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Especialista cita práticas fundamentais para a suinocultura dos próximos anos

O cuidado com o conforto, a saúde e o comportamento natural dos suínos atende não apenas às crescentes demandas éticas e regulatórias, como também resulta em benefícios econômicos vantajosos para a cadeia de produção.

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Foto: Shutterstock

Para impulsionar a competitividade e a sustentabilidade na suinocultura brasileira, a promoção do bem-estar animal se torna cada vez mais essencial. O cuidado com o conforto, a saúde e o comportamento natural dos suínos atende não apenas às crescentes demandas éticas e regulatórias, como também resulta em benefícios econômicos vantajosos para a cadeia de produção. “Produtores que investem em práticas de manejo humanitárias observam melhorias na qualidade da carne, na eficiência produtiva e na redução de custos com tratamentos veterinários. Além disso, o bem-estar animal fortalece a imagem do agronegócio brasileiro no mercado internacional, em que consumidores estão cada vez mais exigentes quanto às práticas sustentáveis e responsáveis de produção”, ressaltou a médica-veterinária, mestre em Ciências dos Alimentos, doutora em Medicina Veterinária em Inspeção de Produtos de Origem Animal e diretora técnica da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Charli Ludtke, durante o Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.

De acordo com ela, a busca por melhores práticas na suinocultura brasileira enfrenta uma série de desafios complexos e interconectados. Entre eles a especialista destaca a necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, um fator crítico para mitigar as mudanças climáticas e promover uma produção com práticas mais responsáveis e eficientes; além de fazer a gestão dos resíduos gerados nas propriedades suinícolas. “Isso inclui o tratamento de dejetos líquidos, a destinação adequada de animais mortos, tratamento de efluentes e a transformação dos resíduos em produtos úteis, como biogás e fertilizantes orgânicos”, apontou, enfatizando: “A implementação de sistemas eficientes de gestão de resíduos é importante para minimizar o impacto ambiental e melhorar a sustentabilidade das operações. No entanto, implica custos que devem ser considerados e gerenciados pelos produtores”.

O terceiro fator está relacionado a gestão eficiente da água, a conservação do solo e a utilização responsável de antibióticos, medidas  que visam garantir a sustentabilidade da atividade a longo prazo. “A redução do uso de antibióticos, em particular, é essencial para prevenir a resistência antimicrobiana e proteger a saúde pública”, reforça.

Além disso, um manejo nutricional, sanitário e de bem-estar adequado é indispensável para uma produção de suínos cada vez mais sustentável. “O melhoramento genético, que visa a precocidade e a melhor absorção dos nutrientes pelos animais, contribui para uma produção mais eficiente e menos poluente. O balanceamento das formulações de rações, com o objetivo de reduzir a excreção de nitrogênio, também é uma estratégia importante para diminuir a contaminação ambiental”, afirmou.

O quinto fator diz respeito a educação e capacitação contínua de todos os envolvidos na cadeia produtiva. De acordo com a médica-veterinária, investir em treinamento e atualização constante garante que as práticas sustentáveis sejam adotadas de maneira eficaz, contribuindo para a melhoria contínua da produção e para a competitividade do setor no mercado global.

Contudo, a adoção de boas práticas também depende de políticas públicas e regulamentações que incentivem e norteiem a produção sustentável. “As políticas precisam ser claras e oferecer suporte aos produtores, seja por meio de subsídios, incentivos fiscais ou programas de financiamento específicos. A conformidade com essas regulamentações pode gerar custos adicionais, mas também traz benefícios a longo prazo, como acesso a mercados mais exigentes e valorização do produto”, considera.

Aplicar práticas que promovam a saúde única, integrando a saúde de pessoas, animais, plantas e do ambiente, é essencial para atender às exigências de mercados globais. “A suinocultura brasileira se destaca por seu sistema sanitário robusto, com fiscalização rigorosa e confiável, o que é um diferencial competitivo no cenário internacional”, assegura Charli.

