Bovinos / Grãos / Máquinas
Especialista explica como a nutrição fetal molda bezerros mais saudáveis e produtivos
Desempenha um papel determinando na produção de bezerros de alta qualidade, impactando diretamente o desenvolvimento dos animais desde o início da gestação até o momento do parto.

A nutrição fetal desempenha um papel determinando na produção de bezerros de alta qualidade, impactando diretamente o desenvolvimento dos animais desde o início da gestação até o momento do parto. Estudos recentes demonstram que uma nutrição adequada durante as fases críticas de desenvolvimento fetal – do segundo ao sétimo mês – não só garante melhores índices de crescimento e saúde dos bezerros, como também influencia o desempenho produtivo ao longo da vida dos animais.
Com a adoção de estratégias nutricionais específicas para vacas prenhes, os pecuaristas podem otimizar os recursos disponíveis, assegurando uma progênie mais saudável, resistente e, sobretudo, produtiva. “Bezerros nascidos de vacas melhor nutridas durante a gestação apresentam maior peso tanto na desmama quanto no abate, além de produzirem carne de qualidade superior e carcaças mais pesadas. Isso acontece porque as vacas que emprenham no início da estação de monta passam grande parte da gestação em melhores condições nutricionais em relação às vacas que emprenham o final do período”, enfatizou o zootecnista, mestre e doutor em Nutrição e Produção de Ruminantes, e gerente Global de Tecnologia Bovinos de Corte na Cargill Animal Nutrition, Pedro Veiga, durante o 28º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores, evento que integrou a programação da ExpoGenética 2024, dia 16 de agosto, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).
A nutrição materna impacta diretamente o desenvolvimento intrauterino do bezerro, influenciando a formação de órgãos, músculos, tecido adiposo e o sistema imunológico. “De acordo com o ambiente intrauterino que o bezerro encontrar será possível garantir o bom desenvolvimento ao longo da sua vida ou comprometer seu desenvolvimento se a nutrição materna não for bem realizada”, mencionou Veiga.
A resistência imunológica dos bezerros ao nascimento está diretamente relacionada à qualidade e quantidade de colostro ingerido nas primeiras horas de vida. Vacas com nutrição deficiente produzem colostro menos rico em imunoglobulinas, retardando a maturação do sistema imunológico intrauterino e comprometendo a saúde dos animais.
Para garantir a qualidade dos bezerros, o profissional frisou a importância de priorizar nutrientes como energia, proteína, minerais e vitaminas durante a gestação. Em ambientes tropicais, como o Brasil, a deficiência proteica durante a época seca pode ser um desafio, exigindo correções na dieta das vacas. “Se a mãe não produz colostro em quantidade e qualidade adequadas, o bezerro não receberá toda a imunidade passiva necessária, aumentando o risco de doenças, especialmente neonatais”, alertou.
Estratégias para nutrição fetal em sistemas extensivos
Em sistemas de produção extensivos, Veiga recomenda a adoção de práticas como o planejamento forrageiro e a suplementação estratégica. “É essencial garantir um balanço positivo de forragem ao longo do ano e desenvolver estratégias para minimizar o vazio forrageiro, como o uso de silagem ou feno. Além disso, um plano suplementar adequado ao estágio de produção da vaca é fundamental para manter a nutrição equilibrada: mineral e vitamínico durante a época das águas; e proteico na época da seca”, frisou, acrescentando: “Garantir a execução deste plano nutricional depende de pessoas treinadas, capacitadas, motivadas na propriedade, além de estrutura de cocho e das estradas para que esse suplemento chegue a boca da vaca”.
Impactos na qualidade do bezerro
O período mais crítico da gestação, em termos de impacto na qualidade do bezerro, é o terço médio, entre o terceiro e o sétimo mês. “É nesse momento que ocorrem as miogêneses secundárias, responsáveis pela formação da maioria das fibras musculares esqueléticas. Se a vaca enfrentar estresse nutricional, ambiental ou sanitário nesse período, o potencial de crescimento do bezerro pode ser comprometido”, detalhou Veiga.
