Avicultura
Especialista orienta sobre causas e prevenção da pododermatite em frangos
Patologia é comum em todo o mundo, inclusive no Brasil, e apresenta comportamento sazonal por possuir grande influência da umidade do ambiente.
Uma doença que afeta a mobilidade das aves e pode causar enormes perdas econômicas aos criadores passou a ter maior relevância nos últimos anos por conta, principalmente, da exportação dos pés dos frangos para o mercado asiático. A pododermatite, também chamada de dermatite plantar, é uma patologia com alta incidência, caracterizada por lesões erosivas do coxim plantar dos frangos.
O tema foi exposto na palestra sobre as principais causas de pododermatite em frangos e formas de prevenção, ministrada pela pesquisadora e professora-adjunta da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Liris Kindlein, durante o XV Simpósio Goiano de Avicultura, ocorrido em Goiânia (GO).
Segundo a pesquisadora, a pododermatite geralmente inicia como uma dermatite de contato e, nos casos leves, podem ser observadas crostas marrons na epiderme superficial que podem ser retiradas facilmente durante o beneficiamento, deixando a camada basal da epiderme intacta. “Em casos mais graves, a pododermatite evolui para um processo inflamatório subcutâneo, acompanhado de erosões e/ou úlceras exsudativas que compromete a comercialização das patas”, menciona.
A lesão pode aparecer em todas as fases de criação, entretanto, segundo a médica veterinária, no período de aquecimento inicial é quando as aves parecem ser mais suscetíveis ao desenvolvimento das lesões. “Já na fase final de criação, quando não há mais manipulação da cama e a densidade animal está mais elevada, as lesões tendem a aumentar o grau de severidade”, revela Kindlein.
Produtividade
De acordo com Kindlein, a patologia causa perdas diretas e indiretas nas aves. “A qualidade de pés reflete o bem-estar animal, e quando as aves apresentam-se em desconforto, o desempenho é comprometido”, explica. Conforme Kindlein, a diminuição da movimentação e procura por alimento afeta o bom desempenho de zootécnico, como ganho de peso, conversão alimentar, rendimento de carcaças e cortes, e limita o animal a expressar seu potencial genético. Além disso, algumas dermatites estão associadas com infecções bacterianas secundárias podendo comprometer a saúde animal. “Muitos estudos e legislações utilizam os índices de pododermatite como indicador de bem-estar animal”, aponta Liris.
Fatores de risco
Segundo a pesquisadora, os dados da literatura existentes sobre a etiologia da pododermatite apontam para uma complexa interação entre três importantes fatores de risco: (a) ambiência durante a criação, com destaque para a qualidade da cama do aviário que, se úmida e compactada, aumenta a incidência; (b) dieta que atenda as exigências nutricionais e (c) saúde e integridade intestinal. “Esses fatores são essenciais para minimizar a incidência e gravidade da pododermatite em frangos”, destaca Kindlein.
No entanto, vários estudos apontam que camas úmidas podem causar ou induzir pododermatite, independentemente de outros fatores. “A escolha e manejo adequados da cama podem reduzir a incidência de lesões em regiões como peito, articulações e coxim plantar, bem como promover melhorias no desempenho das aves”, explica.
Incidência
A patologia é comum em todo o mundo, inclusive no Brasil, e apresenta comportamento sazonal por possuir grande influência da umidade do ambiente. A pesquisadora cita um levantamento realizado com produtores de diferentes regiões do Brasil, ao qual foi identificado que frangos de corte criados na região Centro-Oeste com incidência de pododermatite apresentaram piores valores de conversão alimentar que os criados no Sul do Brasil com a mesma incidência. “Fatores como alta densidade, dieta com maior concentração de potássio e consequentemente excretas mais úmidas, peso corporal, tipo de galpão, tempo de vazio sanitário, qualidade da cama no alojamento, deficiência nutricional favorecem o aparecimento de pododermatite”, detalha.
Tratamento
A pododermatite apresenta causas multifatoriais e não tem tratamento, portanto, é preciso buscar estratégicas nutricionais através de suplementação de ingredientes com alta biodisponibilidade, adequado balanço de aminoácidos e proteínas e fornecer água de qualidade aos animais. Além disso, segundo Kindlein, a prevenção durante todo o ciclo da criação e, inclusive, no período do vazio sanitário, momento para melhorar a qualidade da cama e diminuir a carga microbiana do ambiente, é fundamental para evitar a doença. “Devemos gerenciar a umidade da cama, a densidade de lotação, a ventilação e a aeração/pH/amônia”, afirma.
Prevenção
Por tanto, para evitar o surgimento da doença no plantel, o produtor precisa ficar atendo, principalmente, a pontos relacionados ao manejo e a dieta das aves.
Conforme Kindlein, a melhor maneira de prevenir a pododermatite é manter a cama seca e aerada, especialmente, no período de aquecimento inicial. “Também para a saúde dos pés é importante cuidar da altura e higroscopia dos substratos da cama”, menciona.
Além disso, ela aponta para a manutenção da qualidade e integridade intestinal como algo fundamental para prevenir a pododermatite, pois excretas úmidas influenciam significativamente a qualidade da cama.
“Vários estudos já comprovaram a eficiência da suplementação de minerais altamente biodisponíveis e aminoácidos na dieta dos frangos para diminuir a severidade das lesões”, destaca Kindlein.
Segundo ela, suplementos nutricionais fortalecem a queratina do coxim plantar, aumentando a expressão gênica que promove a síntese, deposição e organização do colágeno, migração celular, remodelação da matriz e angiogênese. “Além disso, fortalece o status imunitário do animal, regulando as células pró-inflamatórias durante a fase inicial de cicatrização da ferida, melhorando a barreira à possível invasão bacteriana secundária”, finaliza.
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Avicultura
Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.