Conectado com

Suínos

Especialista orienta cadeia sobre a nutrição no combate aos desafios sanitários

Podem ser prevenidos por meio de programas vacinais, choques com antimicrobianos e programas de biosseguridade.

Publicado em

em

Foto: Arquivo/OP Rural

A sanidade animal tem ganhado um destaque cada vez maior no sistema produtivo. Saber lidar com essas questões em todos os elos da cadeia produtiva é essencial. Porém, saber adotar as estratégias corretas permite que o trabalho diário fique mais fácil. Nesse contexto, a nutrição pode ser uma aliada do produtor. É esse tema que o médico-veterinário pós doutor e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Caio Abércio, discorreu durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, em Chapecó (SC). “A condição intensiva de criação, o que não é exclusividade do setor suíno, mesmo com todos os recursos empregados, expõe os animais a desafios sanitários constantes. A questão mais relevante é compreender se estes desafios estão acima do que consideramos compatível com a expressão da performance zootécnica e reprodutiva pela qual os animais têm capacidade de entregar”, diz.

De acordo com o especialista, nesse cenário, os principais desafios, que em tese são os mesmos há anos, envolvem um conjunto de agentes que acometem o trato digestório – há agentes específicos nas diferentes idades, como E. coli, rotavírus, coccidiose, Lawsonia, Brachispira –, respiratório e alguns poucos que são de ordem sistêmica e reprodutiva. “No entanto, a maioria desses agentes podem ser prevenidos por meio de programas vacinais, choques com antimicrobianos e claro programas de biosseguridade. Portanto, o que pesa efetivamente na questão sanitária é como o animal responde a esses desafios, pois, mesmo com essas condutas preventivas e até terapêuticas, as condições ambientais inadequadas, de bem-estar e, por vezes, a contaminação das dietas com micotoxinas, não permitem uma expressão plena da imunidade e das respostas dos animais às adversidades dos agentes patogênicos”, defende.

Abércio comenta que a nutrição pode ser uma ferramenta importante para auxiliar na minimização desses danos, que refletem negativamente na performance, na apresentação de mais animais doentes e na mortalidade aumentada. “Entendo que há três caminhos para a nutrição suportar essas condições de desafios: pelo fornecimento de substrato específico (mais energia e aminoácidos específicos demandados para atendimento das respostas imunes aumentadas); pelo uso de aditivos que melhoram o estresse oxidativo; e pelo emprego de aditivos que modulam as respostas imunes”.

Sistema imunológico merece atenção

O especialista explica que implementadas as ações para minimização dos desafios, o importante é reconhecer que ainda não foi suficiente, pois o sistema produtivo da granja tem outros fatores negativos que instigam o sistema imune. “As linhas de ação podem ser associadas ou não dependendo da fase que representa o problema, como o uso de minerais e vitaminas que estão associados à produção e enzimas antioxidantes, como o selênio (compreendendo que há no mercado selênios com melhor absorção e uso) e a vitamina E; emprego de prebióticos, que incrementam as respostas imunes; uso de alimentos funcionais, como plasma, levedura autolisada e ovo em pó, entre outros (principalmente dirigido para leitões desmamados); e suplementação com aminoácidos envolvidos com as respostas imunes e de ação antioxidante, como metionina, cistina, treonina e triptofano”.

Para o médico veterinário, a associação de todos os recursos citados pode ser uma estratégia apropriada para enfrentar surtos de doenças nas granjas, preservando o reconhecimento do problema e da fase de produção na qual está inserido esse problema.

Dieta é aliada

A dieta pode ser uma grande aliada do produtor rural quando está enfrentando algum desafio sanitário na granja. Abércio relembra um case de sucesso, onde a nutrição fez a diferença. “Foi uma experiência com um quadro amplificado de canibalismo em suínos em fase de crescimento e terminação. Claro, temos que reconhecer que essa alteração comportamental é de caráter multifatorial e, portanto, outros pontos têm que ser melhorados, mas ao promover um ajuste dos principais aminoácidos envolvidos com as demandas imunes, o quadro apresentou uma involução significativa”, explica.

