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Especialista dá dicas sobre análise de dados na suinocultura

Ao analisar e interpretar as informações do sistema de produção é possível identificar padrões e tendências ao longo do tempo e tomar decisões estratégicas para otimizar a produção, maximizar a saúde, além de prever e prevenir possíveis surtos de doenças no rebanho.

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A produtividade na suinocultura pode ser afetada por diversos fatores relacionados à tríade epidemiológica, que avalia a causalidade e evita a disseminação de doenças infecciosas. Tais fatores incluem características dos patógenos, animais e ambiente, cuja interação pode variar ao longo do tempo e impactar a eficiência produtiva do plantel.

A boa notícia é que a coleta de dados sobre esses fatores é amplamente registrada nos sistemas de produção de suínos, embora muitas vezes estejam espalhadas por diferentes softwares e não são consolidadas. Ao analisar e interpretar essas informações, é possível identificar padrões e tendências ao longo do tempo e tomar decisões estratégicas para otimizar a produção, maximizar a saúde, além de prever e prevenir possíveis surtos de doenças no rebanho.

Assistente de pesquisa de doutorado Edison Magalhães, da Universidade Estadual de Iowa, EUA: “Fazer essas análises de dados são cruciais para melhorar a eficiência e rentabilidade da produção suína” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Durante o 17º Encontro Regional da Abraves/PR, realizado em março, em Toledo, PR, o assistente de pesquisa de doutorado Edison Magalhães, da Universidade Estadual de Iowa, Estados Unidos, destacou a importância da análise de informações na gestão da produção suína. Ele ressaltou que a integração de fluxos de dados é essencial para a aplicação de inferência causal e predição, permitindo a promoção da saúde suína e o gerenciamento de produção de precisão. “A análise de dados em tempo real possibilita a identificação do impacto de fatores ambientais na performance dos animais e o monitoramento de indicadores de desempenho, como taxa de mortalidade, ganho de peso médio e custo por quilo de carne produzida. Essas informações permitem que os produtores tomem decisões estratégicas para otimizar a produção, maximizar a lucratividade e garantir a qualidade do produto final”, salientou.

Magalhães compartilhou alguns resultados de pesquisas realizadas nos Estados Unidos, onde atua como pesquisador, a fim de destacar as vantagens e mostrar os resultados da automação na integração de dados. “Automatizar e criar um banco de dados não é um processo fácil e requer um certo tempo. No entanto, uma vez que esteja pronto, é possível rodar o modelo diariamente com facilidade para realizar análises do sistema de produção”, relata.

Para revelar os principais fatores de risco que afetam o desempenho dos suínos, identificar possíveis efeitos causais e prever a produtividade dos fluxos de suínos desmamados recentemente, Magalhães coletou informações sobre saúde, infraestrutura, diagnóstico, manejo e ambiente em todas as etapas do processo de produção de suínos, incluindo a reprodução, maternidade, desmame, creche, terminação e abate.

A coleta destes dados foi realizada em múltiplas unidades de produção durante um período de um ano e meio, resultando na criação de um banco de dados que permitiu a criação de uma tabela mestra. “Nosso objetivo é integrar dados utilizando a tecnologia que chamamos de ‘ficha criminal’ de cada lote abatido. Dessa forma, podemos analisar e entender o histórico de vida de cada animal. No sistema de produção, os animais podem vir de diferentes origens e passar por diversas fases, como creche, terminação e abate. É comum haver mistura de lotes e origens neste processo, o que depende da infraestrutura disponível nas granjas. A ideia é integrar informações sobre o diagnóstico, infraestrutura da creche e terminação da UPL em qualquer uma dessas fases, para que se possa criar uma tabela mestra com a ficha criminal de cada lote abatido dentro do sistema. Após automatizar todo esse processo, podemos analisar e integrar esses dados de forma mais eficiente”, explicou o pesquisador.

Após a criação da tabela mestra, diversas análises podem ser realizadas. Conforme Magalhães, a primeira consiste em avaliar a performance dos suínos nos lotes abatidos nos últimos dois anos, identificando os fatores que impactaram a produção. Em seguida, é possível realizar uma análise causal, que controla outros fatores e avalia o impacto dessas variáveis na mortalidade dos animais, semelhante a um estudo experimental retrospectivo.

Por fim, é possível realizar uma análise de predição da produtividade, utilizando dados de mortalidade na creche e as condições de alojamento nessa fase para prever o desempenho futuro dos suínos. “Fazer essas análises de dados são cruciais para melhorar a eficiência e rentabilidade da produção suína”, evidencia Magalhães.

