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Especialista sugere desmame de leitões mais tardio

Profissional fala sobre uma das primeiras fases do processo produtivo, que impacta positivamente ou negativamente todo o desenvolvimento posterior dos animais, o desmame

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No Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, o zootecnista e consultor Gustavo Gattás apresentou dados que colocam em xeque o tradicional desmame aos 21 dias. Argumentou com informações sobre maturidade fisiológica e apresentou números que comprovam as vantagens de um desmame mais tardio. O 11º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, organizado pelo Nucleovet – Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas, foi realizado de 21 a 23 de agosto, em Chapecó, SC.

Na palestra “Idade ao desmame dos leitões”, Gustavo Gattás questionou: Qual é a melhor relação sanidade, desempenho e lucratividade para o sistema de produção de suínos? Zootecnista, mestre e doutor em Nutrição e Produção Animal pela Universidade Federal de Viçosa, Gattás é hoje professor titular da Universidade de Patos de Minas (Unipam), professor de pós-graduação na Universidade Viçosa (Univiçosa) e diretor de empresa de consultoria e pesquisa.

Cada uma das fases da suinocultura impacta a produção. “Temos que trabalhar o sistema como um complexo de engrenagem. Mas toda etapa deve ser realizada de forma estratégica para tornar o modelo como um todo mais eficiente”, afirmou Gattás. O palestrante focou sua apresentação exatamente em uma das primeiras fases do processo produtivo, que vai impactar positivamente ou negativamente todo o desenvolvimento posterior dos animais, o desmame.

O modelo produtivo atual passa por grandes revoluções relacionadas ao manejo, ambiente, nutrição e sanidade. “Tudo isso puxado por um grande motor, que é a genética”, destaca. A evolução genética tem sido responsável pelas maiores transformações, mas além de inovações, também apresenta grandes desafios.    

A genética conseguiu produzir porcas hiperproliferas, que geram um grande número de leitões. Porém, conforme Gattás, isso apresentou um grande problema com relação às mortalidades. “No nascimento, no pós-parto e no decorrer do processo de lactação”. A boa notícia, diz ele, “é que estamos aprendendo a trabalhar com essas porcas”. “A mortalidade está recuando e partindo para a estabilidade, mesmo com o aumento dos nascidos. Isso é muito importante para potencializar a viabilidade do sistema produtivo”.

Por outro lado, a preocupação em desmamar leitões viáveis, com maior peso ao nascer, muitas vezes, representava a perda de eficiência no ganho de peso na maternidade. “De forma semelhante com relação à mortalidade, também estamos conseguindo trabalhar com muito mais eficiência no ganho de peso do leitão na maternidade”.

Desmamar tardiamente é viável?

Em sua apresentação no SBSS, Gattás destacou a influência da idade ao desmame sobre a sanidade. “Temos questões ligadas à maturidade fisiológica, com relação ao trato digestivo e ao sistema imunológico”. O desmame convencional, geralmente realizado aos 21 dias, leva para a fase seguinte leitões com um sistema digestivo imaturo ou produção enzimática ineficiente. “Influencia diretamente na sanidade dos animais”, explica.

“O que acontece com essa microflora antes e após o desmame?”. Conforme Gattás, ocorrem modificações, diminuindo o percentual de flora benéfica e aumentando os elementos patogênicos. “Isso se pronuncia em animais desmamados precocemente”. O professor destaca que, quanto mais novo o leitão for desmamado, maior é a interferência nas barreiras intestinais. “Isso está diretamente ligado ao surgimento de distúrbios gastrointestinais e à permeabilidade à penetração de patógenos nessa barreira intestinal”. Em resumo, quanto menor a idade ao desmame maior é a disfunção da barreira intestinal.

A grande questão é que a permeabilidade da barreira intestinal decorrente do desmame precoce persiste pela vida futura do leitão. “Em animais desmamados precocemente sob estresse, a incapacidade do intestino em aproveitar os nutrientes persiste. Isso explica a relação de peso da idade ao desmame com o peso do animal terminado”.

Os animais desmamados precocemente sofrem com maior intensidade as condições de estresse na fase de creche ou terminação. “Serão penalizados de forma mais agressiva no estresse futuro”. Isso porque as questões fisiológicas estão diretamente ligadas à capacidade ou ao desempenho futuro do leitão.

Gattás explica que, com relação à integridade do intestino dos leitões, quanto mais tardio for o desmame, menor vai ser a espessura da lamina. “Diretamente ligada ao perfil imunológico intestinal”. Com relação ao trato digestivo, a parede intestinal de animais desmamados precocemente prejudica todo o processo de absorção e facilita a passagem de patógenos. “Quanto mais cedo ocorrer o desmame maior é a influencia negativa sobre a qualidade da viscosidade intestinal”.

Números

A idade ao desmame e o status sanitário da granja impactam o desempenho dos leitões nas fases posteriores. Na palestra, Gattás apresentou dados práticos e estudos de campo que comprovam a diferença entre idade ao desmame e mortalidade na vida do suíno. “Animais desmamados precocemente apresentam maior mortalidade no decorrer de sua vida produtiva em relação aos animais desmamados mais tardiamente”. Ainda conforme ele, a idade ao desmame é mais enfatizada em sistemas de alto desafio sanitário. “A cada dia, adicionado ao desmame de 18 a 24 dias reduz a mortalidade em 0,56%”, explica.

A idade ao desmame também interfere em questões reprodutivas. “Aumentando a idade ao desmame de 19 para 21, 25 e 28 dias tivemos um aumento linear dos nascidos totais”, esclarece Gattás, apresentando dados de uma granja comercial que opera com cinco mil matrizes. “Um acompanhamento na Espanha com 850 mil partos corrobora essa informação. Em granjas com desmames mais tardios temos quase ou mais que um leitão nascido”.

Para Gattás, no entanto, com relação ao desempenho é sensato analisar fase a fase do sistema como uma engrenagem. Outros dados apresentados pelo palestrante correlacionam o peso ao nascer com o consumo de ração e o GPD – ganho de peso diário. “Em várias granjas, observamos uma correlação muito direta entre idade ao desmame e a capacidade de ganho de peso do animal na sua vida subsequente. Nesse processo, o peso tem um impacto direto na relação idade e peso ao abate”.

Logicamente, entende, leitões desmamados mais tardiamente vão alterar o processo produtivo da granja, resultando em menos partos porca/ano. Mesmo neste caso, Gattás apresentou dados de pesquisas que comprovam a vantagem com relação a desempenho, custo e ganho do sistema de manejo de desmame mais tardio. “Quando comparamos os custos e as receitas, verificamos uma maior viabilidade no sistema de desmame tardio”.

O consultor ainda salienta que qualquer decisão deve ser focada no modelo produtivo, pois cada cenário mercadológico, por exemplo, pode alterar os números. “Obviamente temos que ter um mínimo de nascidos e melhorias no ganho de peso. O desempenho após o desmame se multiplica na vida futura do leitão”, sustenta o especialista.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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