Transparência no mercado

Em um mundo cada vez mais globalizado, a diretora técnica da ABCS enaltece que a transparência dos processos produtivos é uma exigência crescente dos consumidores e dos mercados internacionais. “A implementação de sistemas de rastreabilidade e certificações de qualidade são investimentos necessários para garantir essa transparência e construir a confiança dos consumidores”, sustenta, acrescentando: “Não basta apenas produzir de forma ética e responsável, é preciso mostrar isso de maneira clara e acessível”.

A doutora em Medicina Veterinária em Inspeção de Produtos de Origem Animal diz que os custos de implementação das boas práticas na suinocultura são variados e abrangem desde a capacitação de profissionais até investimentos em infraestrutura e conformidade regulatória. Contudo, esses investimentos são necessários para manter a competitividade do setor e garantir a sustentabilidade da produção. “O desafio da suinocultura é demonstrar que seus sistemas de produção são sustentáveis, garantindo biosseguridade, bem-estar animal e transparência. O setor deve ir além das boas práticas agropecuárias e compartilhar responsabilidades para construir um futuro mais sustentável e ético. O papel do produtor é, portanto, central na promoção da sustentabilidade e na melhoria contínua das práticas de bem-estar animal”, salienta Charli.

No entanto, a especialista afirma que o grande desafio da suinocultura é desenvolver sistemas de produção que sejam comprovadamente sustentáveis. Isso inclui garantir a biosseguridade (saúde do rebanho e segurança do alimento), promover o bem-estar animal, e operar dentro de um sistema de fiscalização sanitária confiável e transparente. “O Brasil possui um sistema sanitário robusto. Poucos países têm um sistema de fiscalização tão estruturado como do nosso país, com entidades nacionais e estaduais de fiscalização”, destaca Charli, ressaltando: “A sustentabilidade na suinocultura vai além de práticas isoladas. É necessário compartilhar responsabilidades entre todos os elos da cadeia produtiva. Isso inclui produtores, reguladores, distribuidores e consumidores, todos trabalhando juntos para criar um sistema de produção mais sustentável e transparente”.

Exigências

A suinocultura no Brasil tem avançado de forma significativa em termos de bem-estar animal, estando alinhada com os padrões internacionais estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA). Conforme Charli, a legislação brasileira converge com as diretrizes de bem-estar animal da OMSA, especialmente em relação ao abate humanitário e às práticas nas granjas e no transporte terrestre dos animais. “O Brasil está muito bem posicionado no que diz respeito ao bem-estar animal. Conseguimos alinhar nossas legislações com as diretrizes da OMSA, estabelecendo parâmetros rigorosos para o abate humanitário e as condições nas granjas”, garante Charli.

No Brasil, três legislações estruturam a atividade  suinícola, assegurando a qualidade de vida dos animais e a conformidade com os padrões internacionais de bem-estar animal. A Portaria 365 estabelece normas para o abate humanitário, garantindo que os procedimentos sejam realizados de maneira a minimizar o sofrimento dos animais. A Instrução Normativa 113 define as práticas de bem-estar nas granjas, abrangendo aspectos como instalações, comportamentos dos suínos, saúde dos animais, práticas de manejo e procedimentos dolorosos, assegurando um ambiente adequado e saudável para os suínos. A Resolução 1.236 especifica o que é considerado maus-tratos aos animais, proporcionando um marco legal para a proteção dos suínos contra práticas abusivas. “Estas legislações fornecem uma base sólida para o setor, mas o desafio agora é integrar o conceito de saúde única, que abrange bem-estar animal, boas práticas agropecuárias, biosseguridade, uso preventivo de vacinas, saúde intestinal e uso prudente de antibióticos”, aponta a profissional. “Para reduzir e racionalizar o uso de antibióticos na suinocultura, precisamos de uma abordagem integrada que melhore a biosseguridade, alimentação animal, meio ambiente e sustentabilidade, implementando e monitorando programas preventivos nas granjas,” complementa Charli.

