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Avicultura

Especialista destaca pontos críticos para evitar a contaminação de rações

Antonio Klein trata sobre processo de fabricação de ração, logística e rastreabilidade em alimentos sem antimicrobianos melhoradores de desempenho.

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A ausência de antimicrobianos como promotores de crescimento na proteína animal está deixando de ser uma tendência no Brasil, e aos poucos se torna uma realidade para atender as exigências de uma fatia de consumidores, legislações e investidores. Para atender essa mudança na produção, o processo de fabricação, logística e de rastreabilidade em rações destinadas a frangos e suínos desempenha um papel crucial para garantir alimentos livres de melhoradores de desempenho.

Engenheiro agrônomo, Antonio Klein: “Precisamos mapear com precisão os pontos de acúmulo e corrigi-los. Se não for possível corrigir é necessário fazer uma intervenção manual cada vez que a ordem de produção é trocada” – Foto: Sandro Mesquita/OP Rural

Segundo o engenheiro agrônomo e consultor Antonio Klein, existem fatores norteadores que sinalizam pontos críticos e de atenção durante o processo de fabricação, entretanto, há alternativas para mitigar esses riscos.

De acordo com Klein, que fez uma apresentação sobre o tema durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs), em agosto, em São Paulo, SP, sempre que a indústria utiliza produtos que oferecem risco químico, a primeira preocupação é em relação a criticidade e a sensibilidade desse produto. “Esses fatores darão o norte em termos de intensidade dos procedimentos que temos que adotar para controlar esses riscos”, pontua.

Conforme Klein, o segundo ponto a ser observado é específico de cada fábrica e está relacionado à criticidade da linha de produção onde será produzida a ração, de acordo com a complexidade, e qualidade da linha (acabamentos, ângulos, curvas, etc.). Os cuidados devem visar a redução de pontos de acúmulo, de fugas e de retenção durante o fluxo por onde os princípios ativos passam junto a outros componentes da ração. “Precisamos mapear com precisão os pontos de acúmulo e corrigi-los. Se não for possível corrigir é necessário fazer uma intervenção manual cada vez que a ordem de produção é trocada”, explica.

Pessoas

Fundamentais em qualquer processo de produção, os colaboradores são subdivididos em ações de estratégia desempenhadas pela direção da empresa para garantir clareza na visão, missão, princípios e valores sobre o tema e garantir a viabilidade econômica para adequação da estrutura.

Ações táticas realizadas por gerentes e supervisores garantem e certificam a capacidade da estrutura e dos processos. E por último as ações operacionais, em que as pessoas precisam ter conhecimento, saber lidar com os riscos, ter proatividade e comprometimento com o tema e cumprir como os POPs (Procedimento Operacional Padrão) e controles.

Contaminação cruzada

Os pontos de acúmulo ou de retenções na linha representam o principal risco de contaminação cruzada, pois seu despedimento é aleatório, independe da passagem do batch de limpeza.

Outros riscos em temos de contaminação cruzada, citados por Klein, dizem respeito aos desvios, aspirações, má identificação e a amostragem mal realizadas. “A amostragem é importante para garantir que estamos alcançando o que se esperava”, ressalta.

Para avaliar a contaminação cruzada existe o método indireto, geralmente adotado no Brasil, no qual para validar a limpeza da linha, usa-se como referência o princípio ativo em questão ou outro traçador validado pelo órgão competente e avalia-se, através de análise laboratorial, a eficácia da limpeza de linha, ou seja, determina-se a curva de descontaminação (carry over). “Entretanto, se tenho uma linha crítica e muitos pontos de acúmulo e de retenção, esses pontos não caem quando eu passo a batelada de limpeza e teremos consequentemente problemas na sequência”, explica Antonio.

De acordo com ele, o método direto é realizado por meio de amostragens a medição quantitativa de todo o resíduo remanescente na linha, desde o momento da aplicação do princípio ativo até a expedição e quem sabe até o comedouro. O objetivo é calcular o potencial relativo de contaminação que o resíduo de linha pode oferecer. Conforme Klein, o método direto precisa ser usado ao menos quando é realizado o diagnóstico da linha. “As empresas podem ter problemas de contaminação cruzada nesse tipo de produção de rações caso não se atenham aos devidos cuidados”, afirma.

