Suínos
Especialista evidencia a importância do controle do mycoplasma em suínos
Isso porque elas são capazes de ser responsáveis por trazer grandes impactos econômicos na produção, uma vez que podem afetar a saúde e o bem-estar dos animais e, desta forma, diminuir a produtividade e a qualidade da carne produzida.
Ter um rebanho saudável e produtivo é a meta de todo suinocultor. Entre as muitas variáveis que as granjas estão expostas, todos os dias, uma que chama bastante a atenção e que faz muita diferença no resultado final são as doenças respiratórias. Isso porque elas são capazes de ser responsáveis por trazer grandes impactos econômicos na produção, uma vez que podem afetar a saúde e o bem-estar dos animais e, desta forma, diminuir a produtividade e a qualidade da carne produzida.
Quem chama a atenção para este apontamento é o pesquisador Edson Magalhães, da Universidade Estadual de Iowa, dos Estados Unidos, que ministra palestra sobre os impactos das doenças respiratórias no custo de produção, na qual ele relata sobre a experiência norte-americana em relação ao mycoplasma, enaltecendo que o Brasil tem potencial para também conseguir controlar, de forma satisfatória, suas consequências.
Conforme o professor Edson, quando o assunto são problemas respiratórios muitas são as doenças que podem ser enumeradas. “Porém, sabemos que o mycoplasma é um dos principais agentes que podem iniciar uma doença e que são capazes de ocasionar sérios problemas secundários. É por isso que nos Estados Unidos existe esta incessante busca para tentar acabar com o mycoplasma. A ideia que eu quero difundir é que vocês aqui do Brasil entendam como este assunto está sendo tratado nos EUA e verifiquem se é viável utilizar essa experiência aqui”, disse.
O pesquisador apresentou dados bastante significativos com relação às doenças que acometem as granjas e destacou um número que chamam bastante atenção em relação ao PRRS Vírus. “O PRRS é a doença que mais tem impacto econômico em suínos nos Estados Unidos, com impacto anual de aproximadamente U$ 1 bilhão. As publicações científicas mostram que já existem relatos desta doença nos países: Colômbia, Venezuela, Bolívia, Peru, Chile e Uruguai, sendo que o Brasil ainda continua livre desta enfermidade. Porque estou trazendo esse adendo com relação a PRRS? Porque o mesmo protocolo que os Estados Unidos utilizam para o controle dessa doença foi adaptado e está sendo utilizado para combater o mycoplasma”, informa.
Edson explica que a infecção do PRRSv acontece de várias formas, entre elas: via aerossóis, contato direto (suíno, sêmen), contato indireto (botas contaminadas, uniformes, veículos, suprimentos, etc.). “É importante pontuar que estudos mostram que, normalmente, as doenças não agem sozinhas. Ou seja, na maioria dos casos inicia com uma enfermidade e em seguida o animal é acometido por mais. Vale a pena pontuar ainda que a doença PRRS não foi erradicada nos EUA, mas os protocolos para controlar esta doença forçaram para que o mycoplasma também tivesse protocolos semelhantes”, expõe.
Impactos econômicos
Os transtornos respiratórios em suínos são responsáveis por um grande impacto financeiro na produção, pois essas doenças são capazes de afetar a saúde e o bem-estar dos animais, bem como diminuir a produtividade e a qualidade da carne produzida. Entre os principais impactos é possível destacar:
1. Mortalidade: Isso porque em muitos casos a doença acaba causando a mortalidade precoce dos animais.
2. Redução da taxa de crescimento: O animal doente pode ter dificuldades em alimentar-se, o que acaba gerando um crescimento menos satisfatório do que o normal.
3. Aumentos nos custos de tratamento: Em muitos casos, essas doenças requerer um tratamento. Desta forma, o produtor precisa investir em medicamentos e profissionais que estarão aptos para dar o suporte necessário.
4. Atraso na comercialização: Após uma doença, os suínos precisam de um tempo maior de espera para serem abatidos e comercializados.
5. Redução da qualidade da carne: Em muitos casos, as doenças respiratórias também podem afetar a qualidade da carne produzida, o que pode vir a reduzir o valor do produto que será comercializado.
