Avicultura
Especialista orienta sobre uso de grãos alternativos nas dietas
O Presente Rural entrevistou, de forma exclusiva, o diretor do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), Ariovaldo Zani.

Um dos assuntos que ganha cada dia mais destaque do setor do agro é a disponibilidade de grãos alternativos que visam atender as crescentes demandas da produção animal, com redução de custos sem perda de produtividade. O Presente Rural entrevistou, de forma exclusiva, o diretor do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), Ariovaldo Zani, que também atua como CEO do Sindirações, presidente da Câmara de Sustentabilidade e Bem-estar Animal da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), diretor do Departamento de Insumos do Deagro/Fiesp, conselheiro curador da Facta e professor associado do Pecege/Esalq/USP. Confira.
O Presente Rural – Quais são os grãos alternativos que podem ser usados na avicultura no Brasil? Eles podem reduzir os custos com nutrição?

Diretor do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal/CBNA, Ariovaldo Zani – Foto: Arquivo Pessoal
Ariovaldo Zani – Os cereais de inverno, como o trigo, cevada, aveia e centeio constituem fonte nutricional valiosa, são ricos em carboidratos, proteínas, vitaminas, minerais e energia, necessários ao crescimento dos animais, principalmente aqueles voltados à produção, à exemplo das vacas leiteiras que consomem silagem, dos ruminantes e, inclusive, de frangos de corte, poedeiras e suínos, quando apresentados na forma de farelo ou grão. Muito embora a oportunidade de inclusão na formulação de dietas para creche, crescimento e terminação seja indiscutível, a safra brasileira desses insumos ainda é bastante modesta e concentrada nas regiões Sul e Sudeste. Considerando a hipotética escassez sazonal e regional de milho, soja e farelo, toda e qualquer discussão voltada ao fomento (inovação científica para desenvolvimento de novas variedades mais resistentes, programas de extensão rural, incentivos fiscais e linhas de crédito), se torna necessária, com intuito de incrementar a produção desses grãos alternativos e compensar, cada vez mais, a escassez sazonal do milho e da soja e até servir na mitigação da hipotética especulação dos preços.
O Presente Rural – Quando falamos em produção avícola é necessário atrelar pontos muito importantes, tais como preços dos insumos, boa nutrição, expectativas do mercado e os impactos na indústria. Como o senhor enxerga o mercado de produção de aves, levando em conta os pontos acima citados e a nutrição com grãos alternativos?
Ariovaldo Zani – A indústria de alimentação animal brasileira consumiu no ano passado mais de 50 milhões de toneladas de milho e algo em torno de 18 milhões de toneladas de farelo de soja. Os preços desses insumos (entre dezembro/22 e a média resultante do intervalo entre janeiro/15 e janeiro/19; praticados no Estado de São Paulo) avançou ao redor de 150%. Já o efeito dos mesmos pressupostos dessa simulação sobre o custo hipotético em dólares das rações para frangos de corte e suínos resultou em incremento de 45% e 60%, respectivamente. Contudo, o avanço em reais/tonelada escalou mais de 120% e 140%. Apesar da persistência dessa desvalorização cambial demasiada, a expectativa é que o custo de produção das rações seja aliviado pelo incremento na produção do milho e da soja, que deve avançar 14,5% e 10,5%, respectivamente, na super safra de mais de 300 milhões de toneladas, prevista pela Conab. Resta agora torcer para que os efeitos climáticos não comprometam a produtividade e a evolução da lavoura possa aliviar o custo desses principais insumos.
O Presente Rural – Existem estudos que comprovem a eficiência desses grãos alternativos em dietas?
Ariovaldo Zani – Dentre tantas publicações, ainda em 2002 o estudo “Effect of feeding whole wheat on performance of broiler chicken” publicado na revista Animal Feed Science and Technology concluía que a adição de trigo integral na dieta comercial de frangos de corte alterava algumas características de carcaça e melhorava a eficiência alimentar. No ano passado, estudo publicado no jornal European Poultry Science comprovou que a substituição parcial dos ingredientes tradicionais por crescentes adições de centeio não prejudicou o desempenho das aves e demonstrou como essa alternativa pode contribuir positivamente com o conceito contemporâneo de uma produção cada vez mais sustentável, conforme estudo intitulado “Impacts of rye addition in diets on performance, foot pad health and select organ traits: a pilot field study”.
