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Especialistas internacionais são destaques na programação da ExpoMAR
Evento será realizado nos dias 29 e 30 de junho em Itajaí (SC).

O renomado cientista pesqueiro e professor da Universidade de Washington, Ray Hilborn, é um dos conferencistas confirmados para o Fórum Internacional de Pesca da ExpoMAR, que será realizado nos dias 29 e 30 de junho, no Centreventos de Itajaí. O credenciamento já está disponível no site do evento, que traz a programação completa. Além do congresso internacional voltado à pesca, à maricultura e à logística, haverá ainda uma feira de negócios.
“É um evento de debates, análise de tendências, geração de conhecimento, construção de pautas comuns e negócios em uma atividade muito importante para o país e com potencial de expansão e de geração de trabalho, emprego e renda”, afirma o ex-ministro da pesca e presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin.
A consultora internacional chilena Doris Soto e o representante da FAO em Roma, Márcio Castro, também são destaques da programação, que traz ainda pesquisadores nacionais, representantes governamentais e executivos do setor pesqueiro. Entre os temas que serão debatidos estão: estratégias para elevar a competitividade e a sustentabilidade da indústria de processamento de pescado, tendências e desafios do mercado mundial, pesquisa, monitoramento de estoques e ordenamento pesqueiro.
“A pesca é um dos pilares econômicos de Santa Catarina que tem na região de Itajaí o maior polo pesqueiro industrial do Brasil. Se um evento dessa magnitude está sendo projetado não teria como não ser em Itajaí, aqui temos não apenas as grandes indústrias e armadores, como também mão de obra especializada que envolve e fomenta vários setores da economia, além de uma robusta história de pesquisa acadêmica junto à Univali”, pontua o presidente do SINDIPI, Agnaldo Hilton dos Santos.
Atualmente Santa Catarina responde por cerca de 55% do mercado nacional da pesca, com aproximadamente 500 embarcações e 40 indústrias. O presidente do IFC salienta ainda que apenas a pesca reúne no país 16 mil trabalhadores na indústria e mais de um milhão de pescadores, resultando em mais de 400 milhões de dólares por ano apenas em exportações.
A ExpoMAR: pesca, maricultura e logística, é promovida pelo IFC Brasil – International Fish Congress & Fish Expo Brasil. Tem a correalização da Fundep (Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências), SINDIPI, (Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região) e Univali (Universidade do Vale do Itajaí). O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) patrocina o evento. A ExpoMAR recebe o apoio de instituições como o Ministério da Pesca, Governo do Estado de Santa Catarina, Prefeitura de Itajaí, FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), Abipesca (Associação Brasileira da Indústria de Pesca), Conepe (Conselho Nacional de Estudos Pesqueiros), Fepesc (Federação dos Pescadores de Santa Catarina), Rumar (Instituto Rumo ao Mar), Instituto Federal de Santa Catarina e UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Confira a programação completa do evento:
Dia 29 de junho
09h – Abertura oficial
10h – Temas de conjuntura e estratégia
10h – Tendências e desafios do mercado mundial de pescado e o desenvolvimento sustentável da atividade
Márcio Castro – FAO Roma/Itália
10h40 – Economia do Mar e a Pesca no Brasil – Plano espacial marinho, sinergias e conflitos
Representantes: Marinha do Brasil e UFRGS.
11h20 – Desafios e estratégias para o desenvolvimento da pesca e a maricultura no Brasil
Representantes: MPA, Pesca Industrial, Pesca Artesanal e Maricultura.
12h – Almoço
13h30 – Desafios e estratégias para elevar a competitividade e a sustentabilidade da indústria de processamento de pescado
Representantes: Abipesca, GDC, Camil e Frescatto.
14h20 – Financiamento e crédito para a pesca e aquicultura – Políticas e condições de acesso!
