Avicultura Redução de consumo hídrico e energético
Especialista em performance industrial ensina otimizar água e energia em plantas frigoríficas
Existem problemas estruturais nos chillers que podem ocasionar graves complicações para o processo. Eles são causados, geralmente, por erros de montagem ou falha na operação e podem sobrecarregar o sistema e posteriormente danificar sua estrutura.

Diante da estiagem e da crise hídrica dela decorrente, em algumas regiões do Brasil, especialmente no Sul e Sudeste, e da importância em usar recursos naturais com responsabilidade, o uso da água, indispensável para a produção de proteína animal e principal matéria-prima para produção de energia elétrica no país, tornou-se ainda mais importante sua utilização responsável e consciente.
A água é um recurso de extrema importância para todos os processos de abate. Estima-se que sejam necessários 30 litros de água para processar a carne de uma ave abatida. Por sua vez, em 2021 os frigoríficos brasileiros abateram 1,54 bilhão de aves, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
O tema “otimização da utilização de água e energia no abatedouro – chillers, calhas, lavagem de carcaça e geração de frio e calor” foi abordado pelo especialista de performance industrial da JBS/Seara, Wellitton Ferrari de Souza, durante o Simpósio de Atualização em Avicultura, organizado pela Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta).
Lavagem de carcaça
Souza cita primeiramente os três pontos que envolvem o processo de lavagem de carcaça. O primeiro é o chuveiro inicial, que consiste na remoção de resíduos do processo de escaldagem e depenagem. O segundo passo na lavagem é o sistema de alta pressão (HPS). Nessa fase acontece a remoção de conteúdo gastrointestinal visível, interno e externo, exceto contaminação biliar. O HPS pode ser utilizado como alternativa na prática de refile nas linhas de inspeção, mediante testes de validação.
O último ponto é o chuveiro final, etapa que antecede o pré-resfriamento. Nessa fase da lavagem das carcaças acontece a retirada de resíduos dos processos de evisceração, e atua como forma de redução da carga microbiológica na entrada do sistema de resfriamento (chiller).

Segundo o especialista de performance industrial da JBS/Seara, Wellitton Ferrari de Souza, um ponto importante de otimização é a redução ao máximo os ‘cotovelos’ com 45° ou menos em todas as tubulações de água, ar e/ou transporte de gelo: “Quanto menos ‘cotovelos’, menor será o esforço do sistema como um todo”
De acordo com Souza, é necessário ter atenção redobrada em alguns itens específicos durante a lavagem das carcaças, entre eles, destaque para a manutenção do equipamento, especialmente em relação ao desentupimento dos bicos, e os ajustes precisam ser em formato de leque para aumentar a área de contato e direcionados para pontos estratégicos da carcaça, detalhe que auxilia na economia de água. “É importante ainda uma pressão adequada, a vazão precisa seguir a legislação e a uniformidade de carcaça também é relevante, tendo em vista o direcionamento dos bicos”, ressalta.
Chiller
Usados para reduzir a temperatura das carcaças, melhorando a consistência da carne para os processos seguintes, os chillers auxiliam na garantia do shelf-life e na absorção de água, conforme os parâmetros legais.
As principais vantagens em se utilizar os chillers é a maior velocidade de resfriamento, a menor área de utilização da planta, comparado a outras tecnologias, e o fato do processo possuir parâmetros estabelecidos.
No entanto, segundo Souza, uma das desvantagens do sistema é o elevado dispêndio de água. “Sabemos que o consumo é elevadíssimo”, comenta. Outro ponto de negativo e que merece atenção é o maior risco de proliferação microbiana. “Se dentro do chiller tiver desvios de temperatura e vazão pode sim aumentar essa carga microbiana”, salienta Souza.
De acordo com ele, para obter maior efetividade na troca térmica, a água gelada deve sempre seguir no sentido contrário à carcaça para que essa troca ocorra de uma forma mais adequada e rápida. Dessa maneira é possível economizar nas utilidades, pois mudar a água de estado demanda um alto custo, ressalta Souza. “Quanto maior for nossa efetividade e economia ao longo desse processo, menos recursos serão despendidos para fazer a troca térmica”, salienta.
Souza aponta quatro tipos de chillers usados pelos frigoríficos: O Jet Bird com intragril nível alto, com área de utilização de cerca de 70% e muito usado em outros países; o Intragril nível alto com 45% de área e maior fluxo de água entre as pás; o chiller nível alto, também com cerca de 45% de área usada para resfriamento, pouco usado na indústria brasileira e por último o chiller de nível médio utilizado por grande parte das indústrias de processamento de carne de frango no Brasil. Equipamento esse usa de 30% a 35% de sua área para fazer o resfriamento das carcaças. “Precisamos considerar que é uma área pequena, então temos que ser muito precisos com relação a injeção de água e gelo”, ressalta.
Pontos de atenção
Além das temperaturas de escaldagem, é preciso ter cuidado com outros pontos de atenção ao longo do processo a fim de otimizar o uso de água e de energia elétrica utilizada na planta.
Souza destaca o cálculo de gelo na renovação de água; a verificação de vazamentos de água, ar comprimido e gelo; o sentido da água de renovação, que deve ser constante e contra a corrente; a ausência de condensação e/ou goteiras no sistema e as pás helicoidais devem estar limpas, não permitindo o retorno de carcaças. “O excesso de gelo na saída do chiller significa ineficiência energética, portanto, precisa ser evitado. Essas medidas ajudam a baixar o consumo de energia”, afirma Souza.
Outro quesito importante diz respeito a utilização do gelo em chillers convencionais. O produto deve sempre seguir o mesmo fluxo da água e ter espessura de 3 a 5 milímetros para que ocorra a troca térmica adequada. “Transformar água em gelo demanda muita energia e custa caro, portanto, temos que utilizar de forma eficiente e inteligente esse recurso”, afirma Souza.
Problemas estruturais
Existem problemas estruturais nos chillers que podem ocasionar graves complicações para o processo. Eles são causados, geralmente, por erros de montagem ou falha na operação e podem sobrecarregar o sistema e posteriormente danificar sua estrutura.
Essas falhas podem causar desvios de absorção (dispersão), quebra de carcaça, problemas de temperatura e o elevado consumo de gelo e/ou má utilização do gelo, provocando a baixa eficiência energética.
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Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

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Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

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Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

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Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




