Avicultura
Especialista destaca perspectivas e oportunidades no controle da Salmonella
Entre os principais fatores de risco de Salmonela no processo de produção de frangos de corte estão rações contaminadas, lotes infectados pelas matrizes, deficiência em etapas do programa de biosseguridade, desinfecção e higienização inadequados, apanha e transporte de frangos, além da contaminação das carcaças durante o processo de abate.

Com um crescimento médio anual entre 4% e 5%, a produção de carne de frango faz do Brasil o segundo maior produtor mundial da proteína, resultado da eficiência em manejo e da tecnologia genética empregada nas granjas. Além do mercado nacional, o frango brasileiro é consumido em mais de 150 nações, posicionando o país como maior exportador global de aves desde 2004, detendo 35% desse mercado.
No entanto, os desafios da atividade seguem sendo imensos diante do aumento no custo de produção, que leva a redução da margem de lucro do produtor, e do risco iminente de doenças, principalmente da Influenza Aviária – que tem assombrado mais de 50 países ao redor do mundo nos últimos anos, mas nunca foi detectada no Brasil, contudo os surtos aceleraram o aprimoramento de medidas do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), a fim de evitar a entrada da enfermidade em território brasileiro, fazendo o país ficar em alerta constante.

Zootecnista, doutor em Ciência Animal e diretor de Produção Animal na São Salvador Alimentos, Roberto Moraes Jardim Filho: “Com entendimento em epidemiologia, diagnóstico bem feito e com conhecimento em saúde pública é possível conseguir controlar a Salmonella no campo até o prato do consumidor final”
Outro grande desafio da avicultura industrial está relacionado ao controle das salmoneloses, tema de muitas discussões em fóruns técnicos e dentro das empresas. Sua epidemiologia complexa e a persistência no ambiente de criação das aves dificultam o seu controle, o que reforça a necessidade de monitorias contínuas, boas práticas de manejo e biosseguridade. “O sucesso para o controle de salmonelas é dependente de conceitos e procedimentos estabelecidos pelo campo antes do frango chegar ao abatedouro. Sempre digo que quando se faz o que gosta facilita bastante o entendimento do que é preciso ser feito, porque tudo que se faz com vontade, dedicação, de maneira certa e em convergência entre todos os elos da cadeia os resultados tendem a ser promissores e satisfatórios”, frisou o zootecnista, doutor em Ciência Animal e diretor de Produção Animal na São Salvador Alimentos, Roberto Moraes Jardim Filho, durante sua participação no Simpósio “Abordagem total no controle de Salmonella: perspectivas e oportunidades”, que integrou a programação da Latin American Scientific Conference (PSA Latam) – Conferência Científica Latino-Americana de Ciência Avícola, realizada de 04 a 05 de outubro, em Foz do Iguaçu, PR.
A prevalência da enfermidade varia de acordo com as situações e pode tornar-se crítica em determinados momentos, pontua o profissional, no entanto, com entendimento em epidemiologia, diagnóstico bem feito e com conhecimento em saúde pública é possível conseguir controlar a Salmonella no campo até o prato do consumidor final.
Assim como em outras produções animais, Jardim Filho destaca que a avicultura está alicerçada em quatro pilares que sustentam sua eficiência produtiva e posicionam o sucesso da produção e da exportação de produtos avícolas brasileiros para o mundo: genética, nutrição, ambiência e mão de obra. “Nós somos os responsáveis por garantir a prevenção e evitar que a Salmonella contamine nosso rebanho. Devemos ter o entendimento destes quatro pilares para que possamos saber o que fazer para evitar a entrada desta bactéria”, exaltou, complementando: “Esses pilares aliados a aditivos tecnológicos na ração, a biosseguridade no ambiente em que as aves são criadas, ao balanceamento da alimentação e a boa sanidade colaboram para o bem-estar dos animais e, consequentemente, elevam a produtividade do lote, podendo os frangos ganhar até quatro gramas por hora nestas condições”, salienta.
Fatores de risco
Saber quais são os pontos críticos durante o manejo da ave no período que antecede o abate é fundamental para garantir a qualidade da carcaça e a rentabilidade do lote. Conforme o doutor em Ciência Animal, nas 24 horas que antecedem a ida dos frangos ao abatedouro inúmeros fatores podem interferir na qualidade, rendimento e inocuidade da carcaça, por isso o manejo pré-abate é uma etapa de suma importância na preparação para o processamento dos animais, devido ao risco de contaminação por Salmonella no processo de captura das aves. “Um programa de biosseguridade atrelado ao uso de aditivos tecnológicos ajuda a garantir a integridade dos frangos durante o transporte à planta frigorífica”, ressalta Jardim Filho.
De acordo com o zootecnista, a planta frigorífica pode ser uma fonte de propagação da Salmonella e uma vez instalada sua remoção é dificultada pela formação de biofilmes e pelo potencial de se multiplicar em baixas temperaturas. De origem multifatorial, Jardim Filho menciona que a bactéria pode ser controlada adotando um conjunto de medidas, que englobam conhecimento da origem do lote para ser certificar que as aves são livres de Salmonella, os ovos para incubação devem ser desinfetados e incubados seguindo padrões de higienização, galpões precisam ser higienizados e desinfetados nos intervalos entre os lotes, implantação de um programa de biosseguridade, além da restrição de entrada de pessoas, veículos e equipamentos dentro das granjas. “Um programa de biosseguridade aliado com aditivos tecnológicos inseridos na ração contribui para o controle da Salmonella e de outros patógenos em todas as fases da avicultura de corte, atuando tanto nas matérias-primas, como na ração, incubatórios, matrizes e na desinfecção de equipamentos e ambientes”, realça.
Segundo o profissional, o segredo para evitar a contaminação de Salmonella é o entendimento dos fatores que podem levar a infecção. “Todos que atuam na cadeia precisam entender sobre os procedimentos que devem ser adotados em cada fase da avicultura de corte, bem como é fundamental realizar treinamentos contínuos com a equipe de trabalho para que a comunicação esteja alinhada e as informações de como prevenir e controlar a entrada de patógenos sejam de conhecimento geral, isso facilita muito o resultado final. Recomendo um planejamento equilibrado dos riscos, conhecimento dos aditivos e desinfetantes, além de programa vacinal adequado de acordo com a região em que a granja está instalada”, expõe.
Jardim Filho reforça que o controle da Salmonella está na constância e nos pequenos detalhes da execução do trabalho, salientando que o abatedouro é o último elo da cadeia e ambiente propício para disseminação da bactéria, considerado de grande risco porque pode levar o patógeno até o campo.
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Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.

Avicultura
MBRF avança na sustentabilidade com transição global para ovos cage-free
Empresa anunciou a conclusão da mudança para ovos livres de gaiolas em todas as suas operações internacionais, um marco que reforça o compromisso com o bem-estar animal e a ética produtiva.

A MBRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, anuncia a conclusão da transição para o uso exclusivo de ovos cage-free em seus processos industriais globais. O compromisso, já cumprido no Brasil desde 2020, agora se estende às operações internacionais, consolidando um importante avanço em sustentabilidade e bem-estar animal e antecipando a meta global prevista para dezembro de 2025.
A implementação do uso de ovos cage-free nas operações internacionais envolveu uma construção conjunta com fornecedores locais, especialmente em mercados como Turquia e Emirados Árabes Unidos, onde a produção de ovos livres de gaiolas ainda representa um desafio. A companhia trabalhou em parceria com os produtores para viabilizar investimentos, incorporar novas práticas e assegurar a oferta de insumos alinhados aos mais altos padrões de bem-estar animal. Além disso, implementou protocolos voltados à rastreabilidade e à conformidade com referências internacionais, mantendo acompanhamento contínuo para garantir a sustentabilidade da meta alcançada.
A adoção global do sistema cage-free reflete o compromisso da MBRF com práticas produtivas mais éticas e sustentáveis. “O modelo elimina o confinamento das aves em gaiolas, permitindo que expressem comportamentos naturais e movimentem-se livremente. Alinhada aos princípios de Saúde Única na produção de alimentos, essa prática contribui de forma significativa para o bem-estar animal e atende às expectativas de clientes e consumidores cada vez mais atentos à origem e à responsabilidade das empresas,” explica Josiane Busatta, consultora de bem-estar animal da MBRF.
A conclusão da transição para o sistema cage-free é apenas uma entre as diversas metas de bem-estar animal estabelecidas pela MBRF. A companhia já atingiu outros compromissos relevantes, como garantir que 100% das aves do sistema de integração sejam criadas livres de gaiolas. Além disso, concluiu a certificação de 100% das unidades de abate em bem-estar animal globalmente e a eliminação da castração cirúrgicas na cadeia de suinocultura. Como resultado desses e outros avanços, a companhia se mantém entre as mais bem posicionadas do setor em importantes rankings e índices internacionais, como o BBFAW (Business Benchmark on Farm Animal Welfare), o mais importante índice global de gestão do bem-estar dos animais de fazenda.
Sustentabilidade na MBRF
O bem-estar animal é um dos seis pilares que sustentam a Plataforma de Sustentabilidade da MBRF, que busca conciliar produtividade com a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade. A companhia adota práticas que protegem biomas, promovem o bem-estar animal e respeitam os direitos humanos. As iniciativas incluem o uso eficiente de água e energia, o melhor aproveitamento dos alimentos, a redução das emissões de gases de efeito estufa e a gestão responsável da cadeia de fornecimento — com foco no controle de origem, no combate ao desmatamento e na promoção da inclusão social.
A MBRF adota altos padrões de bem-estar animal em toda a cadeia produtiva, com compromissos voltados à criação de aves, suínos e bovinos, guiados por diretrizes nacionais e internacionais que asseguram cuidados adequados e abate humanitário, tanto nas operações próprias quanto junto aos fornecedores.
Durante o manejo do gado, das aves e dos suínos — desde a propriedade rural até as unidades de produção —, a companhia garante o respeito aos Cinco Domínios dos animais: nutrição adequada, boa saúde, ambiente confortável, comportamento natural e estado mental. Esses princípios surgiram como uma expansão das Cinco Liberdades dos Animais, oferecendo uma abordagem mais abrangente e holística para avaliar o bem-estar animal que foram estabelecidos pelo Farm Animal Welfare Council, conselho britânico independente que é referência global na definição de parâmetros de bem-estar animal.