Mapa – Wilson – Plano Safra
Márcio Barbero – Inovações em Finanças Privadas para a pesca e aquicultura – FIAGRO e CPR
BNDES
15h- Rastreabilidade e Certificação do Pescado
. FAO
. GS1 – Rastreabilidade
. Certificação na Pesca Artesanal – SISBI Pescado Consórcio de Municípios do Paraná
15h40 – Mudanças Climáticas e os efeitos sobre a disponibilidade e o comportamento dos estoques pesqueiros e na maricultura
Doris Soto – Consultora Internacional Chile
José Angel Alvarez Perez – Pesquisador e Professor da Univali
16h20 – Tendências e desafios do mercado nacional de pescado: Perfil, padrões e estratégias para elevar o consumo
Roberto Butragueno Revenga – Retail Vertical Director Nielsen Brasil
Meg Felipe – Médica Veterinária Sanitarista – Diretora Comercial do Carrefour
Fórum Internacional de Pesca
Dia 30 de junho
08h – Gestão pesqueira eficaz e a pesca sustentável
Dr. Ray Hilborn – Professor da Universidade de Washington
08h40 – Pesquisa e Monitoramento de Estoques – O que os estudos da FAO e Universidades do País revelam sobre a situação dos estoques das principais espécies capturadas na costa brasileira!
Flávia Lucena Fredou – Secretária Nacional de Registro, Monitoramento, P3esquisa e Estatística do MPA
Rodrigo Sant’Ana – Professor e Pesquisador da Escola Politécnica da Univali
Paulo Ricardo Schwingel – Professor e Pesquisador da Univali
09h30 – Gestão Compartilhada dos Recursos Pesqueiros – Funcionamento, estratégias e políticas para uma gestão eficiente, sustentável e com participação do setor
MMA – Gilberto Sales – Diretoria de Gestão Compartilhada
MPA – Carlos Mello – Secretário Executivo
10h10 – Intervalo
10h40 – Políticas Públicas para a Pesca Artesanal e Industrial sob a Gestão do novo Ministério
Secretaria Nacional de Pesca Artesanal
Secretaria Nacional de Pesca Industrial e Indústria do Pescado
11h20 – Educação, formação profissional para o desenvolvimento da atividade da pesca – Habilitação e qualificação
Marinha do Brasil
IFES – Campus Itajaí
Sindipi
12h – Almoço
13h30 – Aproveitamento integral do pescado
Patense
14h10 – Sanidade nas embarcações pesqueiras
Ministério da Pesca e Aquicultura
14h40 – Autocontrole na produção agropecuária e sua regulamentação – Lei 14.515
Ministério da Agricultura
15h10 – Cases de Sucesso na Pesca Artesanal – Everton Della Giustina – Epagri
– Inclusão de filé de peixe da pesca artesanal na alimentação escolar – O caso de Florianópolis – Santa Catarina – Cristina Ramos Callegari / Epagri
– Turismo Náutico: Uma forte alternativa de renda para pescadores artesanais – o caso de Balneário Barra do Sul/SC – José Eduardo Calciononi / Epagri
15h40 – Cases de Sucesso na Pesca Artesanal – Everton Della Giustina – Epagri
– Ação Jovens e Mulheres do Mar: Empoderamento, protagonismo e avanço econômico, Marcia Gomes e Viviana Bittencourt/Epagri
– Mapeamento das áreas de pesca de camarão com rede de aviãonzinho no Complexo Lagunar Sul de SC – Emanuel Ramos Viquetti/Epagri.
Seminário de Maricultura
Dia 30 de junho
08h – Ordenamento da maricultura em Santa Catarina
Juliana Lopes da Silva – Diretora de Aquicultura em Águas da União do Ministério da Pesca e Aquicultura
André Luís Tortato Novaes – Gerente do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca – CEDAP/Epagri
08h40 – Desafios e perspectivas para a produção de ostras e mexilhões em Santa Catarina e no Brasil
Felipe Suplicy – Epagri
09h20 – Controle higiênico sanitário de moluscos bivalves e monitoramento das áreas de maricultura
Robson Ventura de Souza – Pesquisador da Epagri
Pedro Mansur Sesterhenn – Coordenador Estadual CESAA e CESAP – GEDSA/ CIDASC
10h – Intervalo
10h30 – Produção e mercado para as macro algas no Brasil – Porque a atividade desperta tanto interesse?