Fornecedores

Fotos: Arquivo/OP Rural

As boas práticas para aprovação dos fornecedores de matérias-primas, como os princípios ativos e pré misturas para a produção de ração é primordial para evitar contaminação, entretanto, de acordo com Klein, o processo para aprovar é relativamente simples. “Todos os problemas que nós podemos ter com contaminação cruzada durante a fabricação os nossos fornecedores também podem ter”, afirma.

Fábrica

Entre os principais fatores norteadores na fábrica para minimizar riscos de contaminação, o procedimento de recepção é o primeiro que deve ser observado e requer treinamento especializado. Segundo Antonio, é necessário fazer o check list do caminhão, considerando a estado geral do veículo, a limpeza, a umidade e certificar-se que não há problemas com as sacarias. “Antes de usarmos esses produtos precisamos ter certeza de que não tenha grúmulos, por que o misturador não desmancha essas partículas”. O procedimento é importante para que pontos de acúmulo de princípios ativos não sejam transferidos para a ração”, explica.

Armazenamento

A armazenagem adequada é outro fator importante no processo de fabricação de ração sem antimicrobiano. É preciso oferecer uma boa estrutura conforme orientações do fornecedor ou de acordo com a legislação vigente, e se necessário, a temperatura e a umidade relativa do ar precisam ser controlados.

Outra observação não menos importante é a existência de uma área separada com acesso restrito para receber esse tipo de produto. “O armazenamento é parecido com a cozinha de nossas casas, precisa ser adequado e seguro”, ressalta Klein.

Manejo

No manejo do produto do armazém até a adição no misturador, o ideal é receber e armazenar os produtos de risco químico em locais separados, com acesso restrito, e fazer toda a manipulação nesta sala até sair diretamente para adição no misturador, sem passar em outras áreas. “O mais indicado é que a sala fique acima do misturador onde esses produtos serão processados e jogados dentro do misturador”, explica Antonio.

No entanto, em plantas onde não existam essas condições, é preciso reforçar outros pontos de controle. Entre eles, Klein destaca a retirada segura e documentada do armazém, de preferência com o uso de leitores de código de barras (ou outro sistema) que permita a rastreabilidade online, etapa por etapa, dando mais segurança e clareza no processo de fabricação.

De acordo com Antonio, quando a rastreabilidade for manual, é condição indispensável manter os registros com etiquetas todo o tempo. “Qualquer produto sem identificação ao longo do processo é considerado ruptura da rastreabilidade”, salienta Klein.

Pesagem

Antes de chegarem ao misturador, os produtos precisam ser pesados. Para isso, conforme Klein, é indispensável que a pesagem seja realizada de forma assistida para se tornar mais segura, ter uma estrutura de balanças adequadas que garanta a precisão e respeito ao menor componente e a sensibilidade de escala. “A existência de um layout que garanta ou minimize os riscos de transferências e pesagens trocadas”, ressalta.

Misturador

Os pontos críticos e de atenção no processo de fabricação no que se refere a adição no misturador precisam ser observados conforme a estrutura e tipo de misturador. “Precisamos ter certeza de que quando adicionamos esse produto estamos fazendo no momento e local adequado”, afirma Klein.

Segundo ele, os registros e controles de adição precisam ser seguros, claros e adequados para o método adotado para serem rastreáveis. “Precisamos ainda ter certeza de que não há risco de contaminação cruzada na moega, na transição da moega para o misturador e no misturador”, completa.

De acordo com Klein, é necessário ter a garantia de uma mistura adequada, portanto, quanto melhor a mistura, maiores as chances de que produto esteja bem distribuído no misturador. Segundo Klein, nas orientações da legislação europeia, o princípio ativo precisa ser diluído em ao menos dois quilos de outro produto e o resíduo de fundo do misturador é menor que 0,2% do tamanho da batelada. “Outro ponto importante é a ausência de vazamento na compota para que os resíduos não caiam na batelada anterior e não se misturem da forma inadequada”, ressalta.