Prazos de adequação das granjas

A Instrução Normativa 113 estabelece prazos para que as granjas se adequem às novas exigências. Até dezembro de 2021, os produtores tiverem que ajustar a densidade por categorias, incluindo marrãs em pré-cobertura, cachaços adultos em baias, leitões de creche até 30kg e acima de 30kg. “Os produtores precisam ajustar suas instalações, como embarcadouros com inclinação máxima de 25 graus, e realizar a castração cirúrgica com analgesia e anestesia até janeiro de 2030. Além disso, é necessário desenvolver planos de contingência para situações de falta de ração, água ou energia elétrica, bem como treinamentos bienais das equipes, cujas informações devem ser arquivadas por um ano”, detalha Charli.

E ainda, a cadeia produtiva tem até fevereiro de 2031 para adequar o alojamento coletivo de marrãs gestantes, matrizes gestantes ou vazias, e suínos de terminação; e até janeiro de 2045 deve realizar a transição para o alojamento coletivo de matrizes gestantes, eliminar as gaiolas individuais para cachaços e adequar as instalações com pisos compactos e ripados.

Inspeção diária

Charli enfatiza a importância da inspeção diária nas granjas para identificar lesões que possam se agravar, minimizar a necessidade de eutanásia, melhorar os tratamentos e assegurar o bem-estar dos animais. “É nossa responsabilidade garantir sistemas de produção de alimentos cada vez mais sustentáveis”, reforça.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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ABCS celebra 69 anos de união e conquistas ao lado de suas associações filiadas

Evento intimista em São Paulo, exclusivo para presidentes e gestores do sistema ABCS, as lideranças do setor suinícola discutiram mercado, compartilharam experiências e reforçaram o compromisso com o fortalecimento da suinocultura brasileira.

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Foto: Divulgação/ABCS

A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) celebrou, em São Paulo, os 69 anos de atuação em prol da suinocultura brasileira, ao lado de suas 16 associações filiadas. O evento, realizado na última quarta-feira (6), reuniu representantes e lideranças do setor em um momento de celebração e reflexão sobre os avanços conquistados e os desafios futuros.

Na abertura, Marcelo Lopes, presidente da ABCS, destacou a união e o trabalho conjunto que têm marcado a história da entidade. Ele compartilhou um panorama das realizações da ABCS em 2024 e ressaltou a importância do apoio das associações filiadas para o fortalecimento do setor. Marcelo também agradeceu as associações, dizendo: “Este é um momento especial para a ABCS. Estamos aqui para celebrar não só nossos 69 anos de história, mas também para reforçar o compromisso que temos com os suinocultores brasileiros e com cada associação afiliada, é muito importante que caminhemos juntos. Obrigado a todos por serem parte dessa jornada.”

O evento também trouxe contribuições de profissionais e especialistas do setor. Marcelo Mauro, diretor executivo da Swift, varejo que recentemente lançou uma campanha de marketing junto a ABCS para promover a carne suína, falou sobre a iniciativa de incentivo que resultou em um crescimento de 60% nas vendas. Já Lívia Machado, diretora de marketing e projetos da ABCS, expressou o orgulho que sente ao levar a competência dos produtores de suínos do Brasil para o mundo, traduzindo esse trabalho em resultados concretos para o setor.

Felippe Serigati, economista e palestrante, abordou o cenário macroeconômico internacional e suas influências no agronegócio brasileiro, apresentando dados sobre a inflação dos alimentos e os impactos no mercado atual. Complementando essa visão, Iuri Pinheiro Machado, consultor de mercado da ABCS, trouxe uma análise detalhada do mercado de carnes e perspectivas para o próximo ano.

Em um momento de destaque para as lideranças estaduais, presidentes de associações filiadas compartilharam suas visões e reconhecimentos pelo trabalho da ABCS:

Josemar Medeiros, presidente da DFSUIN, elogiou o impacto das ações da ABCS no aumento do consumo de carne suína. José Evairton Andrade, presidente da ASS destacou a importância do apoio da ABCS para o avanço da suinocultura em Sergipe. Frederico Tannure, presidente da Acrismat, mencionou o papel do Sistema ABCS na representação nacional dos interesses da suinocultura.

