Bovinos / Grãos / Máquinas
Especialistas apontam caminhos para ampliar a sustentabilidade do agronegócio nacional aliando agendas de conservação e produção
As mudanças climáticas trouxeram novos paradigmas que demandam formas diferentes para continuar no caminho de conciliação entre a produção agropecuária e a conservação ambiental.
Nas últimas quatro décadas os produtores rurais brasileiros introduziram práticas agrícolas que ampliaram a conservação dos biomas nacionais, como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a fixação biológica de nitrogênio, tornando o agro brasileiro mais sustentável e ambientalmente responsável para atender as novas exigências do mercado global, que tem acompanhado constantemente as políticas públicas relacionadas à proteção ao meio ambiente.
Diante deste cenário, Fabiana ressaltou que é fundamental que o setor se posicione como protagonista da integração entre a produção, a conservação ambiental e como líder deste mercado. “Já temos uma estrada pavimentada de investimentos, que podem nos ajudar bastante no financiamento de projetos socioambientais e a liderar com exemplos do que já deu certo no mercado de carbono. Para isso é preciso evoluir mais, principalmente, na previsibilidade de regras, ou seja, investir na regulação do mercado verde e de carbono, o que permite trazer ao país um fluxo de capital estrangeiro para comprar títulos verdes”, pontuou Fabiana. “Na medida em que melhorarmos nossa comunicação, vamos ter um universo melhor, ainda pouco explorado no agronegócio, em que será possível financiar mais projetos com temática socioambiental e de carbono”, completou.
Títulos verdes
Ainda de acordo com Fernanda, uma das grandes novidades deste ano no mercado de carbono foi o registro da primeira Cédula do Produto Rural (CPR), título que permite aos agentes que atuam na cadeia do agronegócio captar recursos que serão direcionados ao financiamento da conservação de florestas nativas e seus biomas. “Desde março foram registrados na B3 quase R$ 11 bilhões de CPRs Verde, título que vai ajudar muito o produtor rural a captar recursos para financiar a atividade que já exerce de proteção ao meio ambiente, às florestas e aos biomas”, garante Fernanda.
Ela também cita o Crédito de Descarbonização (CBIO), um dos instrumentos inovadores adotados pela RenovaBio como ferramenta para permitir que o Brasil cumpra com suas metas de descarbonização assumidas no Acordo de Paris. “Em 2021 emitimos 30 bilhões de CBIOs e somente no primeiro semestre deste ano já ultrapassamos os 15 milhões”, adianta.
Em relação aos títulos de ESG (do tripé governança ambiental, social e corporativa), Fernanda diz que estão divididos em duas categorias: sociais e sustentáveis, usados para financiar projetos que tenham um impacto socioambiental positivo; e outro conjunto de títulos emitidos são focados em projetos socioambientais voltados para redução das emissões de gases do efeito estufa ou a uma meta de diversidade, dentre os quais já são usados no mercado financeiro debêntures, Certificado de Recebimento do Agronegócio (CRA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e cotas de fundo fechado. “Em 2020 a somatória desses títulos com foco socioambiental tinham sido R$ 6 bilhões, ano passado chegamos a R$ 30 bilhões, e no primeiro semestre deste ano já ultrapassamos R$ 40 bilhões, volume considerado ainda baixo quando comparado ao mercado internacional, mas mostra uma curva ascendente, que vai nos ajudar bastante na criação de instrumentos para o mercado de carbono”, enfatiza Fernanda, destacando que os green bonds já representam cerca de 30% dos títulos emitidos no país.
O diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e moderador do painel, André Guimarães, salientou o potencial do Brasil para ser um exportador, além das commodities agrícolas tradicionais, também de serviços ambientais, de soluções para o clima e de ativos ambientais. “O país tem um potencial gigantesco para crescer no mercado de carbono, ainda pouco explorado”, apontou Guimarães.
