Suínos
Especialista aponta fatores essenciais para controle efetivo de doenças
Profissional destaca a importância de entender que tudo está interligado e que é necessário uma visão abrangente do sistema de produção para obtermos bons resultados.
O médico-veterinário e doutor em Reprodução de Suínos, Paulo Bennemann, levantou questionamentos importantes sobre a abordagem adotada em relação à sanidade animal durante o 7º Encontro Regional da Abraves-PR, realizado em março na cidade de Toledo, PR. O especialista indagou os participantes, público formado por profissionais que atuam na suinocultura, se estão realmente utilizando de forma adequada as ferramentas de diagnóstico disponíveis, se estão monitorando regularmente a saúde do plantel ou se apenas agem diante de um problema já existente. Ele ainda questionou se estão trabalhando nas causas ou nas consequências dos problemas de sanidade animal. Tais indagações evidenciam a necessidade de se repensar nessas práticas e de adotar medidas mais efetivas para garantir a saúde e o bem-estar dos animais.
Com diversas oportunidades para aprimorar o controle de doenças na suinocultura, Bennemann diz que embora o número de diagnósticos tenha aumentado, ainda a cadeia se concentra em suspeitas clínicas e não faz uso adequado do diagnóstico diferencial. “Isso nos impede de considerar outras possibilidades, pois coletamos material com base em nossas suspeitas iniciais. Precisamos nos questionar se estamos monitorando constantemente a saúde do plantel ou apenas coletando material quando ocorre um problema. Para um controle eficaz de doenças é crucial iniciar com um diagnóstico, um plano de ação e um plano de correção que garanta a monitoria adequada”, ressalta.
Outro ponto importante a ser considerado, pontua Bennemann, é se o setor está lidando com a causa ou com a consequência do problema de sanidade. A multifatorialidade é a palavra-chave neste assunto. O especialista reforça que é necessário entender desde o agente causador até o que é primário ou secundário, o que é causa e o que é efeito. Para ilustrar isso, cita um exemplo prático relacionado à maternidade e à causa de morte por esmagamento. “O esmagamento é a causa ou a consequência de algo? Um leitão com frio, hipoglicemia ou debilidade pode ter sido esmagado por acaso, apenas por estar no lugar errado, na hora errada. Esse é um assunto bastante complexo que exige mais esforço da nossa parte para identificarmos a causa raiz e não apenas tratar os sintomas. Caso contrário, estaremos realizando um tratamento paliativo, que não resolverá o problema em sua essência”, enfatiza.
Controle efetivo
Para ter um controle efetivo de doenças na suinocultura, o primeiro passo é ter uma visão sistêmica do sistema de produção. O que acontece na Unidade de Produção de Leitões (UPL) afeta diretamente o resultado final na terminação. Entre outros fatores, a qualidade do leitão é determinada pela transferência de microbiota e qualidade de colostro que ele recebe. “Por isso, é importante entendermos que tudo está interligado e que devemos ter uma visão abrangente do sistema de produção para obtermos bons resultados”, expõe, ampliando: “É fundamental focar na causa dos problemas, porque se apenas tratarmos os sintomas, sem solucionar a causa raiz, vamos estar somente apagando ‘incêndios’. E o que acontece no início da vida do leitão vai resultar no desempenho futuro dele”.
O segundo passo para o controle efetivo de doenças é a redução da pressão de infecção, que pode ser alcançado através da implementação de medidas de biosseguridade, utilização de vacinas e, quando necessário, uso de antimicrobianos. “Não há problema em utilizar antimicrobianos, desde que seja feito de forma correta, com orientação técnica e baseado em diagnóstico adequado”, frisa Bennemann.
Equilíbrio sanitário é fator chave
Segundo o doutor em Reprodução de Suínos, para reduzir a pressão de infecção é necessário criar um ambiente favorável para o desenvolvimento dos animais, permitindo que eles atinjam seu máximo potencial, o que vai contribuir também para manter baixos níveis de desafio ao sistema imunológico, evitando uso de energia desnecessária para sua ativação, resultando em um melhor desempenho dos animais e, consequentemente, em uma produção mais eficiente e rentável. “A utilização de medidas de biosseguridade, vacinas e antimicrobianos de forma adequada e com critérios bem estabelecidos são importantes para alcançar o equilíbrio sanitário em uma granja”, pontua.
