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Suínos Em Toledo (PR)

Especialistas apontam soluções para os gargalos da suinocultura durante 19º Encontro Regional Abraves PR

Evento abordou desafios de mercado, infraestrutura e sanidade, destacando estratégias para fortalecer a competitividade do setor.

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Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O mercado da suinocultura no Brasil, um dos maiores produtores e exportadores de carne suína do mundo, enfrenta desafios constantes, desde questões internas, como regulação ambiental e infraestrutura, até fatores globais, como barreiras comerciais e instabilidades políticas. Foi com esse pano de fundo que o 19º Encontro Regional Abraves PR, realizado entre 12 e 13 de março em Toledo (PR), deu início a sua programação.

O Painel 1 tratou sobre um olhar diferenciado para o mercado e a política, reunindo renomados especialistas para discutiram os principais desafios e oportunidades para o setor suinícola e o agronegócio brasileiro.

Na palestra “O agronegócio e a política: perspectivas de curto e médio prazo”, o médico-veterinário e ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera Mano Filho, destacou a relação entre agronegócio e políticas públicas, ressaltando como decisões governamentais impactam diretamente a suinocultura e outras cadeias produtivas. “O Brasil é um grande fornecedor de proteína animal, mas precisa de estabilidade e segurança jurídica para continuar crescendo”, afirmou.

Cabrera alertou sobre os impactos das políticas ambientais, defendendo regulamentações equilibradas que garantam sustentabilidade sem comprometer a viabilidade econômica da produção. Para ele, um ambiente regulatório eficiente é essencial para fortalecer a imagem do Brasil como fornecedor confiável de alimentos no mercado global.

Outro ponto abordado foi o comércio exterior, especialmente as barreiras sanitárias e tarifárias que dificultam a exportação de carne suína para mercados estratégicos. Cabrera defendeu políticas comerciais mais assertivas para ampliar o acesso a novos mercados e reduzir a dependência de poucos compradores.

A palestra  seguinte foi ministrada pelo CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani, uma das principais referências em alimentação e proteína animal, que abordou o mercado global de grãos e carnes. Ele destacou os desafios impostos pelas mudanças climáticas e os impactos de fatores geopolíticos, como conflitos internacionais, nos custos de produção e na competitividade do Brasil. “A instabilidade nos mercados globais afeta a previsibilidade dos custos, tornando necessária uma estratégia mais eficiente para garantir a competitividade do Brasil no setor agropecuário”, salientou.

Zani também tratou da infraestrutura logística, chamando atenção para a dependência do modal rodoviário e a necessidade urgente de investimentos em ferrovias e hidrovias. “A capacidade de armazenamento e transporte precisa acompanhar o crescimento da produção para evitar gargalos e aumentar a eficiência no escoamento da produção”, pontuou.

Impacto econômico

O ciclo de palestras foi encerrado pelo médico-veterinário Márcio Bach, especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, que ressaltou a importância do bem-estar animal na suinocultura e apresentou um estudo para ilustrar o impacto econômico da mortalidade nas granjas. “Em uma granja de mil matrizes, 1% de mortalidade representa R$ 14,9 mil ao ano para matrizes e R$ 57,6 mil para leitões. Na terminação, chega a R$ 168 mil, e no frigorífico, R$ 257 mil. Reduzir em apenas um ponto percentual a mortalidade em todas as fases pode gerar economia de cerca de R$ 600 mil por ano”, frisou, alertando que perdas muitas vezes vistas como ‘comuns’ não devem ser tratadas como normais e lançou um desafio: quanto cada produtor está disposto a investir para melhorar esses indicadores?

Desafios sanitários da suinocultura

O segundo painel trouxe uma abordagem atual sobre os desafios sanitários da suinocultura. O doutor em Medicina Veterinária e professor da Universidade Federal do Paraná, Geraldo Alberton, destacou como a chamada hipótese da higiene, conhecida desde 1989, ajuda a entender as perdas sanitárias atuais. “O excesso de higienização nas granjas pode comprometer o desenvolvimento do sistema imunológico dos leitões, os tornando mais vulneráveis nas fases seguintes. O caminho está em equilibrar higiene e exposição controlada a microrganismos benéficos, reforçando a importância do cuidado com as matrizes e do uso de estratégias como prebióticos”, detalhou.

Na sequência, a pesquisadora Carolina Reck alertou para a importância da fase pré-analítica nos diagnósticos laboratoriais. Ela enfatizou que erros na coleta, armazenamento e pedidos de exame podem invalidar resultados e comprometer decisões sanitárias. A especialista destacou que 70% das falhas ocorrem antes mesmo da análise laboratorial, reforçando a necessidade de planejamento cuidadoso e comunicação estreita com os laboratórios. Além disso, explicou as principais metodologias diagnósticas e os cuidados específicos para exames microbiológicos, histopatológicos, moleculares e sorológicos, destacando que cada técnica tem limitações e deve ser escolhida conforme a fase da doença.

A experiência americana no diagnóstico e controle de doenças respiratórias suínas foi tema da palestra do PhD em Ciências Populacionais em Saúde Animal e professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Iowa, Marcelo Almeida. “Laboratórios nos EUA entregam resultados de PCR, sorologia e bacteriologia no mesmo dia, e histopatologia em até 48 horas. Ferramentas como MALDI-TOF identificam bactérias isoladas em até duas horas, enquanto o sequenciamento de nova geração amplia a detecção de patógenos”, frisou.

Nos EUA, a eliminação de Mycoplasma hyopneumoniae, embora custe entre US$ 73 mil e US$ 110 mil, gera retorno em três meses, sendo prioridade para muitas empresas. “O uso de antibióticos é estratégico, sob forte pressão do mercado por redução, e exige prescrição formal”, expôs.

A médica-veterinária, doutora em Ciências Veterinárias e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava tratou sobre o porquê é tão difícil controlar as doenças respiratórias nas fases de creche e terminação, explicando que essas enfermidades são um dos principais problemas sanitários nas granjas, comprometendo o desempenho zootécnico, aumentando gastos com medicações, mortalidade, índices de condenações de carcaça e impactando inclusive a saúde pública.

Ela apresentou números que reforçam a magnitude do problema: nos Estados Unidos, os prejuízos chegam a US$ 664 milhões por ano com PRRS; na Espanha, US$ 200 por fêmea e US$ 18 por suíno abatido; no Brasil, perdas entre US$ 1,60 e US$ 6,55 por suíno abatido devido ao Mycoplasma hyopneumoniae. Além disso, infecções por M. hyopneumoniae podem reduzir o ganho de peso diário em 60 g/dia, enquanto Actinobacillus pleuropneumoniae gera perdas de até 177 g/dia.

A especialista alertou que o mercado global de tratamentos para doenças respiratórias em suínos foi avaliado em US$ 2 bilhões em 2022, com expectativa de alcançar US$ 3,6 bilhões até 2032, um sinal claro da necessidade urgente de medidas preventivas e estratégias de manejo mais eficientes.

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuita. Para ler a versão completa online, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Colunistas

Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

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Foto: Claudio Pazetto

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.

O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock

Reposicionar para crescer

Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.

Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.

O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.

Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.

Digital: o novo campo do agro

As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels

compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.

Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.

Promoções e estratégias de varejo

Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.

Marketing como elo da cadeia produtiva

A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.

Fonte: O Presente Rural com Felipe Ceolin
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