Avicultura Menos energia e mais aminoácidos
Especialista defende tendências para redução de custos de dietas de frangos
Uma oportunidade para reduzir ainda mais os custos no Brasil, em sua opinião, é aumentar os níveis de aminoácidos, como a lisina

Os mais recentes estudos para formulações de dietas de frangos com custos mais baixos foram destacados pelo médico veterinário e especialista em Nutrição Vitor Hugo Brandalize em webinar promovido por uma multinacional fornecedora de genética avícola para profissionais da avicultura. A transmissão foi feita ao vivo para Peru, Bolívia, Equador, Chile, Paraguai, Venezuela, Argentina e Uruguai.
Durante o debate, o especialista defendeu uma tendência de redução dos níveis de energia acompanhada de aumento nos níveis de aminoácidos em dietas de frangos como estratégia para redução de custos da dieta. Brandalize salienta que é importante que o nutricionista esteja atento a fatores como conversão alimentar e manejo adequado.
O especialista abriu sua apresentação destacando três fatos que ocorrem no mundo que mudam os rumos da humanidade: guerras, pandemias e revoluções. “As coisas mudam mais rápido depois desses problemas. E essa pandemia vai afetar todo o nosso negócio. Todos as pessoas (do negócio) terão efeito negativo. Mas a coisa boa é que depois disso deveremos mudar mais rápido”, pontuou. Por isso, pensa, é um momento importante para fazer mudanças rápidas na vida e nos negócios.
Brandalize mostrou que, na avicultura, os custos aumentaram enquanto o consumo e os preços reduziram. Com informações do Fundo Monetário Internacional (FMI), ele alertou que a pandemia é um choque muito grande, já que ninguém sabe sua duração e intensidade e defendeu medidas de contenção. “Por essas incertezas, é importante reduzir os custos de produção”. No entanto, sugere, o consumo de ovos e carne de frango tem um diferencial entre outras proteínas, que é o custo acessível. “O consumo de frango sempre seguirá forte”, reforçou.
Energia e Aminoácidos
O impacto da energia na nutrição foi realçado diante do aumento nos custos do milho e da soja. “Os custos dos grãos deverão se manter em níveis mais altos”, apontou o especialista lembrando que o Brasil tem um dos milhos mais baratos entre os produtores. “O Brasil tem custo médio de US$ 200 dólares por tonelada de ração. Nos Estados Unidos este valor é de US$ 228 e no México chega a US$ 252”, exemplificou destacando que, desde 2014, está produzindo dietas mais baratas e que “hoje, Brasil e Estados Unidos têm os mesmos níveis de energia nas rações”.
Uma oportunidade para reduzir ainda mais os custos no Brasil, em sua opinião, é aumentar os níveis de aminoácidos, como a lisina. No entanto, por ter mais músculos a cada ano, a ave precisa de aminoácidos. Por isso, destacou, geneticistas estão debruçados sobre a conversão alimentar. “A energia e a proteína (grãos e aminoácidos), que custam 85% da dieta, não devem voltar a patamares mais baratos. Por isso, é preciso focar nos 15% restantes, que incluem, em boa parte, o manejo dos animais. Se os frangos não têm enfermidades, estão em bom ambiente, é uma forma de economizar energia para síntese de tecidos”, defendeu.
Brandalize apontou que em aves mais jovens, a energia corporal é mais baixa. Depois, ela tende a aumentar, pois aumenta a deposição de gordura quando ele é mais velho e a gordura tem mais energia. A partir dos 25 dias, aproximadamente, ele responde melhor aos níveis de energia. Por isso, sustentou, é melhor investir em energia (grãos) quando o animal é mais velho, pois come mais e melhora a conversão alimentar. Frisou, no entanto, que há de se fazer avaliação nas dosagens, que estão cada vez menores.
“O cenário é desafiador e a tendência é formular dietas com níveis cada vez menores de energia. Estamos reduzindo energia e aumentando os aminoácidos a cada ano”, pontua.
Segundo Brandalize, o peito do frango tem em média 22% de proteína. “E o aminoácido mais importante é a lisina”, reforçou. Apresentou estudos recentes nos quais um aumento na formulação de lisina significou aumento nos custos, mas também maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e melhora do rendimento de carcaça.
Em outro experimento sobre aminoácidos conduzido nos Estados Unidos, destacou que o ganho de peso e a conversão alimentar foram maior com aumento de aminoácidos. “É uma grande oportunidade que temos aqui”, cravou. “Quando aumentamos aminoácidos, aumentamos o rendimento de peito”, ampliou. “Aumentando aminoácidos e reduzindo a energia é um tratamento mais econômico”, sugeriu Brandalize.
Promotores de crescimento
Usar ou não promotor de crescimento é uma decisão comercial, mas as primeiras empresas pensaram em agregar valor aos produtos. “Foi marketing”, pontuou. De acordo com ele, hoje 55% dos frangos são produzidos em sistema livre de antibióticos.
Para Brandalize, uma boa saúde intestinal da ave é fundamental para economizar o consumo de energia da dieta. “Porque os promotores de crescimento são importantes? Por que os sistemas gastam muita energia. A grande concentração do sistema imune está no intestino. Quando temos desafio, há gasto de energia. É importante proteger o intestino para prevenir gasto de energia”, aponta.
De acordo com ele, uma inflamação leva a ave a reduzir o consumo de alimento e, consequentemente, seu desempenho. “Antibióticos controlam as bactérias, agem como anti-inflamatórios”, reforçou. Para ele, sanidade, matéria-prima de qualidade, bom manejo e trabalho em equipe são estratégicos para melhorar a relação de custos em dieta.
Para encerrar a webinar, o palestrante Vitor Hugo Brandalize respondeu algumas das dezenas de perguntas que foram enviadas durante a transmissão. Outras perguntas foram respondidas posteriormente aos internautas.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2020 ou online.

Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



