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Especialistas apontam avanços e desafios na Ciência do Solo no Paraná

Para enfrentar esses problemas e apontar possíveis soluções, o Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (Nepar-SBCS) tem realizado um trabalho de divulgação e sensibilização sobre a relevância do solo e da água para o desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Divulgação/IDR-PR

O uso racional dos recursos naturais desempenha um papel crucial no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos em 2015 pela Organização das Nações Unidas. Nesse mesmo ano, foi decretada a Década Internacional do Solo, uma iniciativa da FAO para sensibilizar e mobilizar a sociedade mundial sobre a importância do solo para o futuro do planeta.

Para este ano, a FAO deu mais um passo e lançou a campanha “Solo e água: fontes da vida” para celebrar o Dia Mundial do Solo, nesta terça-feira, 5 de dezembro. A data é uma oportunidade para refletir e agir sobre esse tema tão relevante. Ambos são fundamentais para a produção de alimentos, a conservação da biodiversidade, a mitigação das mudanças climáticas e o bem-estar humano.

Segundo o relatório lançado pela FAO, em 2015, globalmente o solo enfrentava diversas ameaças que comprometiam o desempenho de suas funções. A erosão era o principal problema. Outras ameaças incluíam a redução do carbono e da biodiversidade, a salinização, a acidificação e o manejo inadequado de agroquímicos. Algumas dessas ameaças se manifestavam no estado do Paraná.

Para enfrentar esses problemas e apontar possíveis soluções, o Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (Nepar-SBCS) tem realizado um trabalho de divulgação e sensibilização sobre a relevância do solo e da água para o desenvolvimento sustentável. Nesta reportagem, o Nepar ouviu especialistas, que atuam no estado do Paraná em diversas áreas da Ciência do Solo, para compartilhar suas experiências e apontar os avanços e retrocessos nesses quase 10 anos de campanha da FAO. Eles analisam os problemas e propõem as soluções para uma perspectiva mais sustentável, apontando medidas efetivas tanto no meio rural como urbano.

Para a professora Aline Marques Genú, da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro, em Guarapuava, primeiramente é importante melhorar o conhecimento sobre os solos e sua distribuição espacial no Estado. Ainda hoje grande parte dos municípios não possui mapa de solos em escala compatível para definição do melhor uso e manejo.

Em contrapartida, a professora reconhece as iniciativas que têm levado tecnologia ao campo. “A criação da Rede Agropesquisa, a qual tem como objetivo principal desenvolver pesquisas sobre a conservação do solo e da água em todas as regiões do Paraná, é uma iniciativa inovadora e os resultados preliminares têm demonstrado a importância das práticas conservacionistas na sustentabilidade dos sistemas agrícolas”, afirma Aline.
Outro exemplo é o PronaSolos, projeto nacional para o mapeamento de solos do país, em escalas que vão de 1:25.000 a 1:100.000, que conta com a participação de pesquisadores e instituições do Paraná, e que trará informações de grande valia para a garantia da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável.

Na opinião da professora, uma forma de valorizar o solo é investir em pesquisa e na formação de profissionais qualificados que possam ampliar e divulgar o conhecimento sobre solos, em todas as suas áreas, bem como disseminar, para a população em geral, a importância da saúde do solo para a sobrevivência humana . “É preciso que todos se conscientizem da importância do solo para a manutenção da vida no planeta”.

Integração e Regionalização – Para o pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Arnaldo Colozzi, com a decretação da Década Internacional do Solo o estado do Paraná, conhecido por sua agricultura intensiva e tecnificada viu-se desafiado a repensar suas práticas em prol da conservação do solo e da água.

“Ao longo dos anos, a agricultura paranaense enfrentou e ainda enfrenta desafios relacionados ao controle da erosão, um problema agravado pelo aumento da intensificação das práticas agrícolas de forma inadequada”, afirma Colozzi, acrescentando que o Paraná tem adotado práticas de manejo sustentável, porém, há muito o que se fazer para garantir um solo sustentável.

“A pesquisa, a extensão e os agricultores têm buscado integrar o conhecimento sobre os aspectos químicos, físicos e biológicos dos solos para melhorar a produtividade e a qualidade ambiental, no entanto, é preciso também ter uma visão integrada e regionalizada dos cuidados com o solo”, afirma o pesquisador.