Ele diz que quando dietas são personalizadas é possível minimizar danos ou até normalizar respostas produtivas. “O cômputo que deve ser feito, mas isso não está plenamente definido e não tem informações precisas, é que numa condição de desafio sanitário o estresse oxidativo aumenta e as demandas de alguns nutrientes também. O fato é que não precisamos o quanto desses nutrientes são demandados. Porém, se não suplementamos esses requerimentos – em geral há um cenário na ciência que alguns aminoácidos chegam a ser usados em mais de 20% das exigências para a performance e manutenção –, vamos perder com a eficiência produtiva dos animais”.

O especialista comenta que com as limitações de uso dos antibióticos como promotores de crescimento, as posturas de redução dos choques com essas moléculas, o banimento do óxido de zinco, associada aos maiores cenários de animais com estresse oxidativo, a nutrição tem que correr atrás. “Na prática, um bom exemplo, é a última referência brasileira de nutrição de suínos onde há uma indicação de exigências destinadas ao abate submetidos a condição térmica de 5ºC acima da zona de termoneutralidade (esta situação é por si só um desafio), onde os níveis de aminoácidos e proteína são em torno de 5% mais elevados, comparados com aqueles em situação de conforto térmico”, menciona.

Médico veterinário pós doutor e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Caio Abércio discorre durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, que acontece de 13 a 15 de agosto em Chapecó (SC) – Foto: Arquivo pessoal

Ele ainda acrescenta que o uso de antibiótico promotores de crescimento na dieta ajuda a manter a saúde do animal. Abércio explica que com o banimento há uma expectativa que haverá um maior crescimento microbiano no intestino e potencialmente a saúde intestinal e a utilização de aminoácidos serão pioradas. “Paralelamente, as demandas para a respostas imunes aumentam, requerendo, entre outros nutrientes, alguns aminoácidos específicos. Assim, o papel da nutrição frente ao uso menor de antibióticos segue nessa linha de maior aporte, preservado que esse quadro deve ser tratado caso a caso, pois há granjas com poucos desafios e que têm resultados pouco expressivos com o uso de antibióticos”.

Dessa forma, a resposta imunológica dos animais também merece atenção. E a nutrição pode influenciá-la em situações de estresse de duas formas: direta e indiretamente. O especialista informa que de forma direta, especialmente alguns aditivos e alimentos funcionais, pode promover o incremento de imunoglobulinas, por exemplo. Já indiretamente, o aporte de nutrientes demandados para as respostas imunes passa a atender tudo o que cerca esse sistema de defesa, ou seja, fomentando a produção de citocinas, imunoglobulinas, células e as enzimas antioxidantes, entre outras.

“Dessa forma, é importante que o produtor busque apoio técnico, visando uma ação conjunta de esforços. Primeiro, minimizando os fatores adicionais que podem estar potencializando o problema. Segundo, suportando, com o auxílio de um nutricionista, o uso de rações que atendam os requerimentos nessa condição de desafio, aumentando também, por meio de aditivos, as respostas imunes dos animais”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Presidente da ABCS projeta bom momento para suinocultura brasileira

O país tem avançado de forma significativa em termos de produção, consumo e exportações, consolidando sua posição como um dos principais players no cenário global.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

O mercado da carne suína no Brasil tem mostrado um crescimento robusto e contínuo, refletindo um setor dinâmico e estratégico para a economia nacional. Nos últimos anos, o país tem avançado de forma significativa em termos de produção, consumo e exportações, consolidando sua posição como um dos principais players no cenário global.

