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Suínos / Peixes

Especialista traça panorama do mercado futuro de carne suína

José Piva garante que mercado em ascensão será dominado por quem olhar para as novas exigências do consumidor sem esquecer dos custos de produção

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O Congresso Abraves (Associação dos Médicos Veterinários Especialistas em Suínos) Paraná, que aconteceu em março, em Toledo, teve o objetivo de responder a uma pergunta: quais serão as necessidades para atender o mercado consumidor em 2030? Para responder a essa questão, é preciso primeiro entender quem são os produtores, suas capacidades e desafios, e quem são os consumidores. Durante a programação, o gerente de serviços técnicos para a América da Agroceres PIC, José Piva, traçou um panorama mundial dos maiores produtores e para onde mira a expansão do mercado mundial de carne suína. Para ele, independente da origem, os países produtores vão ter que se acostumar a consumidores mais exigentes, interessado e envolvido no processo de produção.

“Qual será o mercado das carnes do futuro?”, cita Piva, salientando que o mercado mundial de carnes é instável e volátil. “As coisas mudam muito rapidamente. Há duas semanas estava tudo certo no México. Agora está um pavor por conta da Influenza Aviária”, pontua. Ele acredita, no entanto, que o consumo da Ásia vai dirigir a demanda e países competitivos vão dominar as exportações.

De acordo com Piva, a China vai continuar a ser grande importadora, visto que por lá há grande mercado, mas certa dificuldade sanitária e segurança jurídica. Já a Rússia, outro grande mercado importador, pretende começar a exportar, mas também encontra desafios sanitários, segundo Piva. “A indústria russa é sólida e planeja exportar, mas a sanidade é desafio”, disse, citando a Peste Suína presente naquele país. “No Vietnã são granjas pequenas, no Japão é caro para produzir. Para atender o Japão precisa de qualidade”, comenta. Na Coreia do Sul, cita Piva, existem desafios sanitários.

Nas Filipinas, explica, existe segurança jurídica, mas o país também tem desafios sanitários. Na Austrália, os custos de produção são elevados e o desenvolvimento genético está obsoleto. “Na Austrália há limitações da entrada de genética, o que torna o país pouco competitivo. Eles estão atrasados”, menciona o profissional.

Estados Unidos e Canadá, pontua Piva, continuam sendo exportadores pelos próximos anos, mas encontram desafios sanitários. “Nesses países a suinocultura está em expansão. Eles são altamente competitivos porque têm matéria-prima (grãos) disponível. Têm desafios sanitários, mas são exportadores”, salienta. Já a Europa deve retrair a produção e, apesar dos altos custos, continuam sendo exportadores.

O México, na opinião de Piva, é um grande mercado para o Brasil. “O México é um grande importador. “Talvez o mais interessante, pois vem importando mais e mais”, sugere. Já o Brasil, livre dos principais desafios sanitários, comenta Piva, precisa melhorar a infraestrutura, já que apenas mercados competitivos vão alcançar o mercado. Ele cita a necessidade de melhorar a logística e até mesmo a situação política do país para que a suinocultura brasileira consiga chegar competitiva a esses países que têm demanda.

Fatores que dirigem o mercado de carnes

O pode aquisitivo é certamente um dos fatores que mais contribuem para o aumento no consumo de carnes no mundo. Na Ásia, por exemplo, onde o poder aquisitivo vem crescendo acima da média mundial, o consumo de carnes também ganha cada vez mais espaço. No entanto, Piva cita outros dez fatores que influenciam no mercado mundial de proteína animal. “Entre os fatores está o crescimento populacional e poder aquisitivo, mudanças culturais e sociais quem impactam no hábito alimentar, produção de grãos e estocagem, meio ambiente – água, dejetos, espaço, tecnologia, principalmente na área genética, doenças que limitam a produção, comercialização e consumo, condições climáticas, comercialização globalizada, especulação de mercado e barreiras comerciais”, pontua o profissional.

O mercado, em sua opinião, também “depende da perspectiva de cada um”. “Depende da mídia, da religião, extremistas e ativistas, classe social, pirâmide demográfica (idade), costume alimentar – vegano ou vegetariano, grau de conhecimento –, escolaridade, poder aquisitivo. Depende ainda de momento e circunstâncias – surtos de doenças, por exemplo”.

Tendências

Ele acredita que o mercado de carnes vai aumentar nos próximos anos, mas o consumidor se torna mais exigente. A média mundial de consumo das principais carnes, em sua opinião, vai chegar a 35,5 quilos/per capita/ano. Em 2014 esse índice era de 34 quilos.

