condicionante para que o Brasil continue com a manutenção dos mercados externos, que primam pela segurança e confiabilidade da carne brasileira.
A profissional destacou que as orientações brasileiras são baseadas nos códigos feitos pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) e que visam garantir a produção de carne de aves com qualidade, bem como assegurar os mercados externos para o país. “O Brasil possui certificados veterinários internacionais que garantem a procedência e qualidade dos materiais genéticos avícola que são exportados para os mais diversos países. É importante destacar que as bases para a efetividade deste programa estão na vigilância e na biosseguridade”, afirma.
Ela afirmou que as instruções normativas têm o objetivo de não deixar entrar animais doentes no país, bem como auxiliam no controle e erradicação de salmonellas nos planteis brasileiros. “É importante ressaltar que os testes positivos para a doença exigem algumas ações sanitárias bastante drásticas, como a perda da certificação livre, o sacrifício das aves, destruição de ovos, o que acarreta em prejuízos bem expressivos. Isso porque uma doença positiva impacta na exportação dos nossos produtos, o que traz um grande impacto na indústria”, afirma.
Daniela pontuou que os problemas com a salmonella são de responsabilidade das empresas e dos médicos-veterinários. “Diferente das doenças emergenciais, a salmonella é responsabilidade da empresa e do seu médico-veterinário, o Mapa tem a função de ser um apoio e oferecer as diretrizes para que o Brasil continue a ser um grande exportador”, declara.
A profissional finalizou a fala dela destacando a importância de seguir os protocolos e padrões que são estabelecidos pelo órgãos competentes. “Quando tratamos de alimentos, é muito importante que todos os envolvidos tenham ciência da necessidade e da eficácia de seguir os protocolos e padrões que são estabelecidos, pois os mesmos são diretrizes que visam a eficiência e a segurança da nossa produção. A responsabilidade de continuar com os mercados abertos deve ser compartilhada por todas as empresas e o Mapa está para ajudar, mas casa empresa deve fazer a sua parte”, adverte.
Biosseguridade: a chave para o sucesso
A médica-Veterinária da Vitalis Saúde Integrada, Nelva Grando, expôs que a biosseguridade deve ser entendida como a grande aliada para o controle e erradicação das doenças, porque ela preocupa-se com blindar as instalações avícolas, bem como as indústrias, para que as mesmas possuam medidas adequadas de biosseguridade que evitem a entrada de patógenos, como a Salmonella e a Apec, nas instalações avícolas. “Isso envolve a implementação de práticas de higiene, controle de acesso, monitoramento de visitantes e animais, além do treinamento adequado dos funcionários”, observa.
A palestrante também trouxe uma indagação aos participantes. Ela questionou se os planos de biosseguridade estão preparados para os novos desafios que estão surgindo. “Minha indicação é para que cada granja ou indústria faça um plano de biosseguridade específico que atenda as especificidades da sua região. Os planos de biosseguridade precisam ser pensados para cada empresa, pois cada lugar possui agentes diferenciados e que precisam ser descobertos, para que as ações de biosseguridade possam ser implantadas de forma eficaz”, mencionou.
Nelva disse que a produção avícola evolui muitos nos últimos anos, em vários aspectos. “Um exemplo clássico é que partimos de aviários com tela muito simples e hoje temos aviários com telas bastante modernas e que impedem a entrada de aves silvestres no seu interior. Isso é uma evolução dentro da biosseguridade. A blindagem do ciclo da água, bem como o isolamento das propriedades também são fatores extremamente importantes e que agregaram na melhoria nas condições sanitárias. Por outro lado, estes avanços precisam continuar”, afirma.
Grande concentração de aves
A palestrante expôs ainda que a avicultura da atualidade é marcada pela grande concentração de aves em algumas regiões. Segundo ela, as mais altas concentrações avícolas estão no Brasil, Estados Unidos, China e México. “Essa grande concentração possibilita uma maior proliferação de doenças. Quanto mais eu concentro aves em uma determinada região, um maior número de animais dentro de um galpão, potencialmente a gente aumenta o risco de termos problemas sanitários”, argumenta.
Por conta destas diferenças e técnicas de manejo, a profissional enaltece a importância de reformular as práticas avícolas lançadas em 2005. “O grande questionamento que eu trago é que todos pensemos sobre a importância de atualizar as práticas avícolas que estão difundidas desde 2005 e pensar se elas não precisam ser aprimoradas, para serem mais condizentes com a nossa realidade. É preciso pensar sobre isso”, afirma.
Pontos de partida
Nelva chamou a atenção para os critérios que são utilizados para a entrada no aviário, a questão de botas plásticas, roupas descartáveis, etc. “Meu questionamento é para que todos pensem sobre os protocolos que estão sendo utilizados. Será que é prudente pensarmos em novas medidas de mitigação dos riscos? Eu creio que já tivemos muitos avanços nos últimos 20 anos, mas acredito que vivemos um momento em que é preciso reavaliar as condições e verificar se estamos preparados para os novos problemas que estão surgindo ou se precisamos ainda implantar novas práticas”, sugere.
A profissional citou o exemplo norte americano que diz que as granjas que estão com um melhor controle com relação às doenças são aquelas que tem um isolamento completo entre os aviários. “Verificamos que as melhores granjas têm uma opção de entrada de pessoas, a saída do exaustor está no lado contrário. Os silos estão na parte frontal e bem seguros, essas granjas contam com um local onde as pessoas trocam de roupa para adentrar às instalações. Esses são exemplos de novos procedimentos que também podem ser adotados aqui no Brasil”, opina.
Ações conjuntas
A médica-veterinária finalizou a sua fala enaltecendo que a biosseguridade pode trazer a blindagem dos planteis e que ela precisa ser pensada de forma conjunta, enaltecendo que a biosseguridade precisa fazer parte de todos os processos, podendo ser pensada para acabar com as causas dos problemas e não apenas para a resolução do problema final. “Um exemplo bem simples para entender isso é a relação do controle de pragas com iscas e inseticidas. Isso está errado, pois este problema pode ser resolvido muito antes, quando nos preocupamos com os quatro as: acesso, água, alimentos e abrigo”, reflete.
Desta forma, a palestrante evidencia que o plano de biosseguridade precisa ser construído de forma bem alinhada e com todas as informações que são pertinentes para a produção. “O ponto-chave para a construção de um bom plano de biosseguridade está na correta análise de riscos e assim, não apenas descrever os protocolos, mas sim, buscar alternativas de mitigação e que realmente vão controlar e reduzir os riscos que o plantel pode vir a ser exposto. Desta forma, falar em biosseguridade é pensar que ela é uma das responsáveis para dar sustentabilidade a longo prazo, pois ela contribui para que o plantel tenha animais mais saudáveis e mais eficientes, com menor mortalidade e, consequentemente, maior retorno e menor investimento”.
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Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.