Após a mistura

Pontos de atenção em processos subsequentes à mistura precisam ser considerados, como na peletização ou em outro tratamento térmico, como secagem ou resfriamento e no PPLA (Post Pellts Liquid Aplication). Portanto, segundo Klein, é preciso lembrar que o condicionador foi feito para reter o alimento e o batch de limpeza não vai limpar caso tenha resíduos no condicionador. “É fundamental um diagnóstico para sabermos se tem resíduo de fundo”, ressalta.

Logística/transporte

Durante o transporte da ração até o destino final é preciso se ater a três principais riscos: Vazamento entre compartimentos dos graneleiros, descarga mecânica por meio de resíduos em roscas transportadoras que não são autolimpantes e a não descarga plena do caminhão na granja.

De acordo com o engenheiro agrônomo, para mitigar esses riscos deve-se usar caminhões exclusivos para esse tipo de transporte. Em casos de baixa criticidade na linha pode-se avaliar a limpeza com batch de limpeza, como o uso ou não de sistemas auxiliares, como injeção e sucção de ar comprimido. “Um sistema muito usado na Europa é o de descarga pneumática, que é muito mais autolimpante”, salienta.

Granja

A granja é outro ponto importante para a evitar riscos de contaminação cruzada e o fator “pessoas” ganha ainda mais proeminência. “Treinar o motorista e o fazendeiro é fundamental”, afirma Klein.

O treinamento deve ocorrer para garantir a conferência de lacres e de notas fiscais para se certificar da descarga do compartimento correto. Além disso, Klein afirma que é necessário se certificar que as rações não medicadas não se misturam com os alimentos medicados. “Nesse caso é importante que os depósitos intermediários, as linhas de transporte e os comedouros estejam vazios e limpos”, ressalta.

Rastreabilidade

A rastreabilidade compreende procedimentos usados para checar, acompanhar e registrar os controles dos riscos durante todo o processo de produção até o consumidor final. Segundo Klein, é a melhor ferramenta para garantir segurança e para se comunicar de forma clara e precisa com os consumidores, os órgão fiscalizadores e demais stakeholders. “Rastreabilidade nada mais é do que criar condições de poder saber e conseguir localizar todo e qualquer ingrediente e o que aconteceu com ele ao longo da cadeia que envolve o processo de produção da ração. Desde a compra dos ingredientes até o consumo final”, salienta.

Klein destaca as forma de fazer esta rastreabilidade e de conseguir a certificação. No entanto, quanto mais automático o acompanhamento ao longo de todo o processo, melhor, pois será mais detalhado e seguro. “Através desses sistemas mais automáticos podemos saber todo o fluxo seguido por cada ingrediente, as ações ao qual foi submetido, de forma isolada ou em conjunto com os demais, o os valores correspondentes”, detalha.

Alternativas

Para produzir com segurança, sem correr riscos químicos em linhas existentes, a solução sempre vai depender de um diagnóstico. Segundo Klein, muitas empresas, especialmente as de grande porte, utilizam linhas independentes. “A partir do misturador, usam uma linha com o princípio ativo e a outra linha sem”, exemplifica.

Em empresas menores, e conforme a localização da fábrica, pode-se ter apenas uma linha. De acordo com o engenheiro agrônomo, em casos de linha compartilhada é comum acontecer problemas de gestão de uso. Nessa situação existem dois tipos de linhas, as simples e as autolimpantes. “Se a linha é complexa, temos que fazer ajustes e investimentos ou até mesmo desistir da produção”, avalia Klein.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

No Dia Mundial do Frango, foco setorial se concentra na garantia de abastecimento

Além da segurança alimentar, setor detém importante papel socioeconômico no Brasil.

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Foto: Shutterstock

Hoje, 10 de maio, é o Dia Mundial do Frango, data criada pelo Conselho Internacional da Avicultura (IPC, sigla em inglês) para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes e versáteis proteínas animais do mundo.

Neste ano, a avicultura do Brasil abordará uma perspectiva diferente dos anos anteriores. A celebração deste ano exaltará a importância desta proteína para a garantia de segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Em toda a cadeia produtiva, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.