Ciência como aliada do agronegócio
Por sua vez, o professor Gonçalo Pereira destacou a ciência como fundamental para resolver problemas e para fomentar a inovação nos mais diversos segmentos da sociedade civil organizada. “Estamos vivendo um momento de aceleração de mudanças globais e neste contexto os pesquisadores são fundamentais. Os professores universitários são um ativo que os empresários precisam aproveitar para resolver seus desafios, porque nós temos muito conhecimento, criatividade, vontade de inovar e estamos à disposição da sociedade. Mas para haver a resolução desses problemas é preciso que haja interação entre a ciência e as empresas”, expôs o coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Unicamp.
Conforme Pereira, o Brasil atualmente é a 12ª potência científica do mundo, reflexo da interação da academia com a sociedade civil organizada. Segundo ele, o Brasil nunca teve na atmosfera tão pouco de gás carbônico (CO2) como agora, evidenciando que o país tem condições para zerar as emissões de gases do efeito estufa e não apenas neutralizar. “O Brasil possui abundância no processo de fotossíntese, em que a energia faz com que a planta tenha a capacidade de fixar o CO2 da atmosfera, por isso a meta não deveria ser um país neutro, mas, sim, um país carbono negativo. Ser neutro é pouco ambicioso”, justificou.
Liderar pelo exemplo
Já Liège Correia salientou que para ter desenvolvimento é preciso ser sustentável, por isso a sustentabilidade deve ser a estratégia e não parte dela a ser empregada pelas organizações no mundo atual. “Os setores líderes precisam ser os exemplos, demonstrar as iniciativas, para que os demais sigam no mesmo caminho”, afirmou.
Ela ponderou ainda sobre a importância de incluir na temática de sustentabilidade toda a cadeia de produção, que é bastante pulverizada, e a necessidade da implementação definitiva do Código Florestal. “Existem ainda muitos potenciais que podem ser explorados como a bioenergia, mas para isso é preciso trazer a ciência mais para perto deste debate. A educação é um componente essencial para fazer isso, porque educamos muitas vezes através de exemplos. Mais do que dizer coisas é preciso liderar pelo exemplo. Sustentabilidade é uma agenda pré-competitiva que não diz respeito apenas ao setor do agro, é um conceito amplo, que envolve todos os setores da economia”, relatou Liège.
Entre as legislações que o país possui para contribuir e expandir com uma agenda agroambiental estão a do Código Florestal e a do Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC). “Em um momento em que a tendência de os países subsidiarem, protegerem e terem medidas de precaução para a importação de alimentos e produtos agropecuários, mesmo com o espectro da fome, comprovar que a produção brasileira é sustentável vai auxiliar no crescimento da competitividade do agro nacional”, sintetizou Guimarães.
Protagonismo brasileiro
O embaixador José Carlos da Fonseca Júnior frisou que o Brasil saiu de uma posição reativa para assumir o protagonismo ajudando a escrever as regras do edifício normativo do sistema internacional na área da sustentabilidade. “Precisamos produzir cada vez mais com sustentabilidade, preservando os recursos naturais, hoje esse é o desafio que está posto diante do agronegócio global. E essa é uma agenda em que se o Brasil não estiver sentado à mesa de quem está escrevendo as regras não significa que o jantar não vai acontecer, mas sim que possivelmente nós possamos virar o ‘prato principal’ do jantar”, alertou.
José Carlos frisou ainda que é um falso dilema imaginar que o desenvolvimento e a sustentabilidade sejam antagônicos, contraditórios, citando um benchmarking internacional do setor como exemplo, que ao mesmo tempo em que planta florestas cultivadas em mais de 9,5 milhões de hectares com finalidade industrial, conserva mais de seis milhões de hectares em floresta nativa. “O mundo precisa de madeira e de fibras vegetais. E o Brasil possui um grande ativo potencial com o crédito de carbono, tendo condições para ser líder deste mercado”, disse, ampliando: “Com este papel de potência agroambiental temos diante de nós não apenas o copo meio vazio das dificuldades da descarbonizarão, dos desafios e do custo da transição para uma economia de baixo carbono, mas, sobretudo, as oportunidades que haverão de nos tornar um membro importante numa das cabeceiras da mesa de discussão em torno desta temática”, assegurou o cofacilitador da Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran