Avicultura
Especialista chama atenção ao risco da concentração de mercados
O Brasil se destaca como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, frequentemente figurando entre os principais líderes mundiais em diversas commodities agrícolas.

Com uma vasta extensão territorial, grande diversidade de climas e solos, aliada à abundância de recursos naturais, o Brasil oferece condições ideais para a produção agrícola em larga escala. Além disso, o país tem investido em pesquisa e tecnologia agrícola, resultando no desenvolvimento de variedades de culturas mais produtivas e resistentes, bem como na adoção de técnicas avançadas de produção. Com um mercado interno robusto e competitividade nos mercados globais, o Brasil se destaca como líder na produção e exportação de commodities agrícolas, contribuindo para a segurança alimentar mundial e impulsionando o crescimento econômico do país.
Diante deste contexto, a analista de Mercado Pecuário com ênfase nos mercados de suínos, aves e ovos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Juliana Ferraz, ressaltou a relevância do setor agropecuário no desempenho econômico do Brasil ao abrir o Painel sobre Economia/Meio Ambiente/Sustentabilidade da 4ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos (Conbrasul), realizada de 18 a 20 de junho, em Gramado, RS. “Apesar de o Brasil não possuir uma influência significativa do ponto de vista geopolítico, quando o assunto é segurança alimentar, os olhos do mundo se voltam para o país”, afirmou.

Analista de Mercado Pecuário com ênfase nos mercados de suínos, aves e ovos do Cepea, Juliana Ferraz – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
De fato, o Brasil se destaca como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, frequentemente figurando entre os principais líderes mundiais em diversas commodities agrícolas. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país detém 72% da produção global de suco de laranja, 14% da produção de carne de frango, 42% da produção de soja, 18% da produção de carne bovina, 11% da produção de milho e 4% da produção de carne suína. “Esses números impressionantes colocam o Brasil como líder na exportação mundial de suco de laranja, carne de frango e carne bovina, além de segundo maior exportador de milho e o quarto maior exportador de carne suína”, exalta Juliana.
Um dado ainda mais impressionante, segundo a especialista, é que cerca de um terço de toda a carne de frango transacionada no mundo tem origem no Brasil. “Isso demonstra a força e a competitividade da indústria avícola brasileira, que se tornou uma das mais relevantes do mundo”, ressalta a especialista.
No entanto, Juliana afirma que é essencial que o país mantenha um olhar atento à sustentabilidade e ao meio ambiente. “O crescimento do setor agropecuário deve ser acompanhado de práticas responsáveis e sustentáveis, garantindo a preservação dos recursos naturais e a mitigação dos impactos ambientais. Somente assim o Brasil poderá continuar a desempenhar seu papel como superpotência agrícola, fornecendo alimentos de qualidade para o mundo inteiro”, salienta a analista de Mercado Pecuário, enfatizando a importância de uma estratégia de diversificação de mercado para os produtos brasileiros. “Nossas vendas estão muito concentradas em nosso maior parceiro comercial, que é a China. Precisamos estar muito atentos, pois qualquer freada nas importações do país asiático pode ter um impacto expressivo no mercado nacional”.
Atenção as mudanças
Para agregar valor aos produtos que são carro-chefe da economia brasileira e avançar em outras áreas, Juliana diz que é crucial estar atento às mudanças que estão ocorrendo no Brasil e ao redor do mundo. Diversos fatores podem contribuir para esse avanço, como a aplicação de tecnologias emergentes, incluindo a inteligência artificial, implementação de soluções de rastreabilidade, adoção de práticas sustentáveis, promoção de bem-estar animal e de sustentabilidade. “Os consumidores estão cada vez mais exigentes e desejam transparência na cadeia de suprimentos de alimentos, bem como informações detalhadas sobre a origem e as condições de criação dos animais. Investir em práticas que promovam o bem-estar animal e a adoção de sistemas sustentáveis de produção pode agregar valor aos produtos e atender às demandas do mercado”, aponta Juliana.
Exportações de ovos
No mercado de ovos, as exportações são menos expressivas, porém Juliana aponta que o padrão de vendas é similar as principais commodities brasileiras, estando concentradas em alguns poucos países. Cerca de 75% dos embarques de ovos têm como destino Japão (44%), Taiwan (21%) e Emirados Árabes Unidos (10%), enquanto 4% dos embarques são para os Estados Unidos, 3% para a China e outros 17% são enviados para destinos menos expressivos, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Juliana destaca a importância de analisar o tipo de produto exportado, observando que os produtos industrializados, que possuem maior valor agregado, correspondem a uma porção menor das vendas externas. No período de janeiro a abril deste ano, os ovos processados foram responsáveis por 32% das exportações, resultando em uma receita de US$ 4,3 milhões, enquanto os ovos in natura representaram 68%, gerando um faturamento de US$ 1,7 milhão. “Apenas 0,44% da produção brasileira de ovos é destinada ao mercado externo, enquanto os outros 99,56% são direcionados para o mercado interno”, menciona.
Valorização das proteínas
Em um contexto marcado pela escassez de oferta e alta demanda causada pela pandemia de Covid-19, as principais proteínas apresentaram uma valorização expressiva em 2020 em comparação com 2019. Houve um aumento significativo de 36% para carne bovina, 9% para carne de frango, 33% para carne suína e 22% para ovo. Contudo, a situação econômica da população brasileira sofreu um impacto negativo durante esse período, resultando em uma queda na distribuição de renda e, consequentemente, em uma redução do consumo per capita de alguns alimentos, embora outros tenham registrado uma leve alta. “Neste período o consumo de carne bovina registrou queda de 8,6%, uma vez que a população brasileira migrou para proteínas mais acessíveis, aumentando o consumo de carne de frango em 5,7%, carne suína em 4,6%, e ovos em 9,1%”, aponta Juliana.
De acordo com dados do USDA, em 2012, a Rússia importava 561 mil toneladas de carne de frango brasileira. No entanto, atualmente, suas importações desse produto diminuíram para 150 mil toneladas.
Quanto à carne suína, há 10 anos, a Rússia importava 957 mil toneladas, no último ano suas compras nesse segmento não passaram de 20 mil toneladas. “É importante considerar esses dados ao analisar as dinâmicas do mercado global de proteínas e as possíveis consequências para os principais fornecedores desses produtos”, pontua Juliana, enfatizando: “É fundamental estar atento a esse cenário, pois não é possível traçar estratégias e criar cenários futuros sem compreender o que está ocorrendo no presente”.
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Avicultura
AVES reconhece os melhores ovos do Espírito Santo em 2025
Concurso reuniu 39 amostras e avaliou rigorosamente casca, clara e gema em três etapas técnicas, confirmando a evolução da avicultura capixaba e premiando produtores que se destacam em excelência e manejo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou em Santa Maria de Jetibá mais uma edição do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba, iniciativa já tradicional que reconhece o profissionalismo, o cuidado e a evolução técnica da avicultura do Estado. A edição de 2025 registrou uma forte participação, com 27 amostras de ovos brancos e 12 de ovos vermelhos enviadas por produtores de diversas regiões capixabas, reforçando o alcance da atividade e a importância do evento para a cadeia produtiva.
Marcado por rigor técnico, o concurso estruturou sua avaliação em três etapas conduzidas pela Comissão Organizadora e por um grupo de dez jurados convidados, representantes de empresas, instituições e entidades do setor avícola de diferentes estados. O médico-veterinário Leandro Marinho, do Idaf, atuou como auditor externo, garantindo neutralidade e transparência ao processo.