É uma enorme força de trabalho que produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas em território brasileiro – desde 2013, o Brasil adicionou cerca de 2,5 milhões de toneladas em sua produção.

Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes – capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional. Para fins de comparação, as agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia – segundo e terceiro maiores, respectivamente – somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).

O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita. Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína – índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É, de longe, a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.

São números que mostram a relevância e a missão deste setor com o Brasil – para onde é destinada 65,3% de toda a produção nacional. “Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. É um dos alicerces alimentares do País, e pilar econômico de diversas regiões. Neste dia, celebramos um setor resiliente, que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento de alta qualidade para as famílias de todo o país”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Especialista aponta umidade e profundidade da cama como fatores críticos ao desenvolvimento das aves

Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

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Fotos: Shutterstock

O manejo adequado da cama de frangos de corte é uma peça fundamental no quebra-cabeça da produção avícola. Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou: “Não há um sistema de gestão único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos” – Foto: Arquivo pessoal

A bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou, elenca que o manejo correto da cama visa garantir um ambiente propício para o desenvolvimento saudável das aves. “Para alcançar esse objetivo é essencial gerenciar e manter as propriedades benéficas da cama, como absorção, evaporação, isolamento e amortecimento, com foco especial em conservar a umidade entre 20 e 25%”, ressalta Connie. Ela vai tratar deste assunto no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que acontece entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, SC.

Controlar a umidade da cama é fundamental para prevenir o crescimento de microrganismos patogênicos e garantir a saúde das aves. Uma cama bem manejada também proporciona um ambiente confortável para as aves se movimentarem, descansarem e se alimentarem, contribuindo assim para o bem-estar animal e o desempenho produtivo. Além disso, o manejo correto da cama pode ter benefícios ambientais, como a compostagem do material usado, que pode ser reaproveitado como fertilizante orgânico, contribuindo para a sustentabilidade da operação avícola.

Qualidade da cama

A qualidade da cama é de extrema importância no desempenho das aves e na saúde intestinal. A especialista em avicultura, ressalta que se a cama for mal gerida, pode se tornar um ambiente ideal para o desenvolvimento de agentes patogênicos nocivos, que podem acabar afetando as aves e provocando doenças. “Níveis excessivos de umidade na cama podem contribuir para o desenvolvimento de lesões nas patas das aves. Além disso, a cama desempenha um papel importante na produção de amônia, se não for cuidadosamente gerenciada, pode levar a níveis elevados de amônia no ambiente, o que foi demonstrado em pesquisas como prejudicial ao sistema respiratório das aves, impactando a função do sistema imunológico, podendo também aumentar o risco de proliferação de bactérias oportunistas.

Vários fatores podem influenciar a umidade da cama, incluindo o uso de água pelas aves, a densidade e as taxas de ventilação. De acordo com a doutora em Gestão Ambiental de Aves, a melhor maneira de abordar o manejo da cama é monitorar a umidade relativa do aviário constantemente e manter um registro histórico de qual é a umidade relativa do ar no aviário ao longo da vida do lote, entre lotes, para entender quão bem está sendo feito o trabalho dentro do aviário, a fim de garantir um equilíbrio adequado de umidade.

Connie diz que nos Estados Unidos aprendeu-se ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso da gestão da cama é fortemente influenciado pela educação do produtor. “Existem diversos sistemas de gestão disponíveis para manejo das camas, porém, o sucesso deles depende da capacitação adequada dos produtores. Não há um sistema único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos”, salienta.

Quanto aos sinais de que a cama precisa ser renovada, a especialista conta que nos Estados Unidos a troca acontece quando começa a aparecer areia na cama ou quando se torna muito profunda. “Um sistema não precisa de uma cama com mais de seis polegadas, cerca de 15 cm de profundidade, pois uma cama mais profunda pode dificultar o gerenciamento da amônia e da umidade”, aponta.

Quanto ao reaproveitamento da cama, quando gerenciado corretamente, pode ser mais benéfico do que prejudicial. Isso ocorre porque a cama reutilizada já possui uma população microbiana estabelecida, o que pode acelerar o desenvolvimento da imunidade das aves. “Já em camas novas é muito mais imprevisível quais microrganismos irão povoar as aves desse alojamento, o que pode impactar o desenvolvimento do sistema imunológico dos frangos”, expõe.