Alex Alves dos Santos – Pesquisador Epagri
Murilo C.B. Piva – Diretor América do Sul – Olmix SA
11h20 – Espécies de peixes viáveis para as regiões sul e sudeste na maricultura
Professor Sampaio – FURG
Vinicius Cerqueira _ UFSC
12h – Almoço
13h30 – Produção de Garoupa e Seriola
Prime Pescados
Forever Ocean
14h10 – Maricultura – Cases de Sucesso
– Freguesia – Modernização da Maricultura
– Paraiso das Ostras
14h50 – Maricultura – Cases de Sucesso
– Adequação de empreendimentos/Empreendedorismo – Herdras Luna – Porto Belo
– Empreendedorismo/Mulher – Tatiana Gama – Algama
– Comandante Ana Cláudia de Paula – Da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – SECIRM
– Produção de pepino do mar

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Estratégia simples e de baixo custo otimiza a adubação em solos de alta fertilidade
Pesquisa em MG mostra que a adubação de restituição mantém a produtividade, reduz custos e evita excessos de nutrientes em áreas consolidadas do Cerrado.

Uma pesquisa realizada durante três safras (seis cultivos), em Unaí (MG), aferiu e validou a adubação de restituição associada ao balanço de nutrientes, para maior eficiência e economia no uso de fertilizantes na produção de culturas anuais em solo de Cerrado com fertilidade construída. Adubação de restituição é a prática de repor no solo nutrientes que são exportados nos produtos colhidos das lavouras.
As estratégias propostas pela pesquisa mostram que é possível o ajuste do aporte de nutrientes das adubações, de forma alinhada à utilização consciente dos insumos agrícolas e à conservação dos recursos naturais, contribuindo, ainda, para reduzir a pegada de carbono e aumentar a eficiência energética nos processos de produção.
Antecedentes para o estudo
A pesquisa considerou a premissa de que as culturas anuais apresentam elevada demanda de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), levando ao consumo de grandes quantidades de fertilizantes, para suprir os sistemas de produção brasileiros que envolvem os cultivos de soja, milho, algodão, feijão, trigo e sorgo. A demanda por esses nutrientes, para manter a produtividade, representa parte expressiva dos custos das lavouras, um dos principais fatores de risco econômico da agricultura do País.
Outro aspecto é que, muitas vezes, mesmo sabendo que o solo já tem alta fertilidade, com disponibilidade de nutrientes acima dos níveis críticos, o agricultor se sente mais seguro quando realiza as adubações que já vinha utilizando por vários anos. Porém, tem sido reportado, em várias publicações, que os solos em áreas de cultivo consolidado do Cerrado acumularam considerável estoque de nutrientes com o passar do tempo, superando a condição de baixa fertilidade original.
Experimentação em fazenda
Os principais tratamentos, comparados em parcelas de grandes dimensões, num talhão de produção comercial com histórico de longo prazo em plantio direto e solo com fertilidade construída, envolveram: 1) a adubação de restituição de N, P e K exportados nas colheitas; 2) o manejo padrão da fazenda; e 3) um controle sem adubação NPK. “As avaliações foram realizadas durante três ciclos safra/segunda safra, com soja/milho (ou sorgo), em sistemas com ou sem braquiária em consórcio”, detalha o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Álvaro Vilela de Resende, que coordenou o estudo.