O Presente Rural – Outros aditivos teriam que ser incorporados às rações para ‘suprir a falta’ de milho ou farelo de soja nas dietas?
Ariovaldo Zani – A redução das emissões da descarga de fósforo e nitrogênio diminuíram consideravelmente por conta da substituição de parte dos nutrientes tradicionalmente inseridos (milho, farelo de soja, fosfato orgânico e inorgânico) por aditivos alimentares (aminoácidos, enzimas, microminerais orgânicos, etc.) adicionados ao sistema produtivo e capazes de garantir o mesmo desempenho zootécnico. Ainda em 2016 o estudo publicado no Journal of Animal Science (Environmental impact of using Specialty feed ingredients in swine and poultry Production: A life cycle assessment) demonstrou o impacto dos aminoácidos lisina, metionina, treonina e triptofano e da enzima fitase nos sistemas de produção de suínos e de frangos na América do Sul (caso do Brasil), na Europa (Alemanha, predominantemente) e na América do Norte (notadamente Estados Unidos), de acordo com as normas internacionais (ISO 14040/44) para determinação do ciclo de vida dos recursos empregados “do campo até a porteira”, intervalo compreendido da preparação das rações até a criação dos animais e manejo dos dejetos resultantes. Essa análise do ciclo de vida dos insumos permitiu entender melhor como a suplementação com aditivos contribui na mitigação do impacto ambiental e na economia de recursos empregados, independentemente do nível tecnológico empregado nos sistemas produtivos de suínos e frangos de corte. No caso do Brasil, as rações de suínos e frangos de corte suplementadas, quando comparadas à dieta “controle” (sem qualquer suplementação), resultaram, respectivamente, em redução da ordem de 23% e quase 50% quanto ao potencial de eutrofização (indesejável excesso de fosfatos insolúveis e principalmente compostos nitrogenados/nitratos, que deterioram a qualidade da água). No caso da acidificação, seu potencial foi reduzido em 20% na produção de suínos e mais de 53% nos sistemas de frangos de corte, sobretudo porque a suplementação com aminoácidos reduziu a quantidade de nitrogênio nas rações e nas excretas, que consequentemente diminuiu a emissão de amônia. O efeito adicional foi complementado pela adição da enzima fitase, que permitiu diminuir o uso do fosfato inorgânico, considerado também recurso de disponibilização finita.
O Presente Rural – Essas dietas com grãos alternativos podem ser usadas em todo o processo produtivo da avicultura?
Ariovaldo Zani – A utilização dos grãos alternativos na alimentação varia conforme a idade e tipo de ave. Por exemplo, em rações para frangos de corte, o trigo e a cevada são utilizados em menor proporção em relação ao milho e ao farelo de soja, fontes de energia e proteína, respectivamente. No caso das poedeiras, o trigo e a cevada podem ser dosados em maior quantidade, uma vez que necessitam maior balanceamento de energia e proteína.
O Presente Rural – Como o senhor enxerga a importância do setor avícola no Brasil?
Ariovaldo Zani – Por conta de ocupar o pódio da produção internacional e reconhecido protagonismo exportador, a avicultura responde pela geração de milhões de empregos diretos e indiretos, é responsável por considerada fatia do Produto Interno Bruto (PIB) e contribui decisivamente no superávit da balança comercial, mas sobretudo, constitui atividade imprescindível para abastecimento e garantia da segurança alimentar doméstica e global.
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Avicultura
AVES reconhece os melhores ovos do Espírito Santo em 2025
Concurso reuniu 39 amostras e avaliou rigorosamente casca, clara e gema em três etapas técnicas, confirmando a evolução da avicultura capixaba e premiando produtores que se destacam em excelência e manejo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou em Santa Maria de Jetibá mais uma edição do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba, iniciativa já tradicional que reconhece o profissionalismo, o cuidado e a evolução técnica da avicultura do Estado. A edição de 2025 registrou uma forte participação, com 27 amostras de ovos brancos e 12 de ovos vermelhos enviadas por produtores de diversas regiões capixabas, reforçando o alcance da atividade e a importância do evento para a cadeia produtiva.