Ventilação

Quanto ao manejo adequado da ventilação, seu impacto na qualidade da cama e na saúde das aves é significativo. O objetivo principal da ventilação é remover a umidade gerada pelas aves, o que está diretamente ligado à qualidade da cama e à saúde das aves. “Sem um programa de ventilação adequadamente executado, nunca será possível alcançar uma boa qualidade da cama e, consequentemente, uma boa saúde das aves. Portanto, o manejo adequado da ventilação é essencial para garantir um ambiente saudável e higiênico para as aves durante todo o ciclo de produção”, frisa a mestre em Nutrição de Aves.

Preparação do alojamento

Para garantir um ambiente saudável para as aves, as melhores práticas para a preparação inicial do alojamento antes da chegada dos pintinhos incluem o gerenciamento dos níveis de umidade, mantendo-os abaixo de 20%, e garantindo uma profundidade adequada da cama para acompanhar a deposição de umidade das aves. “É importante observar a aparência da cama, pois se ela ficar muito fina, há maior chance de níveis mais elevados de amônia. Se não houver opção de tratamento de cama para reduzir a amônia no início do lote, torna-se ainda mais crítico gerenciar”, salienta a bacharel em Ciência Animal.

Controle da proliferação de patógenos na cama

Em relação ao controle da proliferação de patógenos na cama, como Salmonella e Escherichia coli, é importante entender que nunca será possível controlar totalmente esses microrganismos, mas apenas gerenciá-los. “A área do microbioma nos aviários ainda é muito mal compreendida, e há muito a ser aprendido sobre como esses organismos interagem. No entanto, uma estratégia eficaz é gerenciar a umidade da cama, pois a água é um dos principais fatores que esses microrganismos precisam para sobreviver”, expõe Connie, acrescentando: “Mantendo a cama o mais seca possível e pelo maior tempo possível, podemos reduzir as chances de crescimento desses patógenos a níveis que impactariam negativamente nossas aves”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura ARTIGO

Será que o Brasil sabe a dimensão do desastre no Rio Grande do Sul?

Você está fazendo tudo o que pode mesmo? Quem sabe você pode ajudar só um pouquinho mais

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Fotos : divulgação Governo do Estado

O Estado do RS acabou. Da forma como a gente o conhecia, ele não existe mais. Nos resta rezar a Deus e torcer para que o Brasil e o mundo nos ajude a enterrar nossos mortos e a reconstruir um pouco do que foi devastado pelas águas – e ainda vai ser devastado, pois vem mais ciclone por aí. Quem sabe, em meio ao caos, no fundo do poço, a gente encontre uma força que nem a gente saiba que tem, algo como o Japão que se reconstrói em tempo recorde após os terremotos. ou como a Flórida, que enfrenta dezenas de furacões anuais e continua em pé!
Talvez estas palavras iniciais sejam fortes, Mas, talvez a maioria das pessoas de outras regiões do Brasil não tenha se dado conta do tamanho da tragédia. Ela é muito pior do que você vê na TV ou nos vídeos de WhatsApp! Muito, mas muito pior! É como se todo mundo desta região aqui perdesse sua casa, se enchesse tudo isso de água, por dias e mais dias, fechando estradas, escolas, lar de idosos, empresas… tudo!

Você já parou para pensar!? Então, você vai ajudar mais!?

 

Muitos não ajudam pelo medo do julgamento alheio

Por outro lado, felizmente muitas regiões do país estão ajudando, botando a mão na massa, salvando pessoas.

Cito aqui o exemplo do Pablo Marçal, que vai e volta quase todo dia a São Paulo e salvou mais gente da água do que eu e você juntos – sem contar que deu uma aula em poucos minutos ali no centro de distribuição de doações. Eu estive lá em Hamburgo Velho e agradeci a Deus por estar do lado de cá dos gradis, que separavam a fila gigantesca para buscar donativos, das pessoas que foram doar ou tomar uma dose de coragem para ajudar mais!