Atualmente, o Brasil possui 2.110.840 milhões de matrizes suínas tecnificadas, com destaque para Santa Catarina, que lidera a reprodução com 626.488 mil matrizes, representando 29,7% do total nacional. O Paraná ocupa a segunda posição com 381.677 mil matrizes, seguido pelo Rio Grande do Sul com 369.148 mil. A distribuição dos sistemas de produção inclui 43,7% no modelo integrado, 33,3% no modelo independente e 23% no cooperativo verticalizado.

Entre 2015 e 2023, o setor brasileiro de suinocultura apresentou um crescimento expressivo, com aumento de 45,6% no número de suínos abatidos, enquanto o peso total das carcaças subiu 54,4%. A disponibilidade de carne no mercado interno cresceu 42,3%, e o consumo per capita avançou 36,9%. As exportações in natura dispararam 130,3%, e o consumo de carne suína no Brasil aumentou 46,7% desde 2010.

Em 2023, o país abateu 57.172.838 milhões de suínos, gerando 5.298.537 toneladas de carne. Santa Catarina foi o estado líder, com 16.875.851 milhões de cabeças abatidas, produzindo 1.573.766 milhão de toneladas ou 29,7% do total nacional. O Paraná junto Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo e Bahia completam o ranking dos principais estados produtores de suínos.

Esses dados foram detalhados pelo empresário rural, administrador e presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná. Lopes apresentou uma visão abrangente sobre o cenário atual do mercado da carne suína, suas perspectivas futuras, e as tendências de consumo interno e exportação.

Principais importadores em 2023

Em 2023, os principais importadores da carne suína in natura brasileira foram China, Hong Kong, Filipinas, Chile, Singapura, Uruguai, Vietnã, Japão, Geórgia, México, Angola, Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul, Estados Unidos e Argentina. Entre os maiores importadores globais que pagam melhor pela carne suína, se destacam China, o México, Coreia do Sul, Japão e Reino Unido.

Lopes apontou uma mudança no mercado externo, com os chineses, que historicamente foram o maior comprador de carne suína brasileira, reduzindo sua participação. “Em janeiro de 2023, a China importava 39,8% das exportações brasileiras de carne suína, mas em dezembro esse percentual caiu para 24,1%”, explicou. Apesar da China ainda ser o maior comprador, a dependência brasileira do mercado chinês está diminuindo de forma consideravel.

Dados recentes do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) mostram que, no primeiro trimestre de 2024, a produção de carne suína na China caiu 0,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, com uma redução de 2,2% no número de suínos abatidos, totalizando cerca de dois milhões a menos. “Esta foi a primeira queda trimestral desde o segundo trimestre de 2020”, afirmou Lopes.

O preço à vista da carne suína na China subiu 12,6%, passando de 13,5 yuans no final de fevereiro de 2024 para aproximadamente 15,2 yuans (US$ 2,10) por quilograma no início de abril, enquanto o custo de produção estimado é de 16 yuans por quilo. Além disso, o tamanho do rebanho suíno na China caiu 5,2% em relação ao ano anterior, e o rebanho de matrizes teve uma redução de 6,9%. “Esse cenário sugere que a China poderá aumentar suas importações de carne suína do Brasil. E a diversificação e ampliação de mercados, como para Filipinas e México, apresenta boas perspectivas para a suinocultura brasileira”, salientou o presidente da ABCS.

Por outro lado, a União Europeia (UE), que é o segundo maior exportador mundial de carne suína, está enfrentando uma retração em sua produção e na exportação. Em 2023, a UE exportou 4,21 milhões de toneladas de carne suína e derivados, um volume semelhante ao de 2013. “Essa diminuição na produção e exportação da União Europeia abre novas oportunidades para o Brasil, que está se aproximando de se tornar o terceiro maior exportador global de carne suína”, ressaltou o empresário rural.

Empresário rural, administrador e presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes: “A diminuição na produção e exportação da União Europeia abre novas oportunidades para o Brasil” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Panorama global

A produção de carne suína da China deve cair 3% em 2024, totalizando 56 milhões de toneladas. As exportações globais de carne suína para este ano estão previstas para ser 4% maiores em comparação a 2023, com aumentos nas remessas de todos os principais exportadores, incluindo Brasil, Canadá, Estados Unidos e União Europeia.