Na primeira fase, as amostras passaram pela análise objetiva da Máquina Digital Egg Tester, que avaliou resistência e espessura da casca e Unidade Haugh, parâmetro de referência internacional para medir a qualidade interna dos ovos. Todas as amostras foram submetidas aos mesmos critérios, e apenas as dez mais bem classificadas de cada categoria avançaram. A segunda etapa consistiu em uma análise visual minuciosa da qualidade externa, em que os jurados avaliaram uniformidade de tamanho, limpeza, textura e formato dos ovos, além da coloração da casca no caso dos ovos vermelhos. As amostras iniciavam com pontuação máxima e perdiam pontos conforme fossem identificadas pequenas imperfeições, o que destacou o cuidado dos produtores com manejo, nutrição e ambiência.
A etapa final abriu quatro ovos de cada amostra finalista para avaliação interna. Os jurados observaram presença de manchas de sangue, resíduos de oviduto, consistência do albúmen, centralização da gema e uniformidade de cor, consolidando a pontuação final. Representando a Avimig, o jurado Gustavo Ribeiro Fonseca elogiou o desempenho dos produtores capixabas: “No contexto geral, os avicultores estão de parabéns. São ovos de muita qualidade”, exaltou.
Já a médica-veterinária Karin Grossman, da Poly Sell, destacou a relevância do concurso para o fortalecimento do setor: “É uma satisfação para mim estar participando desse concurso. É um reconhecimento de um trabalho realizado ao longo dos anos, colaborando para a melhoria da qualidade dos ovos”, salientou.
Para a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre, os resultados reforçam o papel estratégico da iniciativa. Segundo ela, a edição de 2025 ocorreu exatamente como planejado, com forte adesão, avaliações criteriosas e alto nível de desempenho entre os concorrentes. “O concurso cumpre seu papel de estimular qualidade, aprimorar práticas e fortalecer a avicultura do Espírito Santo”, afirmou.
Vencedores
Ao final das três etapas, a AVES anunciou os vencedores. Na categoria ovos brancos, o primeiro lugar ficou com Jerusa Stuhr, da Avícola Mãe e Filhos, seguida por Waldemiro Berger, da Ovos Santa Maria, e por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, da Botelho Alimentos. Na categoria ovos vermelhos, o campeão foi Antônio Venturini, da Ovos da Nonna, enquanto Jesebel e Thiago Botelho ficaram em segundo lugar e Lourival Bold, do Sítio Pai e Filhos, em terceiro.
As empresas vencedoras do primeiro lugar que possuem marca comercial própria terão o direito de usar um selo especial em suas embalagens, identificando os produtos como “Melhor Ovo Branco do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025” e “Melhor Ovo Vermelho do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025”.
Empresas reconhecidas
Também foram divulgadas as empresas de genética e nutrição responsáveis pelo suporte técnico aos produtores vencedores, reforçando o papel fundamental desses parceiros na obtenção de resultados de excelência. Na categoria Ovos Brancos, a campeã Jerusa Stuhr contou com genética Bovans White e nutrição fornecida pela ADM-Nutriminas. O segundo colocado, Waldemiro Berger, utilizou genética Hy-Line W80 e recebeu assistência nutricional da DSM. Já o terceiro lugar, representado por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, trabalhou com genética Bovans White e nutrição da Brasfeed.
Na categoria Ovos Vermelhos, o primeiro colocado, Antônio Venturini, utilizou genética Hy-Line Brown e nutrição da Agroceres Multimix. Em segundo lugar, Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho competiram com genética Bovans Brown e suporte nutricional da Brasfeed. O terceiro colocado, Lourival Bold, participou com aves de genética Hy-Line Brown e nutrição fornecida pela Auster.
A edição 2025 do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba reafirma o compromisso da AVES com a promoção de boas práticas, a difusão de conhecimento e o reconhecimento do trabalho dos avicultores. Mais do que premiar os melhores ovos do ano, o evento funciona como ferramenta técnica e educativa, contribuindo diretamente para o avanço da avicultura capixaba.