Resultados práticos
Os resultados, segundo Resende, permitiram constatar que a adubação (ou a ausência dela) não influencia a produtividade da soja, sendo o nitrogênio o fator que mais limita o rendimento do milho, nas condições do talhão estudado. O consórcio com braquiária na segunda safra pode prejudicar o sorgo e não afeta o milho, mas aumenta a produtividade da soja subsequente. “Verificou-se que a adubação de restituição vinculada ao balanço de nutrientes mantém os níveis de produtividade e de rentabilidade, com uso mais eficiente de fertilizantes, enquanto preserva a fertilidade do solo. Assim, é uma estratégia de manejo nutricional inteligente para solos de fertilidade construída, ao prevenir déficits ou excedentes de nutrientes, contribuindo na busca por desempenho produtivo com sustentabilidade ambiental”.
Para o pesquisador essas conclusões, de certa forma, já eram esperadas, tendo em vista os resultados de pesquisas anteriores, envolvendo experimentação em outras regiões e propriedades agrícolas no Cerrado, onde frequentemente tem-se observado pouca ou nenhuma resposta à adubação com nutrientes como P e K, sobretudo em solos argilosos. “Mas faltavam elementos mais concretos para convencer definitivamente os produtores e técnicos, de que é necessário e possível melhorar o dimensionamento das adubações de manutenção”, explica Resende.
“Ainda persiste a tendência de se utilizarem fertilizantes sempre nas mesmas formulações ou quantidades fixas de N, P e K, recorrentemente, apesar do notável avanço tecnológico e do incremento no potencial produtivo dos ambientes agrícolas no Cerrado. Além disso, em geral, os produtores não se atentam em calcular o balanço de nutrientes, por desconhecerem o valor dessa informação”, complementa o pesquisador Miguel Marques Gontijo Neto.
De acordo com Resende, o manejo apropriado para solos de alta fertilidade busca dimensionar as quantidades de nutrientes para fornecer apenas o necessário à reposição do que é exportado na colheita, mais eventuais perdas do sistema. “A estratégia de se adotar a adubação de restituição conjugada com o cálculo do balanço de nutrientes, ao longo do tempo, compatibiliza o suprimento às quantidades realmente demandadas pelo sistema de culturas. O monitoramento se completa com a análise de solo, para acompanhar como a fertilidade oscila em função desse manejo. Assim, com a junção de técnicas simples e de baixo custo, evitam-se situações de falta ou excesso de nutrientes, com ganhos de eficiência no uso de fertilizantes”.

Áreas agrícolas consolidadas em plantio direto e solos de fertilidade construída permitem ajuste fino das adubações
Embora não seja propriamente uma novidade, a solução validada no estudo viabiliza o dimensionamento das adubações de forma precisa e específica por talhão, podendo inclusive ser automatizada conforme o aparato de informática e equipamentos já disponíveis em muitas fazendas. O objetivo é ajustar o aporte de nutrientes sempre que necessário, ao longo de uma sequência de cultivos, e está alinhado à crescente necessidade de utilização consciente dos insumos agrícolas e à conservação dos recursos naturais.
“São comuns situações de desequilíbrio entre as quantidades de nutrientes adicionadas via adubação e as removidas nos produtos colhidos das lavouras. O balanço desfavorável ao longo do tempo prejudica a produtividade quando há déficit, ou leva ao desperdício de fertilizantes quando há excedente de nutrientes. Além de resultarem em perda de rentabilidade, ambas as situações também podem implicar maior pegada de carbono do produto colhido. Portanto, a estratégia proposta na publicação também pode contribuir para maior eficiência energética e neutralidade ambiental nos processos de produção em áreas de agricultura consolidada no Brasil”, conclui Álvaro Resende.
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Seguro rural para soja no Paraná adota modelo inédito baseado em manejo
Projeto-piloto do ZarcNM oferece subvenções maiores conforme o nível de manejo, incentivando práticas que reduzem riscos de perdas por seca e aumentam a resiliência da cultura.