Edson Magalhães também faz referência sobre a importância de como cada plantel irá focar nas ações de combate ao mycoplasma. “As opções que temos são buscar controlar ou erradicar, tudo vai depender da meta de cada granja. O mais importante é focar no controle, uma vez que isso irá possibilitar manter uma baixa prevalência de infecção, com a granja clinicamente estável. Isso porque a erradicação ou eliminação completa é algo bastante delicado de se conseguir”, declara.
Protocolo americano
O professor apresentou que o protocolo americano para tratar Mycoplasma Hyopnemoniae consiste em introduzir leitoas negativas em rebanhos positivos, com o objetivo de criar uma imunidade para a doença. “Para controlar o mycoplasma nós precisamos estabilizar o plantel, para isso, é realizado a exposição intencional ao mycoplasma e é feito um acompanhamento. Entre os principais métodos de exposição estão contato natural; inoculação intratraqueal e exposição a aerossóis, sendo que os animais parecem tolerar o processo de aerossóis muito melhor do que o método intratraqueal. Em seguida, vem o fechamento de rebanho e a interrupção da introdução de animais de reposição na Unidade de produção de leitões (UPL), durante um período prolongado. No caso da PRRS a recomendação é 210 dias e no mycoplasma é 240 dias. Esse fechamento do rebanho possibilita a estabilização da imunidade do rebanho, visto que as porcas param de excretar o organismo após o fechamento”, declara.
Por outro lado, se a meta estiver ligada com a erradicação total da doença, são necessários a continuação do protocolo, visando programas de eliminação. “Os estudos mostram que é necessário o fechamento do rebanho e a administração de medicação. Desta forma, esse procedimento permite que o rebanho se estabilize e que os animais não estejam mais excretando. Uma vez que o tempo de fechamento foi concluído, o programa de erradicação pode começar”, emenda.
Programas de vacinação
Outra forma de ter controle sobre a doença são os programas de vacina. “Trata-se de projeto de vacinação continuada, no qual todo o rebanho precisa ser vacinado no início do projeto. Normalmente estes protocolos são realizados trimestralmente e eles seguem até que o projeto esteja concluído, ou seja, que o plantel tenha adquirido imunidade”, explica.
O pesquisados também discorreu sobre a possibilidade de medicação massal, quando leitões recém nascidos recebem uma injeção em massa. “Esse tratamento deve ser repetido aos 14 dias de idade e os leitões podem ser desmamados como de costume, dos 18 aos 21 dias. O que precisa ficar claro é que o leitão não nasce com imunidade, é necessário que a gente auxilie na construção de uma boa imunidade, sendo que o processo de amamentação é super necessário, bem como as vacinações”, observa.
Conforme o docente, o cuidado com a obtenção da imunidade e o controle do mycoplasma pode trazer inúmeros benefícios financeiros, uma vez que os resultados positivos destas ações irão proporcionar a redução do uso de antibióticos, uma melhora na qualidade da carne produzida, bem como a baixa mortalidade dos animais, etc. “Os resultados das nossas pesquisam mostram que a utilização de protocolos para combater as doenças respiratórias podem aumentar o valor das receitas, uma vez que é possível produzir mais suínos por lote, já que a tendência é de diminuição da mortalidade. Desta forma, podemos ter uma redução dos custos de produção e um aumento nas receitas”, afirma.
O pesquisador reforçou a importância do cuidado com a aclimatação de leitoas, bem como a necessidade do cuidado com a higiene o bem-estar dos animais. “Ter um cuidado especial com a aclimatação de leitoas, bem como ter o cuidado de a fêmea, na hora do parto, não estar excretando mycoplasma é muito importante, assim como os protocolos de lavagem e desinfecção dos barracões. Temos que lembrar que a leitoa é peça fundamental e que a biossegurança hoje é a peça chave para o êxito do plantel”, afirma.
Potencial implantação a nível de Brasil
O profissional enalteceu ainda que o protocolo americano é passível de ser utilizado no Brasil. “É claro que aqui terão desafios diferenciados, sendo que as múltiplas origens é um deles, posto que estimula ainda mais a eliminação de patógenos. É oportuno lembrar que diferentes programas de medicação podem ajudar a melhorar a taxa de sucesso e que o controle de uma doença pode beneficiar o tratamento de outros agentes. E outro ponto que considero bastante importante é que este protocolo contra o mycoplasma pode ser uma preparação para futuros desafios que podem surgir no Brasil, e nada melhor para estar preparado para as intempéries que podem surgir do que praticar”, finaliza.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!
Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!
Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.