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Especialista aposta em “recuo mais expressivo” no preço do milho só na próxima safrinha
O ano de 2021 foi marcado por uma expressiva volatilidade no mercado do cereal.

O ano de 2021 foi marcado por uma expressiva volatilidade no mercado do milho. No primeiro semestre, houve uma alta expressiva na Bolsa de Chicago, que foi motivada, especialmente, pelas elevadas importações da China, pelas adversidades climáticas na América do Sul, especialmente no Brasil, que registrou uma quebra de safra, por uma área plantada aquém do esperado nos Estados Unidos e por estoques mundiais apertados.
Analisando os números globais, a produção permaneceu praticamente estável em comparação com a safra 2019/2020, em 1,12 bilhão de toneladas, enquanto o consumo avançou 1,2%, para 1,14 bilhão. Desse modo, os estoques globais em 2020/2021 recuaram 4,8%, para 304,4 milhões de toneladas, o menor patamar desde a temporada 2014/2015, enquanto a relação estoque/uso recuou para 25,5%, o menor valor desde 2013/2014.
A partir do segundo semestre, principalmente após a colheita da safrinha no Brasil, o mercado passou a dar mais atenção à temporada 2021/2022 e o que se observou em Chicago foi uma reversão da tendência altista. Ao longo do terceiro trimestre deste ano, o contrato contínuo do grão recuou 25,5%.

Analista de Inteligência de Mercado da StoneX Brasil, João Lopes: “Mesmo com os preços internacionais em patamares elevados, a menor oferta interna fez com que, de um modo geral, as cotações praticadas internamente aumentassem e se tornassem mais atrativas que os preços obtidos através da exportação” – Foto: Divulgação/StoneX
De acordo com o analista de Inteligência de Mercado da StoneX Brasil, João Lopes, um dos principais direcionadores do mercado foi a questão climática nos EUA e as perspectivas de produção para o país. Em relação à oferta do cereal norte-americano, a safra 2021/2022 (set/2021 a ago/2022) caminha para a obtenção de uma robusta produção. “De um modo geral, a colheita no país ocorreu sem grandes adversidades e se encontra em seu trecho final”, afirma.
Pelo lado da condição de safra, o cenário também foi favorável para o grão nos EUA. “O USDA estima a produção norte-americana em 382,6 milhões de toneladas, 6,7% a mais do que o registrado na safra 2020/2021, o que seria o segundo maior volume produzido em sua história. A StoneX espera um número ainda mais positivo para a temporada 2021/2022, com a produção dos EUA estimada em 384 milhões de toneladas”, destaca.
Lopes aponta também o bom desenvolvimento da safra ucraniana, cuja colheita ocorre no final do ano e está estimada em 38 milhões de toneladas, quase oito milhões a mais que na safra anterior, possibilitando que o país volte a ter uma maior participação nas exportações globais. O USDA estima os embarques ucranianos em 2021/2022 em 31,5 milhões de toneladas, contra 23,8 milhões na safra 2020/2021.
Com a colheita dos EUA em sua fase final, expectativas favoráveis para a demanda por milho para a produção de etanol nos EUA e perspectivas de significativas taxas de inflação nos EUA e no mundo, o analista da StoneX afirma que o contrato contínuo do cereal tem apresentado um movimento de alta nestes últimos dois meses. “Nos próximos meses, o foco será, majoritariamente, o desenvolvimento das safras 2021/2022 sulamericanas”, menciona.
Estoques Mundiais
O USDA estima que os estoques finais mundiais da safra 2021/2022 de milho ficarão em 304,4 milhões de toneladas, 12,5 milhões de toneladas acima do estimado para a temporada 2020/2021. Apesar do crescimento no comparativo anual, os estoques finais ainda continuariam abaixo dos volumes observados entre as temporadas 2015/2016 e 2019/2020.