João Jorge Reis, presidente da ASCE celebrou o trabalho contra a Peste Suína Clássica, essencial para a suinocultura do Ceará. João Leite, presidente da ASEMG, reforçou o papel da ABCS na defesa dos interesses nacionais do setor. Valdecir Folador, presidente da ACSURS, falou sobre a importância do setor político em representar a cadeia produtiva de suínos.

Losivanio Lorenzi, presidente da ACCS, destacou a necessidade de união para o crescimento contínuo da suinocultura. Jacir Dariva, presidente da APS, celebrou o bom momento vivido pela suinocultura brasileira. Renato Spera, presidente eleito da Asumas, ressaltou a evolução do setor com novas práticas produtivas. E Marco Mosquini, presidente da ASES, compartilhou sua trajetória e aprendizados na liderança da suinocultura.

Para encerrar a celebração, o psicólogo e palestrante motivacional Jairo Martiniano falou sobre a importância da gratidão e da valorização da jornada, inspirando os presentes a refletirem sobre suas conquistas e desafios.

A ABCS foi fundada em 13 de novembro de 1955, em Estrela (RS), com a missão de melhorar o rebanho de suínos no Brasil. Hoje, a ABCS representa mais de 95% da produção tecnificada de suínos no Brasil, congregando 13 associações estaduais e três regionais.O evento marcou não só um momento de celebração, mas também de planejamento e fortalecimento da suinocultura brasileira, reiterando o compromisso da ABCS com seus associados e com o desenvolvimento do setor.

Assembleia Extraordinária 

No dia 7 de novembro, foi realizada uma assembleia extraordinária, onde os residentes das associações afiliadas se reuniram para discutir assuntos internos e as ações futuras para o sistema, reforçando o engajamento das lideranças na construção do futuro da suinocultura nacional.

Fonte: Assessoria ABCS
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Uso de minerais para potencializar o desempenho de leitoas

Minerais quelatados demonstram ser mais biodisponíveis, evitando antagonismos e oferecendo vantagens em relação a outras fontes de minerais.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Artigo escrito por Débora Reolon, DVM Ph.D. e gerente Sênior de Serviços Técnicos na Novus

As leitoas, ou marrãs, representam o potencial de futuro da suinocultura e, em geral, constituem a maior porcentagem da população do rebanho reprodutor em relação a outras paridades. As leitegadas de leitoas têm o maior custo de leitões desmamados, tornando imperativa a retenção além do primeiro parto. O desenvolvimento, o manejo e a seleção de leitoas de reposição são de grande relevância para a longevidade das matrizes, a produtividade ao longo da vida e o retorno por matriz inventariada.

A taxa média de reposição de matrizes a nível mundial é superior a 50%. Isso se deve principalmente à falha de retorno ao estro pelas matrizes no pós-parto, ao mau desempenho reprodutivo, às más condições de saúde do sistema locomotor, à mortalidade/eutanásia e ao anseio de acelerar o progresso genético através da introdução de leitoas.

Com maior sensibilidade ao manejo nutricional, as leitoas com genótipo de fêmeas hiperprolíficas tendem a ter um maior potencial de crescimento magro, mas com menor taxa de consumo alimentar. Nesse caso, uma das alternativas seria reduzir a velocidade de crescimento e a deposição de proteínas e armazenar mais minerais e gordura, para sua posterior utilização na lactação, período em que o equilíbrio entre a ingestão e as necessidades não seria adequado.

A substituição dos minerais inorgânicos tradicionais por uma forma altamente biodisponível de minerais biquelatados pode ajudar matrizes hiperprolíficas a manter um peso corporal consistente (constante). Juntamente com o suporte às matrizes, estudos demonstram que a alimentação com minerais orgânicos biquelatados também pode aumentar a longevidade até a terceira paridade e resultar em uma redução de 7% na mortalidade das matrizes.