“O mercado vai ser mais regionalizado, segmentado, diversificado e competitivo. Teremos um consumidor muito mais interessado, informado e exigente em relação a toda a cadeia, muito mais envolvido no processo de produção, transporte, industrialização e distribuição. Teremos maior volume, nas expectativas e nas demandas. O mercado será globalizado via grandes corporações, será mais volátil, desafiador e inovador. Será mais complexo – diferenças na definição de qualidade. A rastreabilidade será muito mais fácil de ser realizada com o uso das informações. Na visão de muitos, o alimento deixa de ser uma commodity e passa a ser um bem comum”, cita, ampliando que haverá cada vez mais nichos de mercado para produtos de valor agregado.

E ainda. Segundo o profissional, é tendência ter mais transparência, com informações adicionais nos rótulos, e que novos e versáteis produtos também vão ganhar espaço. “São consumidores diferentes buscando novas alternativas, com conveniência na compra, preparo e no consumo, seja carne fresca ou processada”. Ele cita ainda o papel da ciência nesse mercado futuro: “A ciência vai estar mais presente desde a produção até a mesa. O uso de novas tecnologias vai da fazenda ao mercado”, acrescenta.

O profissional amplia, destacando como tendências “novas regras e leis de mercado, uso de novas ferramentas em toda a cadeia, abertura de novos mercados e o peso dos ativistas” nesse cenário.

“O consumo vai aumentar, mas o pessoal vai estar mais preocupado com a origem, procedência e como foi produzido o animal. O mercado futuro terá diferentes valores do atual, com mudanças rápidas. Precisamos produzir mais carnes com menos recursos, se4guindo regras e guias internacionais. O mercado será maior e mais exigente. A carne suína continua sendo a número um na escolha do consumidor e o consumo na Ásia vai dirigir a demanda”, comenta Piva.

Ele comenta que as fortes relações comerciais serão fundamentais para manter e ampliar mercados e que meio ambiente, pessoas, política, qualidade e marca vão estar cada vez mais no radar dos consumidores.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Pesquisadores adaptam técnica que acelera o crescimento do tambaqui

Por meio de um equipamento de pressão, é possível gerar um par a mais de cromossomos no peixe, gerando animais triploides e favorecendo o seu crescimento. Técnica foi adaptada de versões empregadas em criações de truta e salmão no exterior. Método gera animais inférteis, o que possibilita criações em regiões em que o tambaqui é exótico, uma vez que eventuais escapes não impactarão a fauna aquática local no longo prazo.

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Além do crescimento mais rápido e do peso maior do tambaqui, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa - Foto: Siglia Souza

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estuda uma técnica capaz de deixar o tambaqui (Colossoma macropomum) aproximadamente 20% maior e mais pesado. A técnica consiste em gerar, por meio de aplicação de pressão nos ovos fertilizados, peixes com três conjuntos de cromossomos (triploides) – em condições naturais são dois conjuntos – para deixar o peixe infértil. Com isso, ele cresce e engorda mais rápido do que em condições normais. A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Aldessandro Costa do Amaral, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a orientação da pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O´Sullivan.

Além do crescimento mais rápido, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa. “Quando você tem um peixe estéril, abre a possibilidade de regularização de seu cultivo em uma região onde ele seja exótico”, ressalta a pesquisadora. Isso porque, em caso de escape para a natureza, os animais estéreis não ofereceriam risco de se reproduzir em regiões das quais eles não fazem parte como, por exemplo, a Bacia do Prata, no Pantanal. “Assim, você expande os locais em que a espécie pode ser cultivada, mediante a regularização da atividade”, destaca a cientista.

A tecnologia já é empregada no exterior em peixes como salmão e truta, e o maior desafio era adaptá-la para o tambaqui, a segunda espécie mais produzida no Brasil. “Nas pisciculturas de truta na Escócia, o peixe cultivado tem que ser obrigatoriamente triploide, para não desovar. Como essas espécies são criadas em gaiolas no mar, precisam ser estéreis para não se reproduzir, o que causaria uma contaminação genética na população natural. Por isso é uma obrigação que todos os peixes sejam triploides”, explica a pesquisadora, acrescentando que a técnica em si não é nova; a novidade está na aplicação em peixes nativos brasileiros. “É uma tecnologia antiga, relativamente simples e de grande efeito na aquicultura, que estamos adaptando para o tambaqui.”

Equipamento de pressão para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes – Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Equipamento importado
A pesquisa faz parte do projeto Aquavitae, o maior consórcio científico já realizado para estudar a aquicultura no Atlântico e no interior dos continentes banhados por esse oceano. Por meio do Aquavitae, a Embrapa utilizou de 2019 até 2023, para os primeiros testes dessa técnica, um equipamento de pressão próprio para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes. A empresa norueguesa Nofima cedeu o equipamento para os experimentos na Embrapa Pesca e Aquicultura. Trata-se de aparelho de grande porte que opera de forma automática, bastando regular a pressão e o tempo desejados. A máquina é inédita no Brasil. “O aparelho que mais se assemelha pertence à Universidade de Santa Catarina, porém, a aplicação da pressão é manual”, conta a pesquisadora.