Além dos estoques finais, Lopes diz que é interessante analisar também a relação estoque/uso mundial, estimada em 26% para a safra 2021/2022 pelo USDA, contra 25,5% na safra anterior. Assim como no caso anterior, apesar do avanço no comparativo anual, a relação ficaria abaixo do registrado entre as safras 2014/2015 e 2019/2020.
Oferta doméstica
Lopes destaca que apesar da colheita da safra de verão no início do próximo ano, o que aumentaria a disponibilidade do cereal no mercado interno, seu volume representa uma pequena parte da oferta doméstica total. “Desse modo, com o balanço não ficando exatamente folgado no curto prazo, o que deve limitar o espaço para quedas muito significativas. A partir do desenvolvimento da safrinha 2022, se estiver tudo dentro do esperado, os preços domésticos podem apresentar um recuo mais expressivo”, avalia.
O principal fator que contribuiu para o menor volume exportado em 2021 foi a quebra da safrinha brasileira, cuja produção ficou em 59,2 milhões de toneladas segundo estimativa da StoneX, contra 74,8 milhões na temporada 2019/20. “Mesmo com os preços internacionais em patamares elevados, a menor oferta interna fez com que, de um modo geral, as cotações praticadas internamente aumentassem e se tornassem mais atrativas que os preços obtidos através da exportação, fazendo com que grande parte do milho nacional deixasse de ser direcionado ao mercado externo e continuasse no mercado doméstico”, pontua Lopes.
Demanda do Cereal
As perspectivas de demanda pelo milho brasileiro no mercado interno também são positivas. A StoneX projeta em
2021/2022, que o consumo interno chegará a 73,5 milhões de toneladas (número que ainda deve aumentar), dois milhões a mais que o observado no último ano, sustentado principalmente pela continuidade de um elevado uso do grão para a produção de ração.
Outro ponto interessante de se destacar é o avanço na geração de etanol de milho no país, com a StoneX apontando que a produção do biocombustível no Centro-Sul deva alcançar cerca de 3,5 milhões de metros cúbicos em 2021/2022 (abr/21-mar/22), representando avanço anual de 37,1%. “A perspectiva é de que o setor continue crescendo no país, aumentando também a demanda interna pelo cereal”, vislumbra Lopes.
Pelo lado do mercado externo, após um ano de exportações bem abaixo do usual em 2020/2021, estimada pela StoneX em 16 milhões de toneladas, a expectativa é que, com uma produção mais robusta, o Brasil volte a direcionar maiores volumes do cereal para o mercado externo. A StoneX projeta que os embarques totalizarão 41 milhões na temporada 2021/2022.
Compra antecipada reduz impacto da alta dos insumos
Com relação aos custos dos insumos, o analista da StoneX avalia que apesar dos elevados patamares de preços dos fertilizantes atualmente, o impacto sobre os custos da safra de verão 2021/2022 não deverá ser muito significativo. “A grande maioria dos agricultores garantiram a compra dos adubos durante o primeiro semestre de 2021, quando os níveis de preços dos fertilizantes eram significativamente mais baixos e as relações de troca estavam em níveis mais favoráveis aos agricultores”, relata Lopes.
De acordo com Lopes, o principal questionamento tem sido a respeito dos preços e da disponibilidade de fertilizantes. “Apesar de boa parte dos fertilizantes necessários já terem sido comprados, ainda há um volume significativo que precisa ser importado sob relações de troca historicamente muito ruins para os agricultores. É possível que haja uma redução dos volumes aplicados, o que poderá trazer algum impacto na produtividade, e até mesmo uma expansão menor que a inicialmente prevista na área semeada”, estima, acrescentando: “A melhor forma de contornar essas questões é um bom planejamento, com a elaboração de boas estratégias de gerenciamento de risco, buscando mitigar seus riscos e tomar as melhores decisões”.
Ainda assim, por enquanto, Lopes diz que as expectativas apontam para uma área plantada maior na safrinha 2021/2022 em comparação com a 2020/2021 e uma boa safra no país.
Perspectivas para 2022
A StoneX espera um resultado muito positivo para a safra 2021/2022 brasileira de milho, conforme o gráfico abaixo. Em seu relatório de estimativa de safra, divulgado no início de novembro, a StoneX apontava para uma produção de 30,4 milhões na safra de verão, maior produção desde 2016/2017, e 87,5 milhões de toneladas na safra de inverno, um recorde para o país. Considerando as três safras, a StoneX estima uma produção de 119,6 milhões de toneladas, também um recorde histórico.


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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



