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Especialista dá dicas para controle da Salmonella na propriedade

É imprescindível se defender contra a Salmonella por, principalmente, quatro fatores: legislação, saúde humana, mercado consumidor e saúde das aves

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O Brasil goza de excelente status sanitário, mas um problema sempre presente e que merece total atenção do avicultor é a proliferação da Salmonella. Apesar de todos os cuidados que o produtor toma na propriedade e todas as situações para contenção da doença nos aviários brasileiros com uma indústria altamente especializada e as novas regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os casos ainda são recorrentes no Brasil. Algumas técnicas que estão dando bons resultados foram compartilhadas pelo médico veterinário Marcos Dai Prá, que falou sobre o tema durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu em abril, em Chapecó, SC.

O profissional destaca que é imprescindível se defender contra a Salmonella por, principalmente, quatro fatores: legislação, saúde humana, mercado consumidor e saúde das aves. “É um problema complexo. São vários itens que fazem com que a Salmonella entre na produção avícola e se mantenha dentro dela”, diz. Para ele, não somente a cama do aviário, como antes era pensado, é o fator determinante para contaminação da Salmonella, mas também outros itens merecem atenção para evitar a transmissão da doença na propriedade. “A cama é somente um dos itens. Não adianta trabalhar somente na cama. Tentar resolver este problema sem se preocupar com o que existe no aviário é um tiro no pé”, alerta. Dai Prá afirma que a cama do aviário é apenas um local em que a Salmonella pode estar presente, e é muito fácil de resolver.

O médico veterinário comenta que o avicultor precisa se preocupar também com o que está em torno. “É preciso que o produtor tenha foco, ele deve mirar naquilo que tem que fazer na propriedade para controlar a enfermidade. Ele deve ter ainda paciência, porque normalmente toda a propriedade está contaminada, de nada adianta resolver o problema só no aviário. É preciso que o produtor tenha paciência para fazer um trabalho a longo prazo. E, principalmente, ter persistência naquilo que está fazendo”, destaca. Para ele, foco, paciência e persistência são três pontos fundamentais para o produtor que está tratando da questão Salmonella na propriedade. “É importante que quando o avicultor trabalha com alguns procedimentos, não desista no primeiro lote”, complementa Dai Prá.

Agilidade no diagnóstico é determinante, cita o profissional. O médico veterinário afirma que a diferença entre as duas metodologias de diagnóstico é o custo. “A ISO 6579 é mais cara do que a Portaria 126, mas também é a mais rápida. O produtor tem resultado para os lotes negativos um dia antes da Portaria 126. Assim, ganhamos em tempo. Mas, o custo para a realização dela é mais alto”, comenta. Ele explica que a Portaria 126 trabalha com fenótipo e a ISO  6579 faz um trabalho com o DNA, dando também um diagnóstico mais preciso.

O especialista alerta que é preciso que o profissional que for analisar o aviário tem que querer encontrar a Salmonella lá dentro. “Essa é a grande sacada”, afirma. Dai Prá comenta que normalmente é trabalhado nas laterais do aviário, mas é preciso fazer um mapeamento de toda a instalação. “A realização do propé tem que ser feita nas duas laterais do aviário”, informa. De acordo com Dai Prá, em um estudo foi observado que na primeira semana de vida é onde a ave se contamina. Quando chega à fase final, de 35 a 42 dias, foi observado que a positividade do lote diminui, segundo o estudo. “O propé é mais efetivo no final da vida do lote. Neste período há a maior segurança em fazer a análise e informar se o lote é positivo ou não”, diz. Ele ainda informa que a partir deste trabalho de pesquisa foi possível notar que a fase mais importante para a detecção da doença é dos 14 aos 28 dias. “Como o propé é uma análise indireta, essa é a fase de maior incidência da Salmonella”, diz.

Mais Comum

Outro dado apresentado por Dai Prá é a incidência dos sorotipos de Salmonella em cada região do país. De acordo com ele, foi observado que a Salmonella Heidelberg é mais restrita aos estados do Paraná e Santa Catarina. Já no Centro-Oeste do país a mais encontrada é a Minnesota. “No Paraná existem áreas ainda que são encontrados os dois tipos”, conta. Ele afirma que estes dois tipos de Salmonella tomaram conta de tal forma no país que as demais desapareceram.

O médico veterinário informa que estes dois tipos são mais difíceis de ser combatidos pelas características delas, já que sobrevivem mais tempo na propriedade e no abatedouro, tornando o controle mais difícil. O especialista diz que foi realizado um estudo tentando avaliar a resistência das variantes de Salmonella pelo pH. “A Heidelberg com um pH entre 6 e 10 não sofre nada. Ela somente começa a sofrer algum dano a partir do pH 5 ou acima do pH 11, indo para o 12”, diz. Já Salmonella Minnesota, cita, é mais resistente ao pH ácido e menos resistente ao pH alcalino. “São informações interessantes para os recursos que utilizamos no controle da doença”, comenta.