No Brasil, a produção de carne suína deve aumentar 4% este ano, beneficiada pelos custos de produção mais baixos. “Esse crescimento será impulsionado tanto pelo mercado interno quanto pelas exportações, que devem crescer 5%”, declarou Lopes, destacando que o Brasil vai continuar sendo um dos fornecedores de carne suína de menor custo no mundo, o que favorece suas exportações, enfatizando o aumento das exportações brasileiras para Filipinas, Hong Kong e Chile.

De outro lado, a produção de carne suína da União Europeia deve crescer 2% em 2024, com um aumento de 3% nas exportações. Já nos Estados Unidos, a produção deve ser 3% maior, e as exportações estão previstas para subir 8%, com ganhos significativos nas remessas para o México e o Japão.

Conforme dados do IBGE e da Secex, no ano passado o consumo per capita de carne suína no Brasil foi de 20,68 kg, devendo alcançar 21,93 kg em 2024.

Projeções a curto, médio e longo prazo

Conforme aponta Lopes, as estimativas da suinocultura brasileira estão projetadas para um ano de margens positivas e uma lenta retomada do crescimento da produção em 2024, com expectativas de aumento inferior a 4%. O presidente da ABCS, destacou que a estabilidade dos insumos será um fator chave, impulsionada por uma boa oferta de grãos, especialmente no segundo semestre, graças à segunda safra de milho no Brasil, às safras da Argentina e dos Estados Unidos. Contudo, esse cenário vai depender das condições climáticas favoráveis.

Lopes prevê um crescimento nas exportações de carne suína brasileira entre 3% e 5% em 2024, possivelmente elevando o país à terceira posição no ranking mundial de exportações, ultrapassando o Canadá. “Apesar dessas perspectivas positivas, o setor enfrenta desafios significativos. O nível de endividamento dos produtores após uma crise prolongada e profunda, combinado com um cenário de juros elevados, representa uma barreira para o crescimento. Além disso, a alta oferta de carne bovina está pressionando os preços para baixo, complicando ainda mais o cenário econômico para os suinocultores”, analisou.

A longo prazo, Lopes visualiza uma série de desenvolvimentos promissores para a suinocultura brasileira. A erradicação da Peste Suína Clássica (PSC) na zona não livre abriria uma nova fronteira de produção e consumo para a carne suína, embora isso exija a criação de um fundo compulsório. “O reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal da ‘nova’ zona livre de febre aftosa sem vacinação consolidaria o Brasil e ampliaria nossa atuação nos mercados externos mais exigentes”, vislumbrou.

O mercado interno também está se tornando mais exigente, com maior foco em questões de bem-estar animal e meio ambiente. Ao mesmo tempo, as exportações brasileiras estão crescendo tanto em volume quanto em diversidade de destinos. “A carne suína está ganhando espaço na mesa do brasileiro, competindo cada vez mais com outras carnes”, enfatizou.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Melhor ganho de peso, conversão alimentar e saúde intestinal são alguns dos benefícios do uso de probiótico em dietas de leitões na creche

O uso de probióticos representam uma alternativa capaz de criar um balanço da saúde intestinal. Isso porque a produção intensiva, na qual o animal ganha peso em um espaço curto de tempo, leva a um desbalanço da saúde intestinal.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

*Artigo escrito por Henrique Brand, médico-veterinário, mestre em Nutrição de Monogástricos, Nutrição de Suínos e Aves e diretor de Marketing Estratégico para Especialidades da Evonik nas Américas

