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Especialista orienta sobre como alavancar a produtividade do milho
Palestrante do Encontro Técnico Milho 2022, da Fundação MT, diz como o produtor deve investir na cultura para melhorar o desenvolvimento das plantas e assim colher mais.

Durante o 3º Encontro Técnico Milho da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), que acontece entre esta quinta (24) e sexta-feira (25), de forma on-line, o engenheiro agrônomo, pesquisador com pós-doutorado e sócio-diretor da NemaBio, Claudinei Kappes, vai repassar informações importantes para que o produtor possa alavancar a produtividade da cultura.
Alguns pontos são fundamentais para se obter alta produtividade em milho. Primeiro, o regime de chuvas, já que o principal “insumo” na safrinha se chama água, ou seja, conforme Kappes relata, não adianta o produtor dispor da melhor genética, das melhores estratégias de manejo da adubação, de pragas e doenças, ou da melhor máquina e equipamento, se no meio do caminho faltar água. O segundo fator é apontado por ele como sendo a escolha do híbrido. “O mercado está cheio de ofertas de genética com alto desempenho produtivo, basta o produtor acertar na escolha do material, a qual também deve ser baseada na época de semeadura, reação às doenças, região e manejo”, diz.
O terceiro ponto é o bom manejo da adubação, pois uma planta nutrida adequadamente responde bem ao quesito boa distribuição de chuva e também à genética. O quarto fator é a altitude, normalmente regiões altas são mais propícias para a semeadura do milho, já que a temperatura noturna é amena. “Em regiões de maior altitude, a temperatura noturna é menor do que as de menor altitude e, consequentemente, no final do dia a planta tem uma fotossíntese líquida maior, pois ela respira menos e tem menor gasto energético no período noturno”, relata Kappes.
Adubação nitrogenada
O especialista alerta para a importância de se fazer a adubação nitrogenada no momento da semeadura. Ele conta que em Mato Grosso, a maioria dos produtores faze somente a adubação de cobertura tradicional, que é a aplicação do nitrogênio (N) entre os estádios de desenvolvimento V4 e V6 (quando o milho tem entre quatro e seis folhas expandidas).
Diversos estudos mostram, inclusive em Mato Grosso, que a adubação nitrogenada, quando aplicada no momento da semeadura, tanto no sulco como a lanço, propicia um delta de produtividade, podendo retornar ao produtor de 15 a 20 sacas por hectare a mais em relação ao manejo da adubação tradicional de cobertura. “É por isso que precisamos chamar atenção. Na safrinha, por exemplo, lutamos contra o tempo. Semeamos milho em janeiro e fevereiro, ocasião em que vai se encaminhando naturalmente para o fechamento do período chuvoso. Essa adubação nitrogenada, na ocasião da semeadura, estimula o arranque inicial da planta e o seu maior enraizamento em relação ao manejo tradicional”, detalha o pesquisador.
Com maior desenvolvimento radicular, a planta consegue ter maior tolerância a uma eventual escassez de água, pois explora de maneira mais efetiva o perfil do solo e, consequentemente, favorece a obtenção de maiores produtividades.
Segredo para uma boa safrinha
Para conseguir uma boa produtividade de milho na safrinha, Kappes dá algumas dicas. Para ele, é preciso primeiro torcer para que as chuvas não se encerrem na época crucial do milho, a do florescimento, fase em que pode acontecer as maiores perdas de produtividade. Outra questão é a época de semeadura, quanto mais cedo semeá-lo melhor é.
“O sucesso do milho safrinha começa na semeadura da soja, quanto mais cedo conseguir semeá-la, dentro da época recomendada, mais cedo ela vai ser colhida e, consequentemente, melhor será a época de semeadura do milho. Ademais, o bom dimensionamento do parque de máquinas pode favorecer a semeadura do milho dentro de uma época adequada, mediante o uso de um conjunto trator-semeadora de elevado rendimento operacional (ha/dia)”, reforça.
Atenção também deve estar no manejo da cultura, há algum tempo não havia tanta preocupação com as doenças em milho. Mas hoje é comum três até quatro aplicações de fungicidas. “No geral, esperamos que o produtor passe a investir mais na cultura. O que ajuda a determinar um maior ou menor investimento é o preço futuro do cereal. Hoje o MT passa por um preço muito bom em relação ao passado e isso impulsiona o produtor a adubar mais e melhor, a adotar uma genética boa e usar melhores programas fitossanitários. O consumo interno também tem sido relevante na precificação do grão colhido, hoje se consome dentro do Estado quase 30% do que é produzido”, completa.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.