Avicultura
Primeiro Encontro da Avicultura Capixaba impulsiona diálogo, inovação e qualidade
Evento da AVES reuniu a cadeia produtiva, premiou excelência em ovos e reforçou a importância econômica da atividade para o Espírito Santo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou, em 13 de novembro, a primeira edição do Encontro da Avicultura Capixaba, em Santa Maria de Jetibá. O evento reuniu produtores, empresas dos segmentos de corte e postura, pesquisadores, lideranças do setor e representantes do poder público para um dia de debates, capacitação e integração, reforçando a força da avicultura no Estado.
O produtor e presidente da Nater Coop e do Conselho Deliberativo da AVES, Denilson Potratz, destacou o avanço da atividade no Espírito Santo e o compromisso da entidade com o fortalecimento do setor. “Precisamos atuar de forma constante na cadeia para incentivar excelência na produção e garantir alimentos de qualidade ao consumidor”, afirmou.
O diretor executivo da associação, Nélio Hand, reforçou o papel econômico e social da avicultura capixaba, que fornece carne de frango e ovos com segurança e qualidade. “Eventos como este refletem a importância de um setor organizado e voltado à solução de desafios e geração de oportunidades”, salientou.
A abertura contou com autoridades estaduais e municipais, entre elas o secretário de Agricultura, Ênio Bergoli, o deputado estadual Adilson Espindula e o prefeito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zocoloto. Em seus discursos, destacaram a relevância da avicultura para a economia regional, especialmente na região serrana, e o papel da AVES como articuladora do desenvolvimento produtivo.
Santa Maria de Jetibá, conhecida como a “Capital do Ovo”, foi palco para o encontro. O município é o maior produtor de ovos do Brasil, com cerca de 14 milhões de unidades por dia. “Nada mais justo que este evento seja realizado aqui”, afirmou o prefeito.
Concurso valoriza qualidade dos ovos
Um dos destaques da programação foi o Concurso Qualidade de Ovos, que incentiva boas práticas de manejo, nutrição, sanidade e excelência no produto final. A edição recebeu 39 inscrições, 27 de ovos brancos e 12 de vermelhos, e teve avaliação técnica criteriosa. “O número expressivo de participantes mostra o interesse dos produtores em qualificar ainda mais seus produtos”, avaliou a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre.
O concurso foi transmitido ao vivo no YouTube, com grande participação de produtores e empresas.
Espaço Empresarial aproxima produtores e fornecedores
O encontro também contou com o Espaço Empresarial, área destinada à interação entre empresas e produtores, com demonstração de tecnologias, produtos e serviços. O formato interativo foi bastante elogiado pelos visitantes.
Durante o dia, duas palestras de destaque foram ministradas: Bruno Pessamilio apresentou detalhes do Plano de Contingência para Influenza Aviária, enquanto Christian Lohbauer analisou cenários e tendências para o agronegócio no Brasil e no mundo.
O evento terminou com apresentações de grupos de dança pomerana, valorizando a cultura local, seguidas de um jantar de confraternização.
Com a forte participação do público e o sucesso da iniciativa, a AVES anunciou que o Encontro da Avicultura Capixaba passará a ser anual, integrando oficialmente o calendário da entidade. A ação reforça o compromisso da associação em impulsionar o setor e valorizar o trabalho dos produtores.
Avicultura
Excesso de oferta amplia recuo dos ovos e limita reação das cotações
Segunda semana seguida de baixas registra até 8% de desvalorização, com expectativa de manutenção do viés negativo em novembro.

As cotações dos ovos seguem em queda nas regiões acompanhadas pelo Cepea, esse movimento é verificado pela segunda semana consecutiva.
Em parte das praças, as desvalorizações em sete dias chegam a 8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o menor ritmo de vendas vem aumentando gradualmente os estoques nas granjas.
Assim, produtores têm tido dificuldades em manter os valores da proteína e acabam cedendo nas negociações.
Colaboradores do Cepea indicam que, diante da maior oferta, não há espaço para reação positiva nos valores da proteína, e a tendência é de que os preços sigam enfraquecidos até o encerramento deste mês.