Segundo Arnaldo Colozzi, o conceito de solo fértil não se limita mais à simples prevenção da erosão e à adição de nutrientes. “A perspectiva moderna exige que o solo seja vivo, com uma atividade biológica robusta. Solos aparentemente ricos em nutrientes, nem sempre traduzem em produtividade”, pondera o pesquisador. O conceito de solo fértil se iguala a solo saudável, entendendo o solo como um sistema vivo.

A mudança no paradigma sobre a funcionalidade do solo evidencia que um solo vivo é essencial para ciclagem de nutrientes, agregação do solo, matéria orgânica e infiltração de água. “A FAO teve uma habilidade enorme de chamar a atenção para a capacidade de armazenamento de água do solo. As pessoas começam a ter exatamente a noção do que é um solo capaz de armazenar água. No solo que tem água todos os processos funcionam bem, o solo é vivo”, pontua.

Ao abordar as transformações ocorridas no Paraná ao longo da última década, Colozzi aponta para uma mudança na maneira de enxergar o solo. “Essa década de evolução no entendimento e prática da conservação do solo no estado serve como um marco importante, indicando o caminho para uma abordagem mais integrada e sustentável da agricultura no futuro”, complementa.

Para os próximos 10 anos, acrescenta ele, a ciência precisa continuar avançando por meio de parcerias fortes entre instituições públicas e privadas com efetiva interação entre ensino, pesquisa e extensão. “A regionalização das soluções é crucial para enfrentar os desafios únicos de diferentes regiões do Paraná”, afirma Colozzi.

Processo erosivo

O descuido no controle da erosão hídrica nesta última década, no Paraná, é outro ponto que merece atenção na opinião do especialista em manejo de conservação dos solos, Oromar Bertol, que integra o time de sócios do Nepar. “Embora tenham ocorrido melhorias em algumas regiões nesses quase 10 anos, o período também testemunhou retrocessos, especialmente no controle do processo erosivo”, opina Oromar.

“Não se pode esquecer da relação entre solo e água na agricultura. Para conseguir boas produções é necessário que o solo possua qualidade com disponibilidade de água. Estocar água no solo é estratégico para controlar a erosão e é fundamental para o processo produtivo”, afirma.

No entanto, o especialista alerta para o aumento das perdas de solo e água em algumas regiões do Paraná, indicando a necessidade de um manejo mais adequado desses dois recursos naturais.

“Com as mudanças climáticas, caracterizadas por chuvas intensas, medidas como rotação de cultura, cobertura do solo, mobilização mínima do solo e aumento da matéria orgânica são essenciais para conter a degradação, mas não são suficientes”, diz ele, acrescentando que muitos solos têm capacidade de infiltração reduzida e, nesta condição, não conseguem armazenar todo o volume de água das chuvas que se precipitam. Neste caso, o ideal é implantar um sistema de terraceamento integrado com as estradas rurais, como forma de controle do escoamento superficial mesmo em sistema plantio direto”, sugere Oromar.

Contudo, um dos principais desafios enfrentados pela assistência técnica e pela extensão rural é convencer o agricultor sobre a importância de preservar os recursos naturais. “Temos produtores em níveis diferentes no Estado. Enquanto há aqueles que detêm conhecimento e recursos suficientes para manejar corretamente o solo e a água, há um número expressivo da agricultura, que não está neste mesmo nível”.

Segundo ele, as recomendações precisam chegar de forma adequada para o agricultor perceber a necessidade de preservar os recursos naturais. “Pode-se afirmar que as instituições de pesquisa e de ensino já produziram informações suficientes para o uso saudável do solo e da água. Porém, a comunicação com o mundo rural deve se dar de tal forma que facilite ao agricultor entender e internalizar as estratégias apropriadas que deve adotar para preservar tais recursos, considerando as particularidades da sua propriedade”, afirma Oromar, lembrando que o solo e água são o patrimônio mais importante na propriedade.

Para os próximos anos, Oromar Bertol avalia que será preciso ter mais informações numéricas do significado das perdas de solo e água e entender o custo que terá ao não adotar medidas conservacionistas. “A Rede Paranaense de Agropesquisa está trabalhando neste sentido. Entendo que ela dará uma grande contribuição ao estado nos próximos anos”, destaca.