O Marçal poderia estar torrando o dinheiro em Dubai, mas estava em cima de uma empilhadeira, no meio da rua, discursando para arrebanhar pessoas para ajudar daqui pra frente, pois talvez o pior esteja daqui pra frente, acredite! Você não precisa gostar dele, não precisa gostar da Globo, mas toda ajuda é muito bem-vinda! E, ao citar o Marçal, cito cada um aqui da região que está empenhado em ajudar, com grana, com barco, separando doações, tirando gente da água, doando…

Temos percebido muitos golpes, muita gente reclamando, muita gente se aproveitando para aparecer… e muita gente ou empresa querendo ajudar, mas não ajuda porque tem medo de que vão dizer que está querendo fazer propaganda. Vocês não têm noção a quantidade de pessoas (ou empresas) que vem me falar isso! Ora, vamos parar de ter medo destes juízes de sofá da sala, que se escondem em casa e ficam só metendo o pau nos outros; e não fazem nada! Deixe ‘essa gente pra lá’ e daí que a Globo só veio depois da Madona, e daí que alguns dizem que o Pablo Marçal está fazendo marketing, e daí que muitos só reclamam e apontam o dedo, daí que tem gente que vai na fila duas vezes pegar 2kg de arroz e 2 litros de leite, e daí, que se danem! Ora, manda a m… diz assim: “vá cuidar da tua vida”!
E se esta tragédia tocou seu coração, vai lá você e bota o pé na lama, porque você sabe que quem reclama não fará nada, estará muito ocupado dando opinião e reclamando.

O Brasil pode fazer muito mais

Se não tua casa, graças ao bom Deus, não teve mortes, somente alguns alagamentos, pessoas perderam bens materiais e… e estamos tocando nossa vida normalmente, limpando o guarda-roupa, fazendo uma comprinha maior para doar e… e deu! Era isso, a ajuda é só isso! Mas você pode fazer mais, todo mundo pode fazer mais!

Eu sinto que muita gente ainda não acordou para o tamanho da tragédia (e está tudo certo, cada um é cada um, não reclamo destes). Mas gostaria de ajudar, então, se você quiser dormir com a consciência tranquila, faça mais. “Teoricamente” só morreram 100, mas você sabe que esse número vai aumentar muito. Quantos idosos foram levados por não conseguir se locomover, quantos bebês morreram, quantos animais ainda estão ilhados ou foram levados, bichinhos de estimação que estão abandonados, quanta gente vai morrer de doença, de leptospirose, de hipotermia (vem o frio aí), e tem muitos outros problemas que vão aparecer.
Quantas crianças não terão mais aulas, quantas crianças não terão mais pais ou avós ou amiguinhos – que viraram estrelinhas ou ainda vão virar?
Quantas crianças perderam seu bichinho de estimação ou vão perder por falta de ração? Quantos avós perderam seus netos ou ainda vão perder!
A gente não sabe nada, não sabe a dimensão desta “desgraceira” toda! Não é uma enchentezinha que sobe, alaga e no dia seguinte volta para o rio, aí você vai lá e mete o lava-jato e tudo volta ao “normal”. Serão semanas, meses, vai ter lodo, lama até nos fios da luz.
Tem cidade inteira no Vale do Taquari que acabou, estão pensando em mudar a cidade de lugar, recomeçar. Você tem noção do tamanho da tragédia? Então, graças a Deus você está bem, seu vizinho está bem, mas tem muita gente que precisa de ti, tire um tempo, reserve um dinheiro, faça sua doação, ajude mais, você pode, sim! Se você não tem grana, não tem alimento, não tem colchão, doe tempo, doe uma palavra, vá lá no campo de batalha lutar, senão, jamais ouse cantar aquele pedaço do Hino Rio-grandense que diz “Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”… eu não quero que “nossa façanha sirva de modelo a toda terra”, eu só peço a Deus e a você que ajude a salvar o máximo de gente possível “nesta ímpia e injusta guerra”.

 

Por
Mauri Marcelo ToniDandel
Jornalista – Dois Irmãos

Fonte: Mauri Marcelo ToniDandel
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