O atual cenário de uso cada vez mais restrito de antimicrobianos na suinocultura traz desafios para manter a eficiência produtiva no campo e a rentabilidade do produtor. Um ajuste da saúde intestinal dos animais, especialmente falando de leitões na creche, tem se mostrado uma estratégia eficiente para melhorar o desempenho. Assim, o uso de probióticos representam uma alternativa capaz de criar um balanço da saúde intestinal. Isso porque a produção intensiva, na qual o animal ganha peso em um espaço curto de tempo, leva a um desbalanço da saúde intestinal. E o probiótico é uma bactéria benéfica que vai passar pelo trato gastrointestinal e auxiliar esta microbiota, tornando-a mais equilibrada, contribuindo com a produção de ácido láctico, por exemplo, que passa pelo intestino e traz benefícios para a microbiota ali presente, auxiliando em seu crescimento e desencorajando o crescimento das bactérias patógenas.

Todo este quadro traz um novo desafio para nutricionistas: a escolha do probiótico mais adequado de acordo com a realidade de produção de cada empresa. Este é hoje um dos desafios mais importantes no contexto de saúde intestinal e nutrição animal em escala global, já que temos inúmeras alternativas disponíveis no mercado, com cepas diferentes e resultados muito variáveis. A escolha do probiótico deve considerar não apenas a quantidade mais adequada de inclusão, como também o processo de fabricação da ração, como a peletização, por exemplo. É preciso avaliar se esta cepa vai chegar íntegra no intestino dos animais e se o potencial genético dessa cepa responde aos objetivos da produção.

Os probióticos não são iguais. Mesmo que a gente veja a mesma espécie, os probióticos são diferentes porque a capacidade de uma cepa é diferente da outra. Elas têm características genéticas que precisam ser avaliadas, por isso o primeiro passo é entender que a oferta de probióticos não é igual. Outro ponto importante a considerar é a maneira como ele será aplicado via ração, pois estamos manipulando um organismo vivo que precisa chegar vivo até o animal. E as condições de peletização impactam diretamente o resultado. Então, algumas perguntas precisam ser respondidas, como qual é a inclusão necessária? Como fazer esta inclusão na dieta? Como testar a viabilidade dos esporos na ração pronta para o consumo? Como estamos misturando na ração? Estamos entregando a quantidade necessária? Sem estas respostas, não é possível atingir resultados satisfatórios.

Erros no uso

Os probióticos são uma ferramenta importante para promover uma melhor saúde intestinal dos animais e sua consequente melhora no desempenho, mas se não forem utilizados da maneira correta, não vai haver resultado. Existe uma série de casos de resultados inconsistentes no uso de probióticos porque eles foram usados de maneira incorreta. Ainda hoje há bastante equívoco na sua utilização.

A segurança da cepa probiótica é mais um ponto de atenção. Como estamos introduzindo bactérias em grandes quantidades dentro de nosso sistema produtivo, devemos ter certeza de sua segurança. Dessa forma, é importante que essas cepas não possuam genes para enterotoxinas hemolíticas, hemolisina e para citotoxinas. Da mesma forma é importante a investigação de genes relacionados a resistência a antibióticos, assim as cepas probióticas não devem conter plasmídeos identificados, nenhum gene relevante para a resistência à antibióticos, em especial aos de classe terapêutica, e tudo isso deve ser validado por ensaios de concentração inibitória mínima (MIC). Também é importante estar atento à resistência da cepa ao processamento térmico, ácidos orgânicos e formaldeído. Esse tipo de resistência demonstra a resiliência de uma cepa aos aditivos mais comumente utilizados e à exposição ao calor, seja este no processamento da ração ou mesmo dentro dos silos das granjas.

Estratégia: Probióticos como alternativa ao uso de antimicrobianos promotores de crescimento

Se existe uma série de cepas disponíveis que atendem aos mais diferentes desafios de produção, uma das estratégias muito utilizadas na suinocultura é para reduzir os efeitos negativos de produtividade com o uso restrito de antimicrobianos promotores de crescimento. Neste contexto, o Bacillus subtilis DSM 32315 é uma cepa de probiótico que tem demonstrado benefícios significativos para a saúde intestinal e o desempenho dos leitões.