Ele afirma, entretanto, que o Sistema Plantio Direto (SPD) é considerado a ferramenta mais eficiente para controle da erosão em áreas de culturas anuais, porém, poucos agricultores aplicam os três pilares: revolvimento mínimo do solo, cobertura permanente do solo e rotação de culturas.
Oromar Bertol considera que a agricultura conservacionista, quando feita de forma completa e não parcial, garante a proteção do solo e a produtividade com lucratividade. Hoje em dia, somente entre 10% e 20% dos produtores seguem os três pilares do SPD. Os demais 80% a 90% adotam apenas parte dos princípios do SPD.

A professora Mônica Sarolli, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioste) – Campus de Cascavel, observa que existem regiões no Paraná onde os agricultores ainda recorrem à escarificação para facilitar a infiltração da água no solo. “Essa prática revela que o sistema plantio direto precisa ser efetivamente implementado. A sucessão de culturas, prática comum no Paraná, não favorece a escarificação biológica em que plantas com sistema radicular profundo criam canais para infiltração da água”, afirma Mônica.

Além disso, ela diz que a sucessão de culturas também não promove acúmulo de matéria orgânica, principalmente nas regiões mais quentes do Estado. “Maiores aportes de matéria orgânica via diversidade de plantas ainda são necessários no estado do Paraná”, defende.

Ela afirma que a crise de fertilizantes químicos, que atinge vários países, pode ser uma oportunidade para valorizar os compostos orgânicos como fonte de nutrientes para as culturas. “Esses resíduos orgânicos, provenientes de processos biológicos podem ser aplicados no solo para aumentar a fertilidade e a produtividade agrícola”.

Segundo a professora, o Plano Nacional de Fertilizantes, lançado pelo governo federal, com destaque para os bioinsumos, “traz luz a uma alternativa de reciclagem de nutrientes e matéria orgânica”.

O estado do Paraná apresenta grande potencial para aproveitamento dos resíduos orgânicos provenientes do meio rural, urbano e agroindustrial. A professora entende que a disseminação da valorização dos processos de tratamento dos resíduos orgânicos como compostagem, vermicompostagem e digestão anaeróbia, para destinação ambientalmente adequada dos resíduos, favorece o uso agrícola dos produtos gerados.

Poluição do solo

A professora Eloana Bonfleur, da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, que trabalha na área de poluição dos solos, observa que em relação a contaminação dos solos, o relatório de 2015 da FAO menciona que os avanços em países desenvolvidos ocorreram devido ao rigor e cumprimento da legislação acerca dos limites máximos permitidos para substâncias químicas em solos. “Em outras palavras, a sociedade entendeu que a adoção de políticas públicas de fato diminui o problema com a poluição dos solos. No Brasil, a resolução do Conama 420/2019 instruiu que os Estados são responsáveis pela determinação dos valores orientadores de referência de qualidade. O Estado do Paraná ainda não dispõe desses valores para os diferentes tipos de solos do território, o que inviabiliza o avanço de ações para atenuar os efeitos da poluição dos solos”, afirma Eloana.

Para ela, nos últimos 10 anos foram determinados valores orientadores de 13 elementos para os solos da planície litorânea e serra do mar e, parte do extremo oeste paranaense por grupos de pesquisa independentes dentro de universidades paranaenses. Entretanto, as regiões avaliadas representam menos de 5 % da área total do Estado. “Portanto, para os próximos 10 anos é essencial a conclusão da determinação de valores orientadores para todo território paranaense. Esta ação demanda, além do trabalho dos pesquisadores das universidades, apoio do poder público estadual”, salienta a professora.

Modelos atuais de produção estão ameaçados

O professor Fabrício Tondello Barbosa, do Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em Ponta Grossa, alerta que a compactação dos solos agrícolas, que vem ocorrendo e sendo verificada sistematicamente pela pesquisa, incluindo áreas sob plantio direto, tem reduzido drasticamente a infiltração de água e contribuindo para o aumento das enxurradas e da erosão. “Eventos de chuvas intensas serão cada vez mais recorrentes em função das mudanças climáticas, é preciso um planejamento para enfrentar este cenário”, comenta.

Para o professor, além da continuidade da pesquisa é preciso formar mão-de-obra qualificada, mas para isso é necessário investimentos em ciência e tecnologia.

Até agora os sistemas de produção foram capazes de atender demandas colocadas sobre eles, devido ao aumento do uso de insumos e incorporação de tecnologias. No entanto, existe a preocupação de que os modelos atuais de produção sejam insuficientes para um futuro próximo, frente às mudanças climáticas e escassez de recursos naturais não renováveis. “Não podemos esquecer que as taxas de erosão continuam em níveis elevados e que os solos não se renovam na escala de vida humana”, salienta o professor.