A Cama e os Intervalos Sanitários

Dai Prá diz ainda que atualmente o intervalo sanitário é a fase em que é preciso dar maior atenção à propriedade. “É preciso ter a presença do extensionista e do sanitarista na propriedade nesta fase para coordenar os trabalhos, porque se não, fatalmente vamos ter um lote positivo para Salmonella novamente”, alerta. O profissional aconselha que é preciso desenvolver corretamente os procedimentos recomendados e fazer com que tenha efeito, além de ter equipamentos adequados para desenvolvimento do trabalho. “É preciso respeitar o tempo suficiente para realizar todo o procedimento na troca de um lote para outro. De nada adianta encurtar o vazio sanitário, que isso fatalmente vai fazer com que a Salmonella permaneça na propriedade”, avisa.

Ainda conforme Dai Prá, geralmente os avicultores utilizam a mesma cama de aviário para até dez lotes. Ele informa que a primeira cama tem uma incidência maior do que as outras. A partir do segundo lote, o produtor trabalha com alcalinização e a partir do quarto lote realiza a retirada parcial da cama. “Conseguimos trabalhar com a cama espessa para não ter problemas com calo de pé e peito, mas para a questão da Salmonella, a espessura da cama é importante, ela deve ser de 12 centímetros; acima disso já complica”, diz.

O profissional recomenda a cada quatro lotes fazer a retirada parcial de 30% da cama, mas sempre trabalhando com a alcalinização. “Esse esquema deve ser feito para granjas negativas”, acrescenta. Ele reforça a necessidade de mais atenção nas primeiras camas.

Tratamento

Existem dois modelos de procedimentos que podem ser feitos no intervalo de uma cama para outra, conta Dai Prá. “Quando o lote sai negativo, pode ser feito o tratamento simples. São três modelos perfeitos para aplicação: alcalinização, enlonamento ou fermentação”, diz. Ele explica que o enlonamento e a fermentação têm diferença, já que quando se fala em enlonamento da cama, não ocorre a fermentação, já que não há temperatura para isso. “O máximo que consegue alcançar são os 45° Celsius e esse temperatura não elimina a Salmonella. O enlonamento controla a doença por outros fatores, mas não pela temperatura”, explica. Já a fermentação sim chega a uma temperatura de 60-65° C, eliminando a bactéria pelo calor.

O profissional conta que em lotes positivos, geralmente são feitos tratamentos duplos. “É feita a utilização de dois tratamentos complementares. Normalmente utiliza a alcalinização como segundo tratamento e o enlonamento ou fermentação como primeiro”, conta. Dai Prá esclarece que para realizar o tratamento da cama é preciso levar em consideração informações como pH e temperatura para buscar dentro dos tratamentos aquele que melhor se encaixa nos parâmetros da propriedade. “A tipificação de qual tipo de Salmonella há na propriedade também vai definir qual tratamento será realizado”, aponta.

Para Salmonella Heidelberg e Minnesota é feito um tratamento duplo com alongamento de intervalo para, no mínimo, 30 dias. “Ter esse tempo para fazer um trabalho de controle da Salmonella é importante”, esclarece. Com outros tipos da doença um tratamento duplo com alongamento de 20 dias é o suficiente. Já em lotes negativos, o tratamento pode ser simples com intervalo normal de 12 dias. “Obedecendo estes três modelos de intervalo conseguimos fazer um trabalho eficiente dentro das propriedades”, afirma Dai Prá.

Cascudinho

Outra recomendação dada pelo especialista é que é importante primeiro o produtor controlar o cascudinho. De acordo com ele, este é um problema sério existente nas propriedades e que grande parte do inseto está contaminada com Salmonella. “Se não controlar, vai continuar infectando lote após lote”, afirma. Além disso, ele recomenda que o produtor faça a limpeza do aviário a seco, sem a utilização de água na troca de lote quando utilizar a mesma cama.

O médico veterinário afirma que é preciso trabalhar preventivamente, para evitar que a bactéria continue circulante nos aviários. Ele ainda reitera que são três regras que devem ser seguidas para realizar a prevenção: garantir os procedimentos de intervalo do lote, respeitar a área de biossegurança e ter a barreira sanitária. “É importante também existir a parceria entre agroindústria, órgãos oficiais e produtor rural, para resolver este problema. É preciso trocar informações sobre o que está acontecendo para realizar o melhor trabalho possível”, enfatiza.

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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