Marcado por rigor técnico, o concurso estruturou sua avaliação em três etapas conduzidas pela Comissão Organizadora e por um grupo de dez jurados convidados, representantes de empresas, instituições e entidades do setor avícola de diferentes estados. O médico-veterinário Leandro Marinho, do Idaf, atuou como auditor externo, garantindo neutralidade e transparência ao processo.
Na primeira fase, as amostras passaram pela análise objetiva da Máquina Digital Egg Tester, que avaliou resistência e espessura da casca e Unidade Haugh, parâmetro de referência internacional para medir a qualidade interna dos ovos. Todas as amostras foram submetidas aos mesmos critérios, e apenas as dez mais bem classificadas de cada categoria avançaram. A segunda etapa consistiu em uma análise visual minuciosa da qualidade externa, em que os jurados avaliaram uniformidade de tamanho, limpeza, textura e formato dos ovos, além da coloração da casca no caso dos ovos vermelhos. As amostras iniciavam com pontuação máxima e perdiam pontos conforme fossem identificadas pequenas imperfeições, o que destacou o cuidado dos produtores com manejo, nutrição e ambiência.
A etapa final abriu quatro ovos de cada amostra finalista para avaliação interna. Os jurados observaram presença de manchas de sangue, resíduos de oviduto, consistência do albúmen, centralização da gema e uniformidade de cor, consolidando a pontuação final. Representando a Avimig, o jurado Gustavo Ribeiro Fonseca elogiou o desempenho dos produtores capixabas: “No contexto geral, os avicultores estão de parabéns. São ovos de muita qualidade”, exaltou.
Já a médica-veterinária Karin Grossman, da Poly Sell, destacou a relevância do concurso para o fortalecimento do setor: “É uma satisfação para mim estar participando desse concurso. É um reconhecimento de um trabalho realizado ao longo dos anos, colaborando para a melhoria da qualidade dos ovos”, salientou.
Para a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre, os resultados reforçam o papel estratégico da iniciativa. Segundo ela, a edição de 2025 ocorreu exatamente como planejado, com forte adesão, avaliações criteriosas e alto nível de desempenho entre os concorrentes. “O concurso cumpre seu papel de estimular qualidade, aprimorar práticas e fortalecer a avicultura do Espírito Santo”, afirmou.
Vencedores
Ao final das três etapas, a AVES anunciou os vencedores. Na categoria ovos brancos, o primeiro lugar ficou com Jerusa Stuhr, da Avícola Mãe e Filhos, seguida por Waldemiro Berger, da Ovos Santa Maria, e por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, da Botelho Alimentos. Na categoria ovos vermelhos, o campeão foi Antônio Venturini, da Ovos da Nonna, enquanto Jesebel e Thiago Botelho ficaram em segundo lugar e Lourival Bold, do Sítio Pai e Filhos, em terceiro.
As empresas vencedoras do primeiro lugar que possuem marca comercial própria terão o direito de usar um selo especial em suas embalagens, identificando os produtos como “Melhor Ovo Branco do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025” e “Melhor Ovo Vermelho do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025”.
Empresas reconhecidas
Também foram divulgadas as empresas de genética e nutrição responsáveis pelo suporte técnico aos produtores vencedores, reforçando o papel fundamental desses parceiros na obtenção de resultados de excelência. Na categoria Ovos Brancos, a campeã Jerusa Stuhr contou com genética Bovans White e nutrição fornecida pela ADM-Nutriminas. O segundo colocado, Waldemiro Berger, utilizou genética Hy-Line W80 e recebeu assistência nutricional da DSM. Já o terceiro lugar, representado por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, trabalhou com genética Bovans White e nutrição da Brasfeed.
Na categoria Ovos Vermelhos, o primeiro colocado, Antônio Venturini, utilizou genética Hy-Line Brown e nutrição da Agroceres Multimix. Em segundo lugar, Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho competiram com genética Bovans Brown e suporte nutricional da Brasfeed. O terceiro colocado, Lourival Bold, participou com aves de genética Hy-Line Brown e nutrição fornecida pela Auster.
A edição 2025 do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba reafirma o compromisso da AVES com a promoção de boas práticas, a difusão de conhecimento e o reconhecimento do trabalho dos avicultores. Mais do que premiar os melhores ovos do ano, o evento funciona como ferramenta técnica e educativa, contribuindo diretamente para o avanço da avicultura capixaba.