Métodos e resultados

A pesquisa foi conduzida com amostras de 2.568 lotes de suínos que foram abatidos durante um período de um ano e meio, totalizando cerca de quatro milhões de animais. Para essa amostra, foram coletadas diversas informações, como parâmetros de produção de Unidade Produtora de Leitão (UPL) e Unidade Produtora de Suínos Desmamados (UPD) no desmame, o status sanitário da UPL/UPD no desmame, resultados positivos PCR para os grupos de creche e terminação, DxCode (que consiste na submissão de tecidos para diagnóstico em laboratório), fatores de fluxo e manejo de suínos, dados de encerramento de lotes de suínos em crescimento e informações sobre carcaça. “Quando começamos a analisar esses dados ficou evidente que a UPD tem um impacto enorme, pelo menos nas condições de Estados Unidos, na mortalidade na creche e na terminação”, enfatizou o pesquisador.

Utilizando algumas variáveis que incluíam informações sobre a ordem de partos dos grupos e a taxa de mortalidade ocorrida na creche e na terminação para identificar os fatores de risco, Magalhães aponta que o estudo mostrou que há uma correlação de 82,6% em relação à mortalidade dos grupos.

Com a base de dados sobre a taxa de parto dos leitões em um grupo desmamado de 2.568 animais, o grupo de trabalho de Magalhães dividiu em subgrupos e categorizou os resultados em quatro categorias que representam a média ou um intervalo a fim de facilitar a análise desses dados. Cada grupo possui 25% dos 2.568 leitões. “Observamos que a taxa de parição dos leitões nos grupos desmamados com melhor desempenho foi acima de 88%, enquanto nas outras categorias variou entre 88 e 84%. E nos grupos com pior desempenho, a média de quartil de mortalidade pré-desmame foi de 24,8% ou abaixo. No entanto, quando analisado a mortalidade nas duas fases (creche e desmamados) juntas, alguns grupos que tiveram uma taxa de parição menor apresentaram pior mortalidade em comparação aos outros grupos. Por outro lado, na variável de mortalidade na maternidade, os grupos que apresentaram média de mortalidade acima de 24,8% tiveram uma taxa de mortalidade na creche de 10,3%”, sintetizou.

Em relação à idade média de desmame, Magalhães expõe que no grupo que apresentou a média dos 25% mais baixos, foram analisadas as médias de idade ao desmame aos 15,3 dias, 16,7 dias, 17,8 dias e 20,1 dias. Dentro de cada categoria, os animais foram divididos em três status para Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS): 0 para negativo, 1 para endêmico e 2 para epidêmico. “Observamos que quando a idade ao desmame é baixa e o grupo é classificado como categoria 2, ou seja, apresenta PRRS, há uma tendência de pior mortalidade de creche e na terminação. Por outro lado, quando aumentamos a idade ao desmame nessa população, a mortalidade tende a diminuir. Por sua vez, grupos que foram infectados com PRRS e desmamados em idades mais avançadas apresentaram a pior mortalidade em comparação aos outros dois grupos. No entanto, quando comparado com um animal recém-desmamado e infectado com PRRS esse é o pior cenário. Quando há um surto, aumentar a idade ao desmame para 25 ou 26 dias pode reduzir o impacto negativo no futuro. Essa tendência pôde ser observada na prática”, avalia.

Análise causal

Magalhães ressalta que é importante tomar cuidado ao analisar dados, principalmente evitando a comparação de médias sem uma análise mais detalhada. Por exemplo, ao comparar a mortalidade de um grupo com e sem influenza é necessário considerar outros fatores, como a presença de PRRS. “Quando quebramos essa informação por PRRS, percebemos que a mortalidade somente com influenza é de 9%, enquanto com PRRS é de 12,3%. Portanto, se tomarmos decisões com base apenas em um dado, podemos subestimar ou superestimar o impacto de determinado fator”, salienta, ampliando: “Isso pode ter consequências financeiras, como quando se decide implementar um protocolo específico para lidar com um problema, mas na verdade o efeito observado foi amplificado por outro fator. Neste caso a presença de PRRS teve um papel importante na mortalidade e não apenas a influenza. É fundamental considerar todos os fatores relevantes ao analisar os dados para tomar decisões embasadas e assertivas”.

Fica a dica

  • Plataforma de dados totalmente automatizada do sistema permite fazer a análise holística através da tabela mestra automatizada
  • Identificar e classificar os drivers de desempenho
  • Fazer a previsão da produtividade de suínos
  • Mensurar o índice de qualidade do desmame
  • Medir o impacto econômico de doenças e intervenções
  • Atualização constante do sistema de análise de dados

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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