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Especialista aponta tendências de tecnologia para o agronegócio em 2023
Soluções tecnológicas terão foco no aumento da produtividade do campo e na redução dos custos de produção. Conectividade e nuvem computacional estão no centro dos holofotes, permitindo a implantação de IOT, Edge Computing, Big Data e Analytics.

A tecnologia seguirá sendo uma grande aliada do agronegócio em 2023. O especialista no assunto, Bruno Barros, account manager da dataRain, explica que o foco do setor será aumentar a eficiência nos cultivos, visando mais produtividade com menos custos. As tendências que podem contribuir com estes resultados estão ligadas à ampliação da conectividade, que pode proporcionar soluções de Internet das Coisas (IOT), Edge Computing (ou computação de borda), Big Data e Analytics. Todas elas têm a nuvem computacional como base para que possam ser viabilizadas.
Barros destaca os avanços em conectividade e os esforços e programas que ampliam este acesso no Brasil. A ampliação da cobertura 5G é um dos exemplos. “É importante lembrarmos que o agronegócio é uma grande indústria a céu aberto e ainda há muitas áreas de sombra de conectividades no país, algo em torno de 70% de todo o território agrícola. Por isso, a expansão do 5G e outros programas governamentais devem acelerar o desenvolvimento da conectividade, reduzindo estes pontos cegos e permitindo assim a implantação de soluções que aumentem a eficiência das produções”, ressaltou.
Uma das soluções apontadas pelo especialista é o IoT, que possibilita a conectividade, visibilidade e monitoramento do que acontece no campo, por meio da conexão de máquinas a softwares de gestão, otimizando as operações agrícolas, independente do tamanho do negócio. “Na prática, essas soluções trazem inteligência às atividades, automatizando operações que podem ser feitas, por exemplo, por meio de drones e outras máquinas empregadas no preparo de solo, cultivos, irrigação, uso de defensivos, etc”, expôs.
Por meio da conectividade é possível ainda levar a computação até a borda, ou seja até o ponto em que vai atuar. Por esta razão, o Edge Computing é outra tendência importante. “Um exemplo disto é a automação dos processos de irrigação, que garantem água e nutrientes para os cultivos, de forma específica. Na ponta de tudo isso, há toda a inteligência anterior, que já avaliou a quantidade exata de cada insumo necessário para a cultura, considerando condições de solo e clima, capturados por sensores. Com isso, é possível automatizar um serviço de irrigação, para que ocorra nos momentos e quantidades corretos. Tudo isso é muito importante, pois as operações agrícolas são totalmente conectadas e interdependentes, e todas as etapas são importantes: do plantio à colheita”, explica.
Todas estas atividades passam pelo uso de Big Data e Analytics, que coletam e transformam estes dados, provindos de diferentes fontes, em informações valiosas, apoiando as empresas na busca por uma cultura data driven, trazendo um panorama completo e ajudando na tomada de decisões. “Por isso a conectividade é tão importante e cada uma das soluções mencionadas tem um papel dentro do conjunto”, salienta.
De acordo com Barros, a nuvem computacional, por ser uma plataforma de diversas soluções, é a base para a adoção de todas estas tecnologias, facilitando o caminho da transformação digital, cada vez mais necessária para o agronegócio. “O agronegócio sempre enfrentou e sempre vai enfrentar diversos obstáculos que acabam demandando das operações agrícolas um alto índice de eficiência. Apenas com as mais avançadas tecnologias, o setor conseguirá superar tais obstáculos e desafios”, evidencia.
Segurança Alimentar
O especialista destaca, ainda, o importante papel da tecnologia para promover a segurança alimentar mundial, aumentando a eficiência de produção. Ele lembra a relevância do Brasil neste cenário: “O país é responsável pela produção de dois a cada cinco pratos de comida consumidos no planeta. Por isso, é importante aplicar a tecnologia no agronegócio, pois é possível ter soluções que garantem assertividade e eficiência, aumentando a produção em quantidade e qualidade, com menos custos para isso”, finalizou.

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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.
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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional
Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.
Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves
A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.
A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.
Fatores que influenciam mercado
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.
1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves
Fatores de alta:
- Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
- Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.
Fatores de baixa:
- Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
- Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
- Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
- Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.
2. Oferta e mercado interno
Fatores de alta:
- Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
- Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.
Fatores de baixa:
- Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.
3. Safra e clima
Fatores de baixa:
- Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

Foto: Claudio Neves
ciclo 2025/26;
- Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.
Acordo China-EUA
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.
Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.