Vários estudos resumindo um conjunto de dados de mais de 200.000 partos, em que as matrizes foram alimentadas com minerais orgânicos biquelatados altamente biodisponíveis, revelaram alguns dados importantes (Tabela 1):

  • Maior número de matrizes retiras até o terceiro parto;
  • Taxa de mortalidade 7% menor nas matrizes;
  • Redução na taxa de mortalidade de leitões em mais de 1%
  • Aumento significativo no número de leitões desmamados por matriz ao longo da vida
  • Nascimento de 3 leitões desmamados a mais por matriz ao longo da vida

Os minerais quelatados demonstram ser mais biodisponíveis, evitando antagonismos e oferecendo vantagens em relação a outras fontes de minerais. Comparativamente, os minerais biquelatados teriam mais efetividade na absorção visto que são protegidos por duas moléculas de HMTBa (metionina hidroxianálogo) através de ligações químicas mais fortes. Essa estrutura resulta em uma carga neutra, reduzindo as reações de minerais com outros componentes da dieta – o que, por sua vez, otimiza a absorção mineral, melhorando os resultados relacionados com a longevidade, a produtividade e integridade estrutural em leitoas.

Suporte à integridade estrutural

Uma das principais razões para a baixa produtividade em leitoas e matrizes é a claudicação. A claudicação clínica é responsável por reduzir a taxa de nascimentos da fêmea em até 1,5 partos e também por diminuir significativamente o número de leitões nascidos.

Elementos como Zn, Cu e Mn são essenciais para o desenvolvimento estrutural. Uma pesquisa conduzida em 2023 indica que a fonte de minerais afeta o desenvolvimento do tecido ósseo, a síntese de cartilagem e a relação síntese: degradação de cartilagem de uma maneira diferente. A forma quelatada de metionina hidroxianálogo de Zn, Cu e Mn promoveu uma melhora nessas medidas de desenvolvimento estrutural em um grau maior do que os minerais fornecidos na forma inorgânica ou como glicinato ou complexo de aminoácidos. A melhoria no desenvolvimento estrutural deve resultar em uma leitoa mais resiliente aos desafios estruturais. Isso resulta em uma menor taxa de remoção por fatores estruturais e também em uma maior produtividade e utilização da leitoa no rebanho. A pesquisa é capaz de demonstrar a eficiência do uso de minerais orgânicos na redução da taxa de remoção relativa por problemas locomotores. Estudiosos observaram que fêmeas alimentadas com minerais biquelatos versus grupo-controle tiveram uma taxa de remoção 34% menor. Além disso, as leitoas apresentaram escores (pontuações) mais altos de marcha e concentrações plasmáticas mais elevadas de osteocalcina (um importante biomarcador da síntese óssea), bem como menores taxas de mortalidade e remoção global (Gráfico 1).

Desenvolvimento de Leitoas e Produtividade de Matrizes

Estudos podem demonstrar o impacto positivo exercido pela suplementação mineral adequada sobre a produtividade de leitoas. Pesquisadores demonstraram que leitoas alimentadas com minerais biquelatados podem alcançar maior longevidade. Elas também apresentam uma melhoria na taxa de nascimentos de 1,4 pontos percentuais, uma redução no intervalo entre o desmame e o cio em 0,8 dias e uma taxa de repetição menor 2,2%.

Outros estudos demonstraram um efeito positivo da alimentação com minerais Zn, Cu e Mn durante o desenvolvimento em leitoas que chegam ao primeiro parto. Nesse caso, um total de 10.725 leitoas tratadas com estes minerais em substituição a 50% dos minerais inorgânicos apresentaram uma redução significativa na taxa de remoção desde a primeira cobertura ao nascimento. Além disso, a taxa de remoção por problemas locomotores foi menor, e esses resultados também foram observados nos partos subsequentes (Tabela 2).

Impacto dos Minerais na Epigenética

Além disso, a adição de minerais orgânicos biquelatados às dietas na fase de creche em ensaios de pesquisas promoveu significativamente o crescimento dos leitões, melhorando o ganho de peso corporal e a relação consumo de ração: ganho de peso. Isso pode ser o resultado de vias epigenéticas que modificam o potencial de crescimento dos leitões.

A epigenética é o estudo de mudanças fenotípicas hereditárias que não envolvem alterações no DNA. A epigenética prepara de maneira eficaz a progênie (descendência) para o seu ambiente, alterando a frequência de expressão do DNA e a frequência com que determinadas sequências de DNA são expostas à cópia.