Nas últimas décadas, vimos os antibióticos serem usados amplamente para prevenir infecções e melhorar o desempenho dos animais. Este uso é particularmente comum no período imediatamente após o desmame, quando os leitões são mais suscetíveis a doenças intestinais e ao estresse. No entanto, a crescente preocupação com a resistência antimicrobiana e a regulamentação mais rigorosa em alguns países têm incentivado a busca por alternativas aos antibióticos.

Benefícios do Bacillus subtilis DSM 32315

Estudos têm comprovado que a suplementação com Bacillus subtilis DSM 32315 pode melhorar a digestibilidade dos alimentos e a microbiota intestinal, resultando em um melhor desempenho dos leitões. Este probiótico atua modulando a população microbiana do intestino, promovendo um ambiente intestinal saudável e equilibrado.

Experimento Comparativo

Para avaliar a eficácia do Bacillus subtilis DSM 32315 em comparação com antibióticos, foi realizado um experimento com 120 leitões de creche, divididos em três tratamentos: um grupo controle (dieta basal sem aditivos), um grupo com antibióticos (dieta basal + 0,04 quilos por tonelada de virginiamicina) e um grupo com probiótico (dieta basal + 500 gramas por tonelada de Bacillus subtilis DSM 32315). Os leitões foram alimentados com essas dietas por 42 dias, com acesso livre ao alimento e a água.

Os parâmetros avaliados incluíram o desempenho (peso corporal, ganho de peso médio diário, consumo diário de ração e conversão alimentar), taxa de diarreia, morfologia intestinal (altura das vilosidades e profundidade das criptas), metabólitos intestinais (ácidos graxos de cadeia curta) e expressão de genes relacionados à barreira mucosa intestinal e à imunidade.

Resultados

Os resultados do experimento mostraram que os leitões suplementados com Bacillus subtilis DSM 32315 apresentaram desempenho e saúde intestinal comparáveis aos leitões que receberam antibióticos. Especificamente, os leitões do grupo com probiótico tiveram ganhos de peso, conversão alimentar e saúde intestinal similares aos do grupo tratado com antibióticos, demonstrando que o probiótico pode ser uma alternativa viável e eficaz ao uso de antibióticos em dietas de leitões na creche.

Experimento Adicional

Em outro experimento conduzido em uma das principais universidades do Brasil, verificamos que os animais que receberam o Bacillus subtilis DSM 32315 também tiveram desempenho igual ao dos animais que receberam dietas com lincomicina e espectinomicina. Este estudo reforça ainda mais a eficácia do probiótico como uma alternativa aos antibióticos tradicionais, proporcionando benefícios significativos para a saúde e o crescimento dos leitões.

Conclusão

A suplementação com Bacillus subtilis DSM 32315 oferece uma solução promissora para melhorar a saúde intestinal e o desempenho de crescimento dos leitões sem a necessidade de antibióticos. Este probiótico não apenas mantém o desempenho dos animais, mas também contribui para um manejo mais sustentável e responsável da saúde animal. Com a crescente demanda por práticas mais seguras e sustentáveis, o uso de probióticos como o Bacillus subtilis DSM 32315 se destaca como uma estratégia eficaz e inovadora.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Henrique Brand*
Continue Lendo

Suínos

Presidente da Frimesa elenca principais obstáculos ao crescimento da suinocultura no Brasil

Enquanto Santa Catarina atinge 90% do mercado comprador de carne suína no mundo, o Paraná tem apenas 55% do market share.

Publicado em

em

Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico” - Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com um crescimento populacional crescente, mudanças nos padrões de consumo e instabilidade da economia brasileira, a suinocultura enfrenta uma série de complexidades que demandam resiliência, inovação e adaptação. Desde questões ambientais até preocupações com saúde animal e eficiência produtiva, a indústria suinícola se depara com constantes transformações.

Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “Temos uma responsabilidade muito grande com o consumidor em garantir a qualidade e a segurança dos produtos”

Durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado nos dias 11 e 12 de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, o presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek, abordou os desafios atuais enfrentados pelo setor, envolvendo produção, indústria e mercado da carne suína.

Zydek ressaltou que a suinocultura vive de desafios, mencionando eventos recentes que impactaram de forma significativa o mercado global. “O problema sanitário na China, por exemplo, que levou a uma demanda intensa por proteínas, especialmente carne suína, resultou em um boom na produção brasileira entre 2019 e 2020. No entanto, a recuperação mais rápida do que o esperado pela China, fez com que o país reduzisse suas importações, combinada com os efeitos da pandemia de Covid-19, criou um certo equilíbrio entre oferta e demanda global”, expôs.

Contudo, em 2022 e ao longo de 2023, o executivo menciona que o setor enfrentou desafios econômicos expressivos, com a China aumentando sua produção e o mercado mundial tentando se ajustar. “Os preços elevados dos insumos, principalmente da ração, afetaram a viabilidade econômica da atividade suinícola. Embora a queda nos preços dos grãos tenha trazido algum alívio, os preços de exportação diminuíram em torno de US$ 1 mil a tonelada, sendo a carne suína vendida no mercado interno cerca de 5% mais barato que 2022, e em 2023 chegou a ser vendida 2% mais barato que 2022, refletindo em uma cadeia produtiva pressionada por margens cada vez mais estreitas”, salientou.

Desafios que colocam cadeia em cheque

Na produção, Zydek enfatiza que a questão sanitária continua sendo um desafio persistente, especialmente nos anos de 2023 e 2024, quando se tornou ainda mais crítica. “A qualidade sanitária é medida pelo aumento significativo das condenações nos frigoríficos, que hoje afetam entre 3,5% e 5,5% dos animais, que são descartados ou destinados à graxaria, resultando em prejuízos tanto para a indústria quanto para os produtores. Este cenário destaca o impacto da saúde animal em toda a cadeia produtiva”, evidencia.

O executivo destaca que a proteção rigorosa das propriedades é fundamental para prevenir a entrada de agentes externos que possam comprometer a segurança das granjas. “Apesar da resistência, muitas vezes, dos produtores em adotarem medidas preventivas, a prevenção é de suma importância devido à presença invisível desses agentes patogênicos. Outro fator que se deve ter atenção é com a adequada gestão ambiental das instalações, vital para mitigar e prevenir a propagação de doenças”, enfatizou, acrescentando: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico devido às regulamentações de segurança alimentar. Temos uma responsabilidade muito grande com o consumidor em garantir a qualidade e a segurança dos produtos”.

Ação conjunta

De acordo com o presidente da Frimesa, as doenças mais prevalentes nos frigoríficos da região Oeste do Paraná incluem o Senecavírus, que ressurgiu com intensidade há três anos e persiste. Zydek ressalta que, por se tratar de um vírus, a solução não pode ser individual; é necessária uma ação coletiva. “Por se tratar de um vírus não adianta apenas uma integradora ou um produtor tratar o problema de forma isolada, é preciso uma ação conjunta de toda uma região para tratar e prevenir o Senecavírus”, salienta.

Fotos: Divulgação/Arquivo Frimesa

Ele revela que a Frimesa assinou um convênio com a Embrapa para diagnosticar as medidas necessárias que a região Oeste do Paraná deve tomar para reduzir a incidência da doença. “Esse trabalho deve ficar pronto até setembro. Através dos resultados alcançados pretendemos trabalhar de forma intensiva com as cooperativas associadas, produtores e demais integradoras para implementar ações sanitárias conjuntas em toda a região”, adianta.