De acordo com o profissional, o sistema hepático gasta 16% de energia do metabolismo, o sistema imune 21% quando ativado e 16% em situações normais. “Isso representa um grande consumo de energia e se houver um desequilíbrio sanitário o sistema imunológico estará constantemente ativado. Cerca de 70% de todo o tecido linfoide está associado ao intestino e qualquer problema relacionado ao desequilíbrio da microbiota mantém o sistema imunológico ativo, o que resulta em gasto de energia. É crucial evitar desafios e gastos desnecessários de energia, caso contrário, o resultado na terminação será comprometido”, expõe.
Bennemann destaca que para se formar uma imunidade robusta nos animais é essencial reduzir a pressão de infecção por meio de práticas como limpeza, desinfecção e vazio sanitário. No entanto, a sanidade é complexa porque os agentes patogênicos podem ter múltiplas origens relacionadas à excreção, além de uma grande variedade de sorotipos. “Quando trabalhamos com múltiplas origens, aumentamos a pressão de infecção, o que torna o controle ainda mais desafiador”, constata.
Comumente, ocorrem co-infecções por diferentes agentes patogênicos, como influenza, vírus e micotoxinas. Por isso, o especialista diz que é difícil isolar apenas um agente em uma lesão ou em uma suspeita clínica, ressaltando a importância de entender as co-infecções para um controle mais efetivo das doenças no rebanho.
As variações de temperatura e umidade no ambiente e manejo dos animais também podem causar problemas sanitários. Segundo Bennemann, uma variação de 6º C já é suficiente para desencadear um problema. “Embora se fale muito sobre retirada de antimicrobianos, pouco se fala sobre a importância de trabalhar o ambiente. É possível reduzir o uso de antimicrobianos, mas isso só será viável se oferecermos boas condições para o desenvolvimento dos animais, que incluem água, comida e um ambiente seco para dormir. É fundamental trabalhar o ambiente para prevenir problemas de saúde e reduzir a necessidade de uso de antibióticos”, pontua.
A imunidade também um fator importante na produção de suínos, uma vez que animais com sistema imunológico forte e robusto são mais resistentes a doenças e infecções, o que pode reduzir a incidência de mortalidade e morbidade na granja. A imunidade dos suínos pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo a genética, nutrição, manejo, ambiente e desafios infecciosos. “Para promover uma imunidade saudável, é fundamental fornecer uma dieta equilibrada e adequada às necessidades dos animais, além de garantir um ambiente limpo e seguro, com boa ventilação e sem excesso de umidade”, acentua o especialista.
O equilíbrio sanitário de uma granja pode ser afetado ainda pelo estresse e a interação entre o agente e o hospedeiro. “Os agentes infecciosos podem modular o hospedeiro, criando condições favoráveis para sua multiplicação. A interação entre o agente e o hospedeiro é observada em diversos agentes, como a Escherichia coli, a Salmonella e o circovírus, que conseguem modular o organismo hospedeiro para garantir sua sobrevivência e multiplicação”, elenca.
Outro fator está relacionado a disbiose intestinal, condição na qual há um desequilíbrio da microbiota intestinal, ou seja, há alterações na quantidade ou qualidade de bactérias benéficas e patogênicas no trato gastrointestinal dos animais. A disbiose pode ser causada por diversos fatores, como uso excessivo de antimicrobianos, dieta inadequada, estresse e outros. E quando ocorre há uma diminuição da diversidade de bactérias benéficas e um aumento das bactérias patogênicas, o que compromete a função intestinal e a resposta imunológica do animal, levando a uma série de problemas de saúde, incluindo distúrbios gastrointestinais, como diarreia e constipação, além de problemas no sistema imunológico. Por isso é fundamental adotar práticas de manejo adequadas, oferecer uma dieta balanceada e usar antimicrobianos de forma prudente para manter uma boa saúde intestinal nos animais. “A interação entre microbiota e imunidade é fundamental. Qualquer alteração na microbiota impacta diretamente o sistema imunológico. Por isso existem diversas estratégias e aditivos disponíveis para modular a microbiota, como probióticos, prebióticos, simbióticos, ácidos orgânicos, entre outros produtos. Essas ferramentas podem ser usadas para manter uma microbiota saudável e equilibrada, promovendo uma resposta imune adequada e prevenindo problemas de saúde nos animais”, evidencia.