Um estudo realizado na Universidade do Estado da Carolina do Norte descobriu que a substituição de minerais inorgânicos por minerais orgânicos biquelatados nas dietas de matrizes resultou em uma redução de marcadores inflamatórios em seus leitões. O marcador inflamatório Nf-KB (fator nuclear kappa-B) foi reduzido, resultando em menos cascatas inflamatórias que poderiam prejudicar a saúde geral dos leitões e sua resposta ao estresse, especialmente no trato gastrintestinal ao desmame.

Os leitões de matrizes que foram alimentadas com minerais mais biodisponíveis também apresentaram maior acetilação de histonas, o que permitiu a proliferação de células musculares. Adicionalmente, os leitões exibiram menos fatores responsáveis pela diminuição na formação do tecido muscular esquelético; portanto, as fibras musculares crescem a uma taxa mais próxima do máximo potencial genético do animal.

A adição de minerais orgânicos biquelatados altamente biodisponíveis às dietas de leitoas pode melhorar o desenvolvimento e a consistência desses animais quando se tornam matrizes, resultando em maior produtividade, maior retenção de matrizes para mais gestações, maior número de leitões desmamados por tempo de vida, maior desempenho dos leitões após o desmame, e maior rentabilidade.

Conclusão

A alimentação de leitoas com minerais orgânicos biquelatados biodisponíveis pode melhorar significativamente seu desempenho ao longo da vida, reduzir a taxa de remoção e melhorar a retenção das fêmeas no plantel reduzindo significativamente o custo de produção.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: manara.grigoletti@novusInt.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente com Débora Reolon
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Filipinas assume primeiro lugar nas exportações de carne suína do Brasil em 2024

Setor registra recorde mensal em receita dos embarques; embarques mensais crescem 40,7% e registram segundo melhor desempenho histórico.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

As exportações de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 130,9 mil toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número é o segundo melhor saldo mensal da história do setor, e supera em 40,7% as exportações registradas no mesmo período do ano passado, com 93 mil toneladas.

Em receita, o saldo é recorde: total de US$ 313,3 milhões em outubro, superando em 56,4% o total realizado no décimo mês do ano passado, com US$ 200,3 milhões.

No ano (janeiro a outubro), as exportações de carne suína acumulam alta de 10,7% em volumes, alcançando 1,121 milhão de toneladas exportadas nos dez primeiros meses de 2024, contra 1,013 milhão de toneladas no mesmo período do ano anterior.

A receita de exportações em 2024 também é positiva, com alta de 5,2%, com total de US$ 2,482 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, contra US$ 2,361 bilhões no mesmo período do ano passado.

No levantamento por destino, as Filipinas assumiram, pela primeira vez, o primeiro lugar nas exportações de carne suína do Brasil no acumulado do ano, com total de 206 mil toneladas exportadas entre janeiro e outubro de 2024, saldo 103,3% maior em relação ao mesmo período do ano anterior. Em seguida estão China, com 199,9 mil toneladas (-40,6%), Chile, com 92,5 mil toneladas (+33,9%), Hong Kong, com 89,4 mil toneladas (-11,8%) e Japão, com 75,8 mil toneladas (+137,2%).

“Após anos como principal destino das exportações de carne suína do Brasil, a China cedeu lugar para as Filipinas, em um momento em que vemos o setor ampliar significativamente a capilaridade de suas exportações. No mês de outubro, dos 10 primeiros importadores, apenas dois não registraram crescimentos expressivos, o que coloca a suinocultura exportadora do Brasil em um novo quadro, com maior sustentabilidade comercial”, analisa o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Santa Catarina segue como principal exportador de carne suína do Brasil, com 68,6 mil toneladas exportadas em outubro, saldo 45,7% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Em seguida estão Rio Grande do Sul, com 27,6 mil toneladas (+25,6%), Paraná, com 20,6 mil toneladas (+44,5%), Mato Grosso, com 3 mil toneladas (-19,2%) e Mato Grosso do Sul, com 2,9 mil toneladas (+54,6%).

Fonte: Assessoria ABPA
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