Suínos
Especialista sugere alternativas na hora de comprar ou vender milho
Cenário de elevação dos preços dos grãos e demais insumos que compõem a ração animal deve persistir, apesar das recentes estimativas de uma boa safra de grãos.

Entre os principais insumos da ração, o milho e o farelo de soja representam em torno de 70% dos custos da cadeia produtiva de proteína animal, despesa que tem impactado de forma significativa produtores de todos os setores que produzem alimento, porém de maneira mais intensa nos últimos meses. Neste contexto, o sócio proprietário da XP/Granoeste Investimentos, Robson Polotto, aponta tendências do mercado de grãos para a atual temporada e alternativas para driblar os altos custos.

Sócio proprietário da XP/Granoeste Investimentos, Robson Polotto: “A saída para o produtor é estar antenado, ter a conta na mão e saber o que precisa, tendo consciência do que é bom para ele” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
O profissional enfatizou que o setor de proteína animal vive um dos momentos mais desafiadores, uma vez que o poder de compra do produtor frente aos grãos, principalmente o milho, está nas mínimas históricas. “E ao que tudo indica esse cenário de elevação dos preços dos grãos e demais insumos que compõem a ração animal deve persistir, apesar das recentes estimativas de uma boa safra de grãos. O atual conflito bélico e os problemas climáticos enfrentados no último ano, que resultaram em quebra da safra de soja, milho e trigo principalmente, contribuíram para essa alta, uma vez que o consumo está maior que a oferta”, analisou Polotto.
Com estoque inicial de 9,6 milhões de toneladas de milho, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê 24,3 milhões de toneladas da safra de verão 2021/2022, enquanto para a safrinha estima-se 86,3 milhões de toneladas. Para a 3ª safra são estimadas 1,8 milhão de toneladas, com importação de 1 milhão de toneladas, o que totaliza oferta brasileira de 123,1 milhões de toneladas. Deste montante, 74,4 milhões de toneladas são destinadas para uso doméstico, 39,3 milhões de toneladas para exportação, gerando um estoque final de 9,3 milhões de toneladas (gráfico abaixo).

Em relação a demanda e a oferta de milho da safra 2021/2022, no mês de fevereiro, conforme levantamento da Conab, a oferta disponível de milho no mercado interno era de 5,9 milhões de toneladas, volume estimado para 35 dias de consumo de acordo com a demanda. Nos meses subsequentes, a disponibilidade do cereal em relação aos dias de consumo foi reduzida, com previsão para atingir a mínima no mês de maio, quando o volume de 6,1 milhões de toneladas frente a demanda pelo grão deve suprir apenas o consumo para 28 dias. A partir de junho, a capacidade de oferta do grão aumenta com o término da colheita de milho, com previsão para agosto de 6,5 milhões de toneladas, volume que será equivalente para 25 dias de consumo.
Estoque mensal
Em relação as estimativas da Conab com as previsões de estoque mensal de milho da safra 2021/2022 (MMT), Polotto diz a partir de junho, depois da redução de maio, os estoques foram sendo repostos com o término da colheita da primeira safra de milho, aumentando significamente os volumes de armazenamento, passando a estocagem para 46,4 milhões de toneladas em julho e para 55,2 milhões de toneladas em agosto, com baixas significativas dos volumes estocados nos meses seguintes (gráfico abaixo), fechando 2022 com estoque final de 9,3 milhões de toneladas.

Preços dos grãos em patamares elevados persistem
Segundo Polotto, os preços devem se manter em patamares elevados seguindo a tendência dos valores internacionais, acrescido da expectativa de menor disponibilidade de milho no spot nacional no primeiro semestre deste ano. No mercado futuro da Bolsa de Valores BM&F, o milho está sendo comercializado para julho a R$ 90,28; para setembro a R$ 89,35; para novembro a R$ 91,9; para janeiro/2023 a R$ 93,7 e para março/2023 a R$ 94,3. “No início de abril as cooperativas estavam ofertando a saca de milho safrinha de 60kg para compra antecipada a R$ 78”, relata Polotto.
Spreads da Bolsa de Valores
Para melhorar as margens de lucro do setor produtivo, o empresário orienta os agricultores a aproveitar os spreads da Bolsa de Valores, indicador que auxilia o investidor a verificar quais ações possuem maior liquidez na Bolsa de Valores em relação à demanda do milho regional, relativos aos preços.
Polotto diz que é muito importante que o produtor fique atento ao que acontece globalmente – conflito entre Rússia e Ucrânia, plantio de milho nos Estados Unidos e nos principais países produtores, impactos da seca na produção brasileira, que inclusive afetou também o Paraguai, país que será um ofertante de milho safrinha ao mercado nacional – para saber como utilizar a compra antecipada de uma maneira que consiga um grão mais barato, porque isso vai impactar diretamente nos custos de produção da propriedade e dará um pouco de fôlego ao produtor nas margens da proteína, que hoje estão negativas. “O mercado é volátil, dinâmico, o que vale hoje, amanhã ou daqui um mês já não vale, e a Bolsa tem spreads, que em tese melhoram a performance com uma alta ou baixa, além de ter modalidade de seguros interessantes neste momento”, pontua.
Comercialização do cereal
Na hora de comercializar a safra, parte dos agricultores fica receosa se vai conseguir vender ou não o grão por um bom preço e na melhor época. Essa preocupação se justifica porque vários são os fatores que podem influenciar no momento da negociação do produto, entre eles clima, economia global, oferta maior ou menor do cereal no mercado, o que reflete nas movimentações de compra e venda e nos preços agrícolas. “A saída para o produtor é estar antenado, ter a conta na mão e saber o que precisa, tendo consciência do que é bom para ele”, declara Polotto.
Conforme Polotto, existem inúmeras formas de se obter mais rentabilidade na venda de grãos e a diversificação dessas modalidades de comercialização pode diminuir seus riscos. “Há algumas operações no mercado futuro para venda de grãos que podem ser realizadas pelos agricultores, entre elas a modalidade Hedge, na qual os preços são fixados antes da venda com o objetivo de proteger o valor dos grãos devido à grande instabilidade do mercado”, expõe.
Polotto dá um exemplo de uma operação com seguro de preço (Hedge). “Em novembro de 2021 a oferta de venda de farelo de soja para abril, maio e junho de 2022 estava por R$ 2.130,00/ton CIF. Em março na Bolsa de Chicago o mesmo produto estava U$S 357,00/ton, um seguro de baixa para o farelo de soja em março de 2022 custava U$S 28,00/ton, como o dólar estava R$ 5,60 teria custo de R$156,80/ton, ou seja, para saber o custo total da comercialização do grão no mercado futuro com seguro soma R$ 2.130 + R$ 156,80, cujo resultado é R$ 2.286,80/ton. O custo do farelo em abril estava sendo vendido por R$ 2.713,35/ton, o equivalente a 18,65% de custo a mais”, ressalta.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