Além do Senecavírus, Zydek menciona que a Salmonella ainda é uma preocupação, apesar da redução na incidência, e que bactérias, principalmente em maternidades e crechários, continuam a afetar as aves até a fase adulta e influenciam a qualidade dos produtos nos frigoríficos. Ele também cita que as doenças respiratórias, como a pneumonia, figuram entre os principais motivos de condenação nos frigoríficos. “O maior patrimônio de uma propriedade não são as infraestruturas robustas ou os investimentos em tecnologia, mas sim a sanidade, por isso é cada vez mais importante adotar medidas de biossegurança nas granjas”, enfatiza.

Desafios da Indústria

Entre os principais desafios enfrentados pela indústria, o presidente da Frimesa elencou condenações de carcaças, peso dos suínos abatidos, qualidade da carne, legislações e implementação de sistemas de autocontrole.

Ele destacou que a Frimesa, em conjunto com as demais cooperativas filiadas, construiu uma indústria frigorífica em Assis Chateaubriand (PR), com capacidade para abater até 15 mil suínos por dia. Atualmente, a unidade processa cinco mil suínos/mês e planeja aumentar para 7,5 mil/mês até o final de 2025, completando assim a primeira fase de suas operações. “A segunda fase é muito difícil de prever, vai depender muito da economia, da inflação, do poder aquisitivo, do mercado interno, da eleição do próximo presidente, entre outras variáveis. Enquanto isso vamos ficar em standby, pelo menos até final de 2026”, informou Zydek.

Obstáculos no mercado mundial

No que diz respeito aos desafios práticos enfrentados pelo setor suinícola, Zydek elenca cinco obstáculos. O primeiro está relacionado à habilitação das plantas frigoríficas para exportação. O executivo ressalta que enquanto Santa Catarina atinge 90% do mercado comprador de carne suína no mundo, o Paraná tem apenas 55% do market share. “Países como Coreia do Sul, Filipinas, Japão, México e Chile compram carne suína do Rio Grande do Sul há 12 anos, enquanto o Paraná ainda não pode exportar para esses destinos devido à burocracia e negociações internacionais não concluídas”, cita.

Mesmo após obter o certificado de área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal há três anos, o Paraná viu poucas mudanças efetivas, com exceção da República Dominicana, que passou a comprar carne suína paranaense neste período. “Aos demais países compradores, o Paraná ainda não tem acesso”, lamentou Zydek.

O segundo desafio é a competição com outras carnes. Conforme o executivo, a carne bovina lidera a preferência do consumidor brasileiro, seguida pela carne de frango e, por último, a carne suína. Zydek destacou que, embora a carne suína seja a mais consumida no mundo, com cerca de 112 milhões de toneladas anuais, no Brasil, a carne de frango é predominante devido ao menor custo. “Se conseguíssemos aumentar em 1kg o consumo de carne suína por brasileiro ao ano, seriam 210 mil toneladas a mais consumidas internamente”, ressaltou, enfatizando a importância da eficiência na produção, sanidade e comercialização da carne suína.

O terceiro ponto é o consumo per capita, que sofre influência direta do quarto ponto, que é o poder aquisitivo do brasileiro. Zydek observou que, desde o ano passado, a economia estagnada impactou o consumo de proteínas. “O consumidor não tem dinheiro suficiente para manter uma dieta proteica alta e começa a selecionar proteínas mais baratas ou vegetais”, explicou.

O quinto aspecto abordado foram as proteínas alternativas. Zydek acredita que esses produtos devem ser tratados como nichos de mercado. Ele mencionou que, após o lançamento pela Frimesa de um hambúrguer vegetal há seis anos, a produção foi descontinuada em 2023 devido ao baixo consumo. “Duvido que se consiga produzir carne suína em laboratório a R$ 10 o quilo”, disse, destacando os desafios de custo e a cultura alimentar dos brasileiros.

Presidente da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek: “A granja deve ser monitorada com extrema cautela, porque uma vez que um animal deixa a granja com problemas de saúde, não há como corrigi-los no frigorífico”

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.