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático em Níveis de Manejo (ZarcNM) começou a ser operado pela primeira vez no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) do Ministério da Agricultura e Pecuária. A nova modalidade está em fase piloto, tendo como foco inicial a cultura da soja no Paraná. Vinte e nove áreas de produção, totalizando cerca de 2.400 hectares, aderiram à iniciativa e efetivaram a contratação de seguro rural, acessando percentuais diferenciados de subvenção nas apólices de acordo com o nível de manejo adotado na propriedade.
O piloto usa a metodologia desenvolvida pela Embrapa, que permite classificar talhões em quatro níveis de manejo (NM), baseada em indicadores objetivos, verificáveis e auditáveis. Juntamente com as avaliações de risco climático do ZarcNM, o produtor e demais interessados podem verificar o quanto a adoção de boas práticas pode reduzir os riscos potenciais de perdas da produção por seca. Quanto melhor o nível de manejo, maior a subvenção do seguro.

Fotos: Shutterstock
Da área total participante do projeto-piloto, cerca de 5% foi classificada com o nível quatro, o melhor da escala do ZarcNM e que resulta numa subvenção de 35% no valor do seguro rural. Do restante, 27% da área foi classificada no nível de manejo 3, com subvenção de 30%; 57% no nível 2, com 25% de subvenção da apólice; e 11% da área ficou com o nível 1, mantendo os 20% de subvenção padrão do PSR.
De acordo com Diego Almeida, diretor do Departamento de Gestão de Riscos, do Ministério da Agricultura, este novo formato de subvenção deve se tornar perene. “Após a avaliação dos resultados desta primeira fase, planejamos expandir o programa para outros estados, iniciando com a soja e, posteriormente, incluindo a cultura do milho”, afirma.
Aumento de produtividade e resiliência
A metodologia ZarcNM contribui para reduzir um problema recorrente do seguro rural que é a necessidade da quantificação mais individualizada do risco, por gleba ou talhão, conforme o manejo de cada área. Ao aplicar incentivos financeiros, a gestão do PSR coloca em prática um mecanismo de indução de boas práticas e adaptação da agricultura brasileira, tornando-a mais resiliente à variabilidade climática e aos crescentes riscos de seca.
O pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja (PR), afirma que essa atualização do ZarcNM é muito relevante porque quanto melhor o nível de manejo adotado, menor será o risco de perdas por déficit hídrico. De acordo com o pesquisador, a adoção de práticas conservacionistas é determinante para aumentar a infiltração de água e reduzir o escorrimento superficial, comuns durante chuvas intensas e em grandes volumes. Junto a outras práticas de manejo do solo, elas promovem maior disponibilidade de água às plantas. “O aprimoramento do manejo do solo leva a um aumento significativo na produtividade das culturas, à redução do risco de perdas causadas por condições de seca e ao aumento da fixação de carbono no solo. Além disso, promove a conservação tanto do solo quanto dos recursos hídricos”, destaca Farias.
Segundo o pesquisador, culturas não irrigadas, como a grande maioria da área com soja no Brasil, têm como fontes de água para atendimento de suas necessidades a água da chuva e aquela disponibilizada pelo solo. “As práticas de manejo que incrementam a capacidade do solo de disponibilizar mais água às plantas são essenciais para reduzir os riscos de perdas por seca, principalmente, quando se projetam cenários climáticos cada vez mais adversos à exploração agrícola”, ressalta Farias.
Modelo de operação
Neste modelo testado pela primeira vez são considerados seis indicadores: tempo sem revolvimento do solo, porcentagem de cobertura do solo em pré-semeadura (palhada), diversificação de cultura nos três últimos anos agrícolas, percentual de saturação por bases, teor de cálcio e percentual de saturação por alumínio. “Além dos indicadores quantitativos, alguns pré-requisitos precisam ser observados como, por exemplo, semeadura em contorno ou em nível”, explica Farias.
