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Suínos 1º Dia do Suinocultor

Luciana Hernig traduz falta de biosseguridade em custos reais

Investir no tripé que envolve prevenção, bem-estar e biosseguridade é o caminho mais seguro e eficaz para manter e melhorar o patamar de produtividade nas granjas brasileiras.

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Médica-veterinária, mestre em Fisiopatologia da Reprodução de Suínos, Luciana Fiorin Hernig, durante sua palestra no 1º Dia do Suinocultor O Presente Rural/Frimesa - Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Uma boa genética, gestão nutricional eficiente, qualidade do ambiente e sanidade adequada são medidas essenciais para garantir a saúde, o bem-estar e uma melhor produtividade dos animais. A adoção de medidas sanitárias cada vez mais rigorosas, que primam pelo controle e monitoramento contínuo do rebanho de suínos, contribui para prevenir a entrada e a propagação de patógenos indesejados nas granjas brasileiras.

Médica-veterinária, mestre em Fisiopatologia da Reprodução de Suínos, Luciana Fiorin Hernig: “Não adianta eu dizer que o setor vai parar de usar antibióticos, porque não vai, mas podemos melhorar a sanidade, os processos de manejo, recalcular a rota, parar para pensar a biosseguridade no dia a dia”

“Deus é brasileiro, mas nós temos que fazer a nossa parte”, declarou a médica-veterinária, mestre em Fisiopatologia da Reprodução de Suínos, Luciana Fiorin Hernig, durante sua palestra no 1º Dia do Suinocultor O Presente Rural/Frimesa, realizado de forma híbrida em 21 de julho, em Marechal Cândido Rondon (PR). Ela provocou reflexões aos participantes sobre a importância de evitar doenças que acarretam perda de produção e competitividade na suinocultura, levando a desvantagens econômicas significativas.

A especialista chamou atenção para os riscos na produção nacional com patógenos emergentes, relembrando que os surtos de Influenza A no plantel brasileiro, em 2014, ocasionaram um prejuízo de R$ 400 milhões com uso de antibióticos, anti-inflamatórios, abortos e mortalidade de seis mil matrizes.

Impactos econômicos

Para demonstrar o impacto desta enfermidade na cadeia produtiva, Luciana apresentou um estudo realizado no ano passado com pulmões de animais coletados em frigoríficos, dos quais 65% tinham lesões características de gripe suína, demonstrando que ao longo de toda a terminação os animais continuavam se contaminando. Outros 28% estavam associados com infeções por Mycoplasma e 55,3% apresentaram lesões de Influenza aliadas à Mycoplasma e Pasteurella multocida.

“Essas enfermidades geram perdas significativas, somente com Mycoplasma são gastos R$ 3,26 por animal, mas quando associado com a Influenza o prejuízo aumenta 16 vezes, podendo chegar a R$ 54,14 por suíno. E para tratar a Influenza, as perdas alcançam R$ 16,03 por animal, com uso de antibióticos, perdas de animais, condenações em frigorifico, entre outros fatores, além do risco à saúde pública que essas doenças podem provocar”, enfatizou Luciana.

A médica-veterinária também apontou que no país tiveram 18 surtos de disenteria suína entre 2010 e 2014, doença bacteriana altamente contagiosa caracterizada por diarreia muco-hemorrágica e que afeta principalmente leitões nas fases de recria e terminação, causando um custo médio com medicação em torno de R$ 80 por matriz e aumento de mais de 500 gramas de conversão alimentar.

Entre 2014 e 2015 houve um surto de Senecavírus A na cadeia produtiva de suínos nacional, acarretando no aumento de mortalidade na maternidade de 15% a 60%, com grandes prejuízos para os frigoríficos, impactando significativamente as exportações à época. A especialista destacou ainda que casos de salmoneloses com a variante monofásica estão aumentando sua prevalência no mundo.

Entrada da PSA no Brasil

A Embrapa estima com uma possível entrada da Peste Suína Africana no Brasil teria um impacto econômico em torno de US$ 5,5 bilhões, com abate sanitário e destino adequado das carcaças, além de perdas no comércio internacional de suínos e produtos de origem animal. “Nos Estados Unidos o impacto da introdução da PSA está estimado em US$ 16,5 bilhões apenas no primeiro ano de surto”, relatou.

Importância da sanidade

Conforme Luciana, a sanidade é importante para reduzir a presença de patógenos, infecções e o risco de doenças, minimizar o risco de entrada de novos agentes, reduzir custos com perdas na produtividade e com tratamentos curativos e reduzir riscos à saúde pública. Investir no tripé que envolve prevenção, bem-estar e biosseguridade é o caminho mais seguro e eficaz para manter e melhorar o patamar de produtividade nas granjas brasileiras.

A especialista ressaltou ainda que para evitar a entrada e a propagação de doenças nas granjas é fundamental manter a estabilidade da produção direcionada para manejos corretos, realizar diagnósticos precoces e assertivos, prever perdas na produtividade e financeiras, evitar a entrada de novos agentes, excesso de medicações e mortalidades de animais, garantir bem-estar dos funcionários e animais, entre outros. “Uma falha sanitária causa redução de produtividade na granja, de leitões natimortos, de nascidos vivos e de dias não produtivos, piora o desempenho e aumenta a mortalidade do plantel”, mencionou Luciana.

Resistência antimicrobiana

A mestre em Fisiopatologia da Reprodução de Suínos demonstrou sua preocupação com a incidência de resistência antimicrobiana. De acordo com ela, há evidências crescentes de que a resistência a antibióticos está afetando o tratamento bem-sucedido de casos de suínos e se torna imediatamente importante para o profissional de suínos, independente de questões mais amplas de segurança alimentar e humana. “Escherichia coli com resistência a múltiplas drogas e resistência crescente ao ceftiofur, enrofloxacina, florfenicol, gentamicina, neomicina e sulfonamidas são uma preocupação para os profissionais do setor. Outras doenças suínas primárias que estão sendo monitoradas de perto por sua resistência crescente incluem Salmonella ssp, Streptococcus suis e Pasteurella multocida”.

Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que 600 milhões de pessoas – quase uma em cada 10 – no mundo adoecem depois de comer alimentos contaminados e 420 mil morrem a cada ano. “Isso é preocupante. Não adianta eu dizer que o setor vai parar de usar antibióticos, porque não vai, mas podemos melhorar a sanidade, os processos de manejo, recalcular a rota, parar para pensar a biosseguridade no dia a dia”, salientou.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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