Como é a técnica utilizada?
O´Sullivan explica que a pesquisa buscou definir três parâmetros cruciais para induzir à triploidia. Primeiro, o tempo após a fecundação do ovo em que se deve iniciar o choque de pressão. Depois, foi preciso definir a intensidade da pressão a ser aplicada para o tambaqui, e, por fim, a equipe teve que descobrir a duração ideal da pressão. “Tivemos que identificar esses três parâmetros para o tambaqui ao longo do projeto”, explica a cientista.

Para realizar a técnica, são utilizados um milhão de ovos recém fertilizados, que vão para a máquina de pressão. Em seguida ao choque de pressão, os ovos vão para as incubadoras comumente usadas e o manejo é igual à larvicultura tradicional e à alevinagem. A quantidade de ração também é a mesma por biomassa; apenas os peixes começam a crescer mais. A pesquisadora conta que o protocolo para obtenção de 100% de triploides levou cinco anos para ser alcançado, após vários testes-piloto.

À esquerda, animais convencionais e, à direita, peixes submetidos ao processo de indução de poliploidia. Ambos originários da mesma desova e de idades idênticas.

Em seis meses, 20% maior
Durante a pesquisa, que avaliou o ciclo de crescimento e engorda do tambaqui triploide durante seis meses, observou-se que o peixe ficou 20% maior e mais pesado que os irmãos que não tinham passado pelo choque de pressão (usados como controle). O próximo passo da pesquisa é fazer uma avaliação durante o ciclo completo de crescimento da espécie, que dura 12 meses. “Produzimos um novo lote de triploides que deixaremos crescer até chegarem a um quilo. Se o resultado for o mesmo que tivemos com o peixe de seis meses, eles vão chegar a um quilo em menos de 12 meses”, calcula a pesquisadora, acrescentando que também estão sendo avaliadas a sobrevivência larval e a ocorrência de deformidades nesses peixes.

Outra característica que preocupa os pesquisadores são as consequências da triploidia no sistema imunológico destes peixes. Resultados preliminares indicam que o tambaqui triploide pode ter uma resistência reduzida a condições desafiadoras, como alteração da temperatura da água. Por isso, segundo a pesquisadora, antes que a tecnologia seja repassada para o setor produtivo, serão realizados estudos para a validação completa da técnica de produção de tambaquis triploides. “O primeiro passo era conseguir obter um protocolo que nos desse 100% de triploidia em tambaqui. Ficamos muito felizes e esperançosos de termos alcançado esse objetivo. Agora, outros estudos vão avaliar as vantagens e possíveis desvantagens dessa técnica na produção da espécie”, conclui Fernanda O’Sullivan.

Produção de tilápia usa outra técnica
Embora a infertilidade dos peixes seja uma vantagem para o crescimento do animal e para a expansão a novas regiões de produção, a triploidia não é indicada para a tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida no Brasil. Segundo a pesquisadora, há para a tilápia uma técnica mais econômica, que promove a criação do monosexo do macho pelo tratamento com hormônio para esse fim.

“A tilápia também tem protocolo de triploidia desde 1980, mas não estão mais usando, pois fica mais barato fazer a masculinização pela ração”, ressalta O´Sullivan. Ao contrário do tambaqui, em que as fêmeas são maiores do que os machos, na tilápia, os machos é que são maiores. Assim, foram desenvolvidas técnicas para masculinizar as larvas da tilápia. Ainda, para se fazer a triploidia, os ovos devem ser fertilizados in vitro, ou seja, artificialmente. E a produção de larvas de tilápias hoje se baseia na reprodução natural dos casais e coletas dos ovos já em desenvolvimento.

No caso da criação de monosexo da tilápia, quando os alevinos começam a comer, é oferecida ração com metiltestosterona. Isso faz com que todos os peixes se tornem machos. Com a produção exclusiva de machos, além de acelerar o crescimento, evita-se problemas de reprodução desenfreada da espécie, que é exótica no Brasil.

A pesquisadora ressalta que a técnica do monosexo nada tem a ver com a triploidia. “A técnica empregada no peixe triploide está ligada ao crescimento e à esterilidade. A esterilidade é muito importante, porque é uma característica que o monosexo não tem. Os peixes são do mesmo sexo, porém são férteis”. Ela conta que a Embrapa já está pesquisando produzir monosexo de tambaqui feminino, também pelo uso da ração – no caso, acrescida de estradiol.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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