No piloto, os agricultores submetem seus projetos às seguradoras e agentes financeiros, indicando o talhão a ser analisado, repassando as informações solicitadas e as análises de solo feitas em laboratórios credenciados. Por meio de uma plataforma digital desenvolvida pela Embrapa Agricultura Digital (SP), o Sistema de Informações de Níveis de Manejo (SINM), os dados são cruzados com informações de sensoriamento remoto para cálculo e classificação dos níveis de manejo.
O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e coordenador da Rede Zarc de Pesquisa, Eduardo Monteiro, destaca a importância do sensoriamento remoto nesse processo. Ele exemplifica com uma das áreas aprovadas no Nível de Manejo 3 e que está ao lado de outra com sinais de erosão.
“Apesar de vizinhas, as classificações podem ser bem diferentes. A área erodida não obteria classificação maior que NM1. Isso mostra a importância de um sistema de verificação independente e bem estruturado para ser capaz de observar esses detalhes de forma automatizada à medida que ganha escala e o número de operações chega aos milhares”, afirma.
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Brasil e África discutem novas revoluções verdes para agricultura sustentável
Painel promovido pelo ATLAS na AgriZone destaca cooperação técnica, políticas públicas e transferência de tecnologia como caminhos para acelerar transformações agrícolas no clima atual.

Com a crescente demanda global por práticas agrícolas sustentáveis, os debates sobre novas revoluções verdes tornam-se cada vez mais essenciais. Nesse contexto, o Laboratório de Transições Agrícolas para Soluções Africanas (ATLAS) promoveu, nesta terça-feira (18), na AgriZone, o painel “Lições das Revoluções Verdes: Perspectivas do Brasil e da África para Transformações Agrícolas Sustentáveis”.
O assessor especial da Secretaria-Executiva do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), José Polidoro, representou a Pasta no painel e destacou que o sistema agrícola brasileiro é baseado em três pilares: ciência e tecnologia, defesa agropecuária e o sistema de financiamento/crédito rural. “Não temos dúvida em afirmar que nossa agricultura é baseada em ciência sustentada por tecnologia. E temos um amplo sistema para financiar grandes e pequenos produtores. Todos os produtores no Brasil são atendidos por esse sistema, que financia produção, custeio e investimentos”, disse.
A plataforma ATLAS busca promover o diálogo político, a cooperação institucional e a ampliação de financiamentos para o desenvolvimento agrícola sustentável do continente africano. O painel discutiu as políticas públicas que tornaram o Brasil uma potência agrícola global, incluindo a recuperação de solos degradados e tecnologias adaptadas aos diferentes biomas brasileiros.
O continente africano possui 70% da sua força de trabalho envolvida na agricultura, e o evento buscou explorar caminhos de cooperação entre Brasil e África capazes de acelerar uma transformação agrícola compatível com o clima.
Polidoro citou como exemplo o Programa Caminho Verde Brasil, que irá impulsionar o crescimento da agropecuária brasileira por meio da restauração de áreas degradadas. “Temos uma política que demonstra aos nossos parceiros do Sul Global, como os países africanos, que é possível realizar uma revolução verde, uma revolução verde verdadeira. Mas, para isso, é necessário ter leis, regulamentação e políticas de Estado”, ressaltou.
Brasil e África firmaram, em 2025, acordos para a transferência de tecnologia por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além da assinatura de Memorandos de Entendimento (MoUs) entre o Brasil e países africanos para cooperação técnica, melhoria dos sistemas agrícolas e apoio à segurança alimentar e ao desenvolvimento rural.
Participaram do painel o pesquisador PhD em Agronomia, Genética e Cooperação Internacional da Embrapa, Paulo Melo; o chefe de Resiliência, Clima e Fertilidade do Solo da Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA), Tilahun Amede; e a diretora de Relações Públicas da OCP Nutricrops, Mouna Chbani.