Outro ponto relevante, segundo ele, é que a ciência do solo está em um patamar que precisa romper barreiras e produzir um maior efeito social e político. “Os dados técnico-científicos precisam embasar políticas públicas voltadas para a preservação do solo e da água. Existe muito conhecimento acumulado que não está sendo aproveitado para esta finalidade.”

Educação e bonificação

O professor Marcos Rafael Nanni, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), não vê mudanças significativas no solo paranaense nesses últimos 10 anos. “Os agricultores continuam repetindo as mesmas práticas agrícolas. Eles têm feito algumas correções locais, pontuais, mas não houve muitas mudanças”.

O professor compreende que a degradação do solo no Paraná é um problema grave, que afeta a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas produtivos agrícolas. “Muitos agricultores não seguem as recomendações de melhores práticas de manejo. Isso compromete a qualidade física, química e biológica do solo, reduzindo sua capacidade produtiva e sua resiliência”, avalia Nanni.

Ele aponta duas alternativas para conscientizar o agricultor: fiscalização e bonificação. “A fiscalização bem como a bonificação mexem no bolso dos agricultores e podem ser um incentivo significativo para a adoção de práticas mais sustentáveis. Ele sugere a ideia, por exemplo, de bonificação por créditos de carbono. “Quando o agricultor for bonificado, ele vai perceber que a matéria orgânica do solo pode se tornar uma fonte de renda por meio da venda de crédito de carbono”, complementa Nanni.

Analisando a questão por outro viés, o professor Marcelo Augusto Batista, também da Universidade Estadual de Maringá (UEM), defende uma abordagem educativa em relação à conservação da natureza. “A educação deve preceder qualquer penalização, embora em alguns casos a multa é que de fato normatiza e educa, temos que partir primeiro da educação e depois a cobrança”, argumenta Marcelo.
Segundo ele, nem sempre as práticas adequadas são adotadas pelos agricultores, embora haja muita pesquisa e tecnologia disponíveis para orientá-los.

Marcelo Batista destaca a importância contínua da educação para garantir práticas sustentáveis na agricultura, lembrando que a preservação do solo é uma responsabilidade compartilhada que impacta não apenas os produtores, mas toda a sociedade.

Educação em solos desperta a consciência ambiental nos estudantes

A educação em solo nas escolas é fundamental para despertar a consciência ambiental nos estudantes e incentivá-los a participar de ações de conservação e recuperação do solo.

De acordo com o professor Marcelo Ricardo de Lima, da disciplina Solos na Educação Básica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, a educação em solos no Paraná teve alguns avanços, especialmente na área da Educação Básica.

“Durante a década houve a implantação ou ampliação de atividades de iniciativas de educação em solos no estado. Essas iniciativas produziram materiais didáticos e cursos, voltados a docentes do ensino fundamental e médio, que puderam atingir docentes em diferentes regiões do estado”, avalia.

“Percebo também uma maior sensibilização de secretarias estadual e municipais de educação em relação à temática solos, facilitando a troca de experiências entre as instituições de ensino superior e técnico, bem como instituições de pesquisa, e os docentes da educação básica. Contudo, obviamente, ainda há um longo percurso a ser trilhado”, complementa.

A pesquisa na Educação em Solos no Paraná, diz ele, assim como no país e no resto do mundo, ainda é incipiente, estando em processo de amadurecimento e consolidação. Mesmo assim, algumas pesquisas geraram monografias, dissertações, teses e artigos científicos que ajudaram a compreender o alcance das ações de Educação de Solos produzidas no estado.

“A boa notícia é que os resultados destas pesquisas têm mostrado que o esforço das iniciativas de educação em solos, embora não atinjam igualmente todos os docentes da educação básica, tem indicado uma mudança de percepção e, até mesmo, de comportamento em relação ao solo”, comemora, destacando o desafio de desenvolver projetos e iniciativas permanentes ou de longo prazo que atuem na informação e sensibilização sobre a importância do solo para a sociedade, tanto na área rural quanto urbana.

Fonte: Assessoria Nepar

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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável

Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

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Foto: SAA SP

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.

 

Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.

Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.

A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.

Solos mais saudáveis e produtivos

Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.

Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.

A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.

Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.

Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.

A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.

A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).

O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.

Fonte: O Presente Rural com Embrapa Cerrados
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