Em relação à qualidade da carne, especialmente no que diz respeito ao marmoreio, o terço final da gestação é de extrema importância, pois é nessa fase que ocorre a adipogênese. “Se a nutrição da vaca não for equilibrada nesse período, a qualidade do bezerro será comprometida, impactando diretamente a capacidade de produzir uma carne de qualidade superior”, afirmou.
O zootecnista reforça ainda que, para melhorar os índices produtivos e o bem-estar na pecuária de corte, é essencial estabelecer um plano nutricional para as fêmeas ao longo do ano, adaptado a cada estágio produtivo. Esse planejamento deve contemplar desde a estação de monta até a gestação e o período pós-desmame, quando o pecuarista deve focar em recuperar a condição corporal da vaca, aproveitando a menor demanda energética após a retirada do bezerro. “O maior desafio atualmente é a execução desse plano, devido à escassez de mão de obra qualificada, o que muitas vezes impede que as estratégias planejadas sejam efetivamente implementadas. Garantir que o plano nutricional seja seguido à risca é um dos principais obstáculos enfrentados pelas fazendas, não apenas na pecuária de cria, mas em todo o setor de modo geral”, salientou.
Veiga explica que as principais diferenças na nutrição fetal entre bezerros destinados à produção de carne de alta qualidade e aqueles voltados para produção em larga escala dependem amplamente do perfil de carne que o pecuarista deseja alcançar. “Para produzir carne com alto marmoreio, é fundamental garantir uma nutrição robusta da vaca no terço final da gestação, fase em que se formam os adipócitos intramusculares, responsáveis pela diferenciação da carne de alta qualidade. Por outro lado, para a produção de carne commodity, essa fase não é tão crítica”, expõe, enfatizando que, independente do objetivo final a nutrição durante a gestação é essencial para maximizar o potencial produtivo do bezerro.
Desafios na nutrição fetal
O mestre e doutor em Nutrição e Produção de Ruminantes aponta que um dos principais desafios na adoção de estratégias de nutrição fetal em diferentes regiões do país e em variados sistemas de produção é a conscientização do produtor sobre a importância desse investimento. Ele destaca a necessidade de uma visão de longo prazo, onde o produtor compreenda que a nutrição fetal não é apenas um custo, mas um investimento que resulta em bezerros mais pesados, com maior potencial de ganho e que agregam valor ao sistema produtivo. “Garantir mão de obra qualificada para a implementação dessas estratégias é outro obstáculo significativo a ser superado pela cadeia produtiva”, reforça.
Em relação ao impacto do manejo nutricional durante a gestação na redução de problemas de saúde neonatais em bezerros, o zootecnista ressalta que a atenção deve ser redobrada com novilhas e primíparas, categorias mais exigentes e sensíveis a variações na nutrição. “A falta de uma nutrição adequada para esses animais pode resultar na produção de colostro em menor quantidade e com menos anticorpos, o que compromete seriamente a saúde dos bezerros. Essa deficiência aumenta a vulnerabilidade dos neonatos, especialmente à diarreia, que é o principal problema sanitário enfrentado por bezerros”, evidencia.
Ele também destacou a importância de inovar nas práticas nutricionais, como o uso de proteinados para vacas, uma abordagem ainda pouco explorada no Brasil, mas com grande potencial para melhorar a qualidade dos bezerros produzidos. “Quando se trata de nutrição para vaca o conceito de sal proteinado ainda é pouco utilizado, normalmente se usa sal com ureia”, mencionou.
A nutrição adequada das vacas ao longo de todo o ano, principalmente na seca, e o uso de biotécnicas reprodutivas como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) são tecnologias que propiciam concentrar prenhezes do cedo e obter bezerros que serão mais pesados à desmama e terão maior capacidade de crescimento ao longo da recria e engorda, tornando o sistema de produção mais eficiente e lucrativo.
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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