Avicultura
Primeiro Encontro da Avicultura Capixaba impulsiona diálogo, inovação e qualidade
Evento da AVES reuniu a cadeia produtiva, premiou excelência em ovos e reforçou a importância econômica da atividade para o Espírito Santo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou, em 13 de novembro, a primeira edição do Encontro da Avicultura Capixaba, em Santa Maria de Jetibá. O evento reuniu produtores, empresas dos segmentos de corte e postura, pesquisadores, lideranças do setor e representantes do poder público para um dia de debates, capacitação e integração, reforçando a força da avicultura no Estado.
O produtor e presidente da Nater Coop e do Conselho Deliberativo da AVES, Denilson Potratz, destacou o avanço da atividade no Espírito Santo e o compromisso da entidade com o fortalecimento do setor. “Precisamos atuar de forma constante na cadeia para incentivar excelência na produção e garantir alimentos de qualidade ao consumidor”, afirmou.
O diretor executivo da associação, Nélio Hand, reforçou o papel econômico e social da avicultura capixaba, que fornece carne de frango e ovos com segurança e qualidade. “Eventos como este refletem a importância de um setor organizado e voltado à solução de desafios e geração de oportunidades”, salientou.
A abertura contou com autoridades estaduais e municipais, entre elas o secretário de Agricultura, Ênio Bergoli, o deputado estadual Adilson Espindula e o prefeito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zocoloto. Em seus discursos, destacaram a relevância da avicultura para a economia regional, especialmente na região serrana, e o papel da AVES como articuladora do desenvolvimento produtivo.
Santa Maria de Jetibá, conhecida como a “Capital do Ovo”, foi palco para o encontro. O município é o maior produtor de ovos do Brasil, com cerca de 14 milhões de unidades por dia. “Nada mais justo que este evento seja realizado aqui”, afirmou o prefeito.
Concurso valoriza qualidade dos ovos
Um dos destaques da programação foi o Concurso Qualidade de Ovos, que incentiva boas práticas de manejo, nutrição, sanidade e excelência no produto final. A edição recebeu 39 inscrições, 27 de ovos brancos e 12 de vermelhos, e teve avaliação técnica criteriosa. “O número expressivo de participantes mostra o interesse dos produtores em qualificar ainda mais seus produtos”, avaliou a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre.
O concurso foi transmitido ao vivo no YouTube, com grande participação de produtores e empresas.
Espaço Empresarial aproxima produtores e fornecedores
O encontro também contou com o Espaço Empresarial, área destinada à interação entre empresas e produtores, com demonstração de tecnologias, produtos e serviços. O formato interativo foi bastante elogiado pelos visitantes.
Durante o dia, duas palestras de destaque foram ministradas: Bruno Pessamilio apresentou detalhes do Plano de Contingência para Influenza Aviária, enquanto Christian Lohbauer analisou cenários e tendências para o agronegócio no Brasil e no mundo.
O evento terminou com apresentações de grupos de dança pomerana, valorizando a cultura local, seguidas de um jantar de confraternização.
Com a forte participação do público e o sucesso da iniciativa, a AVES anunciou que o Encontro da Avicultura Capixaba passará a ser anual, integrando oficialmente o calendário da entidade. A ação reforça o compromisso da associação em impulsionar o setor e valorizar o trabalho dos produtores.
Avicultura
Excesso de oferta amplia recuo dos ovos e limita reação das cotações
Segunda semana seguida de baixas registra até 8% de desvalorização, com expectativa de manutenção do viés negativo em novembro.

As cotações dos ovos seguem em queda nas regiões acompanhadas pelo Cepea, esse movimento é verificado pela segunda semana consecutiva.
Em parte das praças, as desvalorizações em sete dias chegam a 8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o menor ritmo de vendas vem aumentando gradualmente os estoques nas granjas.
Assim, produtores têm tido dificuldades em manter os valores da proteína e acabam cedendo nas negociações.
Colaboradores do Cepea indicam que, diante da maior oferta, não há espaço para reação positiva nos valores da proteína, e a tendência é de que os preços sigam enfraquecidos até o encerramento deste mês.