Bennemann lembra que não há um produto ou aditivo que seja perfeito em termos de especificidade, desempenho, controle de patógenos, efeitos nutricionais e imunomodulação, mas ressalta que o futuro do setor envolve o trabalho com associações de produtos visando a obtenção de um equilíbrio ideal de microbiota, com o objetivo de promover um bom desenvolvimento imunológico, uma boa formação e qualidade de colostro.
Três passos para ter colostro de qualidade
O controle efetivo da saúde passa necessariamente pela matriz, iniciando pela gestação. É difícil que uma matriz obesa produza um colostro de qualidade, da mesma forma que uma matriz magra não será capaz de fornecer um colostro adequado. Portanto, é fundamental cuidar da saúde das matrizes. Há três etapas para garantir a produção de um colostro de qualidade.
O primeiro passo para garantir a produção de colostro de qualidade é manter a saúde intestinal da matriz, que está diretamente relacionada à absorção de nutrientes, produção de leite e uniformidade da leitegada.
O segundo passo é preservar a diversidade da microbiota. Embora o uso de ácidos orgânicos na creche possa ser uma ferramenta útil para evitar problemas entéricos, é importante utilizá-los com critério, pois seu uso contínuo pode reduzir a diversidade da microbiota.
O terceiro passo é garantir uma boa imunidade, que envolve a qualidade e a quantidade de colostro produzido pela matriz. É fundamental garantir que o leitão recém-nascido receba um colostro de qualidade que proteja e melhore seu desempenho até o final da terminação.
Bennemann lembrou que “antigamente” o conceito de que o colostro era utilizado apenas para prevenir a diarreia na maternidade era bastante difundido. Atualmente, estudos demonstram que o colostro tem impacto significativo no ganho de peso dos animais. “Animais que recebem baixa quantidade de colostro apresentam ganho de peso reduzido, e as fêmeas que não recebem colostro suficiente podem apresentar atraso no início da puberdade, de até 7 a 10 dias. Isso mostra que a importância do colostro vai muito além do período de maternidade”, pontua.
É possível medir a qualidade de colostro?
Para saber a qualidade de colostro, Bennemann realizou a medição da qualidade do colostro em 35 granjas, coletando 609 amostras e determinando indiretamente a concentração de imunoglobulinas. Como resultado, notou-se que 43% das matrizes apresentaram colostro de qualidade inferior ou ruim. “O que merece nossa atenção. Será que não estamos causando um catabolismo intenso que esteja prejudicando a qualidade do colostro? Porque não basta apenas o leitão mamar no colostro, é necessário fazer uma conexão com o que está sendo observado no campo. As vezes a granja é excelente, mas a qualidade do colostro das matrizes é inferior. Será que é a granja que apresenta esse perfil inferior em termos de qualidade de colostro? Precisamos começar a juntar essas informações e interpretá-las corretamente para tomarmos decisões mais assertivas. Para isso é necessário iniciarmos esse trabalho a partir de um diagnóstico assertivo, interpretar esse diagnóstico, gerar dados e, com esses dados, tomarmos decisões”, sugere.
Assim como avaliou a qualidade do colostro, o especialista também mediu a transferência da imunidade passiva para os leitões. Em 244 leitões foram verificados o perfil das imunoglobulinas 24 horas após a ingestão do colostro. “Infelizmente constatamos que 7% dos leitões apresentam imunidade passiva insuficiente. Esse problema acarreta subpopulações vulneráveis, o que resulta em uma alta taxa de mortalidade de leitões devido à instabilidade e à desuniformidade na imunidade passiva. Controlar doenças nessa situação fica bastante difícil”, alerta.
Além disso, aponta que há mais um problema que precisa ser abordado, que é o uso de preventivos e antibioticoterapia no momento do nascimento dos leitões. “Prática que tem sido cada vez mais questionada e reduzida. No entanto, é necessário ter uma visão sistêmica do sistema de produção para melhorar a sanidade dos animais. Devemos pensar de forma mais cuidadosa sobre o uso prudente de antibióticos diante dos microrganismos”, adverte.
Visão sistêmica
Bennemann reforça que para alcançar um controle efetivo de doenças é fundamental que a cadeia produtiva adote uma visão sistêmica do sistema de produção. Isso implica em iniciar a promoção de uma imunidade robusta desde cedo, implantar programas de monitoramento e ferramentas de controle, garantir diagnósticos assertivos e constantes, além de monitorar o ambiente e a biosseguridade.
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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.